terça-feira, 4 de julho de 2023

Chefe do Grupo Wagner “saiu dos trilhos por causa de muito dinheiro”, diz TV russa

Um apresentador de TV conhecido por ser um dos rostos da propaganda russa disse em seu programa semanal que o chefe do Grupo Wagner, Yevgeny Prigozhin, “saiu dos trilhos por causa de muito dinheiro”.

Segundo a AFP, o apresentador Dmitry Kisilev disse que Prigozhin “pensou que pode desafiar o Ministério da Defesa, o próprio estado e o presidente pessoalmente”. E que as operações do grupo de mercenários na Síria e na África deram ao chefe um sentimento de impunidade que foi sendo reforçado pelas vitórias no campo de batalha ucraniano.

Kisilev também falou, sem fornecer provas, que o grupo recebeu mais de 858 bilhões de rublos (cerca de R$ 46 bilhões) de financiamento estatal.

Na terça-feira (27), o presidente russo Vladimir Putin disse que Prigozhin recebeu US$ 1 bilhão do Ministério da Defesa entre maio de 2022 e maio de 2023. E que a empresa de catering Concord de Prigozhin ganhou US$ 940 milhões com contratos estatais para fornecer alimentos ao exército russo. 

Putin disse que iria investigar o destino dos valores pagos após a breve rebelião liderada pro Prigozhin no final de semana passado. Ele acusou abertamente os militares da Rússia de atacar um acampamento do Wagner e matar uma “grande quantidade” de seus homens.

O chefe do grupo prometeu retaliar com força e marchou com suas tropas para a cidade russa de Rostov-on-Don. Mais tarde, Prigozhin voltou atrás em sua ameaça, dizendo que sua crítica à liderança militar russa era uma “marcha de justiça” e não um golpe e depois voou para Belarus.

·         Grupo de mídia russo comandado por Prigozhin será fechado

O grupo de mídia controlado por Yevgeny Prigozhin fechará. Foi o que anunciou o diretor de um de seus veículos, uma semana após o colapso de um rápido motim organizado por seus combatentes do Grupo Wagner.

Sob um acordo que interrompeu o motim, Prigozhin, um ex-aliado do presidente Vladimir Putin, foi autorizado a se exilar em Belarus e seus homens tiveram a opção de se juntar a ele, ser integrados às forças armadas da Rússia ou voltar para casa.

A Patriot Media, cujo meio de comunicação mais proeminente era o site de notícias RIA FAN, adotou uma linha editorial fortemente nacionalista e pró-Kremlin, ao mesmo tempo em que forneceu cobertura positiva de Prigozhin e seu Grupo Wagner.

“Estou anunciando nossa decisão de fechar e deixar a área de informação do país”, disse o diretor da RIA FAN, Yevgeny Zubarev, em um video publicado na noite de sábado nas contas de mídia social da holding.

Zubarev não deu motivos para a decisão.

O jornal russo Kommersant informou na sexta-feira que o órgão de vigilância das comunicações do país, Roskomnadzor, bloqueou veículos de mídia ligados a Prigozhin, sem dar mais detalhes. O órgão fiscalizador não pôde ser contatado neste domingo para comentar.

A mídia russa também informou que uma “fábrica de trolls” supostamente usada por Prigozhin para influenciar a opinião pública em países estrangeiros, incluindo os Estados Unidos, foi dissolvida.

Em seu vídeo, Zubarev elogiou o histórico da Patriot Media, dizendo que defendeu tanto Prigozhin quanto Putin de ataques da oposição anti-Kremlin, incluindo o crítico de Putin preso Alexei Navalny.

O Patriot Group trabalhou “contra Alexei Navalny e outros representantes da oposição que genuinamente tentaram destruir nosso país”, disse ele.

Apesar do motim, as autoridades russas não baniram oficialmente o Grupo Wagner, mas Putin disse na terça-feira que as finanças da empresa de catering de Prigozhin seriam investigadas.

Ele disse que Wagner e seu fundador receberam quase 2 bilhões de dólares da Rússia no ano passado.

Os homens de Wagner travaram algumas das batalhas mais sangrentas da guerra de 16 meses na Ucrânia, e suas fileiras incluíram milhares de ex-prisioneiros recrutados em prisões russas.

Sob a liderança de Prigozhin, o grupo se tornou um negócio internacional em expansão com interesses de mineração e combatentes na África e no Oriente Médio.

Foi fundado em 2014 depois que a Rússia anexou a península ucraniana da Crimeia e começou a apoiar separatistas pró-Rússia na região de Donbass, no leste da Ucrânia.

 

Ø  Zelensky diz que resposta de Putin ao grupo Wagner foi fraca: “Seu poder está desmoronando”

 

A resposta de Vladimir Putin à rebelião armada do grupo Wagner foi “fraca” e o presidente russo está perdendo o controle de seu próprio povo, disse o presidente ucraniano Volodymyr Zelensky à CNN em uma entrevista exclusiva, cuja íntegra será publicada na quarta-feira.

Putin enfrentou a maior ameaça à sua autoridade em duas décadas no mês passado, quando o chefe do grupo paramilitar Wagner, Yevgeny Prigozhin, lançou um levante de curta duração, reivindicando o controle de instalações militares em duas cidades russas e marchando em direção a Moscou antes de concordar em abaixar as armas.

“Vemos a reação de Putin. É fraca”, disse Zelensky à âncora Erin Burnett, da CNN, em Odessa, na Ucrânia, em uma entrevista gravada no último domingo (2).

“Em primeiro lugar, vemos que ele não controla tudo. O fato de [o grupo] Wagner avançar dentro da Rússia e tomar certas regiões mostra como é fácil fazer isso. Putin não controla a situação nas regiões”, completou.

 “Toda aquela vertical de poder que ele costumava ter está desmoronando.”

Alguns russos aplaudiram os combatentes do grupo Wagner enquanto Prigozhin liderava o desafio sem precedentes à autoridade de Putin. Um vídeo checado pela CNN mostrou multidões aplaudindo quando o veículo do chefe de Wagner partiu da cidade de Rostov-on-Don, no sul, em 24 de junho.

Zelensky disse que os relatórios de inteligência ucranianos mostraram que o Kremlin estava medindo o apoio a Prigozhin, e afirmou que metade da Rússia apoiou o chefe de Wagner e o motim do grupo paramilitar.

A entrevista com Zelensky ocorre em um momento crítico – não apenas após a fracassada insurreição de Prigozhin, mas também semanas após o lento esforço da Ucrânia para recapturar o território ocupado pela Rússia.

Esse esforço está sob intenso escrutínio de aliados ocidentais e, no sábado, uma autoridade dos EUA disse à CNN que o chefe da Agência Central de Inteligência dos EUA (CIA), Bill Burns, visitou Kiev recentemente e se encontrou com Zelensky e funcionários da inteligência ucraniana.

Zelensky disse à CNN que ficou “surpreso” ao ver seu encontro com Burns reportado na mídia. “Minha comunicação com o chefe da CIA deve ser sempre nos bastidores”, disse ele. “Discutimos coisas importantes – o que a Ucrânia precisa e como a Ucrânia está preparada para agir.”

Burns, um diplomata veterano, tornou-se um interlocutor de confiança em Kiev e fez várias viagens à Ucrânia durante a guerra.

“Não temos nenhum segredo da CIA, porque temos boas relações e nossos serviços de inteligência conversam entre si”, disse Zelensky.

“A situação é bastante simples. Temos boas relações com o chefe da CIA e estamos conversando. Contei a ele sobre todas as coisas importantes relacionadas ao campo de batalha de que precisamos”, completou.

Burns viajou para Kiev antes da rebelião de Prigozhin, que não foi um tópico de discussão, disse o funcionário dos EUA à CNN.

Falando em uma entrevista coletiva em Kiev no sábado, Zelensky disse que a rebelião de Prigozhin “afetou muito o poder russo no campo de batalha” e pode ser benéfica para a contra-ofensiva da Ucrânia.

Embora os esforços de Kiev tenham se concentrado na recaptura de territórios no sul e no leste da Ucrânia, Zelensky disse a Burnett que seu objetivo final era libertar a Crimeia, a península anexada pela Rússia em 2014 em violação ao direito internacional.

“Não podemos imaginar a Ucrânia sem a Crimeia. E enquanto a Crimeia está sob ocupação russa, isso significa apenas uma coisa: a guerra ainda não acabou”, disse ele.

Questionado se havia algum cenário em que poderia haver paz sem a Crimeia, Zelensky disse: “Não será uma vitória então”.

·         Rússia diz ter impedido tentativa de assassinato de premiê da Crimeia pela Ucrânia

Rússia afirmou que interceptou uma tentativa de assassinato da Ucrânia contra o líder da Crimeia, apoiado pela Rússia, segundo os meios de comunicação estatais TASS e RIA, citando o Serviço Federal de Segurança (FSB, na sigla em inglês).

A agência de segurança russa disse ter prendido um suspeito contratado pelos serviços de segurança ucranianos para matar Sergey Aksyonov, que foi nomeado governador da Crimeia depois que a Rússia a anexou ilegalmente da Ucrânia em 2014.

Em um comunicado, o FSB disse que um russo recrutado pelos serviços de segurança da Ucrânia chegou à Crimeia no mês passado para começar a se preparar para o ataque e foi preso antes que pudesse plantar a bomba.

Mais alguns detalhes: o suposto agente nasceu em 1988 e passou por “treinamento em reconhecimento e atividades subversivas, incluindo treinamento em explosivos de minas”, segundo o FSB.

O suspeito foi acusado de “tentativa de terrorismo e aquisição, posse e transporte ilegais de explosivos ou artefatos explosivos” e está sob custódia, disse a agência de segurança.

Aksyonov agradeceu ao FSB por frustrar o suposto atentado contra sua vida e disse que “é possível eliminar completamente a ameaça terrorista de Kiev apenas cumprindo os objetivos da ‘operação especial'”, informou a TASS. A Rússia continua a referir-se à sua guerra na Ucrânia como uma “operação militar especial”.

Autoridades ucranianas, incluindo o presidente Volodymyr Zelensky, há muito declaram seu objetivo de recapturar a Crimeia, mas raramente comentam diretamente sobre as ações na península.

·         Assessor de Zelensky diz que reconquistar a Crimeia é um dos objetivos finais da contraofensiva

O “objetivo final da campanha de contraofensiva da Ucrânia é reconquistar todos os territórios, incluindo a Crimeia“, disse o principal assessor diplomático do presidente Volodymyr Zelensky na segunda-feira (12).

Durante uma entrevista com Christiane Amanpour, da CNN, o conselheiro Igor Zhovkva afirmou que algumas ações contraofensivas estavam em andamento, mas não deu detalhes.

Ele também procurou diminuir quaisquer expectativas de que a campanha alcançaria resultados rápidos, dizendo que poderia levar muitos meses para a Ucrânia atingir seus objetivos.

Na mesma linha, ele lembrou a Amanpour que esta não foi a primeira contraofensiva da Ucrânia – uma referência aos avanços bem-sucedidos do exército ucraniano em setembro e outubro do último ano, quando as forças russas foram expulsas da região de Kharkiv e da parte norte da região de Kherson.

A investida atual “provavelmente não seria a última operação de contraofensiva”, disse ele.

Ele também disse que, para o sucesso da Ucrânia, parcerias ocidentais seriam necessárias para fornecer mais artilharia e munição.

 

Ø  Ucrânia decepcionou Ocidente ao perder equipamento fornecido, diz colunista alemão

 

A Ucrânia não atendeu às expectativas do Ocidente quanto ao uso do equipamento fornecido pela OTAN, tendo perdido o equipamento enviado ao país um mês mais tarde, escreve o colunista Franz Becchi em um artigo no Berliner Zeitung.

"Com elevadas expectativas, os países ocidentais forneceram tanques e veículos blindados de transporte de pessoal à Ucrânia, na esperança de que, com esses veículos de combate, o país conseguisse conquistar progressos significativos. Cerca de um mês após o início da ofensiva de verão [europeu] da Ucrânia veio a decepção", declarou o autor do artigo.

O jornalista ressaltou que o apoio de Berlim a Kiev "custou vidas e dinheiro". Segundo ele, em 2023, a Alemanha já alocou cerca de cinco bilhões e meio de euros (R$ 26,3 bilhões) para fornecer apoio militar à Ucrânia. Isso, concluiu Becchi, é um investimento significativo em comparação com os dois bilhões de euros (R$ 9,5 bilhões) enviados em 2022.

Kiev enviou as brigadas treinadas por especialistas da OTAN e armadas com equipamentos ocidentais. No entanto, como disse o presidente russo, Vladimir Putin, em 27 de junho, a Ucrânia perdeu 259 tanques e 780 veículos blindados desde o início da chamada contraofensiva, dos quais 41 tanques e 102 veículos blindados só na linha de Orekhovo e na linha de Zaporozhie na última semana.

 

Fonte: CNN Brasil/Sputnik Brasil

 

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