sábado, 8 de julho de 2023

‘A Bahia tem uma vocação para exportar matérias-primas’, afirma empresário

Boa parte da história econômica da Bahia pode ser contada a partir da exportação de bens primários, as chamadas commodities, em um contexto que remonta aos tempos coloniais. E embora as commodities sejam vistas em alguns casos como produtos menos interessantes economicamente que outros, de maior valor agregado, é sim possível alcançar desenvolvimento com o investimento em bens primários, acredita Wilson Andrade, presidente do Conselho Superior da Associação Comercial da Bahia (ACB), presidente do Conselho de Comércio Exterior da Federação das Indústrias do Estado da Bahia (Fieb) e diretor-executivo da Associação Baiana das Empresas de Base Florestal (Abaf).

Para o empresário, mais importante que produzir e vender matérias-primas ou bem finais está na definição de uma estratégia para atrair investimentos para a Bahia, capazes de transformar a realidade socioeconômica do estado. Wilson Andrade defende o foco em duas frentes principais: a melhoria da infraestrutura logística, com ferrovias, rodovias e portos cada vez mais modernos, além de uma aposta cada vez maior no desenvolvimento de tecnologia. “Não adianta brigar para fazer as coisas todas aqui dentro se não formos capazes de fazer de maneira competitiva”, avaliou durante conversa com o jornalista Donaldson Gomes, no Programa Política & Economia.

“Quando a gente pensa na nossa vocação exportadora e para a produção de matérias-primas para outras atividades, estamos falando de um mercado gigantesco, que não tem tamanho. O que precisamos fazer é atrair os investidores, convencê-los a investir aqui e definir uma estratégia para verticalizar as nossas cadeias produtivas para agregar valor ao que exportamos”, acredita. Segundo ele, um grande desafio está na concentração das atividades na Bahia, assim como acontece no restante do país.

O empresário lembra que poucos produtos respondem por mais de 60% das exportações nacionais, e o mesmo acontece em relação aos destinos, o que restringe o mercado a um pequeno número de países. “Nós temos uma taxa de internacionalização muito pequena. Há 20 anos o Brasil tinha 1% do comércio exterior mundial e hoje tem 1,2%. A China, que tinha o mesmo 1%, atualmente está com quase 15% de participação”, compara. “Não tem como desenvolver este país sem uma participação, sem uma abertura do mercado internacional como um todo”.

Para Wilson Andrade, é necessário que o país invista na aprovação de reformas de natureza tributária, fiscal e administrativa para assim reduzir o chamado Custo Brasil e permitir que as empresas nacionais sejam capazes de enfrentar um ambiente mais competitivo. “Não há dúvidas de que o país precisa se abrir mais, este é o melhor caminho de desenvolvimento”, acredita. “Quando a gente traz uma fábrica para cá, trazemos também a realidade desta empresa. Se chega uma empresa europeia, que possui um padrão salarial mais elevado, estes salários vão ser pagos aqui no Brasil”, afirma, citando como exemplo o movimento que acontece no setor de celulose.

“A Bahia precisa se internacionalizar de maneira cada vez mais expressiva se quisermos desenvolver o nosso estado. Claro que isso precisa ser feito junto com um grande investimento em educação, na infraestrutura, cuidando de portos e estradas”, destaca Wilson Andrade.

Para o empresário, é preciso superar a ideia de proteger as empresas brasileiras da competição externa. Ele pede mais coragem nas negociações com outros países e blocos econômicos. “Precisamos ter mais coragem nas negociações para que possamos ter a competição do produto internacional”, afirma. Numa visão que ele mesmo considera ser polêmica, Andrade defende que empresas estrangeiras que se instalem no país e cumpram as leis locais passem a ser tratadas como nacionais. “Se paga seus impostos aqui, contribui com a economia locale cumpre a lei brasileira, para mim é brasileira. Sei que isso é polêmico, mas é como eu penso. Ninguém vai carregar 10 mil hectares de terra e colocar num navio”, diz. Ele acredita que a abertura do mercado vai ser benéfica para os consumidores, que terão mais qualidade e opções de preços. “A gente aprende na escola de economia e nos cursos que fazemos que se deve trabalhar com aquilo que nós temos mais competência. Se a minha for produzir madeira, vou produzir e exportar. Se eu não sou bom na produção de papel, vou tentar a qualquer custo?”, questiona.

 

       Bahia receberá mais de R$1,5 bi em investimentos em protocolos de intenções

 

Investimentos na ordem de R$ 1,5 bilhão, sete cidades beneficiadas e a geração de 1,2 mil empregos diretos e indiretos. Esse é o saldo da assinatura de protocolos de intenções entre empresas e o Governo do Estado, por meio da Secretaria de Desenvolvimento Econômico (SDE) no último mês. São dez projetos de ampliação e implantação, que irão beneficiar as cidades de Feira de Santana, Lauro de Freitas, Simões Filho, Santo Antônio de Jesus, Dias D’Ávila, Ourolândia e Umburanas.

O Secretário da SDE, Angelo Almeida, explica que são projetos em diversas áreas, como produção de embalagens, alimentos, itens em aço, produtos químicos e energia eólica, que fortalecerão a economia da Bahia. “São parcerias que trarão investimentos, geração de empregos e fortalecerão a nossa indústria”, disse o gestor, que também comentou o impacto dos empreendimentos para as diversas regiões do Estado. “São mais de mil e duzentas famílias de cidades da Região Metropolitana de Salvador, do Portal do Sertão, Recôncavo e Piemonte da Diamantina, que serão beneficiadas com essa geração de empregos”, completou.

O maior investimento é da Enel Green Power, responsável por quatro projetos de energias renováveis, três no município de Ourolândia e um na cidade de Umburanas, que abrigará o Complexo Eólico de Pedra Pintada, onde serão investidos R$ 1,5 bilhão. A previsão é que sejam gerados 885 empregos, entre diretos e indiretos, a maioria deles durante a fase de construção dos parques.

•        Empresas e investimentos

A Solven Solventes e Químicos ampliará as suas operações em Dias D’Ávila, com um investimento na ordem de R$ 30 milhões. A expectativa é manter os 59 empregos existentes e promover a geração de mais 96, entre diretos e indiretos.

No município de Simões Filho, a Multtec do Nordeste, produtora de filmes de polietileno, planeja investir mais de R$ 12 milhões para implantação de sua fábrica, coma promoção de até 52 empregos diretos e 160 indiretos. Já a Petrol Industrial passará por ampliação e modernização no mesmo município, com investimentos de R$ 3 milhões.

Com investimento de R$ 4 milhões, em Santo Antônio de Jesus, a Isofilme Indústria e Comércio de Embalagens deve gerar até 50 empregos diretos. A Bonmes Indústria de Alimentos vai ampliar sua unidade em Lauro de Freitas, com investimento de R$ 1,5 milhão. Já a Bellegi Indústria de Embalagens, instalada em Feira de Santana, investirá R$ 1,1 milhão em seu processo de ampliação.

 

Fonte: Correio/Tribuna da Bahia

 

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