quinta-feira, 27 de julho de 2023

A grande ilusão: o fracasso do internacionalismo liberal americano

Após o final da Guerra Fria, o internacionalismo liberal dos Estados Unidos tornou-se a principal marca da política externa de Washington. No entanto, o processo de universalização do modelo americano para o mundo claramente não teve o sucesso esperado pela Casa Branca.

Fato é que, pelo menos por um curto período no início dos anos 1990, particularmente após a Guerra do Golfo e o colapso da União Soviética, pareceu a muitos que o sonho de uma ordem mundial centrada nos Estados Unidos seria realmente viável. O otimismo daquele período desde então desapareceu, e restou demonstrado que o internacionalismo liberal estadunidense não se provou eficiente, tanto em teoria quanto na prática.

Isso porque a ideia de expandir os chamados "valores democráticos pelo mundo" sinalizou essencialmente um projeto para transformar as relações internacionais em um palco no qual os interesses políticos e econômicos americanos encontrassem livre expressão.

A retórica por trás desse projeto era vender a ideia de que liberdade e prosperidade só poderiam ser usufruídas em democracias liberais como a representada pelos Estados Unidos. Dado esse contexto, Washington se tornou o principal líder ocidental a promover – sobretudo agressivamente – o internacionalismo liberal no século XX.

Embora os formuladores de políticas na Casa Branca tenham imaginado uma ampla variedade de maneiras de alcançar seus objetivos políticos, três métodos acabaram se destacando. Em primeiro lugar, temos a retórica em torno da defesa do livre comércio, segundo uma interpretação de que a interdependência econômica entre os Estados reduziria a incidência de conflitos no sistema.

Tal iniciativa visava também proporcionar benefícios por meio da globalização e abertura das fronteiras, como meio de unir as pessoas e talvez atenuar suas diferenças sociais. Contudo, a defesa do livre comércio se viu descreditada por seu próprio centro difusor, que passou a empregar guerras comerciais com rivais geopolíticos (como durante o período Trump contra a China e pela sabotagem recente do gasoduto Nord Stream (Corrente do Norte) que conectava Rússia e Alemanha na Europa).

Outro método que precisa ser destacado nesse projeto liberal diz respeito à exportação da democracia americana para outros Estados e governos. Na prática, como as intervenções dos Estados Unidos no Norte da África, Oriente Médio e Ásia Central demonstraram, tudo não passou de uma tentativa de interferência externa nos assuntos internos de outros países, promovendo os interesses setoriais das elites econômicas e do complexo industrial-militar americano.

Finalmente, o terceiro método trata-se da infusão de agendas liberais em órgãos regulatórios e instituições de tomada de decisão internacional, no sentido sobretudo de supostamente defender os direitos humanos contra violações de Estados autoritários. Nesse ponto, o internacionalismo liberal insiste que os diferentes Estados e sociedades ao redor do mundo devem subordinar os interesses coletivos aos interesses individuais.

Em suma, trata-se do enfraquecimento do Estado perante o ideal de autonomia e liberdade do indivíduo, um ideal, aliás, puramente ocidental e de modo algum universal. Aqui, lidamos com a tentativa de europeus e americanos de forçar seus valores e ideais duvidosos em países e povos inteiros, ignorando suas tradições históricas e suas especificidades culturais, sociais, políticas e religiosas. Um projeto que falhou devido à irrefutável realidade da pluralidade civilizacional do mundo.

Deve-se notar, portanto, que o internacionalismo liberal é fundamentalmente um projeto revolucionário. Ele busca transformar a estrutura básica do sistema de Estados, assim como busca transformar como as sociedades são organizadas, em torno da ideia do culto ao indivíduo e às aberrações que dele advém.

No início do século XXI, por sua vez, testemunhamos o levantar de diferentes civilizações e Estados que se opõem a esse projeto homogeneizante do Ocidente (capitaneado pelos Estados Unidos), defendendo assim sua história e a forma de viver de suas populações.

No mais, mesmo diante de uma era de globalização, os Estados nacionais não perderam força, mas continuam sendo os legítimos representantes de seus cidadãos e os principais condutores de políticas macroeconômicas em seu território. Com efeito, também o mundo unipolar que se visualizava no começo dos anos 1990 deu lugar à multipolaridade no sistema internacional, muito por conta da ascensão da Rússia no começo dos anos 2000 e sobretudo da China.

A propósito, Rússia e China mostraram no decorrer do tempo que a paz social, o gozo de liberdades fundamentais e mesmo o bem-estar econômico podem ser atingidos sem a necessidade de emular irrestritamente a democracia de tom liberal dos Estados Unidos. Tal situação confrontou os internacionalistas liberais com dilemas intratáveis, e provocou neles uma tremenda frustração em vista de seu fracasso em reformar o mundo de acordo com sua imaginação e desígnios.

Em teoria, os liberais sempre enxergaram o Estado com desconfiança. Contudo, os políticos americanos (principais atores por trás da exportação do projeto liberal) tiveram de admitir o sucesso de países nos quais o Estado teve (e continuará tendo) um papel fundamental na vida econômica e social de seus cidadãos. Ademais, hoje está bastante claro que até mesmo o modelo de intervenção humanitária se encontra esgotado, dado o uso desmedido da força militar pelos Estados Unidos em defesa das chamadas "populações oprimidas" pelo mundo.

Em verdade, tais intervenções minaram a própria confiança na eficácia do direito internacional e relativizaram perigosamente o conceito de soberania estatal. Tratou-se, enfim, de uma máscara para que Estados poderosos (sobretudo no Ocidente) promovessem seus próprios interesses nacionais invocando ideais que parecessem bonitos para um grande público.

Assim sendo, o internacionalismo liberal estadunidense provou-se uma grande ilusão desde o começo. Por um lado, os Estados Unidos queriam transformar o mundo à sua imagem e semelhança. Por outro, continuarão sem entender que nem todas as nações estão ávidas por emular o seu chamado "american way".

 

Ø  Amor dos EUA pela política de sanções na arena internacional levará ao seu colapso, diz mídia

 

A política de sanções, que é tão amada em Washington, levara à destruição dos Estados Unidos, escreve Christopher Sabatini no seu artigo para a revista Foreign Policy.

Assim, o observador Christopher Sabatini aponta que a política de sanções dos EUA na arena internacional não funciona, mas levará Washington ao colapso, e restrições das autoridades americanas apenas fortalecem alianças entre os países contra os quais elas são impostas.

"Os recentes pacotes de sanções econômicas e pessoais aplicados à Rússia [...] bem como a empresas chinesas por razões de segurança nacional, significam que as duas potências aderiram a um clube em crescimento dos 'maus rapazes' designados pelos EUA, como Mianmar, Cuba, Irã, Coreia do Norte, Síria e Venezuela", escreve ele.

O observador está convencido de que é improvável que os EUA reconsiderem seu "amor" por sanções tão cedo, pois são um método de alavancagem mais "barato" do que a ação militar.

"É hora de Washington reconhecer que seu amor pelas sanções pode estar minando seu próprio poder econômico e diplomático em todo o mundo", acrescentou Sabatini.

Além disso, o jornalista pediu a introdução de mecanismos para controlar as restrições impostas, cujos objetivos devem ser clara e abertamente explicados pelos políticos americanos.

"Muito disso exigirá uma vontade sóbria dos formuladores de políticas de ambos os partidos para considerar um fato básico: às vezes as sanções não funcionam. E em muitos casos, elas estão minando ativamente os interesses dos EUA", enfatizou Christopher Sabatini.

 

Ø  EUA: não queremos desacoplar nossa economia da China

 

Um alto responsável da administração de Joe Biden assegurou que os EUA não querem eliminar todas as ligações económicas com a China, mas que são necessários ajustes ao relacionamento.

Washington não está buscando dissociar as economias dos EUA e da China, isso seria um desastre para os dois países e é praticamente impossível fazer, afirmou na quarta-feira (26) Jay Shambaugh, vice-secretário do Tesouro dos Estados Unidos para Assuntos Internacionais.

"Em segundo lugar, buscamos um relacionamento econômico saudável com a China que promova o crescimento e a inovação em ambos os países. Como a secretária [do Tesouro, Janet] Yellen declarou publicamente, não buscamos desacoplar nossas economias; isso seria um desastre para ambas as nações, e é praticamente impossível", disse Shambaugh após uma viagem à China, onde se reuniu com autoridades do país.

Segundo Shambaugh, nem as medidas tomadas por Washington para garantir a segurança nacional, nem as tentativas de construir cadeias de suprimentos diversificadas são esforços para desvincular as duas maiores economias do mundo.

Janet Yellen, secretária do Tesouro dos EUA, fala durante reunião com Li Qiang,

"Buscamos uma relação econômica justa e saudável que beneficie os dois países e apoie os trabalhadores e as empresas americanas. Uma concorrência econômica saudável exige que os trabalhadores e as empresas americanas possam operar em condições de igualdade", sublinhou o alto responsável norte-americano.

·         Secretário de Estado dos EUA critica no Pacífico 'comportamento problemático' da China

O alto responsável falou com o primeiro-ministro do país insular de Tonga, antes de qualificar negativamente as ações chinesas na região, incluindo na área de investimentos e das finanças.

Antony Blinken, secretário de Estado dos EUA, alertou na quarta-feira (26) sobre o "comportamento problemático" da China durante uma visita à nação insular de Tonga, no Pacífico, escreve a agência britânica Reuters.

Ele destacou em uma coletiva de imprensa como problemas a suposta coerção econômica e a "militarização" de Pequim no mar do Sul da China.

De acordo com ele, os EUA não tinham objeções ao envolvimento da China com a região, mas havia preocupações sobre a transparência de seus investimentos e com a sustentabilidade das finanças.

"Acho que uma das coisas que vimos é que, à medida que o envolvimento da China na região [do Indo-Pacífico] cresceu, houve um comportamento cada vez mais problemático, do nosso ponto de vista", disse o secretário de Estado americano.

Blinken garantiu que os Estados Unidos estavam comprometidos com Tonga e com as ilhas do Pacífico em geral.

Blinken conversou antes de suas visitas à Austrália e a Nova Zelândia com Siaosi Sovaleni, primeiro-ministro de Tonga, sobre a importância estratégica da região.

Trata-se da mais recente viagem de um autoridade sênior dos EUA ao Indo-Pacífico, com a atividade começando em setembro de 2022, quando o presidente Joe Biden organizou uma primeira cúpula em Washington com líderes das ilhas do Pacífico. Uma segunda cúpula está programada para o final de 2023.

A presença cada vez maior da China no Indo-Pacifico, que a levou a assinar um pacto de segurança com as Ilhas Salomão no ano passado, aumentou a preocupação dos EUA e da Austrália por temor de perda da influência na região, o que levou ao aumento da ajuda e da atividade ocidental.

 

Ø  Juros nos EUA podem aumentar preço do dólar no Brasil

 

O Federal Reserve (Fed, o banco central dos Estados Unidos), voltou a aumentar a taxa básica de juros da economia americana em 0,25 ponto percentual (p.p.) O anúncio foi feito nesta quarta-feira (26/7).

Com a mudança, os juros básicos subiram para um intervalo entre 5,25% a 5,5% ao ano, a maior taxa em 22 anos.

O aumento era esperado pelos mercados. Na reunião anterior, em junho, o comitê havia feito uma pausa no aperto monetário, mas indicado que novas altas poderiam vir na sequência.

Antes de interromper o ciclo de alta dos juros, o comitê de política monetária do Fed aumentou a taxa 10 vezes consecutivas, a partir de março de 2022.

Após a alta na taxa de juros, a dúvida que paira nos mercados é se o Fed promoverá mais um aumento de 0,25 p.p. até o fim do ano.

Em comunicado após a decisão desta quarta-feira, o comitê de política monetária afirmou que seguirá observando os indicadores da economia até a próxima reunião. O comitê pontuou que a taxa de desemprego nos EUA segue baixa e com atividade econômica moderada, o que pode ser um risco para a queda na inflação de volta à meta de 2%.

·         Inflação nos EUA

A inflação americana vem desacelerando nos últimos meses, o que indica que o Fed pode encerrar em breve o ciclo de altas, a depender do cenário.

O Índice de Preços ao Consumidor (CPI) nos EUA fechou junho em 3% no acumulado em 12 meses, a menor inflação desde março de 2021. A meta americana é de inflação em 2%.

“Indicadores recentes sugerem que a atividade econômica vem crescendo em ritmo moderado. Os ganhos de empregos foram robustos nos últimos meses e a taxa de desemprego permaneceu baixa. A inflação continua elevada”, disseram os membros no comunicado desta quinta-feira. “O comitê está fortemente empenhado em retornar a inflação ao seu objetivo”, diz o texto.

A alta de juros é instrumento de política monetária dos bancos centrais para conter a inflação. Nos EUA, o Fed começou a subir os juros sobretudo após a inflação atingir seu maior patamar em 40 anos no começo de 2022, diante do aumento dos preços de energia intensificados pela guerra na Ucrânia.

 

Fonte: Sputnik Brasil/Metrópoles

 

Nenhum comentário:

Postar um comentário