domingo, 28 de maio de 2023

Cid pediu que militar investigado por fraude no cartão de vacina tivesse 'tratamento vip' e proximidade com Bolsonaro

Diálogos obtidos pela Polícia Federal com autorização da Justiça mostram o ex-ajudante de ordens do ex-presidente Jair Bolsonaro, Mauro Cid, pedido "tratamento vip" para o militar da reserva Ailton Barros.

Cid também pediu para seus auxiliares na ajudância de ordens da Presidência que sempre facilitasse, o acesso de Barros a Bolsonaro.

Barros aparece em outros diálogos obtidos pela PF falando sobre um plano de golpe de Estado para manter Bolsonaro no poder.

Mauro Cid e Ailton Barros foram presos pela Polícia Federal no dia 3 de maio por ordem do ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF).

Os dois são investigados por suposta participação num esquema de falsificação de cartões de vacinação da Covid inseridos no sistema do Ministério da Saúde.

·         Mensagens

Em janeiro de 2022, Mauro Cid troca mensagens de áudio com o servidor da Ajudância de Ordens, sargento Elizeu, sobre a ida do "Coronel Ailton” a um evento em que o presidente da República estaria presente.

Segundo a transcrição da PF, no diálogo, Mauro Cid afirma:

“Eu vou te passar o contato do coronel Ailton, tá? É um negão. Esse cara tem que ter tratamento VIP ai na chegada do presidente em Itaboraí, tá? Você pega ele, põe ele na cara do gol, quando o presidente estiver tocando o helicóptero, consegue um pinzinho pra ele, para ele, para ele transitar, tá? E, e, e tenta, tenta facilitar, sempre que você puder, a aproximação dele com o presidente”.

Cid continua a orientação. “Desde já, já pode botar ele no, no... pode ligar para ele, já está esperando para acertar o horário local tudo direitinho, onde vai ser... E ai, coloca ele na cara do gol, tá? No heliponto, onde o presidente estiver descendo”.

Sargento Elizeu responde: “Tá, eu vou providenciar tudo lá para ele. Estacionamento, a entrada e tudo mais. Lá... Aqui, no local onde eu estou, é uma visitação. No primeiro evento e um segundo evento, vai ser tipo uma palestra, mas é tudo no mesmo local. Vai ser só um PIN. Agora não sei se ele vai participar do outro evento na outra cidade né? Aí já é outro. Tem que ver essa guerra aí”.

Mais tarde, Ailton informa a Cid que foi procurado pelo sargento.

“Cidinho, o Eliseu já fez contato comigo. O elemento aí do que vai fazer o resgate já fez contato, já passei meus dados para ele e eu coloquei para ele se existe só a possibilidade, de repente, o meu carro fica lá dentro lá do, do, do gasoduto, né?"

Em seguida, Cid fala da possibilidade de estar no helicóptero.

"Existe a possibilidade de repente, de quando o governador enxergar a parada... Do governador me botar no helicóptero dele e me levar junto e ai por carros, vão ficar na rua até eu resgatar o carro no retorno. Ou no dia seguinte, e ai, se tivesse como o carro ficar dentro do estacionamento lá dos funcionários. Para mim era uma segurança, uma possibilidade, né? Acredito que remota, mas vai dentro da cabeça do governador: 'Deixa eu levar esse negão comigo aí'. Pelo menos o carro fica na segurança”.

As mensagens sobre golpe ocorreram em dezembro de 2022. Barros começa explicando o "conceito da operação":

"Conceito da operação. Então, hoje já é 0h59 de quinta feira, dia 15 de dezembro. É o seguinte: entre hoje e amanhã, sexta-feira, continuar pressionando o Freire Gomes [então comandante do Exército] para que ele faça o que ele tem que fazer", afirmou o ex-major.

Ele continua: "Até amanhã a tarde, ele [o comandante] aderindo bem, ele faça um pronunciamento. Então, é.. Se posicionando dessa maneira, para a defesa do povo brasileiro. E se ele não aderir, quem tem que fazer esse pronunciamento é o Bolsonaro, para levantar a moral da tropa, que você viu, né, eu não preciso falar, que está abalada, em todo o Brasil".

Mais adiante, no áudio, Barros afirma que "na segunda-feira tem que ser lida a portaria ou as portarias, o decreto ou os decretos de garantia da lei e da ordem e botar as Forças Armadas, cujo comandante do supremo é o presidente da República, para agir".

No material obtido pela PF, não aparece se Cid respondeu ao áudio.

 

Ø  Moro ironiza Lula e juiz da Lava Jato e faz 'lista' com referências a petista

 

O senador Sergio Moro (União Brasil-PR) provocou o presidente Lula (PT) em rede social na tarde deste sábado (27), elencando crimes, golpes e fraudes que usam referências ao mandatário ou ao PT.

"Só neste ano já tivemos: email lula1063 usado pelo crime organizado, lula@gmail em cartão de vacina fraudado, login Lul22 usado por juiz que gosta de 'trote' e agora grupo de whats Lula13 para acerto de jogos. Lula não está envolvido nesses fatos, mas é uma referência constante", escreveu Moro no Twitter.

O juiz mencionado no tuíte é Eduardo Appio, titular da 13ª Vara Federal de Curitiba, responsável pelos processos remanescentes da Operação Lava Jato no Paraná. Ele foi afastado provisoriamente de suas funções pelo TRF-4 (Tribunal Regional Federal da 4ª Região) na última segunda (22). A corte regional apura se Appio telefonou para o filho do ex-relator da Lava Jato no TRF-4 fingindo ser um funcionário da Justiça Federal e fazendo perguntas a respeito do vínculo familiar.

Em entrevista à GloboNews, Appio confirmou que usava o login "LUL22" no sistema da Justiça até este ano. Ele disse que se tratava de um "protesto isolado e individual" contra uma prisão que considerava ilegal, a do hoje presidente Lula.

Já os jogos mencionados por Moro, referente ao escândalo de apostas no futebol, citam reportagem do UOL. Segundo o portal, jogadores do Sampaio Corrêa usavam um grupo do WhatsApp chamado "Lula 13" para falar de apostas e da manipulação de jogos da Série B. O grupo teria sido criado em novembro passado, dias depois das eleições.

Responsável por ordenar a prisão de Lula em 2018, Moro e o petista vêm trocando farpas frequentemente, pela imprensa ou redes sociais.

Em março, Lula afirmou que um plano do PCC para atacar Moro, divulgado pela Polícia Federal, seria "uma armação" do ex-juiz.

"Não sei o que ele vai fazer da vida se continuar mentindo do jeito que está", disse o petista.

Em entrevista dias antes, o ex-presidente disse que pensava, quando estava preso, em se vingar de Moro. "[Eu dizia:] Não está tudo bem. Só vai estar tudo bem quando eu foder esse Moro. Vocês cortam a palavra 'foder'", disse, na ocasião.

Posteriormente, em abril, o presidente afirmou em café da manhã com jornalistas que foi orientado pela Secretaria de Comunicação a não mencionar mais o desafeto. "Eu não tenho que falar nem da coisa nem do coiso", disse, em referência também ao ex-presidente Jair Bolsonaro.

 

Ø  Mudanças no TSE trazem má notícia para Bolsonaro

 

As duas mudanças na composição dos ministros do Tribunal Superior Eleitoral foram negativas para Bolsonaro.

Floriano de Azevedo Marques é muito próximo de Alexandre de Moraes, que atuou nos bastidores para emplacar o aliado. Já André Ramos Tavares, ministro substituto, até mantém boa relação com Bolsonaro. Mas fontes do TSE garantem que, entre o ex-presidente e Moraes, Tavares optará por ficar do lado do magistrado.

Os novos ministros ocuparão as vagas de Carlos Horbach e Carlos Mário Velloso, que deixam a Corte. Ambos os nomes agradavam a Jair Bolsonaro.

A relatoria da ação que pode deixar Bolsonaro inelegível está nas mãos de Benedito Gonçalves.

 

Ø  Deputado bolsonarista diz que não vai a manifestação para não provocar Moraes

 

O deputado federal bolsonarista Otoni de Paula (MDB-RJ) diz que não pretende participar do ato de 4 de junho em São Paulo, que tem como motes resistir à censura nas redes sociais e criticar o desmonte da Lava Jato. O principal organizador da manifestação é o MBL (Movimento Brasil Livre).

"Apesar de me sentir vítima de um processo injusto, que impede meu direito de exercer com plenitude meu mandato, pois há quase dois anos estou sem redes sociais, não participarei das manifestações", afirmou ao Painel.

O motivo, segundo ele, é que é preciso tornar mais calmo o atual momento pelo qual passa o Brasil. Ele cita principalmente o presidente do TSE (Tribunal Superior Eleitoral), Alexandre de Moraes. "Quero dar um sinal de distensionamento com o ministro. Só isso", declara.

 

Ø  Flávio Dino manda recado para golpistas: "o Brasil está unido para derrotar o fascismo"

 

O ministro da Justiça, Flávio Dino, participou neste sábado (27), no Maranhão, no evento Brasil Participativo, projeto interministerial que visa fazer com que as populações de todos os estados brasileiros opinem sobre quais devem ser as prioridades da gestão federal no Plano Plurianual (PPA). 

Em sua fala, Flávio Dino afirmou que está com "muita saudade" do Maranhã, saudou Simone Tebet, ministra do Planejamento e conclamou união do Brasil para derrotar a extrema direita e o fascismo. 

"Em primeiro lugar, eu quero dizer para vocês que estou com muita saudade. Quero saudar muito especialmente a ministra Simone. Uma salva de palmas pra ela! Uma amiga querida de muitos anos, nós fizemos muitos debates juntos pelo Brasil. Claro que nós temos 99% de concordância, às vezes a gente tem um 1% que não concorda, mas passou o momento de nós colocarmos as divergências na frente". 

Em seguida, Flávio Dino pede união para derrotar o fascismo e defender o projeto que saiu vitorioso nas urnas. 

 "É hora de unir o Brasil. E unir o Brasil na direção que nós definimos juntos nas urnas. E unir o Brasil significa chamar todo mundo: as autoridades, o movimento social, o povo em geral... eu inovei, chamei até o incrível Hulk, o Homem de Ferro, o Homem Aranha, Capitão América... está todo mundo convocado para enfrentar o fascismo, para enfrentar a extrema direita", declarou Flávio Dino.

·         Flávio Dino alerta Congresso Nacional: ministérios são competência de Lula

O ministro da Justiça, Flávio Dino, reagiu ao ataque que o Centrão e a extrema direita organizam contra o governo Lula ao alterar o texto da MP que organiza os ministérios. No novo texto, os ministérios do Meio Ambiente e dos Povos Indígenas perdem as suas principais atribuições e, na prática, passariam a existir só de fachada. 

Por meio de suas redes sociais, Flávio Dino alertou que a organização dos ministérios é de competência do presidente da República. 

"Sobre controvérsias acerca de competências de órgãos do Poder Executivo, importante lembrar o que dispõe a Constituição Federal: Art. 84. Compete privativamente ao Presidente da República: VI - dispor, mediante decreto, sobre:  a) organização e funcionamento da administração federal, quando não implicar aumento de despesa nem criação ou extinção de órgãos públicos", escreveu Dino. 

 

Fonte: g1/Metrópoles/FolhaPress/Fórum

 

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