Violência: há uma
profunda incapacidade de entender que somos um com o outro
Os
casos recentes de violência nas escolas indicam que “muitos de nós estão vazios
de sentido” e “vivemos tempos de crise da alteridade, há uma profunda
incapacidade de entender que somos um com o outro, o eu e o outro são
mutuamente dependentes e vivemos em uma Casa Comum, como defende Leonardo Boff
ou nos lembra Greta Thunberg todas as sextas-feiras”, diz Jhonatan de Almada,
diretor do Centro de Inovação para a Excelência em Políticas Públicas – CIEPP.
Na
entrevista a seguir, concedida ao Instituto Humanitas Unisinos – IHU por
e-mail, ele associa a crise a estímulos de “um movimento global conservador de
cariz nazifascista que, ao fim e ao cabo, deseja a eliminação do outro. O outro
é sempre um bode expiatório, as maiorias minorizadas, os pobres, os negros, os
indígenas, as mulheres, a comunidade LBGTQIA+, a esquerda de modo geral”. Na
avaliação dele, os atos violentos registrados no país recentemente dizem
respeito à “violência contra as escolas” e, diferentemente da violência
escolar, “é filha dileta do extremismo de direita e da polarização política que
tomou conta do país; o Brasil dobrou à direita, como pontua Jairo Nicolau.
Nesse sentido, os ataques são atentados”.
Para
romper com o ciclo de violência, manifesto também nas escolas, o ponto central,
argumenta, é favorecer a cultura de paz. “O encaminhamento de médio e longo
prazo é construir uma política pública para a cultura de paz nas escolas. À
escola cabe um papel, mas cabe também ao conjunto de atores sociais por ela
responsáveis”, conclui.
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Confira a entrevista:
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HU
– O que os casos recentes de violência nas escolas revelam sobre nosso tempo?
Jhonatan
Almada – “São Luís, um beco escuro, um ladrão e eu… ele — mãos ao alto; a bolsa
ou a vida! Eu — consulte-as; ambas estão vazias!”. Este poema de Wybson
Carvalho me faz pensar que muitos de nós estão vazios de sentido. Penso que
vivemos tempos de crise da alteridade, há uma profunda incapacidade de entender
que somos um com o outro, o eu e o outro são mutuamente dependentes e vivemos
em uma Casa Comum, como defende Leonardo Boff ou nos lembra Greta Thunberg
todas as sextas-feiras.
Divergir
não me faz inimigo de ninguém; a luta política na democracia deveria se dar
pela palavra e não pelo uso da força – o discurso de ódio mudou isso. Não se
pode duvidar que o mundo mais justo, inclusivo e sustentável é bom para todos,
agora e no futuro. Compreendo que essa crise é estimulada e faz parte de um
movimento global conservador de cariz nazifascista que, ao fim e ao cabo,
deseja a eliminação do outro. O outro é sempre um bode expiatório, as maiorias
minorizadas, os pobres, os negros, os indígenas, as mulheres, a comunidade
LBGTQIA+, a esquerda de modo geral. Elegem um inimigo para nele projetar suas
frustrações e sofrimentos, cooptam seguidores a partir da internet e os fazem pôr
em andamento essa máquina de morte.
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Os
casos recentes de São Paulo e Santa Catarina são tratados como de violência
escolar. Não seria mais correto considerar que são atentados? No que consiste o
conceito de violência escolar, pensando a partir das ações entre alunos?
Jhonatan
Almada – Por um lado, existe a violência escolar que abrange os atos violentos
físicos ou simbólicos que ocorrem dentro da escola: brigas, bullying e
assédios. Por outro, existe a violência contra as escolas, essa última é a que
temos observado nos acontecimentos recentes e é filha dileta do extremismo de
direita e da polarização política que tomou conta do país; o Brasil dobrou à
direita como pontua Jairo Nicolau. Nesse sentido, os ataques são atentados.
Quero
pontuar que essas duas tipologias de violência não são continentes separados.
Quando você coloca o estudante, é necessário percebê-lo como ser que está na
escola durante parte do seu tempo, mas vive com sua família, no seu território,
e tem o próprio círculo social, real e virtual. A cooptação para o discurso de
ódio pode ser velada ou aberta, só do estudante ou ainda ter o consentimento
ativo da própria família. A escola está atravessada por diversas questões e se
percebe certo cansaço. Converso muito com professores e gestores escolares, e
eles me dizem que se sentem sobrecarregados. O problema do enfrentamento da
violência escolar ou contra as escolas precisa trazer os enfoques do papel do
Estado em sentido amplo, da sociedade civil organizada, das famílias e das
redes sociais. Sem isso, o risco é continuar pensando que a escola pode ser
sempre Atlas e segurar os Céus nas costas.
·
Como
analisa as ações do governo federal, especialmente o repasse de recursos para
estados e municípios, no combate à violência nas escolas?
Jhonatan
Almada – Até 2022, vivíamos clima de beligerância permanente entre União,
estados e municípios. Isso impediu que o Brasil enfrentasse a pandemia de
covid-19 de forma eficiente e deixou como herança milhares de brasileiros
mortos. O ponto de inflexão ocorreu na resposta aos atos antidemocráticos de
08-01-2023. Há um regime de colaboração em funcionamento. Isso é pérola em
campo de trigo, se olharmos que ainda predomina nas cabeças de muitos a visão
do general Juarez Távora, segundo a qual a União normatiza, o estado adapta e o
município executa. O governo federal tem agido como um ente coordenador dos
esforços federativos, eis aí a força e a virtude das iniciativas. Como na
música, a qualidade das medidas anunciadas cobre os defeitos.
Foram
quatorze ações apresentadas como “Políticas Integradas de Proteção do Ambiente
Escolar” pelo governo Lula. Destaco como pontos fortes: o repasse via Programa
Dinheiro Direto na Escola para investimento em infraestrutura, equipamentos,
formação e apoio à implantação dos núcleos de apoio psicossocial; os recursos
consignados para os estados fortalecerem suas rondas escolares e os municípios
suas guardas municipais; e a parceria com o Conselho Nacional de Justiça para
ações de justiça restaurativa no ambiente escolar.
Os
pontos fracos são a lacuna quanto ao papel das famílias e os protocolos de
segurança para o antes, o durante e o depois dos ataques às escolas. Pode-se
delegar aos estados e municípios, contudo é necessário esboçar diretrizes
orientadoras ou construir juntos tais orientações. Cheguei a traduzir parte do
“Guide for Preventing and Responding to School Violence”, do Departamento de
Justiça dos Estados Unidos, como contribuição.
·
Diante
desses últimos acontecimentos, quais os riscos de se criminalizar o cotidiano
escolar? Como isso pode impactar na vida de crianças e jovens?
Jhonatan
Almada – “Isca de polícia em tempo de exceção”, diz a música de Beto Ehong. É o
que ocorre quando se coloca a polícia na escola: tornará os estudantes isca
para a repressão, sob a escusa da garantia de segurança. Não é papel da polícia
vigiar as escolas ou cuidar da disciplina escolar; cabe à própria escola lidar
com isso. Este trabalho pode ser feito por inspetores ou assistentes de alunos,
como queiram chamar, profissionais que os políticos precisam incluir em novos
concursos, juntamente com os porteiros, orientadores educacionais, psicólogos e
assistentes sociais. Primeiro de tudo, os políticos precisam ouvir os
pesquisadores das universidades públicas – friso isso. O ponto de partida precisa
ser este. Daniel Cara, Andressa Pellanda, Juliana Meato e conjunto de
pesquisadoras produziram o relatório “O ultraconservadorismo e extremismo de
direita entre adolescentes no Brasil”. Aí constam análises e recomendações para
lidar com os ataques às escolas. Recomendo fortemente a leitura.
Estudos
e pesquisas mostram que a polícia na escola não resolve. Pelo contrário, ela
agrava a situação de violência. Os Estados Unidos, recordistas de ataques às
escolas e no investimento em segurança armada, são provas concretas deste
equívoco. Vou citar apenas a pesquisa “Unequal exposure to
School Resource Officers, by Student Race, Ethnicity, and Income”, de Sagen
Kidane e Emily Rauscher. As
duas pesquisadoras identificaram que a presença da polícia na escola está
diretamente relacionada com o crescimento do número de ofensas estudantis, e
essa presença é maior em escolas que atendem alunos negros e latinos.
·
Pensando
nos professores, como viabilizar a segurança desses profissionais sem que cada
aluno seja convertido em ameaça em potencial?
Jhonatan
Almada – O ponto central é a cultura de paz e que cada escola tenha seu plano
de contingência construído com o auxílio dos sistemas de segurança. Agora,
fundamental mesmo é ouvir os pesquisadores das universidades públicas, reitero.
Por exemplo, Álvaro Chrispino e Miriam Lucia Herrera escreveram o artigo “Uma
proposta de modelagem de política pública para a redução da violência escolar e
promoção da Cultura da Paz”, prevendo medidas como diagnóstico da violência
escolar, plano de segurança nas escolas e plano de ação para a situação de
violência. O encaminhamento de médio e longo prazo, segundo esses
pesquisadores, é construir política pública para a cultura de paz nas escolas.
À escola cabe um papel, mas cabe também ao conjunto de atores sociais por ela
responsáveis.
·
O
próprio presidente Lula, em anúncio de ações contra violência nas escolas,
disse que a instalação de detectores de metais, muros altos e instalação de
câmeras não resolvem o problema e que seria um fracasso de todos ter de
revistar a mochila de um estudante. O que essa fala revela? E, na sua opinião,
o que resolve o problema?
Jhonatan
Almada – A síntese da fala do presidente Lula é “escola não é prisão”, mas
lugar da construção de si, com o outro, no mundo. Implementar essas medidas por
si só não funciona. O que funciona é o diálogo com a escola, as famílias, os
próprios estudantes e a produção do conhecimento existente sobre o tema. É
essencial que as Secretarias de Educação construam junto com as escolas. A partir
daí, devem tomar decisões alinhadas com cada contexto escolar. Escola é lugar
de três formações essenciais: a formação individual, a formação para cidadania
e a formação para o trabalho. Escola é lugar de bem-estar, bem-querer e do bem
comum. Escola é lugar do esforço de estudar, como diz Paulo Freire; não é um
piquenique. Exige muito de cada um e cada uma de nós. O trabalho que se
desenvolve no ambiente escolar exige profissionalização e valorização de suas
equipes, bem como as condições suficientes e necessárias para seu
funcionamento, sejam humanas ou de infraestrutura.
·
O
senhor tem falado da importância da concepção de uma “rede protetiva da
escola”. No que consiste essa rede e quais os desafios para viabilizá-la?
Jhonatan
Almada – A rede protetiva implica, entre outros atores, os Conselhos Tutelares,
o Ministério Público, a Defensoria Pública, os Conselhos de Direitos, os
Conselhos Escolares, as Associações de Pais e Mestres, a Sociedade Civil
Organizada, os Sindicatos dos Profissionais da Educação, os Grêmios Estudantis,
as Secretarias de Segurança, os Serviços de Emergência, as Rondas Escolares, as
Guardas Municipais, as Delegacias e os Batalhões de polícia. É preciso que
todos dialoguem, participem e se articulem em instância de governança. Reunir
apenas quando há crise se torna ineficaz. Talvez a criação de comitês
estaduais, municipais e escolares para cuidar da proteção e segurança escolar
possa contribuir. Contudo, penso ser mais produtivo fortalecer os Conselhos
Escolares – eles já existem e terminam por não funcionar efetivamente dada a
nossa tradição autoritária que rejeita a gestão democrática. O desafio
histórico e permanente passa por fazer essa rede trabalhar de forma integrada e
intersetorial na garantia do direito à educação e no asseguramento do trabalho
das escolas e seus profissionais.
·
Ainda
no mesmo anúncio, o ministro de Justiça e Segurança, Flávio Dino, insistiu nas
ações de regulação e controle das redes sociais. Como o senhor compreende o
papel dessas redes na configuração da violência em ambiente escolar?
Jhonatan
Almada – É pelas redes sociais que o discurso de ódio se dissemina e se
materializa como violência escolar ou violência contra as escolas. O ministro
tem razão e é inevitável regular [as redes] – lembremos que um dos primeiros
atos do bilionário Elon Musk ao comprar o Twitter foi desbloquear Donald Trump,
líder global da extrema direita e eleito com o auxílio das redes sociais.
O
filósofo Byung-Chul Han, no livro “Infocracia”, aponta que os cidadãos “se
tornam incapacitados em gados eleitorais manipuláveis”. Veja que esta afirmação
não é trivial ou originada da conjuntura brasileira, mas fruto de reflexão
dedicada deste filósofo quanto ao nosso tempo e ao uso político das redes
sociais pela extrema-direita. No caso dos estudantes, a cooptação extremista
vem pelo uso do humor, da estética e linguagens violentas, trollagem, canais de
bate-papo, de jogos on-line, como Roblox, Fortnite e Minecraft, canais do
YouTube, os quais conduzem para grupos fechados de mensagem no WhatsApp,
Telegram ou Discord. Quero fazer um reparo aqui: o problema não está nos jogos
em si, mas em serem meios condutores para a cooptação. Contudo, jogos violentos
estimulam comportamentos violentos. É o que mostra ampla revisão de literatura
feita por Craig Anderson e colaboradores.
·
Ainda
especificamente sobre as redes, qual o papel da escola, do Estado, da família e
da sociedade em geral na educação dessas novas gerações quanto ao uso desses
dispositivos?
Jhonatan
Almada – Penso que a escola deve ter sua política de uso da internet e
aplicativos de celular, calibrando restrições e liberações, conforme a
intencionalidade pedagógica do uso desses dispositivos e em diálogo com as
famílias, a quem cabe o papel principal de acompanhar esse uso em casa. O Estado
deve ter sua regulação, como bem lembrou o ministro Alexandre de Moraes: o que
não pode no mundo real, não pode no mundo virtual. E faço advertência quanto à
necessidade de políticas de proteção dos dados dos estudantes. São duas frentes
no caso do Estado, a da regulação em si e a do monitoramento do discurso de
ódio nessas redes. Quanto à primeira frente, se sabe que a organização Human
Rights Watch denunciou os sites Estude em Casa, Centro de Mídias da Educação de
São Paulo, Descomplica, Escola Mais, Explicaê, MangaHigh, Stoodi e Revisa Enem,
por venderem os dados de crianças e adolescentes. Isso precisa ser coibido.
Quanto à segunda frente, o relatório independente produzido pelas pesquisadoras
Letícia Oliveira, Paola Costa e Tatiana Azevedo mostra que as ameaças massivas
às escolas foram ações coordenadas para gerar pânico, portanto, atividades
criminosas que precisam ser investigadas até a punição dos culpados. A nós,
como sociedade e usuários desses dispositivos, cabe a denúncia do discurso de
ódio por todos os meios cabíveis, seja via regulação do Estado, seja via
mecanismos de autorregulação das redes sociais.
·
O
que a presença de policial armado em colégios gera nos estudantes? Qual deve
ser o papel da polícia nesse contexto de ataques e violência escolar?
Jhonatan
Almada – Tem uma charge do [Carlos] Latuff, de 2012, em que ele mostra um
policial armado de fuzil revistando três crianças com o rosto virado para o
quadro de giz. Vamos supor que os adolescentes corram pela escola, risquem a
carteira, sujem o banheiro ou tenham discussão mais acalorada entre si, a
escola tem seus próprios meios de encaminhar essas questões, faz isso há
décadas e poderia fazer melhor caso contasse com equipes multidisciplinares
para tal. Contudo, quando presente a polícia, esses comportamentos passam a ser
criminalizados e os estudantes enquadrados como contraventores, até mesmo sendo
expulsos da escola. O professor Christopher Mallett, da Universidade Estadual
de Cleveland, aponta justamente para esse impacto não intencional em que a
polícia criminaliza os comportamentos inadequados e a conduta desordeira,
prejudicando o clima escolar e atuando de forma desproporcional com jovens
negros, portadores de deficiência ou que se identificam como LGBTQIA+. Tal
combinação é como um coquetel Molotov: violência policial misturada com
violência escolar. Lugar de polícia é nas ruas. Considero admissível estarem
próximos da escola para qualquer eventualidade, mas cada profissional com seu
trabalho. Cabe a nós, educadores, o papel de educar, cabe a nós, educadores, o
papel de liderar a escola.
·
Como
o tema da violência escolar deve ser abordado com os estudantes de forma
produtiva, sadia e sem gerar traumas a alunos e educadores?
Jhonatan
Almada – Veja só, a escola pode estimular os professores a trabalharem com os
estudantes o sentido de pertencimento à humanidade, promovendo debates sobre
casos concretos de genocídios, a exemplo do Holocausto, na Alemanha Nazista, o
Genocídio dos Tutsis, em Ruanda, o Genocídio Armênio ou o Massacre de Camboja.
Podem também analisar casos concretos de fake news ou ainda envolver os jovens
em ações educativas nas comunidades do entorno escolar. Defendo que a promoção
de copas de debate é bastante eficaz, fazem os estudantes valorizarem as
ciências humanas. Pena que isso não seja tradição em nosso sistema escolar,
como é em outros países. O Ministério da Ciência e Tecnologia, em parceria com
o Ministério da Educação, poderia apoiar Olímpiada Científica Nacional de
Humanidades, como já faz com a Olimpíada Brasileira de Matemática. Basta
vontade política.
·
Qual
deve ser o papel da família nesse cenário?
Jhonatan
Almada – As famílias podem muito. Primeiro de tudo, não dá para deixar os
filhos no celular ou no videogame sem limites, horas a fio. Estabeleçam regras.
Por exemplo, videogames só no fim de semana, celular somente depois de cumprir
as tarefas da escola e fazer as refeições. Isso vale para os próprios pais
também, que precisam ter tempo de qualidade com os filhos.
A
primeira medida é a observação: veja com quem os filhos interagem. Perceba suas
falas, se são preconceituosas ou guardam ódio direcionado a algum segmento
social. A segunda medida importante é incentivar os filhos a terem uma atitude
aberta e de curiosidade com o mundo e as pessoas; o ódio se alimenta da
ignorância e da desinformação. A terceira ação é estimular a empatia,
especialmente nas redes sociais. Não aceitar e referendar postagens
preconceituosas e desrespeitosas. Uma quarta ação é ficar atento ao
comportamento dos filhos quando estão em grupo. Às vezes, na nossa frente, se
comportam bem e, no meio de certos grupos de amigos ou conhecidos, mostram
evidências de comportamentos inadequados. Outra medida é interagir com seu
filho quando observar agressões on-line e ser claro, dizendo “isso não está
certo” ou “isso não é aceitável”, bem como, encorajá-lo a apoiar os alvos
desses ataques, a se manifestar quanto a isso, pois permanecer em silêncio não
é a opção mais recomendada. Devemos denunciar.
·
Há
muito tempo, fala-se dos diversos modos de educação para não violência. Em que
medida essas perspectivas podem responder às questões que são levantadas a
partir do que temos vivido?
Jhonatan
Almada – Recomendo o uso da biblioteca digital da Organização das Nações Unidas
para a Educação, a Ciência e a Cultura – Unesco. Vocês encontrarão diversos
materiais para a promoção da cultura de paz e da educação para a não violência.
Este tema não é novo, como bem pontuas na pergunta. Há fartura de literatura
acadêmica, materiais didáticos, guias e cartilhas. Temos um problema no Brasil
que é agir no afogadilho e esquecer o estruturante. A educação para a cultura
de paz deve ser a ação estruturante, incorporada como princípio de ensino, seja
na Constituição Federal, seja na Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional.
Os programas anunciados pelo governo federal para enfrentar os ataques às
escolas, que sejam avaliados como consistentes, devem ter perenidade,
tornando-se política pública permanente. Um exemplo é o Programa Dinheiro
Direto na Escola – PDDE, que atravessou diferentes governos e se mantém. Por
quê? Porque faz sentido, alcança a escola de forma direta e funciona. Nosso
desafio continua sendo aquele que Darcy Ribeiro sublinhava, ou seja, nossa
tarefa nacional no campo da educação é levá-la a sério e construir escola
honesta que possa encarar e vencer as dificuldades objetivas dos nossos
estudantes.
Fonte:
Entrevista com Jhonatan de Almada, para João Vitor Santos, em IHU
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