Documentos
entregues por Carla Zambelli ao TSE têm fraude e assinatura falsificada
A prestação de contas entregue à Justiça Eleitoral
pela deputada federal Carla
Zambelli, do PL de São Paulo, tem indícios graves de fraude que, em
última instância, podem levá-la a responder a um processo criminal e até à
perda do mandato.
Documentos entregues pela deputada para comprovar
serviços supostamente prestados a ela na corrida eleitoral do ano passado
incluem o nome de um comerciante do interior paulista que afirma jamais ter
trabalhado na campanha.
Além disso, a assinatura dele que aparece nos papéis
foi flagrantemente falsificada.
O nome do comerciante integra tanto a lista de
doadores quanto a lista de despesas da campanha, um procedimento comum em
situações nas quais os candidatos precisam registrar serviços de pessoas que
atuaram como voluntárias ou que usaram dinheiro do próprio bolso em favor da
candidatura sem repassar os valores diretamente ao comitê.
Acontece que, no caso em questão, o comerciante diz
categoricamente que não teve qualquer relação com a campanha. Seu nome,
portanto, foi incluído indevidamente na documentação entregue pela deputada à
Justiça Eleitoral.
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Assinatura falsa
O comerciante é Roberto Habermann, morador de
Ribeirão Preto, em São Paulo. Ele diz que ficou espantado ao saber que aparece
na prestação de contas da deputada, relacionado a um valor de R$ 870
supostamente “doado” à campanha a título de prestação de serviços.
Apoiador declarado de Jair Bolsonaro, Habermann
garante não ter atuado na campanha de Zambelli e nega que seja dele a
assinatura que consta do documento entregue por ela à Justiça Federal para
“comprovar” a relação. É uma fraude grosseira. A assinatura não é nem sequer
parecida com a de Habermann.
“Vi meu nome
como doador e aquilo me causou estranheza. Não tenho nada contra a Zambelli,
gosto dela. Mas achei estranho colocar meu nome sem me notificar, sem me
avisar. (…) Nunca trabalhei para essa moça, nunca participei de nenhuma
carreata, bandeiraço, nada. Não tenho nenhum vínculo”, disse Habermann à
coluna.
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Reuniões bolsonaristas
O comerciante afirma que, ainda em 2018, participou
de um grupo de discussão política com apoiadores de Jair Bolsonaro, então
candidato ao Planalto, e que àquela altura os encontros eram coordenados por
Camilo Calandreli.
Mais tarde, Calandreli foi nomeado secretário
parlamentar de Carla Zambelli e passou a atuar ainda na tentativa de criação do
Aliança pelo Brasil, partido bolsonarista que nunca saiu do papel. Ele coletava
nomes de apoiadores e os números de seus documentos.
·
Reprodução
Haberman acredita que pode ter sido em um desses
encontros dos quais participou que Calandreli obteve seus dados pessoais, que
acabaram usados indevidamente na prestação de contas de Zambelli.
“Meu nome foi jogado num lugar, numa vala, que eu
não conheço”, diz o comerciante.
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Exigência do TSE
Nas prestações de contas dos candidatos, o TSE exige que constem
todos os serviços prestados, inclusive os voluntários. Nesse caso, os valores
são lançados como doação, junto com o “valor estimável” — isto é, uma
estimativa de quanto vale o serviço.
Quando a informação é incluída no sistema, é preciso
informar as circunstâncias da doação. Se é o caso de uma prestação de serviço
voluntário, a mesma quantia é lançada como despesa. O entendimento do tribunal
é de que os valores dos serviços voluntários têm que ser, também,
contabilizados entre os gastos totais das campanhas.
·
Possibilidade de cassação e prisão
A suposta fraude e falsificação de assinatura pode
ensejar um processo no TSE para investigar inserção de declaração falsa em
documento público para fins eleitorais - conduta que, em última instância, a
depender do procedimento a ser aberto, pode levar à cassação do mandato e até
mesmo à prisão.
O artigo 350 do Código Eleitoral, por exemplo, que
versa sobre "omitir, em documento público ou particular, declaração que
dwle devia constar, ou nele inserir ou fazer inserir declaração falsa ou
diversa da que devia ser escrita, para fins eleitorais" , prevê pena de
prisão de até 5 anos e pagamento de multa para quem incorrer nesta expediente.
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Risco de perder o mandato
Presidente da Comissão de Direito Eleitoral da OAB,
a Ordem dos Advogados do Brasil, Sidney Sá das Neves explica que, nas situações
que envolvem possíveis irregularidades na prestação de contas de campanha, pedidos
de impugnação dos registros de candidatura podem ser feitos em até 15 dias após
a diplomação.
Como o prazo já se esgotou, em situações como a de
Zambelli ainda restaria a possibilidade de se fazer uma investigação por uso de
informações falsas. A depender da apuração, ela pode ser processada e, depois,
enquadrada em um artigo do Código Eleitoral que prevê pena de até cinco anos de
prisão para quem insere em documentos públicos declaração falsa para fins
eleitorais. Se condenada, pode perder o mandato e ficar inelegível.
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Baluarte do bolsonarismo radical
Carla Zambelli é uma das mais conhecidas faces do
bolsonarismo. Foi eleita deputada federal pela primeira vez em 2018, na mesma
onda que levou Jair Bolsonaro à Presidência da República. Ao longo dos quatro
anos que se seguiram, foi uma das mais histriônicas apoiadoras do governo e se
destacou como líder das alas mais radicais da base bolsonarista.
Investigada no inquérito das fake news, em curso no
Supremo Tribunal Federal, já chegou a ter suas contas nas redes sociais
suspensas por propagar informações falsas. Foi reeleita nas eleições do ano
passado com 946 mil votos, 12 vezes mais do que no pleito anterior. Durante a
campanha, se envolveu em uma barulhenta confusão ao correr armada atrás de um eleitor de Lula, em São Paulo.
Nesta semana, teve que lidar com outro enrosco. Foi multada em R$ 30 mil pelo TSE por propagar
desinformação sobre as urnas eletrônicas.
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O que diz Zambelli
Em nota, a assessoria da deputada Carla Zambelli não
respondeu aos questionamentos da coluna sobre a falsificação da assinatura. O
gabinete se limitou a dizer que os contratos “foram preenchidos e assinados
pelos próprios voluntários, no momento das ações”.
A assessoria alegou, ainda, que Roberto Habermann
participou de um evento com a presença de Zambelli, no dia 2 de setembro do ano
passado, “ocasião em que foram prestados serviços voluntários de campanha”. O
termo de prestação de serviço, no entanto, informa que Roberto teria
desempenhado um trabalho voluntário pelo período de 29 dias, a partir do dia 2,
o que ele garante não ter ocorrido.
Ø Carla Zambelli é abandonada por Bolsonaro e publica vídeo confuso sobre
ato com MBL
Está marcado para o dia 4 de junho uma manifestação
organizada pelo Movimento Brasil Livre (MBL) contra a atual gestão federal. A
deputada Carla Zambelli (PL-SP) chegou a manifestar apoio a tal movimentação,
porém, após o ex-presidente Bolsonaro vetar a participação de aliados, Zambelli
voltou atrás.
Em vídeo gravado em um quarto hospitalar, onde a
parlamentar trata de uma Covid, Zambelli aparece fortemente abalada em um vídeo
confuso e revela que não vai mais participar da manifestação do MBL, grupo que
hoje faz parte do hall de
Quase chorando, Zambelli explica que houve uma
confusão de comunicação e que ela não sabia quem eram os organizadores da
manifestação.
"Em relação a essa manifestação: quando os
deputados se juntaram para falar sobre a manifestação eu estava na UTI, eu não
participei da reunião em que eles falaram dessa manifestação. Na primeira
reunião eu ainda estava na Coreia, não tinha voltado”, disse Zambelli, que
deixa uma dúvida no ar: estava na Coreia ou na UTI?
Posteriormente, Zambelli fala especificamente sobre
o MBL e Vem Pra Rua. "Quando as pessoas falaram que não iriam para a
manifestação por causa do MBL e do Vem Pra Rua, eu disse assim: 'olha, eu não
acho que esse deva ser o caso, não é uma manifestação do MBL e do Vem Pra Rua,
é uma manifestação pela liberdade e justiça”.
Em seguida, Zambelli revela que, a mando de
Bolsonaro, retirou o seu apoio a manifestação organizada pelo MBL. "Surgiu
um fato novo: de que o presidente Bolsonaro pediu textualmente para não se
fazer manifestação [...] não é pra fazer manifestação? Ok. Erramos em não
conversar com Bolsonaro", disse Carla Zambelli.
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Carla Zambelli é internada na UTI com Covid e mente
nas redes
A deputada federal bolsonarista Carla Zambelli (PL-SP) esteve internada
na UTI de um hospital de Brasília com Covid-19. Antes da
confirmação do quadro, a própria parlamentar postou nas redes sociais que teve
“um mal-estar súbito” e que por isso procurou um hospital. Ela é negacionista,
não se vacinou contra o Sars-Cov-2 e, segundo sua assessoria, estaria
“assintomática”, embora não explique por qual razão a extremistas estaria há
tantos dias internada e sob cuidados intensivos.
“Cheguei de viagem (da Coreia do Sul), descansei
dois dias. Viagem exaustiva, mais de 30 horas de viagem. Quando eu tive esse
mal-estar, meu médico achou melhor me internar, foi fazer vários exames”, falou
inicialmente a deputada de extrema direita. Ela está na unidade de saúde
internada desde a última segunda-feira (15).
A própria Zambelli explicou que estava na Unidade de
Terapia Intensiva, inclusive acrescentando que a previsão de alta deste setor é
para terça-feira (23), embora tenha a intenção de seguir de atestado médico
mais alguns dias após voltar para casa. Ela disse que pediu ao presidente da
Câmara, Arthur Lira (PP-AL), que permita sua participação nas votações pelo
modelo remoto.
Percebendo que não seria possível evitar que seu
diagnóstico se tornasse público, a equipe de comunicação de Zambelli emitiu um
comunicado confirmando a internação e o motivo, mas reiterando que a deputada
passa bem e que realmente jamais se vacinou.
“A deputada Carla Zambelli não se vacinou contra a
Covid-19 por recomendação médica e nos últimos anos, a parlamentar manteve sua
imunidade em níveis elevados. É provável que tenha contraído o vírus durante
sua viagem de volta da Coreia do Sul, que durou aproximadamente 24 horas. Vale
ressaltar que a parlamentar encontra-se assintomática e já se passaram 5 dias
desde o diagnóstico”, diz a nota oficial.
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Bolsonaro se afasta de manifestações do MBL e de
deputados da direita
O ex-presidente Jair
Bolsonaro (PL) se afasta das manifestações que estão sendo
chamadas pelo Movimento
Brasil Livre (MBL) e por deputados da direita. A informação é
da analista de economia da CNN Raquel Landim.
O advogado do ex-presidente, Fábio
Wajngarten, usou as redes sociais, na quinta-feira (25), para falar
do assunto.
“Faz-se mais
do que necessário avaliar quem esteve de fato ao lado do governo nos últimos 4
anos antes de sair apoiando e promovendo manifestação oportunista. A direita
teima e ser vagão e rebocada por quem nunca conseguiu ser locomotiva”,
escreveu.
Ø Carla Zambelli está com medo de ser presa e chora em vídeo
As coisas não estão bem para a deputada federal
Carla Zambelli (PL-SP). A parlamentar enfrenta uma forte crise em sua base
eleitoral, pois, declarou apoio à manifestação organizada pelo MBL. Porém, o
ex-presidente Bolsonaro (PL) orientou boicote ao ato convocado e Zambelli ficou
em uma situação constrangedora.
Nesta quinta-feira (25), após a reprimenda de Jair
Bolsonaro e muitas críticas de sua base, a deputada publicou um vídeo onde apresenta uma tese confusa sobre o que
a levou apoiar a manifestação convocada pelo grupo de Kim Kataguiri (União
Brasil-SP).
Além disso, Zambelli está internada desde a semana
passada para tratar da Covid. Como não tomou vacina para se proteger do coronavírus, a parlamentar
chegou a ser internada na UTI.
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Medo da prisão
Agora, a deputada revelou um outro temor que a
acompanha: o medo de ser presa. A deputada, que é investigada pelo STF por perseguição armada e ligações com terroristas,
tornou o seu temor público ao comentar o fato de que Deltan Dallagnol
(Podemos-PR) teve pouco apoio público após ter registro eleitoral cassado pelo
TSE e, consequentemente, perder o mandato.
"Vendo muita gente esquecendo o Deltan desse
jeito, um cara importante pro Brasil, o cara que botou o Lula na cadeia, eu
fico pensando: e quando for comigo, o que vocês vão fazer", diz quase aos
prantos Carla Zambelli.
Fonte: Metrópoles/Fórum
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