‘A Bahia tem uma
vocação para exportar matérias-primas’, afirma empresário
Boa
parte da história econômica da Bahia pode ser contada a partir da exportação de
bens primários, as chamadas commodities, em um contexto que remonta aos tempos
coloniais. E embora as commodities sejam vistas em alguns casos como produtos
menos interessantes economicamente que outros, de maior valor agregado, é sim
possível alcançar desenvolvimento com o investimento em bens primários,
acredita Wilson Andrade, presidente do Conselho Superior da Associação
Comercial da Bahia (ACB), presidente do Conselho de Comércio Exterior da
Federação das Indústrias do Estado da Bahia (Fieb) e diretor-executivo da
Associação Baiana das Empresas de Base Florestal (Abaf).
Para
o empresário, mais importante que produzir e vender matérias-primas ou bem
finais está na definição de uma estratégia para atrair investimentos para a
Bahia, capazes de transformar a realidade socioeconômica do estado. Wilson
Andrade defende o foco em duas frentes principais: a melhoria da infraestrutura
logística, com ferrovias, rodovias e portos cada vez mais modernos, além de uma
aposta cada vez maior no desenvolvimento de tecnologia. “Não adianta brigar
para fazer as coisas todas aqui dentro se não formos capazes de fazer de
maneira competitiva”, avaliou durante conversa com o jornalista Donaldson Gomes,
no Programa Política & Economia.
“Quando
a gente pensa na nossa vocação exportadora e para a produção de matérias-primas
para outras atividades, estamos falando de um mercado gigantesco, que não tem
tamanho. O que precisamos fazer é atrair os investidores, convencê-los a
investir aqui e definir uma estratégia para verticalizar as nossas cadeias
produtivas para agregar valor ao que exportamos”, acredita. Segundo ele, um
grande desafio está na concentração das atividades na Bahia, assim como
acontece no restante do país.
O
empresário lembra que poucos produtos respondem por mais de 60% das exportações
nacionais, e o mesmo acontece em relação aos destinos, o que restringe o
mercado a um pequeno número de países. “Nós temos uma taxa de
internacionalização muito pequena. Há 20 anos o Brasil tinha 1% do comércio
exterior mundial e hoje tem 1,2%. A China, que tinha o mesmo 1%, atualmente
está com quase 15% de participação”, compara. “Não tem como desenvolver este
país sem uma participação, sem uma abertura do mercado internacional como um
todo”.
Para
Wilson Andrade, é necessário que o país invista na aprovação de reformas de
natureza tributária, fiscal e administrativa para assim reduzir o chamado Custo
Brasil e permitir que as empresas nacionais sejam capazes de enfrentar um
ambiente mais competitivo. “Não há dúvidas de que o país precisa se abrir mais,
este é o melhor caminho de desenvolvimento”, acredita. “Quando a gente traz uma
fábrica para cá, trazemos também a realidade desta empresa. Se chega uma empresa
europeia, que possui um padrão salarial mais elevado, estes salários vão ser
pagos aqui no Brasil”, afirma, citando como exemplo o movimento que acontece no
setor de celulose.
“A
Bahia precisa se internacionalizar de maneira cada vez mais expressiva se quisermos
desenvolver o nosso estado. Claro que isso precisa ser feito junto com um
grande investimento em educação, na infraestrutura, cuidando de portos e
estradas”, destaca Wilson Andrade.
Para
o empresário, é preciso superar a ideia de proteger as empresas brasileiras da
competição externa. Ele pede mais coragem nas negociações com outros países e
blocos econômicos. “Precisamos ter mais coragem nas negociações para que
possamos ter a competição do produto internacional”, afirma. Numa visão que ele
mesmo considera ser polêmica, Andrade defende que empresas estrangeiras que se
instalem no país e cumpram as leis locais passem a ser tratadas como nacionais.
“Se paga seus impostos aqui, contribui com a economia locale cumpre a lei
brasileira, para mim é brasileira. Sei que isso é polêmico, mas é como eu
penso. Ninguém vai carregar 10 mil hectares de terra e colocar num navio”, diz.
Ele acredita que a abertura do mercado vai ser benéfica para os consumidores,
que terão mais qualidade e opções de preços. “A gente aprende na escola de
economia e nos cursos que fazemos que se deve trabalhar com aquilo que nós
temos mais competência. Se a minha for produzir madeira, vou produzir e
exportar. Se eu não sou bom na produção de papel, vou tentar a qualquer
custo?”, questiona.
Bahia receberá mais de R$1,5 bi em
investimentos em protocolos de intenções
Investimentos
na ordem de R$ 1,5 bilhão, sete cidades beneficiadas e a geração de 1,2 mil
empregos diretos e indiretos. Esse é o saldo da assinatura de protocolos de
intenções entre empresas e o Governo do Estado, por meio da Secretaria de
Desenvolvimento Econômico (SDE) no último mês. São dez projetos de ampliação e
implantação, que irão beneficiar as cidades de Feira de Santana, Lauro de
Freitas, Simões Filho, Santo Antônio de Jesus, Dias D’Ávila, Ourolândia e
Umburanas.
O
Secretário da SDE, Angelo Almeida, explica que são projetos em diversas áreas,
como produção de embalagens, alimentos, itens em aço, produtos químicos e
energia eólica, que fortalecerão a economia da Bahia. “São parcerias que trarão
investimentos, geração de empregos e fortalecerão a nossa indústria”, disse o
gestor, que também comentou o impacto dos empreendimentos para as diversas
regiões do Estado. “São mais de mil e duzentas famílias de cidades da Região
Metropolitana de Salvador, do Portal do Sertão, Recôncavo e Piemonte da
Diamantina, que serão beneficiadas com essa geração de empregos”, completou.
O
maior investimento é da Enel Green Power, responsável por quatro projetos de
energias renováveis, três no município de Ourolândia e um na cidade de
Umburanas, que abrigará o Complexo Eólico de Pedra Pintada, onde serão
investidos R$ 1,5 bilhão. A previsão é que sejam gerados 885 empregos, entre
diretos e indiretos, a maioria deles durante a fase de construção dos parques.
• Empresas e investimentos
A
Solven Solventes e Químicos ampliará as suas operações em Dias D’Ávila, com um
investimento na ordem de R$ 30 milhões. A expectativa é manter os 59 empregos
existentes e promover a geração de mais 96, entre diretos e indiretos.
No
município de Simões Filho, a Multtec do Nordeste, produtora de filmes de
polietileno, planeja investir mais de R$ 12 milhões para implantação de sua
fábrica, coma promoção de até 52 empregos diretos e 160 indiretos. Já a Petrol
Industrial passará por ampliação e modernização no mesmo município, com
investimentos de R$ 3 milhões.
Com
investimento de R$ 4 milhões, em Santo Antônio de Jesus, a Isofilme Indústria e
Comércio de Embalagens deve gerar até 50 empregos diretos. A Bonmes Indústria
de Alimentos vai ampliar sua unidade em Lauro de Freitas, com investimento de
R$ 1,5 milhão. Já a Bellegi Indústria de Embalagens, instalada em Feira de
Santana, investirá R$ 1,1 milhão em seu processo de ampliação.
Fonte:
Correio/Tribuna da Bahia
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