sábado, 1 de abril de 2023

MRE da Nicarágua: 'Os Estados Unidos e os países europeus pretendem destruir a Rússia'

A Nicarágua condena a sabotagem contra o gasoduto Nord Stream (Corrente do Norte) e a recusa do Conselho de Segurança da ONU em iniciar uma investigação sobre o caso, disse o chanceler do país centro-americano, Denis Moncada, em entrevista exclusiva à Sputnik durante sua visita à capital.

"Este tipo de ato terrorista é condenável", disse o ministro nicaraguense, insistindo que é "terrorismo de Estado" destruir infraestruturas "úteis não só para a Federação da Rússia, mas para outros países, outras cidades".

Ao mesmo tempo, sublinhou que "não é de estranhar que a ONU não tenha aprovado a formação de uma comissão de inquérito realmente independente", algo que mais uma vez demonstra que "os Estados Unidos e os países europeus utilizam agências das Nações Unidas" segundo os seus "interesses", mas "não para que haja justiça ou para que haja investigações objetivas, independentes e claras" que demonstrem que "são eles próprios os que perpetraram estes atos de terrorismo".

Segundo Moncada, o Tribunal Penal Internacional (TPI) tem sido usado da mesma forma para emitir um mandado de prisão contra o presidente russo, Vladimir Putin, sem nunca investigar "guerras, agressões, destruições e mortes" causadas pelos EUA.

•        Rússia se defende contra OTAN

Segundo Moncada, a operação militar especial russa visa "defender a existência" e "garantir a segurança" do gigante eurasiano face à rejeição coletiva do Ocidente à proposta de Moscou de criar "um sistema de segurança abrangente, sustentável e mutuamente respeitoso, onde ninguém tem mais segurança que o outro".

"Já conhecemos aquela história de como te abordam na fronteira para te atacar e te destruir", disse o ministro, condenando a campanha mediática que pretende "fazer crer" que os EUA e os seus aliados da Organização do Tratado do Atlântico Norte (OTAN) "não são os agressores".

"Os EUA e os países europeus, que são amplamente subservientes ao governo dos EUA, pretendem destruir a Rússia", disse ele.

Acrescentou que pela mesma razão o Ocidente coletivo assedia países como Nicarágua, Venezuela ou Cuba. "O império não gosta que os países sejam livres, mas sim que sejam súditos dóceis cumprindo suas tarefas", enfatizou.

Cooperação com Rússia 'não é perigo'

Moncada afirmou que a cooperação da Nicarágua com a Rússia "não é um perigo para a estabilidade, segurança e paz na América Central ou na América Latina" nem nos Estados Unidos, ao contrário do que afirmam Washington e a imprensa hegemônica.

"Não somos um país agressor, somos um país amante da paz. Fortalecemos todas as nossas instituições policiais e militares para garantir a vida cotidiana dos nicaraguenses. Não somos e não seremos uma ameaça à paz e à segurança. Nosso relacionamento com a Federação da Rússia nesses campos está indo exatamente nessa direção", enfatizou.

•        Cooperação na luta contra o crime organizado

Moncada valorizou muito o treinamento por especialistas russos de agentes na Nicarágua para "lutar contra o crime organizado", especialmente contra "organizações do narcotráfico que transitam pela região centro-americana".

"Trata-se de contribuir para a capacidade das instituições policiais da Nicarágua e de outros países centro-americanos de manter a segurança cidadã", disse o ministro, lembrando que a grande causa do problema do narcotráfico na região são os Estados Unidos, um dos "principais usuários de drogas".

Acordo sobre questões nucleares

A visita à Rússia da delegação da Nicarágua chefiada pelo chanceler Moncada envolveu a assinatura de uma dezena de acordos bilaterais, entre eles o firmado com a estatal russa Rosatom sobre o uso não energético de tecnologias nucleares pacíficas.

Em declarações à Sputnik, o ministro precisou que a cooperação nesta matéria "está essencialmente voltada para dois campos: a agricultura e a medicina", tratando-se de "um uso exclusivamente pacífico e de fato altamente benéfico" para o povo da Nicarágua.

O acordo vai permitir tratar doenças como o câncer em um hospital que deve ser instalado no país centro-americano, ao mesmo tempo em que contribui para sua "segurança alimentar", disse o ministro das Relações Exteriores.

Instituto Latino-Americano de Biotecnologia Méchnikov na Nicarágua

Moncada também destacou o funcionamento do Instituto Latino-Americano de Biotecnologia Méchnikov, fábrica de vacinas instalada na Nicarágua com tecnologia russa.

Informou que "está adquirindo cada vez mais capacidades", tanto para a produção de vacinas "para os nicaraguenses", quanto para exportar seus produtos para o restante da América Central e toda a América Latina.

•        Comércio em moedas nacionais

O chanceler da Nicarágua foi favorável ao uso de moedas nacionais e outras que não o dólar no comércio bilateral e internacional, algo que se tornou uma tendência mundial.

"Agora está nascendo uma nova ordem internacional e isso implica uma mudança substancial em diferentes áreas, incluindo o câmbio econômico, financeiro e comercial com moedas locais e não mais com o domínio do dólar como moeda internacional. Todos esses elementos estão surgindo, eles estão ocorrendo e dando origem a esta nova ordem internacional", disse o ministro.

"Nós da Nicarágua também estamos em condições de nos unir e estar em sintonia com esta transformação para tornar o mundo mais justo, mais equitativo e mais habitável para a população", enfatizou Moncada.

 

       'Tópico perigoso', diz Kremlin sobre possibilidade de a Europa implantar tropas da paz na Ucrânia

 

A discussão sobre a possibilidade de implantar forças de paz na Ucrânia é um tópico potencialmente muito perigoso, disse o porta-voz presidencial russo Dmitry Peskov.

Anteriormente, o primeiro ministro húngaro Viktor Orbán disse que os países da União Europeia (UE) estão perto de discutir o tópico previamente evitado de enviar "tropas de algum tipo de manutenção da paz" para a Ucrânia.

"Esta é uma declaração que é muito importante, à qual se prestou atenção. Se já estivermos falando de algum tipo de negociações sérias, esta é uma discussão potencialmente extremamente perigosa […] Tais forças no mundo são utilizadas, regra geral, com o consentimento de ambos os lados, neste caso é um tópico potencialmente muito perigoso", disse Peskov.

De acordo com Peskov, inundar com armas do Ocidente a Ucrânia não contribuirá para o sucesso das conversas russo-ucranianas e teria um efeito negativo.

Os países ocidentais afirmam constantemente que a Ucrânia deve derrotar a Rússia no campo de batalha.

Com isso, o Ocidente, liderado pelos EUA, vem aumentando o fornecimento de armas e equipamentos militares a Kiev, enquanto amplia as sanções impostas à Rússia.

Anteriormente, o chanceler russo, Sergei Lavrov, disse que os EUA e a OTAN estão diretamente envolvidos no conflito na Ucrânia, não só fornecendo armas, mas também treinando pessoal no território do Reino Unido, Alemanha, Itália e outros países.

Por sua vez, Dmitry Medvedev, vice-presidente do Conselho de Segurança da Rússia e ex-presidente do país, disse que a Rússia está em guerra não com o regime ucraniano, mas com um exército de 3,6 milhões da OTAN, a Aliança Atlântica está diretamente envolvida no conflito na Ucrânia, seus analistas reconheceram isso.

 

       UE precisaria da aprovação da Rússia para enviar soldados de paz à Ucrânia, diz especialista

 

A União Europeia (UE) não tem o direito de enviar uma força de manutenção da paz à Ucrânia sem o consentimento da Rússia, pois neste caso poderiam tornar-se alvos legítimos das tropas russas, declarou o presidente e membro do comitê executivo da Associação Russa de Direito Internacional, Anatoly Kapustin, à Sputnik.

O primeiro-ministro húngaro, Viktor Orbán, confirmou em entrevista à estação de rádio Kossuth que os líderes europeus se aproximam de um ponto em que seria considerado normal e legítimo pensar no envio de um contingente de paz ou tropas semelhantes para a Ucrânia, algo considerado uma linha vermelha até agora.

"Qualquer uma de suas iniciativas de manutenção da paz teria que ser acordada com a Federação da Rússia. Se não houver tal aprovação pela Rússia, qualquer aparência de formações armadas será considerada interferência em um conflito armado. Eles se tornariam alvos legítimos das Forças Armadas russas", advertiu Kapustin.

O especialista acredita que Moscou não vai dar luz verde ao envio destas tropas, "porque neste caso não se pode aceitar o seu consentimento para o envio de tropas para o território de outro beligerante".

Kapustin admitiu que a Rússia poderia aprová-lo após o fim do conflito, mas agora, "quando a Ucrânia se recusa a cumprir as exigências da Rússia, não pode haver força de manutenção da paz".

Pouco antes, o porta-voz do Kremlin, Dmitry Peskov, qualificou como extremamente perigosa a mera possibilidade de um debate na UE sobre o envio de uma força internacional de manutenção da paz na Ucrânia.

A Rússia continua sua operação militar especial na Ucrânia desde 24 de fevereiro do ano passado. Segundo o presidente russo, Vladimir Putin, o objetivo é a desmilitarização e desnazificação do país vizinho. Numerosos países, incluindo os EUA, condenaram as ações da Rússia na Ucrânia, mas não fazem esforços diplomáticos para o fim das hostilidades, ao contrário, têm fornecido cada vez mais armas e munições letais ao regime de Kiev, prolongando o conflito.

 

Fonte: Sputnik Brasil

 

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