'14 por 9': saiba
como é feito o diagnóstico de hipertensão
O
diagnóstico da hipertensão arterial passa por dois números: 14 por 9. Se, ao
fazer a medição no aparelho, a pressão alcançar esses números ou
ultrapassá-los, é um sinal de alerta.
👉 Medir a pressão arterial é a única forma
de descobrir se você tem pressão alta.
Esta
reportagem faz parte da série do g1 "Brasil hipertenso", que analisa
o aumento dos casos de hipertensão arterial no país; lista os vilões da pressão
alta; mostra o que realmente funciona contra a doença; e explica a partir de
qual idade se deve começar a medir a pressão.
A
pressão arterial é medida por milímetros de mercúrio, com aquele clássico
aparelho que aperta levemente o braço por alguns segundos.
Quando
o médico diz que sua pressão está "quatorze por nove", significa a
medida de 140/90 mmHg, usada para indicar quantos milímetros o mercúrio sobe no
medidor do aparelho.
• 140 é a pressão nos vasos quando o
coração se contrai (pressão sistólica)
• 90 é a pressão nos vasos quando o
coração relaxa (pressão diastólica)
🚨 É considerada hipertensão se, de forma
persistente, a pressão sistólica for maior ou igual a 140 mHg e/ou a pressão
diastólica maior ou igual a 90 mmHg.
Pressão
arterial de 14 por 9 significa que tenho hipertensão?
Não
necessariamente. O diagnóstico de hipertensão arterial só é validado após
outras medições, em duas ou mais visitas médicas.
O
paciente não pode estar com a bexiga cheia, ter praticado exercícios físicos,
ingerido bebidas alcoólicas e café ou ter fumado antes de medir a pressão.
Também
podem ser feitas medições fora do consultório, com outros exames, como o MAPA e
o MRPA, que medem a pressão durante as atividades cotidianas.
• Quando e por que medir a pressão?
Sociedades
médicas recomendam que a pressão arterial comece a ser monitorada a partir dos
três anos de idade:
• Se estiver tudo bem, o ideal é medir
pelo menos uma vez ao ano.
• Quem tem o diagnóstico da doença precisa
fazer um acompanhamento mais frequente.
👉 Por que é importante? Medir a pressão é a
única forma de diagnosticar a hipertensão arterial. A doença é conhecida pelo
caráter silencioso: em 90% dos casos, não apresenta sintomas. Iniciar o
tratamento o quanto antes é essencial para prevenir a mortalidade pela doença.
Estimativas
apontam para 600 mil mortes diretas e indiretas por pressão alta em uma década
no Brasil. Nos últimos anos, a prevalência e a mortalidade aumentaram no país.
📈 A taxa de mortalidade por hipertensão
cresceu 59% em dez anos, atingindo o maior valor da série histórica em 2021.
Atualmente, são 18,7 óbitos a cada 100 mil habitantes no Brasil. A pressão alta
está por trás de 60% dos casos de infartos e 80% dos casos de AVC.
• Pressão ótima, normal e... alta
A
pressão arterial pode ser classificada como: ótima, normal, pré-hipertensão e
hipertensão nos estágios 1, 2 e 3. A classificação é feita com a medida em
adultos no consultório médico.
🩺 Uma pressão considerada ótima e normal
fica na casa dos 12 por 8. Indivíduos com pressão arterial na faixa dos 13 por
8 são considerados pré-hipertensos.
⚠️ A hipertensão começa a partir do estágio 1
- o mais brando -, quando os níveis aumentam para 14 por 9. Há também os
estágios 2 e 3 - os mais graves.
Classificação
da pressão arterial — Foto: Fabricio Bianchi/Arte g1
Mas
diagnóstico e o ponto em que a hipertensão se encontra vão além dos números que
aparecem no medidor. Os fatores de risco de cada paciente são essenciais para definição
do quadro e, consequentemente, do tratamento - se vai precisar ou não de
remédios, por exemplo.
❗ De uma maneira geral, a hipertensão em estágio 1 é
considerada menos grave, mas pode ser de alto risco para quem possui um combo
de situações que agravam o quadro, como histórico de pressão alta na família,
obesidade, diabetes, tabagismo e idade avançada.
Por
outro lado, alguém que for considerado pré-hipertenso pode não ter risco
elevado por conta da ausência de fatores de pré-disposição para a doença.
Para
todos os casos, a regra é clara: pessoas com pressão elevada devem começar a
fazer mudanças no estilo de vida, passando por uma boa alimentação até a
eliminação do sedentarismo.
• Tratamento é crucial para controle da
pressão
A
maioria das pessoas com diagnóstico de hipertensão precisa tomar um ou mais
remédios para o resto da vida. Ao mesmo tempo, é muito frequente o abandono do
tratamento, o que é considerado preocupante por médicos especialistas no tema.
"É
uma doença muito comum e assintomática. Como a pessoa não sente nada, acaba
abandonando o tratamento no caminho. Muitas vezes, a pessoa até tem um
diagnóstico de hipertensão, mas não trata", explicou Luciano Drager,
cardiologista do Hospital Sírio-Libanês, em São Paulo.
🏃 De uma forma geral, antes de entrar com a
medicação, o hipertenso em estágio inicial é orientado a fazer mudanças no
estilo de vida: reduzir o consumo de sal, adotar uma dieta equilibrada,
consumir alimentos que ajudam na redução da pressão, como banana e cacau, e
fazer atividade física.
🔄 Meses depois, o paciente pode ser
reavaliado pelo médico para verificar se o comportamento da pressão mudou de lá
para cá e se vai precisar avançar para os remédios.
"Se
tiver reduzido a pressão arterial, a pessoa é orientada a permanecer com essas
medidas de modificação no estilo de vida. Mas isso é muito raro. Não apenas é
raro esse tipo de resposta, mas o mais raro é a pessoa manter esses hábitos
saudáveis a médio e longo prazo", diz a cardiologista Andréa Araujo Brandão,
da Sociedade Brasileira de Cardiologia (SBC).
Por
conta dessa falta de disciplina' em manter uma vida saudável, a maior parte
necessita de remédios para controle da pressão, que precisam ser tomados todos
os dias - e, sim, é para o resto da vida.
"A
pressão arterial só é controlável através de medicação. No momento em que a
pessoa para com a medicação, a pressão vai naturalmente subir. Pode ser no
mesmo dia, pode demorar um ou dois dias, mas ela vai ter de novo a pressão
arterial elevada, às vezes de maneira até mais súbita pela saída rápida do
remédio", explica médica.
Segundo
ela, é preciso explicar para as pessoas que têm pressão alta que a medicação é
fundamental. Ela é de uso contínuo e para o resto da vida porque a pressão alta
é uma doença que não tem cura. "Não é como uma gripe que a gente tem
febre, toma um remédio e passa", afirma Andréa.
💊 O Sistema Único de Saúde (SUS) distribui
mais de 20 remédios para o tratamento de hipertensão. Alguns são específicos
para controle da pressão, outros atuam sobre o sistema cardiovascular e renal,
como diuréticos e vasodilatadores. O médico é quem determina o melhor método de
tratamento.
Fonte:
g1
Nenhum comentário:
Postar um comentário