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JULGAMENTOS DE CASOS SOBRENATURAIS
Fenômenos paranormais não podem ser comprovados,
como o próprio nome já diz. Eles costumam estar relacionados justamente
a eventos inexplicáveis, que acabam envolvendo fé, valores e crenças muito
pessoais. Mas há vezes em que até o inconcebível precisou ser analisado
sob a ótica da justiça.
Será que é possível colocar um demônio no banco
dos réus? Ou contar com o testemunho de uma vítima que já partiu desse plano?
Acredite ou não, isso já aconteceu em alguns julgamentos que envolveram casos
sobrenaturais.
A Caveira estudou todos os arquivos sobrenaturais de
sete casos possuídos que foram parar nos tribunais. Eis as provas:
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1. O Demônio em Connecticut
Ao longo de sua carreira como demonologistas, o
casal Warren se deparou com muitas assombrações, famílias atormentadas e casos
de exorcismo. Mas um deles foi parar nos tribunais: o caso do Demônio em
Connecticut.
Em 1981, Arne Cheyenne Johnson foi preso
pelo assassinato do locador do imóvel onde morava. Antes do crime, no entanto,
o irmão mais novo de sua noiva teria sido possuído por mais de sessenta
demônios. Em uma das incansáveis sessões de exorcismo, Arne teria dito aos
demônios para possuírem seu corpo no lugar do garoto.
No julgamento, Arne Cheyenne Johnson alegou
inocência em um caso que ganhou ampla cobertura da mídia e ficou conhecido
como “o diabo me obrigou”. A defesa trabalhou com a tese de possessão
demoníaca no momento do crime e até mesmo Ed e Lorraine Warren se
envolveram com o caso na tentativa de expulsar os demônios do corpo do
menino.
O episódio deu origem ao filme Invocação do
Mal 3: A Ordem do Demônio, que acrescentou vários elementos fictícios à
trama. Quem tiver interesse em conhecer o caso real em detalhes que vão muito
além do longa-metragem precisa ler Ed & Lorraine Warren: Luz nas Trevas. O livro é o quarto publicado pela Caveira sobre os casos sobrenaturais
investigados pelo casal e foi escrito por Gerald Brittle, autor de Ed & Lorraine Warren: Demonologistas.
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2. Exorcismo em Klingenberg
Em 1976, uma jovem chamada Anneliese
Michel faleceu em uma cidadezinha da Alemanha meses após ter passado por
exaustivas sessões de exorcismo. O caso foi levado à promotoria pública,
que processou os pais dela e dois padres por homicídio por negligência.
Há alguns anos Anneliese sofria com convulsões e
alucinações, um quadro clínico que foi tratado como epilepsia do lobo
temporal. Porém, a ineficácia dos remédios ao longo do tempo levantou outra
hipóteses para a família dela, que era bem religiosa: possessão demoníaca.
Com a ajuda de um padre da paróquia local e a autorização do bispo, foram
conduzidas as sessões de exorcismo que, segundo os padres exorcistas, tiveram
êxito. Após isso, Anneliese parou com o tratamento médico também.
Em questão de meses, a saúde dela ficou bem
debilitada, levando a um quadro de desnutrição e desidratação profundas,
além de ossos quebrados de tanto se ajoelhar para rezar. O caso foi parar nos
tribunais e rendeu um verdadeiro embate entre ciência e religião para
tentar justificar o quadro de Anneliese e os tratamentos mais indicados para
salvar sua vida.
De um lado, os médicos argumentavam que não
havia possessão e que suas alucinações com demônios eram um sintoma da
epilepsia. Do outro, padres argumentavam que não existe remédio contra o
diabo. Como evidências, foram reproduzidas fitas das gravações feitas durante o
exorcismo. Tanto os pais como os padres foram condenados e cumpriram a pena em
liberdade condicional.
O caso completo está no livro Possessão, escrito por Felicitas D. Goodman após uma
extensiva pesquisa sobre o episódio. Ele também inspirou o filme O
Exorcismo de Emily Rose, com direito aos desdobramentos jurídicos.
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3. O júri usou um tabuleiro de Ouija
Já pensou utilizar um tabuleiro de Ouija para
determinar se alguém é ou não culpado de um crime? Foi isso que aconteceu em
1994 no Reino Unido quando um homem chamado Stephen Young foi preso pelo
assassinato de Harry e Nicola Fuller.
Foi um crime bem violento que chocou a comunidade. O
julgamento de Stephen Young durou cinco semanas e acabou com a condenação do
réu. Mas cerca de um mês após sua sentença ter sido decretada, uma manchete de
jornal anunciou: “Veredito do tabuleiro de Ouija em julgamento de
assassinato”.
Um dos membros do júri havia se manifestado publicamente.
Ele alegava que quatro pessoas que faziam parte do júri haviam usado um
tabuleiro de Ouija para fazer contato com os espíritos de Harry e Nicola
Fuller. Durante a sessão espírita, quando um deles perguntou a Harry Fuller
quem era o seu assassino a resposta teria sido “Stephen Young fez isso”. Quando
esse mesmo jurado perguntou como, a resposta foi “tiro”.
Cinco semanas depois, um novo julgamento foi
convocado, e Stephen Young foi condenado culpado mais uma vez. Só que agora sem
nenhuma interferência do além.
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4. A regra dos caça-fantasmas
O nome oficial do caso é Stambovsky versus Ackley,
mas ele ficou mais famoso por ter instituído a “regra dos caça-fantasmas”.
Corretores imobiliários precisam revelar a compradores em potencial o passado
desagradável de algum imóvel, como assassinatos, suicídios e qualquer morte que
tenha ocorrido na casa. Em alguns locais dos Estados Unidos exigem até uma
espécie de atestado de que a casa está “livre de assombrações”.
O caso em questão envolveu uma propriedade histórica
no estado de Nova York, que se tornou residência particular no século XX e
foi comprada por Helen Ackley nos anos 1960. Não demorou muito para que a
família passasse a presenciar atividades paranormais no imóvel.
Os moradores acreditavam que um fantasma chamado
“Sir George”, que havia morado no local no século XVIII, ainda habitava a casa.
Quando seu marido faleceu, Helen colocou a propriedade à venda. Assim que o
comprador, Stambovsky, descobriu o passado assombrado da residência, exigiu
a rescisão do contrato por fraude. Inicialmente o caso foi rejeitado, mas o
comprador recorreu e acabou ganhando graças à tal regra dos caça-fantasmas.
Detalhe: ele nunca chegou a se mudar para o imóvel ou ser pessoalmente
assombrado.
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5. O aluguel do fantasma da Flórida
Esse caso é até bem recente: aconteceu em 2005 na
cidade de Orlando, Flórida. O proprietário de um prédio
comercial processou um dos seus inquilinos por se recusar a pagar o
aluguel. De acordo com os locatários, Christopher e Yoko Chung, eles não
iriam se mudar e nem pagar o aluguel porque a propriedade estaria
assombrada.
Os dois alegaram que havia aparições de fantasmas no
local e que, por causa de suas crenças religiosas, não poderiam cumprir as
obrigações do contrato de aluguel. O prédio inteiro já tinha um histórico
de fantasmas e especialistas em atividades paranormais acreditam que tais
espíritos seriam de crianças que eram filhas de prostitutas e foram
assassinadas no local há mais de um século.
No processo, a defesa dos proprietários alegou
que nunca foram observados fenômenos paranormais relacionados a fantasmas
no local e que eles teriam investido muito dinheiro para reformar o espaço
e transformá-lo em um centro comercial.
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6. A fazenda assombrada de Ohio
Às vezes a maior assombração de um local pode
ser as histórias que contam sobre ele. Nesse caso, os proprietários da
Fazenda Staley processaram os autores do livro Weird Ohio [Estranho
Ohio] porque, graças à publicação, sua propriedade começou a atrair
caça-fantasmas. A fazenda apareceu no livro porque o patriarca da família, o
“Velho Staley”, teria assassinado a sua família inteira com um machado.
De acordo com a lenda urbana do local, se você
dirigir pela rua Staley à noite, vai ter a sensação de que alguém tomou o
controle do seu carro, com buzinas acionando sozinhas e faróis apagando sem
motivo. Também dizem que o fantasma do Velho Staley pode ser avistado na
floresta.
Segundo os proprietários da fazenda, os autores do
livro seriam os responsáveis por um número considerável de pessoas
invadindo a propriedade. No entanto, o que salvou os escritores foi o aviso no
início da obra, que dizia: “O leitor deve estar ciente de que vários dos locais
descritos em Weird Ohio ficam em propriedades privadas e não
devem ser visitados ou você poderá ser indiciado por invasão”. Parece que o
aviso não funcionou muito bem.
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7. O fantasma de Gambler
Em 1854, um homem chamado Leban Mercer foi julgado
pelo assassinato de John Gamble, que estaria devendo 2 dólares da
compra de um novilho. Quando fecharam a venda, ele apenas tinha notas altas,
totalizando 200 dólares. Aparentemente, os dois tinham combinado de se
encontrar mais tarde, mas Mercer foi a última pessoa a ver Gamble com
vida.
Horas depois, o barco de Gambler foi visto flutuando
no rio. Mercer teria retornado de madrugada completamente encharcado e sujo de
lama, com uma quantia em dinheiro nos bolsos. O corpo de Gamble, no
entanto, estava desaparecido.
Certa noite, um homem chamado John Hindman alegou
que o fantasma de Gambler havia aparecido para ele e lhe contado que teria
sido assassinado por Mercer, o que levou à acusação e ao julgamento. Porém,
Mercer foi absolvido por falta de evidências.
Fonte: Dark Blog
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