sexta-feira, 28 de abril de 2023

Argentina deixa de pagar importações da China em dólar e passa para yuan

A tendência de desdolarização em várias regiões do mundo continua. Agora é o governo argentino que anuncia um acordo com Pequim que lhe permitirá pagar por suas importações do país asiático em yuan.

Deste modo, o país sul-americano poderá pagar em yuan pelas importações da China no valor de US$ 1,04 bilhão (R$ 5,25 bilhões) em abril e US$ 790 milhões (R$ 3,98 bilhões) em maio, ao reativar um swap (troca de moedas) com a nação asiática.

Foi o que informou o ministro da Economia da Argentina, Sergio Massa, em suas redes sociais. Desta forma, a nação sul-americana fará uso deste swap com a China, que "funciona como instrumento de fortaleza das reservas do Banco Central da República Argentina", acrescentou o funcionário.

Esta liberação de pagamentos melhora as perspectivas nesse organismo, além de ser "a garantia de continuar produzindo com bens intermediários importados da China, que já não sofrem o problema de triangulação que em alguns casos havíamos detectado", acrescentou Massa.

Também assinalou que a economia argentina "enfrenta um desafio de manter suas reservas funcionando e fortalecidas, apesar de ter de enfrentar a dura realidade de que há US$ 15 bilhões [R$ 75,66 bilhões] que não vão regressar" ao país, por ocasião da pior seca que a Argentina sofre em 60 anos.

Esta conjuntura também obriga a reconsiderar o programa vigente com o Fundo Monetário Internacional (FMI) "e a redefinir a estratégia de trabalho com exportadores e importadores", ratificou Massa.

Uma delegação do ministro da Economia da Argentina viajará a Washington no dia 27 de abril para renegociar o acordo assinado em março de 2022 com o FMI, que refinancia um crédito de US$ 44 bilhões (R$ 221,95 bilhões) assumido pela gestão anterior do presidente Alberto Fernández.

 

Ø  Especialistas explicam significado da transição do comércio Argentina-China do dólar para yuan

 

Em 27 de abril, o governo argentino anunciou um acordo com Pequim que lhe permitirá pagar por suas importações do país asiático em yuans. A Sputnik recebeu comentários de especialistas sobre o que isso pode significar no contexto da desdolarização global.

De acordo com analistas financeiros, em meio a uma crise econômica aguda causada pela escassez de moeda estrangeira, exacerbada por uma disputa com o Fundo Monetário Internacional (FMI) sobre as negociações de pagamento da dívida, a rejeição pela Argentina da moeda norte-americana no comércio com Pequim é vista como um gesto de autonomia em relação a Washington.

Yuan se fortalece como moeda global, pressionando dólar

"Isso vai aliviar bastante a situação do Banco Central argentino, mas não muda a fragilidade de fundo", disse à Sputnik Francisco Cantamutto, economista e pesquisador do Conselho Nacional de Pesquisas Científicas e Técnicas (Conicet).

Segundo ele, a Argentina tem de ter cuidado, já que está "em uma situação muito delicada", com a incerteza muito alta. Em sua opinião, o acordo com a China pode ser visto como uma forma de pressionar a Casa Branca.

"Esse é um gesto de endurecimento em relação aos Estados Unidos [...] A Argentina vinha trabalhando em um alinhamento com Washington, mas agora que é necessário renegociar o acordo com o FMI, isso pressiona a diretoria a mostrar que Buenos Aires não está no bolso de ninguém", diz.

Cantamutto acredita que, aumentando a presença em todas as operações, o yuan se fortalece como moeda global, pressionando o dólar.

Ele acrescenta que, embora os argentinos vejam o dólar como uma reserva de valor, como meio de troca seu peso é relativo.

"Nós comerciamos mais com a China do que com os Estados Unidos."

Cantamutto destaca especificamente o acordo entre Lula da Silva e Xi Jinping sobre comércio bilateral.

"O Brasil é o caso mais surpreendente porque, historicamente, estava alinhado com os Estados Unidos. Hoje, diferentes países estão desafiando essa preeminência, nem todos estão seguindo Washington ao pé da letra."

·         Dólar se retira da triangulação internacional

O diagnóstico do analista é compartilhado por seus colegas.

"O anúncio traz um alívio muito importante porque significa não depender do dólar para o comércio, mas a escassez de reservas permanece e é muito preocupante", disse Ismael Bermúdez, jornalista especializado em economia, à Sputnik.

De acordo com ele, os benefícios do pacto bilateral anunciado são duplos: não apenas reduz a dependência do dólar, mas também força o FMI a reconsiderar sua posição em relação à Argentina.

"A única forma para os Estados Unidos de neutralizar a China é se tornar um ajudante importante de nosso país, e sabemos que o que o FMI faz está nas mãos da Casa Branca", acredita Bermúdez.

Ele diz também que os Estados Unidos não flexibilizam suas políticas, forçando assim os países a buscar parceiros com maior capacidade de ajustar os termos dos acordos, e aí emerge a China.

"Crescentemente vemos como o dólar se retira da triangulação internacional, o mesmo está vendo Lula. A China passou a ser o principal investidor na América Latina e no Caribe, uma zona que antes os Estados Unidos consideravam sua área privilegiada de influência", conclui Bermúdez.

 

Ø  Comércio bilateral entre Tailândia e China se livra do dólar e deve acontecer em moedas nacionais

 

No mês de maio, os bancos centrais dos dois países devem realizar uma reunião para acertar os detalhes sobre como as operações devem ocorrer, informa a imprensa tailandesa.

O Banco da Tailândia está em negociações com o Banco do Povo da China para promover o uso de moedas nacionais em transações comerciais entre empresas dos dois países, informa o Bangkok Post, citando o presidente do regulador tailandês, Sethaput Suthiwartnarueput.

O chefe da autoridade monetária tailandesa disse que os bancos centrais devem realizar uma reunião já no mês de maio.

Ambos os países realizam transações em suas moedas nacionais há vários anos. Em 2021, eles renovaram um acordo de troca baht-yuan com o objetivo de impulsionar o comércio e o investimento nas duas moedas, além de fortalecer a cooperação financeira bilateral.

Atualmente, a Tailândia precisa urgentemente de acordos mútuos em moedas nacionais devido à flutuação do baht em relação ao dólar americano, causada pela política monetária do Federal Reserve dos EUA e pela incerteza econômica global que afetou o comércio exterior de Nação do Sudeste Asiático.

Diante desse cenário, Bangkok também está cooperando com o Ministério das Finanças do Japão, o Banco Central da Malásia e o Banco da Indonésia para promover o uso de moedas nacionais no comércio, investimento e pagamentos no setor privado.

 

Ø  Taiwan alerta Paraguai sobre 'superficialidade chinesa' após político citar 'perda de oportunidades'

 

Nesta quinta-feira (27) o governo de Taiwan alertou o Paraguai de que as "promessas superficiais da China" não devem ser levadas a sério na tentativa de não "perder" mais um contado diplomático para Pequim.

A declaração do MRE da ilha foi uma resposta à postura do candidato à presidência paraguaia, Efraín Alegre, que vem defendendo maior aproximação do país sul-americano com a China.

"Taiwan e Paraguai têm um relacionamento longo e amigável. Há frequentes visitas de Estado e frequentes intercâmbios entre nossos povos. Houve um aumento constante no comércio bilateral nos últimos anos [...]. Nós nos tornamos um dos maiores mercados exportadores de carne bovina e suína do Paraguai", disse Jeff Liu, porta-voz do Ministério de Relações Exteriores taiwanês citado pela Euro ES Euro.

A chancelaria taiwanesa também declarou que "espera que o Paraguai valorize sua relação com Taiwan e não acredite nas promessas superficiais da China", continuou o porta-voz, acrescentando que "os exemplos anteriores mostram que os países que estabeleceram relações com a China, como Costa Rica, Nicarágua e República Dominicana, não se beneficiaram do mercado chinês […]. Ao contrário, geraram um enorme déficit comercial".

Efraín Alegre disputa a presidência do Paraguai pela terceira vez. De acordo com o jornal O Globo, Alegre vem repetindo, na reta final da campanha, a intenção de priorizar a aproximação com o gigante asiático.

Em uma entrevista coletiva nesta semana, o candidato disse que não é possível manter laços diplomáticos com Taiwan e China ao mesmo tempo, mas não esclareceu o que fará caso seja eleito. Segundo ele, o Paraguai perdeu "muitas oportunidades" de interesse nacional por priorizar Taipé.

 

Ø  Intenção de Biden de ser reeleito reflete declínio do poder dos EUA

 

A intenção do presidente dos EUA, Joe Biden, de ser reeleito no próximo ano mostra que a política norte-americana se entrincheirou e é evidência do declínio do poder global estadunidense, diz o jornal chinês Global Times.

Ontem (25), Joe Biden anunciou oficialmente que concorreria à presidência em 2024. O ex-presidente Donald Trump já havia impulsionado candidatura.

Como afirmado no Global Times, a possível repetição da rivalidade de Biden e Trump em uma situação em que ambos os políticos enfrentam críticas "demonstra a incapacidade de resolver os problemas enfrentados pelo país" e indica seu "declínio".

"A possível continuação da rivalidade de Biden com Trump mostra a ossificação, rigidez da política americana. Essa tendência mostra o rápido declínio do poder americano em escala global", diz Li Haidong, professor da Universidade de Relações Exteriores da China, em Pequim.

Segundo o especialista, hoje os Estados Unidos enfrentam sérios problemas internos e externos, e é necessária uma nova cara para resolver esses problemas.

A publicação observa que Biden fez muitas promessas quando assumiu o cargo, desde restaurar as relações com aliados e superar as diferenças políticas e culturais até melhorar a economia.

"No entanto, à medida que seu termo se aproxima do fim, as fissuras estão se aprofundando na sociedade americana e seus aliados transatlânticos estão buscando 'autonomia estratégica' na esteira das constantes tentativas de Washington de sacrificar seus aliados para conter a China", escreve o jornal.

Segundo Li Haidong, os políticos americanos vão aumentar as taxas sobre a China à medida que as eleições se aproximam.

"A eleição muitas vezes se transforma em uma espiral perigosa sobre quem é mais duro com a China", disse ele.

O especialista acredita que os EUA devem buscar cooperação com a China para estimular sua economia, mas sua "política pré-eleitoral tóxica" é reduzida apenas a "criar inimigos imaginários para ganhar votos".

·         EUA impõem sanções à agência de inteligência da Rússia e IRGC do Irã por deterem norte-americanos

Nesta quinta-feira (27), os Estados Unidos impuseram sanções a Teerã e Moscou acusando-os de serem responsáveis ​​e/ou cúmplices na detenção indevida de norte-americanos no exterior.

Os órgãos afetados foram o Serviço Federal de Segurança russo (FSB) e o Corpo de Guardiões da Revolução Islâmica (IRGC) do Irã.

Em entrevista a repórteres em uma reunião informativa sob condição de anonimato, altos funcionários do governo Biden disseram hoje (27) que a ação norte-americana visa mostrar que "haverá consequências para aqueles que tentarem usar cidadãos estadunidenses" para obter influência política ou buscar concessões de Washington, segundo o The New York Times.

O secretário de Estado, Antony Blinken, disse que "nossas ações são um aviso claro e direto para aqueles ao redor do mundo que detêm cidadãos americanos injustamente sobre as possíveis consequências de suas ações".

Dentro do IRGC, as sanções atingiram quatro comandantes seniores, já o FSB se tornou alvo, segundo os Estados Unidos, por estar envolvido na detenção de pelo menos um cidadão norte-americano cujo nome não foi divulgado.

No dia 30 de março, Evan Gershkovich, cidadão americano nascido em 1991, foi detido na Rússia por suposta espionagem para o governo dos EUA, exercendo atividades ilegais como correspondente do jornal The Wall Street Journal em Moscou, conforme noticiado.

Entretanto, a mídia americana sublinha que não está claro "quanto peso" as agências de inteligência na Rússia e no Irã darão à imposição das sanções, uma vez que possíveis ativos financeiros desses órgãos no exterior provavelmente já foram congelados ou cortados há muito tempo, devido a sanções relacionadas à operação russa na Ucrânia ou ao programa nuclear do Irã.

 

Fonte: Sputnik Brasil

 

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