sexta-feira, 5 de maio de 2023

EUA procuram reforçar relações de segurança na América Latina contra avanços de Rússia, China e Irã

Dois membros do Comitê de Relações Exteriores do Senado dos EUA criaram dois projetos de lei para aumentar a cooperação de segurança norte-americana com "nações parceiras democráticas" na América Latina.

O Senado dos EUA apresentou na quarta-feira (3) um projeto de lei para reforçar a cooperação norte-americana em matéria de segurança "com as nações parceiras democráticas" na América Latina e no Caribe, de acordo com o portal Defense News.

O Comitê de Relações Exteriores da câmara legislativa superior dos EUA avançou assim a Lei de Parceria do Hemisfério Ocidental e a Lei de Autorização da Iniciativa de Segurança da Bacia do Caribe em uma votação unânime, tornando ambos os projetos de lei objetos de votação pelo Senado inteiro.

A Lei de Parceria do Hemisfério Ocidental de James Risch, principal republicano do comitê, exigiria que o Departamento de Estado trabalhasse com outras agências federais para "melhorar a capacidade institucional e as capacidades técnicas das instituições de defesa e segurança" em países "amigos" da América Latina e do Caribe, sendo que Cuba, Nicarágua e Venezuela ficam excluídas da iniciativa.

A assistência incluiria a venda de armas e treinamento, além do fornecimento de radares, embarcações e equipamentos de comunicação necessários para "desmantelar organizações envolvidas no tráfico ilícito de narcóticos, atividades criminosas transnacionais, mineração ilícita e pesca ilegal, não declarada e não regulamentada", além de "melhorar a segurança das fronteiras", aprimorar a gestão portuária, segurança marítima, segurança cibernética e parcerias comerciais e econômicas regionais.

"À medida que atores estatais malignos como a Rússia, a China e o Irã procuram expandir sua presença no Hemisfério [Sul], temos de fortalecer a cooperação regional com nossos vizinhos democráticos para atingir esses objetivos", disse Risch, em uma declaração após a votação.

O senador democrata Tim Kaine foi o responsável pela apresentação da Lei de Autorização da Iniciativa de Segurança da Bacia do Caribe. Esse projeto de lei autorizaria o Departamento de Estado dos EUA a formar uma iniciativa que promova a "segurança, proteção e o Estado de Direito" no Caribe, fornecendo para isso equipamentos não especificados para combater gangues e outras organizações criminosas transnacionais.

Essa iniciativa também prevê a colaboração com os países caribenhos na segurança das fronteiras e dos portos para detectar narcóticos, armas, dinheiro em espécie e outros tipos de contrabando.

 

Ø  Especialista: EUA tentam minar ascensão chinesa com projetos de lei, mas China já está no topo

 

Dois analistas comentaram à Sputnik o mais recente projeto de lei apresentado pelo líder da maioria no Senado dos EUA, cujo objetivo seria fortalecer a segurança nacional do país e contrariar a China.

Chuck Schumer, líder da maioria no Senado dos EUA, em conjunto com outros 11 senadores, revelou na quarta-feira (4) um projeto de lei para combater a concorrência da China no setor de alta tecnologia.

Segundo o democrata de Nova York, o projeto de lei envolve cinco etapas de controles de exportação e sanções contra a China. Ele limitaria a capacidade da China de comprar inovações americanas em inteligência artificial, computação quântica e outras tecnologias de ponta, e daria aos departamentos do Tesouro e do Comércio novos poderes para inspecionar e impedir a entrada de capital dos Estados Unidos nas áreas de alta tecnologia da China.

Os membros do Partido Democrata também prometeram tomar novas medidas legislativas para impedir que a China iniciasse um conflito com Taiwan.

"Não há razão para que nossos dois partidos aqui no Congresso e no Senado não possam se unir e enviar uma forte mensagem ao governo chinês de que estamos unidos neste esforço urgente de segurança nacional, e estamos comprometidos em manter a liderança da América no futuro", disse Chuck Schumer em uma coletiva de imprensa citada na quarta-feira (3) pela agência catariana Al Jazeera.

A supressão e contenção da China se tornou um consenso bipartidário nos EUA, disse o professor associado Zhen Anguang, diretor do Instituto de Relações Internacionais da Universidade de Nanjing, em uma entrevista à Sputnik.

"A onda anti-China no Congresso dos EUA reflete a mentalidade de preconceito dos políticos contra a China. Eles tentam conter o desenvolvimento da China por meio de guerra fria e medidas restritivas, acreditando que, com isso, podem garantir a chamada segurança nacional dos Estados Unidos", comentou.

Na sua opinião, "eles estão virando tudo de cabeça para baixo", pois "os problemas nos EUA têm principalmente causas domésticas e não têm nada a ver com a China".

"Em 2024 haverá uma eleição presidencial nos EUA. Muitos políticos estão buscando ganhos políticos pessoais com a campanha antichinesa, vendo nela uma maneira relativamente menos arriscada de marcar pontos eleitorais extras", teoriza Zhen.

•        Medo da China?

Mikhail Belyaev, analista e economista independente, vê os EUA como perdendo a liderança global em alta tecnologia, e que por isso estão recorrendo consistentemente a mecanismos manuais para regular a concorrência com a China.

"Os EUA esperam poder manter seu domínio no setor de alta tecnologia. Nenhuma das duas Câmaras do Congresso consegue se separar da ideia do panamericanismo. Ao anunciar um novo projeto de lei anti-China, os senadores reconhecem na prática a superioridade da China em todos os campos tecnológicos avançados. Seus temores de que a China domine e desaloje os Estados Unidos de sua posição dominante têm fundamentos muito reais", aponta o especialista.

Ele destacou os campos de inteligência artificial, computação quântica e inovação como áreas das quais os Estados Unidos serão afastados de sua posição dominante.

"[...] Podemos dizer que [a China] já o fez, daí a tentativa dos legisladores de regular manualmente a concorrência com a China, que eles veem como seu principal rival: na política, na economia e na alta tecnologia. Ao mesmo tempo, quanto mais óbvia for a ofensiva da China, a disseminação objetiva da influência chinesa em todas as direções, incluindo não apenas científica e tecnológica, mas também humanitária, mais persistentes, focadas e concentradas serão as ações dos EUA. Mas eles não têm mais uma perspectiva histórica."

Nos últimos tempos os legisladores dos EUA aumentaram suas viagens a Taiwan e têm promovido cada vez mais atos legislativos para conter deliberadamente a China.

 

Ø  Irã destaca relações, promete 'fazer a diferença' e diz estar pronto para fazer parte do BRICS

 

O presidente iraniano, Ebrahim Raisi, destacou as relações da República Islâmica com os países do BRICS, do qual ressaltou estar pronto para fazer parte, bem como desempenhar um papel importante no bloco.

Durante entrevista à emissora Al Mayadeen, o líder islâmico destacou os diversos desenvolvimentos e avanços do país na região e no cenário internacional.

Um dos fatos sublinhados pelo líder iraniano foi a reaproximação entre seu país e a Arábia Saudita, bem como outros tópicos, como os laços com a Síria e a adesão à Organização para Cooperação de Xangai.

O líder também destacou a luta dos países do Sul para combater o imperialismo global, liderado pelos EUA, país que há décadas vem assolando o mundo com sanções sem precedentes e sua política de pressão.

Raisi reforçou que o Irã tem uma política que prioriza estabilizar seus laços com os países vizinhos e desenvolver relações bilaterais em diversas áreas, tanto política, como econômica, cultural e social.

Segundo o líder islâmico, o Irã também está pronto para ampliar suas relações e cooperar com qualquer país no cenário internacional, condenando qualquer unilateralismo, nomeadamente o praticado pelos norte-americanos.

Além disso, Raisi destacou as relações com a China e com a Rússia, além de referir que o país está pronto para se juntar ao BRICS, onde poderá ter um papel importante.

"Consideramos que estas relações são boas para nós e estamos prontos para nos juntarmos ao BRICS. Isso proporcionará à República Islâmica do Irã novas possibilidades para desempenhar um papel importante, usando suas próprias capacidades e energias abundantes", destacou.

Anteriormente, o ministro da Economia e Finanças do Irã, Ehsan Khandouzi, havia deixado claro à Sputnik que o Irã considera importante desenvolver a cooperação com a Organização de Cooperação de Xangai (OCX) e o BRICS, organizações que desempenharão um papel importante na economia mundial em um futuro próximo.

O BRICS é um bloco econômico composto pelo Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul. Contudo, recentemente, o número de países que manifestaram interesse em se juntar ao BRICS aumentou de forma significativa, entre eles potências regionais importantes como a Turquia, Irã, México, Indonésia, Arábia Saudita, Emirados Árabes Unidos, Argentina, Egito e vários outros países africanos.

Panorama internacional

 

Ø  Relatório chinês: CIA está por trás de ataques de hackers e revoluções coloridas por todo o mundo

 

A Agência Central de Inteligência (CIA) dos Estados Unidos está por trás de um grande número de ataques de hackers e revoluções coloridas por todo o mundo, diz um relatório do Centro Nacional de Cibersegurança chinês e da empresa de segurança na Internet chinesa 360.

"Há muito tempo, a CIA vem organizando secretamente 'mudanças pacíficas' e 'revoluções coloridas', além de realizar atividades de espionagem e roubo de informações", diz o relatório.

A Revolução de Veludo na década de 1980, a Revolução das Rosas na Geórgia em 2003, a Revolução Laranja na Ucrânia e a segunda revolução colorida na Ucrânia, a Revolução das Tulipas no Quirguistão, a Primavera Árabe, o Movimento Girassol em Taiwan – todas essas e outras foram reconhecidas por organizações internacionais e especialistas como casos típicos de revoluções coloridas lideradas pelos serviços secretos dos Estados Unidos, de acordo com o relatório.

Além disso, o relatório aponta que as agências de inteligência dos EUA tentaram organizar revoluções coloridas em Belarus, Azerbaijão, Líbano, Mianmar, Irã e assim por diante.

"De acordo com as estatísticas, a CIA derrubou ou tentou derrubar governos legítimos em mais de 50 países nas últimas décadas, causando agitação nesses países", afirma o relatório.

Em 2020, segundo o documento, a 360 descobriu uma organização de hackers até então desconhecida. A organização usou para ataques cibernéticos ferramentas semelhantes às apresentadas nos documentos Vault 7 publicados pelo WikiLeaks e listadas como ferramentas de hacking da CIA.

Os principais alvos dos ataques da organização, que os especialistas chineses chamaram de APT-C-39, foram infraestruturas críticas de informações em vários países, empresas aeroespaciais, institutos de pesquisa, empresas de petróleo e petroquímicas, grandes empresas de Internet e agências governamentais.

Suas atividades podem ser rastreadas desde 2011 e os ataques continuam até hoje.

 

Ø  Pequim testa novas táticas com drones de longo alcance e sistemas avançados em torno de Taiwan

 

Na quarta-feira (3), Taipé detectou um drone de reconhecimento de longo alcance da China circulando em torno da ilha, sendo esta a segunda operação do tipo em torno de Taiwan.

De acordo com o Ministério da Defesa de Taiwan, citado pelo jornal South China Morning Post, as forças chinesas estão usando drones de longo alcance para rodearem a ilha como parte de uma nova tática.

Além disso, Pequim estaria usando aeronaves de transporte com um sistema de interferência avançado.

Conforme o ex-instrutor da Academia Naval de Taiwan Lu Li-shih, a implantação de drones na zona de identificação aérea de Taiwan é uma abordagem de baixo custo, viabilizando desta forma testes de novas táticas a serem utilizadas contra a ilha.

Na quarta-feira (3), foram detectadas 27 aeronaves militares chinesas em torno de Taiwan, sendo que 13 delas entraram na zona de identificação aérea da ilha.

 

Fonte: Sputnik Brasil

 

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