quinta-feira, 29 de junho de 2023

Palavras de Biden sobre a China reduzem a zero resultados de visita de Blinken, diz especialista

O presidente dos EUA, Joe Biden, afirmou que a China tem "problemas colossais", mas não entrou em detalhes, relata o grupo de jornalistas acreditados na Casa Branca, nesta terça-feira (27).

"Então Biden mudou [o tema] para a China e disse que o país tem problemas colossais, mas acrescentou que não entrará em detalhes", relatam os jornalistas falando sobre o discurso do presidente na campanha de arrecadação de fundos.

Quando abordava os problemas da China anteriormente, Biden geralmente tinha em mente as dificuldades econômicas.

Segundo o especialista russo Kirill Babaev, diretor do Instituto da China e da Ásia Moderna, com tais declarações sobre a China, o líder americano reduziu a zero os resultados positivos da recente visita do secretário de Estado dos EUA Antony Blinken à China.

"Do meu ponto de vista, as recentes declarações de Biden sobre a natureza ditatorial do poder na China e os enormes desafios enfrentados pela China estão principalmente relacionados à situação política interna nos EUA. Como sabemos, o Congresso dos EUA tem uma posição muito negativa sobre quaisquer tentativas de restaurar as relações entre os EUA e a China", disse o especialista.

De acordo com ele, há declarações no Congresso de que os EUA devem abandonar a política de Uma Só China e reconhecer a independência de Taiwan, há um importante grupo de políticos que pressiona o presidente Biden a tornar uma atitude mais agressiva em relação a Pequim.

"Com toda a probabilidade, existem vários grupos na Casa Branca e no Departamento de Estado que têm opiniões diferentes sobre as relações com a China. É por isso que vemos que, após a visita de Blinken [à China], que teve resultados no geral positivos, a América está dando dois passos atrás com as declarações de Biden", acrescentou Babaev.

Ele observou que o lado chinês reage com bastante calma, mas eles são muito sensíveis a essas coisas. Para Pequim, tais declarações são um sinal de desrespeito.

"Então eu não acho que o renascimento nas relações EUA-China, que muitos analistas esperavam, possa acontecer em um futuro próximo. [A declaração de Biden] reduz seriamente as chances de uma restauração completa das relações entre os dois países e só aumenta a negatividade, o que certamente desempenhará um papel no desenvolvimento das relações", enfatizou o especialista.

·         'Comportamento provocativo' dos EUA com Taiwan cria mais tensões nas relações sino-americanas

Logo depois que o secretário de Estado dos EUA, Antony Blinken, visitou a China em uma aparente tentativa de consertar as relações entre Washington e Pequim, uma grande delegação de legisladores norte-americanos chegou a Taiwan em um movimento que provavelmente não vai ser considerado positivo pelo governo chinês.

A delegação do Congresso dos EUA, a maior dos últimos anos, foi liderada pelo deputado republicano Mike Rogers, presidente do Comitê de Serviços Armados da Câmara, responsável pelo financiamento e supervisão das Forças Armadas dos Estados Unidos.

O comentarista das relações China-Taiwan, Dianlong Bi, disse à Sputnik que os Estados Unidos vão continuar fortalecendo seus laços militares com a ilha e perseguindo a política de conter a China.

Dianlong Bi descreveu a visita da delegação norte-americana como um reflexo da falta de liderança do presidente dos EUA, Joe Biden, acrescentando que esse movimento basicamente mostra que os Estados Unidos não estão realmente comprometidos em facilitar as "relações através do estreito" (ou seja, relações entre a China continental e Taiwan) e ao cumprimento do princípio Uma Só China.

Segundo ele, é improvável que esse "comportamento extremamente provocativo dos Estados Unidos" ajude a melhorar as relações sino-americanas, mas sim "leve a mais tensão" entre Washington e Pequim.

"Recentemente, uma aeronave militar do Exército de Libertação Popular chinês apareceu no espaço aéreo ao redor da Ilha de Taiwan, o que é um sério alerta para o conluio entre as autoridades da província de Taiwan e os Estados Unidos, e também marca que os Estados Unidos perderam completamente seu papel na mediação e facilitação das relações através do estreito", disse Dianlong Bi.

O comentarista sugeriu ainda que a China "avançará no processo de reunificação em seu próprio ritmo e à sua maneira, e responderá a atos provocativos que minem as relações sino-americanas e através do estreito".

Após a Revolução Chinesa e a criação da República Popular da China em 1949, os remanescentes do governo da República da China de Chiang Kai-shek fugiram para a ilha de Taiwan.

Desde então, Taiwan se autodenomina a República da China, enquanto Pequim afirma que a ilha é uma província da República Popular da China e que a soberania chinesa sobre Taiwan é indiscutível.

 

Ø  Militares chineses criam cenário de guerra mundial total, designando-o de cenário Z, diz mídia

 

Cientistas militares chineses criaram um cenário catastrófico, designando-o com a letra Z, em meio a uma preocupação crescente com o risco de um conflito militar entre a China e os Estados Unidos, escreve o jornal South China Morning Post.

"Os militares chineses acrescentaram recentemente um cenário de 'guerra total' ao testar e avaliar o desempenho de novas armas, já que o risco de conflito militar entre a China e os Estados Unidos atingiu o nível mais alto em décadas", informa o jornal citando cientistas envolvidos no projeto.

Na concepção dos militares, a guerra total significa que todos os recursos e esforços disponíveis de uma nação são mobilizados para a vencer.

Ela envolve não apenas os militares, mas também a população civil e a economia, como ocorreu na Primeira e na Segunda Guerras Mundiais.

"Em sua última avaliação de navios de guerra, os cientistas da Marinha chinesa designaram o cenário catastrófico com a letra Z", destaca o artigo.

O artigo explica que na China, a avaliação do desempenho das armas convencionais envolve jogos de guerra baseados em computador e testes de campo.

Os cenários se concentram principalmente na avaliação das capacidades de combate das armas em um conflito regional, como a intervenção militar direta de dois ou mais grupos de porta-aviões estrangeiros em torno de Taiwan ou no mar do Sul da China.

Mas, no que diz respeito ao cenário Z, "há um choque de forças estratégicas. O conflito regional se transforma em uma guerra total", escreve o South China Morning Post citando o pesquisador militar Fang Canxin do Exército de Libertação Popular chinês.

A unidade de Fang é responsável pelos testes no mar de algumas das mais poderosas armas navais da China, diz o artigo.

O cenário Z foi mencionado pela primeira vez em um artigo da revista Chinese Journal of Ship Research, publicado neste mês.

Fang e seus colegas não mencionaram nenhum país, mas o South China Morning Post nota que o equipamento inimigo, que no artigo foi chamado de "aliança azul", pertence à Marinha dos EUA e seus aliados.

O estudo da equipe de Fang prevê o possível resultado de um confronto militar direto entre a China e os EUA.

O resultado mostra que, além da perda de grande número de navios, o custo de uma guerra total pode incluir "a perda de milhões, ou até bilhões, de vidas e danos extensos à infraestrutura, como cidades, sistemas de transporte, redes de comunicação e instalações industriais".

Usando as armas nucleares, as consequências da guerra afetariam o ecossistema, a agricultura e o meio ambiente em geral, o que pode levar à escassez de alimentos, mutações genéticas e taxas mais altas de câncer e outras doenças, aponta o estudo.

As relações entre a China e os Estados Unidos se encontram em um estado extremamente tenso.

A visita do secretário de Estado Antony Blinken a Pequim nos dias 18 e 19 de junho deste ano tinha o objetivo de amenizar as diferenças, mas, logo após seu retorno, o presidente dos EUA, Joe Biden, usou a palavra "ditador" em referência ao líder chinês Xi Jinping.

A declaração provocou forte indignação de Pequim, que repreendeu Washington por sua hipocrisia.

 

Ø  Ao usar convite da China para pressionar EUA, Netanyahu pode cometer erro grave, diz mídia de Israel

 

Viagem poderia ter ramificações políticas, já que o líder israelense ainda não esteve nos EUA seis meses após assumir o cargo. Ao mesmo tempo, o não convite da Casa Branca ao premiê e tensões Netanyahu-Biden pelas reformas políticas podem impulsionar visita a Pequim.

Ontem (27), o premiê israelense, Benjamin Netanyahu, disse que foi formalmente convidado a visitar a China. O primeiro-ministro afirmou a uma delegação visitante de representantes do Congresso dos Estados Unidos sobre a oferta, acrescentando que informou sobre o convite ao governo Biden há um mês, segundo um comunicado do governo israelense citado pela Bloomberg.

Embora não tendo especificando se Netanyahu aceitou, o comunicado disse que a visita projetada seria a quarta do primeiro-ministro a Pequim em várias passagens pelo poder.

De acordo com a mídia, a notícia do convite da China se tornou um tópico de controvérsia, já que comentaristas israelenses disseram que o governo o está usando a convocação para pressionar Washington.

Ao mesmo tempo, segundo o jornal israelense Yediot Ahronot, afirmou que o aprofundamento dos laços com Pequim pode agravar a situação já precária entre Tel Aviv e Washington neste momento.

Alguns especialistas disseram que a posição de Israel pode sofrer cada vez mais com o agravamento da tensão nas relações entre Netanyahu e o presidente dos EUA, Joe Biden, enquanto Washington e Pequim se enfrentam em uma guerra comercial.

Vale lembrar que o Estado judeu também não enviou para Ucrânia armas requisitadas por Kiev. Sendo Washigton o maior aliado da Ucrânia, esse é atualmente outro ponto de discórdia entre os governos.

O jornal ainda ressalta que o primeiro-ministro israelense afirmou que a colaboração e parceria de segurança entre os Estados Unidos e Israel atingiu níveis incomparáveis, no entanto, a tensão atual "é claramente sentida nas Forças Armadas israelenses".

A mídia sublinha que "a parceria de segurança entre os dois países continua forte, mas apenas no nível dos respectivos chefes de gabinete".

Portanto, Netanyahu pode argumentar que esta visita serve como um sinal para os Estados Unidos, possivelmente emulando outros atores regionais como a Arábia Saudita, que mantém laços com o Irã, a China e os EUA.

O diretor do Instituto de Estudos de Segurança Nacional em Tel Aviv, Tamir Hayman, afirmou que se a visita do premiê acontecer, seria "um erro grave".

"A China é um país importante para Israel, mas, como sempre, o contexto faz a diferença e o contexto é a recusa americana de convidar o primeiro-ministro para uma visita a Washington. Por causa dessa recusa e da escalada da crise com os EUA, uma visita neste momento é um erro grave".

A possível viagem de Netanyahu ocorreria em um momento em que Pequim está começando a fazer incursões no Oriente Médio, enquanto a região se torna menos prioritária para os EUA.

A China intermediou este ano a restauração dos laços entre o Irã e a Arábia Saudita, e Hayman argumentou que parecer do lado da China não acelerará um convite a Washington e irritará as autoridades de Biden.

 

Ø  Após deslumbrar Modi com jantar de gala, EUA pedem à Índia maior cooperação no mar do Sul da China

 

Embora não seja um requerente do mar do Sul da China, a Índia intensificou os laços de segurança na região, sinalizando sua intenção de desempenhar um papel maior nos esforços contra a China, papel que Washington espera que Nova Deli desempenhe ainda mais.

Nesta quarta-feira (28), o principal diplomata dos Estados Unidos para o Leste Asiático, Daniel Kritenbrink, disse espera uma maior entre Nova Deli e Washington sobre questões no mar do Sul da China. Kritenbrink afirmou que o foco dos EUA na região é a capacitação de aliados, parceiros e amigos, segundo a Reuters.

"Daremos boas-vindas à cooperação com qualquer país que adote essa visão. Isso, é claro, inclui a Índia", disse o diplomata.

Na semana passada, durante uma visita de Estado a Washington do primeiro-ministro indiano, Narendra Modi, em meio a um jantar de gala oferecido pela Casa Branca, os países declararam-se estar "entre os parceiros mais próximos do mundo".

Biden e Modi assinaram uma série de acordos nas áreas de defesa e comércio no dia seguinte ao jantar (23).

Embora os países não sejam aliados formais vinculados a tratados e a Índia mantenha sua postura de não alinhamento, Washington quer que Nova Deli seja um contrapeso estratégico em oposição à China, analisa a revista Veja.

Hoje (28), a Marinha da Índia disse que estava enviando uma corveta de mísseis de serviço ativo para o Vietnã como um presente, o primeiro navio de guerra que o governo indiano deu a qualquer país.

Kritenbrink também citou o Vietnã em suas declarações, quando referiu-se ao que chamou de "manobras inseguras" de navios chineses dentro da zona econômica exclusiva vietnamita no mês passado.

 

Ø  OTAN do Pacífico: EUA anunciam intenção de atrair novos países para a aliança AUKUS

 

Os Estados Unidos estão abertos a permitir que mais países participem do ramo tecnológico do monumental acordo Austrália-Reino Unido-EUA conhecido como AUKUS, mas eles teriam que mostrar que podem contribuir de maneiras significativas, disseram autoridades na segunda-feira (26).

"Estamos conversando com uma variedade de países interessados. E francamente, vai muito além desses países, e somos gratos por isso. O fato de os países estarem interessados nisso é positivo e vamos explorá-los apropriadamente", disse Kurt Campbell, vice-assistente do presidente e coordenador do Indo-Pacífico.

De acordo com o funcionário, as perspectivas de potenciais parceiros em termos de interação com a AUKUS dependerão dos benefícios que podem trazer para a associação em um campo específico.

O representante do Conselho de Segurança Nacional dos EUA não nomeou os países com os quais estão sendo realizadas as negociações de cooperação, mas disse que são "muitos" os Estados interessados.

Por sua vez, a emissora americana ABC afirma que anteriormente o Canadá e a Nova Zelândia – que com os Estados Unidos, o Reino Unido e a Austrália formam uma rede de compartilhamento de inteligência Five Eyes (Cinco Olhos) – expressaram interesse em se juntar à AUKUS em um novo estágio de desenvolvimento da parceria.

Por sua vez, o Serviço de Pesquisa do Congresso dos Estados Unidos divulgou um relatório em 20 de junho dizendo que, além do Canadá e da Nova Zelândia, o Congresso pode considerar dar ao Departamento de Defesa e ao Departamento de Estado o mandado de expandir a AUKUS às custas do Japão, como recomendado por vários analistas.

·         Objetivos óbvios da AUKUS

Os especialistas observam que os Estados Unidos esperam criar com base na AUKUS um análogo do bloco da Organização do Tratado do Atlântico Norte (OTAN) para dissuadir a China na região da Ásia-Pacífico.

Na China, a criação da AUKUS foi repetidamente criticada. Pequim observou que a transferência da tecnologia de submarinos nucleares para Camberra só alimentaria a corrida armamentista e minaria a estabilidade regional.

Mas Washington rejeita desafiadoramente esse posicionamento. Em março de 2023, o presidente dos EUA, Joe Biden, disse que não se importava se a China visse agressão na aliança AUKUS.

Ao mesmo tempo, Moscou, em particular o ministro das Relações Exteriores, Sergei Lavrov, alertou que a AUKUS estava sendo criada como um instrumento da influência da OTAN na região Ásia-Pacífico.

Além disso, Lavrov ressaltou que os EUA estão "empurrando energicamente" o Japão, a Nova Zelândia e a Austrália para atividades que envolvem a expansão da infraestrutura militar da Aliança Atlântica para a Ásia-Pacífico com a formação de cadeias logísticas apropriadas.

De acordo com Aleksei Mukhin, diretor-geral do Centro de Informação Política, a expansão subsequente da AUKUS através do envolvimento de parceiros externos foi incorporada ao formato do bloco desde o início.

Como a Ucrânia faz na Europa, vários países receberão opções de cooperação, que serão chamadas de parceria com a AUKUS, mas não concederão direitos igualitários, opina especialista.

AUKUS em poucas palavras

Em setembro de 2021 Camberra, Londres e Washington formaram o pacto AUKUS, que prevê a entrega de submarinos movidos a energia nuclear à Austrália até 2040.

A aliança está focada no compartilhamento da capacidade militar, incluindo ciberinteligência, inteligência artificial e tecnologias quânticas, mas também armas hipersônicas e os submarinos em questão, movidos a energia nuclear.

Embora o AUKUS afirme não se concentrar em nenhum adversário específico, ele é claramente, por sua estrutura e por comentários de suas nações integrantes, destinado a "dissuadir" a China na região do Indo-Pacífico.

O acordo causou controvérsia em todo o mundo porque a Austrália é um Estado livre de armas nucleares, não tendo sequer um programa nacional de energia nuclear, o que significa que toda a tecnologia deve ser importada e adaptada dos Estados Unidos.

Os submarinos da classe Virginia usam urânio militar como combustível, o que aumenta os temores de proliferação nuclear.

 

Fonte: Sputnik Brasil

 

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