Analista aponta
como funciona cabeça dos EUA sobre Ucrânia: quem é contra, é 'patife'
Na
reunião do Conselho de Segurança da ONU sobre multilateralismo efetivo e a
defesa dos princípios da Carta das Nações Unidas, o ministro das Relações
Exteriores russo, Sergei Lavrov, assegurou que "os EUA têm se empenhado em
destruir a globalização". Como entender esta declaração no contexto
geopolítico atual?
"Em
uma tentativa desesperada de assegurar seu domínio através da punição dos
desobedientes, os Estados Unidos têm se empenhado em destruir a globalização,
que durante anos exaltaram como um bem supremo de toda a humanidade, que servia
o sistema multilateral da economia mundial", apontou o chanceler russo.
Para
a especialista em resolução de conflitos da Universidade de Uppsala, na Suécia,
María Cristina Rosas González, há já algum tempo, os Estados Unidos vêm atuando
unilateralmente perante diversas situações críticas produzidas no mundo,
minando a ordem institucional e atentando contra os mecanismos que tempos
atrás, os próprios anglófonos contribuíram para criar.
"Sabemos
que existe o Conselho de Segurança da ONU, que é a entidade primordial para a
manutenção da paz e da segurança internacionais, mas os Estados Unidos, por
exemplo, em 2003 decidiram ignorar o conselho e invadir o Iraque", disse a
doutora em relações internacionais em entrevista à Sputnik.
Algo
que, segundo a analista, representa um exemplo de uma ação unilateral de
Washington, que provocou não só um enorme sofrimento ao povo iraquiano, mas
também "gerou um vazio de poder que permitiu [...] que os que faziam parte
da Guarda Republicana de Saddam Hussein se organizassem para criar o Daesh
[organização terrorista proibida na Rússia e em vários outros países]",
acrescentou.
Ignorando
a ONU desde 2003
Os
Estados Unidos têm trabalhado desde 2003 praticamente sem a ONU, afirma a
especialista, pois nessa época a Casa Branca queria que o Conselho de
Segurança, cujos membros permanentes – além dos EUA – são a Rússia, a China, o
Reino Unido e a França, aprovasse uma resolução para invadir o Iraque.
"França
foi nesse caso o país que ameaçou vetar, e é claro que a Rússia também se opôs,
a China se opôs, inclusive, naquela época, o México e o Chile – estávamos como
membros eleitos do Conselho de Segurança – se opuseram, então os Estados
Unidos, ao verem que não iam ter êxito ao apresentar sua resolução, decidiram
não apresentá-la e fazer a guerra", afirma Rosas González.
Em
consequência, há 20 anos a ONU se vê enfraquecida, o que supõe uma perda de
institucionalidade para enfrentar os grandes desafios que enfrenta a
humanidade, explica a internacionalista.
"Os
Estados Unidos contribuíram para enfraquecer as instituições [...], são os
arquitetos da criação das Nações Unidas e agora parece que trabalham fora
dela", explicou.
Desde
o momento em que "os Estados Unidos decidem fazer guerra com o Iraque, o
que vimos é que os grandes problemas que o mundo enfrenta tiveram que ser
geridos fora das Nações Unidas [...]. A Síria tem sido fora das Nações Unidas e
outros problemas que surgiram no mundo não estão sendo resolvidos pelas Nações
Unidas", disse a internacionalista.
Um
caso mais recente é que, sem a aprovação do Conselho de Segurança, recorda a
analista, os Estados Unidos optaram por aplicar sanções unilaterais contra
Moscou, exigindo aos seus aliados que fizessem o mesmo e agora "temos o
Canadá, o Japão e a União Europeia aplicando sanções unilaterais contra a
Rússia que muitos consideram ilegítimas porque não têm o aval das Nações
Unidas", distingue Rosas González.
·
Rússia
e China: países mais capacitados
O
Oriente Médio, segundo a analista, também não é uma região onde os Estados
Unidos pudessem decidir as coisas.
"Agora
temos a Rússia e temos a China, países mais capacitados que, de fato, estão
fazendo uma série de gestões na região do Oriente Médio, e os Estados Unidos já
não podem manobrar como vimos", recorda a especialista.
Finalmente,
a internacionalista assinalou que historicamente os Estados Unidos têm mantido
silêncio ante regimes que convêm a seus interesses, ainda que estes cometam
atos que atentam contra a democracia e soberania dos povos.
Mas
quando se trata de países que "operam contra os interesses dos Estados
Unidos, Washington os condena, os critica, os coloca como Estados patifes,
Estados párias".
Nesse
sentido, o apoio de Washington à Ucrânia responde à intenção dos EUA de limitar
o poder da Rússia, pondera a analista.
"Os
Estados Unidos querem limitar o poder da Rússia e uma forma de [fazê-lo] é ter um
regime na Ucrânia, um regime pró-ocidental como o de [Vladimir] Zelensky, que
falou da adesão à União Europeia ou da adesão à OTAN", afirmou.
Do
seu ponto de vista, para Washington este regime ucraniano é apropriado para os
interesses que mantém a OTAN "em termos de esgotar a influência da
Rússia" nessa parte do mundo.
Ø
EUA não devem
financiar 'guerra por procuração' na Ucrânia, diz congressista norte-americano
Os
Estados Unidos não devem enviar assistência adicional para financiar uma
"guerra por procuração" na Ucrânia, e uma auditoria deve ser
realizada sobre a ajuda dos EUA já fornecida a Kiev, disse o congressista Paul
Gosar à Sputnik nesta segunda-feira (24).
"Biden
e o Congresso já desperdiçaram quase US$ 200 bilhões [cerca de R$ 1 trilhão]
dos contribuintes americanos financiando uma guerra por procuração na Ucrânia.
Não devemos enviar outro centavo para a Ucrânia e devemos auditar o dinheiro já
enviado para lá", disse Gosar em comunicado.
O
legislador republicano se juntou recentemente a um grupo de legisladores de
outros partidos para apresentar uma resolução exigindo uma auditoria dos fundos
apropriados pelo Congresso para a Ucrânia.
O
porta-voz de Gosar disse à Sputnik que até o momento o governo Biden ainda não
forneceu ao Congresso cópias de todos os documentos e quaisquer demonstrações
financeiras detalhando compras, destinatários e gastos do governo relacionados
a fundos apropriados pelo Congresso dados à Ucrânia.
O
jornalista norte-americano e vencedor do Prêmio Pulitzer, Seymour Hersh, disse
recentemente à mídia russa que os países do Ocidente estão cientes do fato de
que algumas das armas enviadas para a Ucrânia estão acabando no mercado negro,
mas sua mídia está deliberadamente em silêncio sobre isso.
Meses
após o início da operação militar especial da Rússia na Ucrânia, já havia
preocupações sobre a revenda de mísseis de defesa aérea portáteis avançados que
o Ocidente havia enviado para a Ucrânia, disse o jornalista, acrescentando que
a emissora CBS queria publicar uma história sobre isso, mas foi forçada a
retirá-lo.
Hersh
também disse, de acordo com sua fonte, que a CIA estima que o presidente
ucraniano, Vladimir Zelensky, desviou pelo menos US$ 400 milhões (cerca de R$ 2
bilhões) da ajuda dos EUA enviada à Ucrânia.
Os
países ocidentais têm fornecido ajuda militar à Ucrânia desde o início das
hostilidades em fevereiro de 2022. A ajuda evoluiu de munições de artilharia
mais leves e treinamento em 2022 para armas mais pesadas, incluindo tanques, no
final daquele ano e em 2023. Nos últimos meses, a Ucrânia tem pressionado para
ser abastecido com caças. O Kremlin, por sua vez, alertou repetidamente contra
a entrega contínua de armas a Kiev.
Ø
Participação
de Biden nas eleições pode terminar em guerra mundial, crê Trump
O
ex-presidente dos EUA, Donald Trump, disse à Newsmax que a renomeação do atual
líder dos EUA, Joe Biden, vai terminar mal.
"Parece-me
que, em algum momento, algo vai acontecer. É que este país está com problemas.
Vamos acabar em uma terceira guerra mundial. Estamos falando de armas
nucleares. E temos alguém que não entende o que está acontecendo", cita o
artigo as palavras do ex-presidente.
Ele
disse que acha difícil acreditar na renomeação de Biden, criticando-o por tê-la
anunciado por meio de um videoclipe.
"Ele
não vai fazer o anúncio. Normalmente, você se levanta e diz: 'Ei, estou
concorrendo. Desejem-me sorte pessoal.' Mas ele está gravando uma fita. Dessa
forma, você pode fazer isso quatro ou cinco vezes até que consiga. Mas acho que
nunca foi feita uma coisa dessas para colocar em uma fita", comentou
Trump.
Recentemente,
Biden publicou um vídeo no qual anunciou sua intenção de se candidatar à
reeleição presidencial em 2024.
Ø
Estratégia
ocidental na Ucrânia está falhando, segundo jornalista alemão
O
Ocidente enfrenta na Ucrânia uma série de momentos desagradáveis, escreve o
famoso jornalista alemão Gabor Steingart na revista Focus.
A
linha de frente é longa demais, o equipamento militar da Ucrânia é
insuficiente, as sanções antirrussas não têm efeito, o Ocidente gasta meios financeiros
enormes no conflito, o apoio público está enfraquecendo e a OTAN mostra unidade
apenas em palavras. Portanto, agora tudo indica que a Ucrânia está se movendo
em direção à paz – nos termos russos.
Como
observa o autor do artigo, nem tudo está bem na Ucrânia, não apenas na opinião
pública ou no campo de batalha – muito está ligado à reação do Ocidente,
verbosa e ineficaz. De acordo com Gabor Steingart, para o Ocidente há agora
oito coisas desagradáveis sobre a Ucrânia.
Em
primeiro lugar, a linha da frente é longa demais para o relativamente pequeno
Exército ucraniano fazer qualquer progresso no terreno – ela atinge cerca de
1.300 km. "A Ucrânia parece cada vez mais um Estado em colapso",
escreve o jornalista alemão.
Além
disso, as áreas em redor de Lugansk, Donetsk e Melitopol, bem como a cidade
portuária de Mariupol, foram perdidas. A usina nuclear de Zaporozhie, no sul da
Ucrânia, é controlada pela Rússia. A reconquista da Crimeia não é possível com
o equipamento militar atualmente disponível, observa Steingart.
Em
segundo lugar, especialistas independentes – pelo menos independentes do
governo ucraniano – também acreditam que o equipamento militar da Ucrânia é
insuficiente. O chefe da empresa Rheinmetall diz que a Ucrânia precisará de
várias vezes mais tanques do que antes.
O
ex-general Egon Ramms confirma esta avaliação: "Para que a operação [de
contraofensiva] ucraniana comece a se mover novamente, mais tanques de combate
e veículos de combate de infantaria são necessários para a luta móvel com as armas
estacionárias. Além de artilharia de longo alcance e equipamentos de defesa
antiaérea ainda mais avançados".
Em
terceiro lugar, as sanções econômicas não tiveram nenhum efeito na Rússia que
pudesse forçar Putin a se render, continua o jornalista alemão em seu artigo.
Neste ano e no próximo, o Fundo Monetário Internacional (FMI) prevê um
crescimento do produto interno bruto (PIB) russo de 0,7% e 1,3%.
Produtos
ocidentais importantes, como componentes eletrônicos para fins militares,
entram na Rússia através de países como o Irã ou os Emirados Árabes Unidos.
Moscou pode vender seu petróleo e gás não no Ocidente, mas na Índia e na China.
Em geral, ela adquire novos clientes.
Gabor
Steingart formulou o quarto momento desagradável para o Ocidente como uma pergunta:
a Rússia tornou-se "pária da comunidade mundial" após o início da
operação especial na Ucrânia, como o Ocidente queria? A maioria da comunidade
internacional considera que a América também não é inocente neste conflito.
Além
disso, Putin conseguiu conquistar um jogador importante nas relações com a
China. Mais recentemente, Xi Jinping nomeou o líder do Kremlin como seu
"amigo valioso". Encorajado por isso, o embaixador chinês na França
Lu Shaye disse que em relação às antigas repúblicas da União Soviética,
incluindo a Crimeia, "não existe nenhum acordo internacional que determine
o status de qualquer uma delas como uma nação soberana".
Como
sexto ponto, o autor do artigo observa o fato de que hoje o Ocidente – todos os
aliados combinados – investiu no conflito ucraniano, nem sequer US$ 55 bilhões
(R$ 278,56 bilhões), como afirma o vice-ministro das Relações Exteriores
ucraniano Andrei Melnik, mas várias vezes mais na forma de assistência direta,
anulação dos investimentos ocidentais na Rússia e consequências econômicas das
sanções ocidentais.
Segundo
o Instituto de Economia Mundial de Kiel, só os EUA e a UE já prometeram mais de
130 bilhões de euros de apoio financeiro à Ucrânia. O preço do sucesso está
subindo, mas o sucesso ainda não é alcançado, lamenta o jornalista alemão.
Outro
fator que é muito tenso para o Ocidente é que o público pró-ucraniano já
esfriou em relação a esse conflito. Na sociedade americana o apoio à Ucrânia em
fevereiro caiu abaixo de 50%, ante 60% em maio de 2022. Por exemplo, na
Alemanha 30% acreditam que as sanções contra a Rússia não valem o impacto
econômico que elas têm sobre os preços alemães de energia e alimentos.
O
sucesso mais notável dos últimos tempos tem sido a unidade da OTAN, que, no
entanto, só existe retoricamente, diz Gabor Steingart. Na realidade, nem todos
os aliados fornecem armas para Kiev de modo igual.
Além
disso, o presidente francês, Emmanuel Macron deixou claro recentemente que sua
visão do papel da América difere significativamente da posição da OTAN. Em
relação ao papel da China e da Europa no conflito de Taiwan, o presidente
francês disse que seria paradoxal para a Europa considerar-se "por puro
pânico" uma companheira apenas da América.
Assim,
o Ocidente, com toda a sua unidade, está perdendo seu caminho, conclui
Steingart em seu artigo para a revista Focus. Os suprimentos de armas
ocidentais, se comparados com a força do Exército russo, são muito pequenos, as
sanções são muito ineficazes e um plano de paz está completamente ausente.
Portanto, os aliados da Ucrânia precisam mudar sua estratégia, aponta o
jornalista alemão: caso contrário, Kiev se tornará uma nova Cabul para o
Ocidente.
Ø
'Política
míope': sanções ocidentais tiveram efeito bumerangue na Europa, diz ministro
russo
O
Ocidente está ficando sem opções para atacar Moscou depois que várias rodadas
de sanções saíram pela culatra em vez de paralisar a economia russa como era
pretendido, disse em entrevista à RT Anton Siluanov, o ministro das Finanças da
Rússia.
"Todas
essas restrições tiveram um efeito bumerangue", argumentou ele, destacando
o agravamento da crise do custo de vida nos países ocidentais, a inflação
crescente e um declínio nos padrões de vida.
"Portanto,
esses países estão seguindo uma política míope, introduzindo pacotes regulares
de restrições e sanções", acrescentou Siluanov. De acordo com o ministro
da Finanças, a Rússia está seguindo uma política independente, tentando
minimizar o impacto das restrições que estão sendo introduzidas contra ela.
"Quando
os países ocidentais introduzem novos pacotes de restrições, tomamos medidas
antissanções e vemos que estamos tendo sucesso", disse Siluanov,
ressaltando que a economia russa alcançará taxas de crescimento positivas este
ano.
Ele
também apontou para a baixa inflação, que é menor do que nos países ocidentais,
e a menor taxa de desemprego, acrescentando que os salários reais na Rússia
estão crescendo. "Portanto, nossa política de responder aos pacotes de
sanções está produzindo resultados, vemos que estamos indo na direção certa",
disse Siluanov.
Os
países ocidentais congelaram as reservas de moeda estrangeira da Rússia e
suspenderam os pagamentos internacionais de bancos russos como parte das
sanções introduzidas contra Moscou depois do lançamento de uma operação militar
especial na Ucrânia em fevereiro de 2022.
·
Kremlin:
circunstâncias não são favoráveis ao acordo de grãos
O
acordo de grãos, que expira em meados de maio, ainda não foi implementado
totalmente, disse o porta-voz do presidente russo, Dmitry Peskov.
"Apesar
de já ter passado tanto tempo, ele [o acordo] ainda não foi implementado. Ele
não adquiriu um caráter de pacote. As condições relacionadas conosco ainda não
foram realizadas. Portanto, as circunstâncias ainda não são favoráveis a esse
acordo. Continuaremos observando", disse o representante do Kremlin.
Peskov
enfatizou que não foi a perda de grãos da Rússia e da Ucrânia no mercado
internacional que levou à crise global de alimentos.
"Esse
pode ser um fator, mas não foi decisivo. A gênese é diferente, e isso já foi
esclarecido muitas vezes pela parte russa", concluiu ele.
·
Iniciativa
de Grãos do Mar Negro
Em
22 de julho de 2022, Rússia, Ucrânia, Turquia e as Nações Unidas fecharam um
pacote de acordos, chamado a Iniciativa de Grãos do Mar Negro, para fornecer um
corredor marítimo humanitário para navios com alimentos e fertilizantes para o
mercado internacional.
Um
deles aprovou um mecanismo para exportar grãos dos portos do mar Negro
controlados pela Ucrânia. Outra parte dos acordos diz respeito ao acesso aos
mercados globais de alimentos russos.
As
autoridades russas têm repetidamente apontado que a segunda parte não está de
fato implementada.
Inicialmente,
os acordos foram assinados por 120 dias e mais tarde, em novembro, foram
prorrogados pelo mesmo período.
Em
18 de março, a Rússia anunciou uma prorrogação de 60 dias do acordo, alertando
que esse seria o tempo suficiente para avaliar a implementação do memorando
assinado com a ONU.
Fonte:
Sputnik Brasil
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