quinta-feira, 27 de abril de 2023

Brasil deve acessar Pacífico e evitar canal do Panamá para impedir monitoramento dos EUA

Corredor e ferrovia bioceânica é fundamental para Brasil acessar o Pacífico sem passar pelo canal do Panamá, usado pelos EUA para monitorar o comércio, alerta analista de relações internacionais em entrevista à Sputnik Brasil.

A retomada do processo de integração sul-americano trouxe de volta para a agenda projetos de infraestrutura que ligam o Brasil a portos no oceano Pacífico. Além de facilitar o comércio com a China, os projetos visam retomar trocas entre os países sul-americanos.

Um projeto de destaque é o Corredor Bioceânico, uma estrada que ligará o porto de Santos, no Brasil, aos portos chilenos de Antofagasta, Mejillones, Tocopilla e Iquique. Com um custo de cerca de R$ 50 bilhões, a rodovia pode reduzir a dependência logística desses países do canal do Panamá.

O aumento do papel da China e do dinamismo econômico da região asiática impacta a formulação de projetos de infraestrutura na América do Sul, disse o analista de relações internacionais e mestre pelo programa Santiago Dantas (PUC-SP/UNESP/UNICAMP) Maurício Doro.

"Temos uma janela de oportunidade que os países sul-americanos podem aproveitar", disse Doro à Sputnik Brasil. "A grande dúvida é qual será a capacidade do Brasil de entrar nesses mercados asiáticos, ou se o país continuará tentando acessar os mercados ocidentais."

Segundo ele, há uma retomada mundial de projetos de infraestrutura, dentre os quais se destaca a iniciativa Nova Rota da Seda, capitaneada pela China.

"Isso requer o envolvimento do Estado, para que ele mobilize sua capacidade logística para assumir posição mais competitiva no comércio internacional", disse Doro. "A infraestrutura é que fornece o suporte necessário para a produção nacional."

O especialista também destaca o projeto da ferrovia bioceânica, que liga a costa fluminense a portos no Peru. No caso do Brasil, o acesso ao Pacífico por ferrovia modificaria a dependência brasileira do transporte rodoviário, considerada o calcanhar de Aquiles da produção nacional.

"Acessar o Pacífico é fundamental para o Brasil expandir horizontes, facilitado por uma logística adequada, com frete competitivo e mais efetivo do que a realização do périplo pelo canal do Panamá ou sul da Argentina."

Para Doro, a dependência do canal do Panamá não garante ao Brasil a liberdade necessária para se integrar aos mercados asiáticos.

"Pensando geopoliticamente, ao passar pelo canal do Panamá, nosso comércio de uma forma ou de outra passa pelo monitoramento dos EUA", considerou Doro.

Nesse sentido, a construção de alternativas à ordem norte-americana, que passa pelo comércio internacional sem o uso do dólar, também deve contemplar a questão logística e de infraestrutura.

·         Dependência da China?

A viabilização do acesso brasileiro ao Pacífico é vista por críticos como uma mera substituição de uma dependência econômica da Europa e EUA por uma centrada nos mercados asiáticos e na China. Para o analista, a política externa brasileira deve agir de forma estratégica para evitar essa armadilha.

"O ideal seria trabalharmos nos dois eixos, tanto Sul-Sul, quanto Norte-Sul", disse o analista. "Isso depende da construção de uma diplomacia efetiva na defesa dos interesses nacionais e do empresariado nacional como um todo, e não só do agronegócio."

Segundo ele, é necessário adaptar as iniciativas do governo brasileiro à construção da multipolaridade, que modifica o quadro internacional.

"Estamos em uma dinâmica internacional multipolar, com a expansão da presença de China e Rússia", constatou Doro. "Com Lula, o Brasil se aproxima mais de países em desenvolvimento, que são mercados potenciais."

A necessidade de ajustar a infraestrutura regional para atender às novas realidades econômicas é um dos motores da integração sul-americana. Mas, para Doro, a instabilidade regional é um obstáculo para a realização de projetos conjuntos estratégicos.

"O Lula anunciou o retorno do Brasil na Unasul, mas temos alguns obstáculos, como a estabilidade política regional. Estamos tratando de projetos de longo prazo e de efeitos práticos [...] que ficam muito sensíveis às mudanças de governo", concluiu o especialista.

Os projetos do Corredor Bioceânico e da Ferrovia Bioceânica estão previstos pela Iniciativa pela Integração da Infraestrutura Regional Sul-Americana (IIRSA), que conta com a adesão de 12 países da região. As iniciativas da IIRSA são financiadas pelos governos locais, com apoio de instituições como o Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID) e o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES).

 

Ø  Lula: CSNU não é exemplo de paz e abriga maiores produtores de armas e participantes de guerra

 

Nesta quarta-feira (26), em visita à Espanha, o presidente brasileiro Luiz Inácio Lula da Silva comentou sobre o conflito na Ucrânia e a pressão dos países ocidentais contra o Brasil, o presidente brasileiro afirmou que "não pode ter dúvidas sobre a opinião do Brasil".

Ao comentar sobre o conflito na Ucrânia e a pressão dos países ocidentais contra o Brasil, o presidente brasileiro afirmou que "não pode ter dúvidas sobre a opinião do Brasil".

"Por isso, eu sou incomodado com a guerra que está acontecendo entre a Rússia e a Ucrânia. Ninguém pode ter dúvida de que nós brasileiros condenamos a violação territorial da Rússia contra a Ucrânia. O erro aconteceu, e a guerra começou. Agora não adianta dizer quem está certo ou errado. Agora é preciso fazer a guerra parar. Porque você só vai conseguir discutir o assunto quando pararem de dar tiros", afirmou Lula.

Lula também aproveitou o assunto da Ucrânia para criticar e questionar as ações do Conselho de Segurança da ONU.

"Nós vivemos em um mundo muito esquisito. Vivemos em um mundo em que o Conselho de Segurança da ONU, os membros permanentes, todos eles são os maiores produtores de armas do mundo e são os maiores participantes de guerra do mundo", declarou Lula.

"Então fico me perguntando se não cabe a nós, que não somos membros permanentes do Conselho de Segurança da ONU, fazer uma mudança na ONU", questionou Lula, adicionando que países como a Espanha, Brasil, Japão, Alemanha, Índia, Nigéria, Egito, África do Sul e outros países também deveriam fazer parte do órgão.

"A ONU era tão forte, que em 1948 ela conseguiu criar o Estado de Israel. Em 2023, ela não consegue criar o Estado Palestino", afirmou Lula, sugerindo que é necessário criar um novo mecanismo internacional para tentar fazer coisas novas e diferentes.

"Quando os EUA invadiram o Iraque, não houve discussão no Conselho de Segurança. Quando a França e a Inglaterra invadiram a Líbia, não houve discussão no Conselho de Segurança. E agora a Rússia, que também é membro do Conselho fixo, também não discutiu. Se os membros que têm a responsabilidade de dirigir a paz mundial não pedem licença, por que os outros devem obedecer?", esbravejou Lula.

O presidente brasileiro também destacou que está na hora de começar a mudar as coisas, e que está na hora de "criar o G20 da paz, que deveria ser a ONU".

·         EUA e China

Lula ainda comentou os "ataques" e "perseguição" dos EUA contra a China.

O presidente brasileiro citou o consenso de Washington, na década de 1980, quando os americanos criaram a ideia de que o mundo não teria mais problemas se fosse globalizado, e que a globalização era a saída para a humanidade.

E com essa promessa, todas as grandes empresas americanas foram investidas, enquanto a China soube tirar proveito dos investimentos.

"Não sei qual foi o milagre que eles fizeram, mas o dado concreto é que quando o Trump foi candidato e começou a dizer que era preciso tirar as empresas da China, para elas voltarem para os EUA, já era tarde. A China já é a segunda economia e, possivelmente no próximo ano, será a primeira economia do mundo", declarou Lula.

O líder brasileiro ainda destacou que os chineses chegarão ao posto de primeira economia mundial sem fazer guerra com nenhum país.

"Faz muitos anos que a China não faz guerra. Isso é uma demonstração de que somente com muita paz é possível você aproveitar o dinheiro produzido pelo povo para poder gerar emprego e bem-estar social", destacou.

 

Ø  Italianos 'disparam' contra OTAN e EUA em iniciativa para referendo no país contra armas na Ucrânia

 

Na Itália, foi iniciada a coleta de assinaturas para a realização de um referendo, para suspender o fornecimento de armas à Ucrânia.

De acordo com o jornal Il Fatto Quotidiano, citando os responsáveis pela iniciativa, a maior parte da população italiana é contra o fornecimento de armas a Kiev.

Todo 25 de abril os italianos celebram o Dia da Libertação do Fascismo, e, às vésperas da celebração, foi iniciada por toda a Itália, a coleta de assinaturas para a realização de um referendo, para revogar as leis que autorizam o fornecimento de armas à Ucrânia.

A iniciativa envolve diversas celebridades italianas, incluindo o ator, músico e cantor Moni Ovadia.

"O Comitê do Referendário insta todos os italianos que se importam com as pessoas e sua saúde, a apoiar esta iniciativa [...]. Eu acredito que o referendo é um instrumento útil e eficiente [...]. Eu penso que a maioria dos italianos estão com a consciência pesada por apoiarem esse conflito e agirão categoricamente contra o fornecimento de armas", declarou o ator.

Ovadia afirma que o grande problema é que os políticos não estão interessados na opinião dos italianos, e por isso o referendo é importante, pois a população poderá votar e mostrar aos políticos que os italianos querem uma resolução pacífica para o conflito na Ucrânia.

Ele também destacou que todos já deveriam saber que o conflito é travado apenas em torno dos interesses de dois lados.

"A OTAN quer acabar com a Rússia, para depois cuidar da China. Os EUA estão lidando com o fim de uma era de hegemonia americana e mudanças na ordem mundial, por isso estão atuando de forma habitual. Proteger a democracia, é uma ironia. Isso é dito por aqueles que permitem o extermínio de curdos e iemenitas", enfatizou o ator.

Ele também ressaltou que o conflito deve ser resolvido por vias diplomáticas e pacificamente, já que todos sabem que é impossível vencê-lo no campo de batalha.

"No Iraque e Afeganistão, os EUA eliminaram milhões de pessoas e depois correram com o rabo entre as pernas. As ações militares são necessárias para aqueles que vendem armas, a elite econômica e militar", adicionou.

Por fim, ele ainda ressaltou que a Rússia é um país enorme, sobre o qual todos falam, mas quase ninguém conhece, e que deveriam agradecer aos russos por terem libertado a Europa do fascismo.

·         Polônia não quer fim do conflito, mas sim ingresso da Ucrânia na OTAN, diz general

Devido à situação atual do conflito na Ucrânia, os países ocidentais podem fazer com que Zelensky pense em chegar a um acordo de paz com a Rússia, afirmou o general polonês Roman Polko.

Em entrevista à Radio Gdansk, o general instou a aprender a lição e parar de manter Kiev na "sala de espera" europeia.

Segundo o general, o ingresso da Ucrânia a Organização do Tratado do Atlântico Norte (OTAN) e União Europeia é um elemento fundamental para a segurança polonesa e de toda a Europa.

"Todos nós nos fazemos esta pergunta. Na verdade, agora a Ucrânia tem a última chance de iniciar de maneira efetiva uma contraofensiva. Eu quero dizer no ano que vem, pois eu receio que alguns países, antes de tudo, ocidentais, como França e Alemanha, não pouparão esforços para alcançar a paz", destacou o general.

De acordo com o polonês, a Rússia continuará reforçando suas posições naqueles territórios, o que levará a um acordo de paz e aceitação ocidental e o que encorajaria novas ações russas na região.

E é por isso que o general não está preocupado com quando o conflito terminará, mas sim sob quais condições.

"Acredito que a chave para a segurança da Polônia caso o conflito termine 'corrompido', seja o ingresso da Ucrânia na OTAN e na União Europeia", declarou.

Além disso, Roman Polko, criticou a posição dos países ocidentais no conflito ucraniano, alegando que o fornecimento de armas não ocorre em conformidade com as necessidades, mas sim aos poucos, e que muitos dos países que prometem armamentos não têm condições de fornecê-los, pois são países muito pobres.

 

Fonte: Sputnik Brasil

 

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