Bolsonaro
e generais precisam explicar o que aconteceu em 8 de janeiro, diz ministro
interino no GSI
Segundo o ministro interino do Gabinete de Segurança
Institucional (GSI), Ricardo Cappelli, "o 8 de janeiro começou no dia
seguinte à eleição presidencial" e que os atos não teriam acontecido sem
um sinal do ex-presidente Jair Bolsonaro, então comandante em chefe das Forças
Armadas, e dos generais que compunham seu governo - Braga Netto, Heleno e
Ramos.
"Eles têm muito a explicar ao país, de por que
deixaram montar aqueles acampamentos [em frente a quartéis] e as declarações
que eles deram, ao longo dos meses de novembro e dezembro, incitando as pessoas
a se levantarem contra o resultado democrático das urnas", disse Cappelli
em entrevista ao Estúdio i nesta terça-feira (25).
Para ele, os acampamentos foram fundamentais para os
fatos que aconteceram em Brasília após as eleições, desde a tentativa de
atentado a bomba, ainda em dezembro de 2022, até os atos de 8 de janeiro.
"Ou o plano começou no acampamento, ou foi organizado no acampamento, ou
foi conduzido por pessoas que estavam no acampamento", disse.
Na opinião de Cappelli, "está claro" que
houve falhas na ação do GSI durante os atos golpistas de 8 de janeiro, mas que,
em sua opinião, o que é central para esclarecer o que houve é chegar nos
"conspiradores" por trás das pessoas que participaram da depredação.
Questionado sobre a Comissão Parlamentar Mista de
Inquérito (CPMI) sobre os acontecimentos de 8 de janeiro, prevista para ser
instalada na quarta-feira (26), ele opinou que seus trabalhos podem contribuir
para esclarecer quem deve ser responsabilizado pelos atos.
"Quanto mais investigação, melhor. Nosso
objetivo é chegar na cadeia de comando todo: quem financiou, quem agiu e quem
conspirou contra a democracia brasileira", disse.
• Sindicância
interna
Segundo Cappelli, está em curso no GSI uma
sindicância para apurar a participação ou eventual desvio de conduta de
servidores do órgão nos atos de 8 de janeiro. De acordo com o ministro, a
sindicância já estava aberta antes da divulgação das imagens que levaram à
queda de G. Dias da chefia do GSI, e terá seus trabalhos serão adiantados para
que o relatório final fique pronto antes do prazo original, 30 de maio.
• 'Não
devemos acabar com órgão porque houve erro', diz Alckmin sobre GSI
O vice-presidente Geraldo Alckmin, que está no
exercício da Presidência da República, afirmou nesta terça-feira (25), ao ser
questionado sobre o futuro do Gabinete de Segurança Institucional (GSI), que
não se deve acabar com um órgão do governo "porque houve erro".
Alckmin defendeu apuração e eventual punição aos
militares lotados no GSI, caso seja provado que colaboraram com a invasão do
Palácio do Planalto em 8 de janeiro.
'Nós não devemos acabar com um órgão porque houve
erro. O que precisa é apurar e ter responsabilização', disse Alckmin
O vice-presidente afirmou que o futuro do GSI será
debatido após o retorno do presidente Luiz Inácio Lula da Silva da viagem a
Portugal e Espanha. Lula tem previsão de chegar a Brasília na noite de
quarta-feira (26).
Após a demissão do general Marco Edson Gonçalves
Dias do comando do GSI, o governo voltou a discutir o que fazer com órgão, que
com status de ministério e, entre outras atribuições, faz a segurança do
presidente da República e dos palácios presidenciais.
Lula exonerou Gonçalves Dias após a divulgação de
vídeos de câmeras de segurança do Planalto mostrarem o agora ex-ministro no
palácio durante a invasão golpista de 8 de janeiro.
O presidente nomeou Ricardo Cappelli como ministro
interino com a missão de acelerar a troca dos servidores do órgão, a maior
parte militares nomeados ainda no governo de Jair Bolsonaro.
Uma ala da equipe de Lula defende transformar o GSI
em uma secretaria, vinculada a outro ministério, com um civil à frente do
órgão. Outro grupo pretende manter um general à frente do GSI, conforme a
tradição iniciada em 1938, no governo de Getúlio Vargas.
• PL das
fake news
Alckmin, que participou da abertura de um evento
promovido por vereadores em Brasília, também comentou a aprovação pela Câmara
dos Deputados do pedido de urgência do projeto que cria mecanismos para o
combate às informações falsas.
A aprovação permite que a matéria, que já é debatida
pelos deputados há três anos, seja votada diretamente no plenário da Câmara - o
que deve ocorrer na próxima semana.
O vice-presidente destacou a necessidade de
conciliar liberdade de expressão e responsabilidade.
"Eu acho que é importante. Nós temos que
conciliar de um lado liberdade de expressão e de outro lado responsabilidade.
Não é possível você ter mentira, ter calúnia, ter incitação -- muitas vezes a
golpe, atos antidemocráticos -- sem responsabilização. Acho que é um avanço
importante em termos de legislação", disse.
Major
diz que golpistas exigiram água durante vandalização do Planalto
O major do Exército José Eduardo Natali, que estava
lotado no Gabinete de Segurança Institucional (GSI) no dia dos atos golpistas
de 8 de janeiro, disse em depoimento à Polícia Federal (PF) que entregou garrafas
de água aos vândalos para acalmá-los e evitar que quebrassem as instalações de
uma copa.
Natali e mais oito militares da pasta prestaram
depoimento à PF no último domingo (23) após a divulgação de imagens das câmeras
do interior do Palácio do Planalto durante a ação dos golpistas.
Na gravação, o major aparece dando água para os
invasores. Os depoimentos foram enviados hoje (25) ao ministro Alexandre de
Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), relator das investigações sobre o
dia 8 de janeiro.
Aos investigadores, o major disse estava sozinho no
momento registrado pelas câmeras e afirmou que pediu para os golpistas saírem
do prédio.
“Que em outro momento, foi em direção à copa, pegou
uma água e logo apareceram 3 ou 4 manifestantes que estavam exaltados. Os
manifestantes questionaram de forma exaltada [que] local era aquele, ocasião na
qual respondeu que se tratava de uma copa. Que então os manifestantes exigiram
que lhes dessem água. Que o declarante entregou algumas garrafas de água com o
intuito de acalmá-los e que não danificassem a copa e ainda solicitou que
saíssem do local. Que o declarante encontrava-se sozinho até o momento. Sem
nenhum agente público por aproximadamente uma hora e que durante esse período
permaneceu em contato com seus superiores pedindo reforço e atualizando-os
sobre a situação da invasão”, diz o depoimento.
Ele também relatou aos delegados que se infiltrou no
meio dos vândalos ao ser avisado que a “segurança tinha colapsado” e que foi
hostilizado pelos golpistas. “Que então foi informado pelo coronel que a
segurança do PP [Palácio do Planalto] havia colapsado. Que retirou o paletó, a
gravata e a pistola para infiltrar-se no Palácio tomado pelos manifestantes, a
fim de conter danos, bem corno evitar o furto de sua arma, já que estava
sozinho”, declarou.
• Alerta
laranja
Natali também confirmou que, para aquele dia,
existia um alerta de cor laranja de segurança por parte do setor de avaliação
de riscos do órgão. Segundo ele, o grau corresponde ao terceiro nível de risco,
num total de cinco.
“Que a título de exemplo, o evento de posse
presidencial era nível vermelho ou preto (4º ou 5º nível). Que para o nível de
criticidade laranja, o efetivo previsto era de um pelotão, compreendendo cerca
de 30 a 40 pessoas de prontidão no Palácio do Planalto (no dia 08 o pelotão
chegou por volta de 12 h)”, diz trecho do depoimento.
• Gonçalves
Dias
O tenente-coronel do Corpo de Bombeiros do Distrito
Federal Marcos Vinícius Braz de Camargo, que trabalhava como assessor
parlamentar do GSI, também prestou depoimento disse que encontrou com o
ex-ministro do GSI Gonçalves Dias no prédio durante a depredação.
“E o declarante encontrou com o gen. Gonçalves Dias
no terceiro piso e procurou saber se ele estava bem, ao que o general respondeu
que quase havia sido agredido por um manifestante”, disse.
Na última quarta-feira (19), Dias pediu demissão do
cargo após imagens divulgadas pela CNN Brasil mostrarem ele e outros
funcionários do GSI no interior do Palácio do Planalto
Ontem (24), o ministro interino do GSI, Ricardo
Cappelli, disse que pretende acelerar a troca de servidores que permanecem no
órgão desde o governo passado. Cappelli também informou que cerca de 35% dos
servidores foram trocados desde o início do novo governo.
• Chefe
de gabinete da secretaria-executiva do GSI pede demissão
O coronel da reserva Jorge Henrique Luz Fontes pediu
demissão da chefia do gabinete da secretaria-executiva do GSI (Gabinete de
Segurança Institucional). A portaria foi assinada pelo ministro interino,
Ricardo Cappelli, na 3ª feira (25.abr.2023) e publicada nesta 4ª feira (26.abr)
no Diário Oficial da União.
Fontes ocupava o cargo desde fevereiro de 2022,
durante o governo de Jair Bolsonaro (PL) e trabalhava com o
ex-secretário-executivo do GSI Ricardo José Nigri, que deixou o cargo na última
semana com o ex-ministro Marco Gonçalves Dias.
Gonçalves Dias foi o 1º ministro de Lula a deixar o
governo. Ele pediu demissão em 19 de abril depois de aparecer em imagens
divulgadas pela CNN Brasil durante os atos extremistas do 8 de Janeiro.
A decisão foi tomada por Dias depois de reunião com
o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e ministros Paulo Pimenta e Rui
Costa (Casa Civil). O ministro foi o que ficou menos tempo no cargo durante uma
gestão Lula: 3 meses e 18 dias.
Durante a reunião entre os ministros e o presidente,
o petista teria sugerido a Gonçalves Dias que ele só se afastasse do cargo ao
final das investigações da PF (Polícia Federal). Contudo, o chefe do GSI
preferiu pedir demissão.
Cotado
para o GSI, general Amaro quer volta da Abin ao gabinete
Cotado para assumir o GSI (Gabinete de Segurança
Institucional), o general da reserva Marco Antônio Amaro, 65 anos, tem
defendido o retorno da Abin (Agência Brasileira de Inteligência) ao gabinete.
Segundo apurou o Poder360, Amaro tem dito a interlocutores que algumas
competências do GSI são dependentes das informações da Abin como, por exemplo,
o gerenciamento de situações de emergência.
Amaro deverá levar o tema ao presidente Luiz Inácio
Lula da Silva (PT) para reavaliação quando o petista retornar de viagem. Lula
está na Espanha e deve embarcar na noite desta 4ª feira (26.abr.2023) para o
Brasil.
A Abin foi retirada do GSI depois dos atos
extremistas do 8 de Janeiro. A agência foi transferida para Casa Civil e deixou
de ser comandada por um militar.
A Abin é um órgão central de inteligência, que “tem
por competência planejar, executar, coordenar, supervisionar e controlar as
atividades de inteligência do país, obedecidas a política e as diretrizes
estabelecidas em legislação específica”, segundo definição do governo.
Amaro é cotado pelo governo para assumir o GSI
depois da saída de Marco Gonçalves Dias, em 19 de abril. O militar deixou o
governo depois de ser visto no Palácio do Planalto durante os atos extremistas
do 8 de Janeiro em imagens divulgadas pela CNN Brasil. Hoje, o GSI é comandado
interinamente por Ricardo Cappelli.
Gonçalves Dias tornou-se o ministro da 3ª gestão
Lula que ficou menos tempo no cargo: 3 meses e 18 dias.
O Poder360 apurou que o anúncio de Amaro como o novo
chefe do GSI deve demorar alguns dias, pois integrantes das alas mais à
esquerda do PT ainda pressionam pela escolha de um civil para o gabinete. No
entanto, o governo deve insistir no militar para evitar desgaste na relação com
as Forças Armadas.
O general Amaro foi ministro do GSI de outubro de
2015 a maio de 2016, durante o governo da ex-presidente Dilma Rousseff (PT).
Durante a gestão do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), foi comandante militar
do Sudeste e chefe do Estado-Maior do Exército.
Fonte: g1/Agencia Brasil/Poder 360
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