terça-feira, 28 de março de 2023

Ministro festeja reaproximação com a China e defende presença dos irmãos da JBS na comitiva

O ministro da Agricultura, Carlos Fávaro, minimizou na noite deste domingo na China, início da manhã no Brasil, os efeitos do cancelamento da visita que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva faria ao país.

Fávaro afirmou que, em breve, os dois governos deverão acertar a remarcação da viagem e, então, serão anunciados os acordos bilaterais que já estavam alinhavados e seriam apresentados na visita que acabou cancelada por problemas de saúde do presidente brasileiro.

Em entrevista coletiva na embaixada do Brasil em Pequim, Fávaro falou sobre a reaproximação do governo com o setor do agronegócio, identificado nos últimos anos com o bolsonarismo, e defendeu a presença dos empresários Joesley e Wesley Batista, donos da gigante de carnes JBS, na comitiva que acompanharia Lula na viagem.

Responsáveis por uma megadelação premiada que alvejou centenas de políticos, inclusive do PT, o partido do presidente, Joesley e Wesley voltaram à cena pública em Pequim após um longo período afastados dos holofotes.

Assim como outros empresários convidados para integrar a comitiva, eles chegaram à capital chinesa antes de Lula anunciar o cancelamento da visita e têm cumprido uma série de compromissos na cidade. Neste domingo, os irmãos fizeram uma visita à embaixada brasileira.

•        “Temos que olhar para frente”

“A gente tem que reconhecer (que a JBS) é a maior empresa de carnes do mundo, é uma empresa brasileira que gera muitos empregos, que gera muitas oportunidades ao cidadão brasileiro. E eles cumprindo a legislação brasileira, cumprindo seu compromisso, não tem porque não poderem fazer parte da comitiva e estar buscando a ampliação dos seus negócios”, afirmou Carlos Fávaro, que esteve com os donos da JBS durante o café da manhã no hotel em que estão hospedados.

Indagado se a participação de Joesley e Wesley na missão do governo à China significa que o turbilhão de escândalos em que eles e a JBS estiveram metidos foi esquecido, o ministro respondeu que é preciso “olhar para frente”. “Esquecer, não. Temos que pensar que, se alguém deve alguma coisa, que pague pelo que deve. Agora, temos que olhar para frente”, disse.

•        O “pacote chinês” e os 100 dias do governo

Sobre o cancelamento da viagem de Lula à China, que levou à suspensão de encontros entre autoridades brasileiras e chinesas e ao adiamento do anúncio de mais de duas dezenas de acordos bilaterais, incluindo medidas de facilitação do comércio entre os dois países, Fávaro afirmou que o pacote deverá ser apresentado “em breve”, quando a visita de Lula for remarcada.

Ele admitiu que o ideal seria que o anúncio das medidas — que o Palácio do Planalto espera apresentar como uma grande conquista — ocorresse antes dos 100 dias do novo governo. A marca, a ser completada no início de abril, é costumeiramente uma oportunidade para apresentar, com pompa, os primeiros resultados da gestão.

“(Diante de) um problema de saúde, a gente tem que compreender que não tem nada mais importante do que o presidente estar bem restabelecido. Todos os acordos que seriam assinados na terça serão (assinados) em poucos dias, logo na sequência. Não vejo grandes problemas, não. A gente ficaria muito feliz se antes dos 100 dias (de governo) estivéssemos com tudo tudo anunciado, mas vai ser muito em breve”, disse o ministro.

•        Relação com o agro

Fávaro falou ainda da reaproximação do governo com empresários do agronegócio, setor que, na campanha presidencial, emprestou apoio ao projeto reeleitoral de Jair Bolsonaro. “Eu respeito muito a posição democrática de cada um de escolher o seu candidato. Agora, a eleição acabou. Aqueles que entenderem que a eleição acabou e (que), agora, nós temos que para trabalhar pelo bem do agronegócio brasileiro serão muito bem-vindos para ajudar essa relação a melhorar”, declarou o ministro da Agricultura.

“A prova de que essa relação é boa é que nós temos quase 110 empresários do agro e entidades representativas de classe e, diretamente, empresários que estão aí (na comitiva) buscando oportunidades de estar ao lado do governo fazendo suas reivindicações legítimas”, emendou.

Mesmo com o cancelamento da viagem de Lula, para os próximos dias estão previstos encontros de empresários brasileiros e chineses para discutir e estreitar a relação comercial entre os dois países.

•        "Quem entender que a eleição acabou será bem-vindo", diz Fávaro sobre agro

O ministro da Agricultura e Pecuária, Carlos Fávaro, comentou, neste domingo (26/3), sobre a relação do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e do governo federal com o agronegócio. Segundo o ministro, Lula respeita a escolha de candidato de cada um, e todos que "entenderem que a eleição acabou e quiserem trabalhar pelos próximos quatro anos" serão bem-vindos. Para Fávaro, a comitiva de empresários do agro que está na China, e acompanharia Lula, é prova de boa relação.

"O presidente Lula tem dito que respeita muito a posição democrática de cada um para escolher seu candidato. Aqueles que entenderem que a eleição acabou e quiserem trabalhar pelos próximos quatro anos pelo agronegócio serão muito bem-vindos", respondeu o ministro da Agricultura após ser questionado sobre o tema, durante coletiva de imprensa na China.

"A prova de que essa relação é boa é que nós temos mais de 110 empresários do agro, e entidades representativas de classe. Vocês viram, estão lá no hotel. E, diretamente, empresários que estão aqui buscando a oportunidade de estarem ao lado do governo, fazendo suas reivindicações", disse ainda Fávaro.

•        Oportunidade para o governo abrir portas para os empresários, diz Fávaro

Uma comitiva do Ministério da Agricultura (Mapa) está na China desde segunda-feira (20/3), e se adiantou à viagem de Lula, adiada ontem (25/6). Nesta manhã, Fávaro organizou um café da manhã com produtores de médio a gigante porte do mercado brasileiro, como os irmãos Joesley e Wesley Batista, do grupo J&F, que controle o frigorífico JBS, e Marcos Molina, da BRF. O setor do agronegócio foi um dos mais resistentes ao governo Lula, desde as eleições, já que boa parte dos produtores estava alinhada com o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL).

"Todas as reuniões, café da manhã, conversa com um, conversa com outro, porque é uma oportunidade que o governo está fazendo de estar abrindo as oportunidades comerciais e apresentando nossos empresários aos empresários chineses. Muito tranquilo", declarou Fávaro.

 

       Cancelamento da ida de Lula à China desmobiliza estrutura gigante montada para a missão

 

O cancelamento da viagem do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) à China pegou de surpresa muitos dos integrantes da missão empresarial que iriam acompanhá-lo na visita ao país asiático, a partir deste fim de semana.

Vários dos empresários, incluindo donos e altos executivos de gigantes brasileiras de diversos setores, já estavam em Pequim ou a caminho da capital chinesa.

Alguns hotéis de luxo na região onde o presidente ficaria já não tinham mais vagas — os apartamentos foram todos reservados para integrantes da missão brasileira, que contabilizava mais de 200 empresários.

Mais cedo, no desembarque em Pequim, um grupo de executivos do agronegócio se mostrava esperançoso de que viagem não seria cancelada.

Assim como informou publicamente, o governo brasileiro havia sinalizado aos integrantes da missão que Lula viajaria, sim, à China, a despeito da necessidade de adiamento do embarque para este domingo em razão do diagnóstico de pneumonia.

Um dos vários empresários que chegaram já nesta sexta-feira (24/3) em Pequim é Marcos Molina, fundador do frigorífico Marfrig que, depois, assumiu o comando da BRF, uma das maiores companhias brasileiros do agro.

•        Preparativos

Auxiliares do Planalto também se mostravam confiantes de que Lula embarcaria. Uma pessoa próxima ao presidente disse ao Metrópoles, horas antes do anúncio do cancelamento da viagem, que Lula parecia bem de saúde e que tudo indicava não haver problemas para o embarque na manhã de domingo.

Uma equipe do governo brasileiro, com funcionários do Itamaraty e da Presidência, também já havia chegado na capital chinesa para cuidar dos preparativos da visita. Outro grupo de assessores havia sido enviado para Xangai, onde o presidente participaria de um encontro empresarial, na segunda e última etapa da viagem.

O cancelamento da visita de Lula à China foi anunciado na manhã deste sábado (noite de sexta em Pequim) pelo governo brasileiro. Havia grande expectativa em torno da viagem — a maior expedição internacional do presidente desde que ele assumiu seu terceiro mandato, em janeiro.

Pelo menos 20 acordos bilaterais seriam assinados e havia tratativas em curso para o anúncio de investimentos bilionários de fundos chineses no Brasil.

No próximo dia 28, Lula se encontraria com o presidente chinês, Xi Jinping, e um dos temas da pauta seria a guerra na Ucrânia. Lula tem dito que o Brasil deseja participar de esforços para a construção de um acordo de paz.

No comunicado em que anunciou o cancelamento da viagem, o governo brasileiro afirmou que a decisão, tomada em razão de orientação médica, já foi comunicada às autoridades chinesas. Disse ainda que Lula pretende remarcar a visita.

 

       Delírio da Oposição diz que Lula adiou viagem por causa do retorno de Bolsonaro, Depois pedem respeito...

 

Após o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PL) adiar a viagem à China para tratar de uma broncopneumonia bacteriana e viral por influenza A , parlamentares da oposição dizem que o mandatário escolheu não ir à Ásia por conta do r etorno de Jair Bolsonaro (PL) ao Brasil .

O senador Carlos Portinho (PL) disse nas redes sociais: "Lula adia viagem devido a chegada de Bolsonaro. Quem está sendo pautado? Segue o líder!", escreveu o parlamentar.

Acompanhando o senador, o deputado federal Daniel Freitas (PL-SC) compartilhou uma mensagem de um apoiador que dizia ter "algo estranho acontecendo" no adiamento da viagem de Lula.

•        Retorno confirmado pelo PL

Jair Bolsonaro (PL) volta ao  Brasil  dia 30 de março, segundo o presidente nacional do PL, Valdemar da Costa Neto. O ex-mandatário está nos  Estados Unidos  desde 30 de dezembro de 2022, quando embarcou dias antes de encerrar o mandato como Presidente da República.

Bolsonaro irá pousar em Brasília às 7h30. "Ficamos no seu aguardo Capitão, para juntos lutarmos por um Brasil mais justo e livre", disse Valdemar em um comunicado publicado nas redes sociais do PL .

Na última sexta-feira (24), o ex-ministro da Casa Civil, Ciro Nogueira, declarou que Bolsonaro adiou a volta para o Brasil por conta das passagens aéreas .

"Sabe por qual motivo Bolsonaro vai escolher o dia que está voltando? Pois ele escolheu o dia em que a passagem é mais barata e vem de (classe) econômica. Esse é o Bolsonaro", disse Ciro Nogueira à Globonews.

•        Pneumonia de Lula

O presidente precisou  adiar novamente uma viagem à China por apresentar um quadro de broncopneumonia bacteriana e viral por influenza A. O adiamento já foi comunicado às autoridades chinesas com a reiteração do desejo de marcar a visita em nova data.

Segundo os médicos do presidente, ele faz tratamento venoso para tratar a pneumonia e o vírus da influenza .

"O presidente está há dois dias em tratamento. Ainda está tomando antibióticos e antivirais na veia. Não fazia sentido ele pegar um voo de 36 horas sem estar curado. O presidente podia piorar", Roberto Kalil, médico de Lula e coordenador da Oncologia do Hospital Sírio Libanês, em entrevista ao colunista do jornal O GLOBO, Lauro Jardim.

Na última sexta-feira (25), Lula havia remarcado o embarque à China para domingo (26) de manhã . No entanto, após reavaliação médica, ele só poderá viajar quando estiver curado.

"Após reavaliação no dia de hoje e, apesar da melhora clínica, o serviço médico da Presidência da República recomenda o adiamento da viagem para China até que se encerre o ciclo de transmissão viral, disse a doutora Ana Helena Germoglio em nota através da Secretaria de imprensa da Presidência da República.

 

       BNDES quer reverter prioridade para o agro dos anos Bolsonaro

 

Em 2022, o BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social) desembolsou mais recursos em financiamentos para a agropecuária do que para a indústria pelo quinto ano consecutivo. Esse movimento começou em 2018, no governo Michel Temer (MDB), e continuou ao longo do mandato de Jair Bolsonaro (PL). É uma situação que destoa do cenário dos anos anteriores, quando as fábricas recebiam uma parcela maior dos recursos.

Do total de desembolsos do BNDES em 2022 (R$ 97,5 bilhões), 22% foram direcionados para a agropecuária (R$ 21,5 bilhões) e 19,6% para a indústria (R$ 19,1 bilhões), segundo dados divulgados pelo banco público.

O setor de infraestrutura, que envolve atividades como energia elétrica e construção, seguiu com a maior parcela (43,3%). Comércio e serviços tiveram a menor (15,1%). A participação industrial até cresceu em 2022 em relação ao ano anterior, mas ainda ficou abaixo da parcela destinada ao campo. As fábricas haviam recebido 16,2% dos desembolsos do BNDES em 2021, e a agropecuária, 26%.

"A indústria precisa se modernizar, mas os dados mostram um estreitamento nas linhas de crédito do BNDES", afirma o economista Rafael Cagnin, do Iedi (Instituto de Estudos para o Desenvolvimento Industrial).

Ele evita falar em uma dicotomia de indústria e agropecuária, já que financiamentos para o campo geram estímulos indiretos em parte das fábricas, incluindo as de máquinas e equipamentos.

Cagnin, porém, diz que faltam empréstimos de longo prazo para o setor industrial, problema associado parcialmente à redução do tamanho do banco nos últimos anos. "Teve uma mudança de atuação do BNDES. Antes, era mais voltado para infraestrutura e indústria, mas foi se tornando um mecanismo maior de financiamento para a agropecuária, que já conta com opções como o Plano Safra e o Banco do Brasil", diz.

Segundo o economista, as dificuldades enfrentadas pelo setor industrial a partir da crise de 2015 e 2016 frearam a demanda por financiamentos Em 1995, ano inicial da série histórica, as fábricas receberam 57,2% dos desembolsos do BNDES. À época, a agropecuária havia ficado com 10,3%.

Para o economista-chefe da consultoria MB Associados, Sergio Vale, a perda de participação industrial está associada ao baixo desempenho do setor nos últimos anos.

"Vimos um crescimento forte da agropecuária com preços elevados", afirma Vale. "A indústria está estagnada desde a crise de 2015 e 2016."

Guilherme Rios, assessor técnico da CNA (Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil), afirma que a agropecuária foi pressionada nos últimos três anos pelo aumento dos custos de produção.

Segundo ele, os preços de alguns insumos tiveram alta de mais de 200%, e as máquinas agrícolas ficaram mais caras. "Esse cenário fez com que o produtor demandasse maiores volumes de recursos em seus financiamentos", aponta.

Rios avalia que o crédito do BNDES ainda não é suficiente para as demandas da agropecuária, que prevê crescimento da safra neste ano.

"O setor se mobiliza para uma aproximação com o mercado de capitais", acrescenta.

De acordo com Sergio Vale, da MB, a indústria tende a ganhar participação nos desembolsos do BNDES no governo Luiz Inácio Lula da Silva (PT). Essa projeção está associada a recentes manifestações do novo comando da instituição, que fala em uma necessidade de reindustrializar o Brasil.

Ao tomar posse em fevereiro, o novo presidente do BNDES, Aloizio Mercadante, disse que é "muito bom" ter o país como a "fazenda do mundo", mas que é necessário ir além das commodities agrícolas, com olhar especial à indústria. Mercadante voltou a tocar no assunto no dia 14 de março, em entrevista após a apresentação do balanço de 2022. "Vamos ficar assistindo ao desmonte da indústria? Ou vamos ter um banco capaz de reagir, financiar e induzir a industrialização, como fizemos com a agricultura?", questionou.

"O BNDES distribui 19% do crédito do Plano Safra, máquinas e equipamentos, modernização da agricultura. Queremos continuar fazendo isso. Mas não podemos assistir a dados como esses da indústria e achar que é assim."

Mercadante vem defendendo diversificar as taxas de juros do banco, que hoje pratica a TLP (Taxa de Longo Prazo).

A TLP entrou em vigor no governo Temer para impedir que o BNDES emprestasse recursos a clientes a níveis menores do que o custo de captação do Tesouro Nacional.

Na visão de Mercadante, esse mecanismo é "muito volátil". Ele já defendeu subsídios no crédito a setores específicos, como os voltados à inovação. A nova direção, porém, descarta uma volta do BNDES ao padrão visto entre o segundo governo Lula e a gestão de Dilma Rousseff (PT).

À época, o banco foi turbinado com crédito subsidiado a grandes companhias, o que gerou críticas de economistas.

Para Sergio Vale, da MB, o BNDES deve concentrar esforços em setores ligados à inovação e à energia verde, além de avançar na criação de um eximbank –organismo de apoio a exportações. Essas áreas estão entre as prioridades ditas pela nova direção.

"O BNDES pode agregar nisso. É preciso evitar ao máximo um banco de todos os setores da indústria, e de projetos que não tenham viabilidade econômica", analisa Vale.

Para representantes da indústria, a perda de participação do setor reflete o aumento do custo de captação de recursos, com o impacto da elevação da Selic sobre a TLP.

O problema, segundo eles, atinge principalmente pequenas e médias empresas, que têm menos acesso ao mercado privado de crédito.

O presidente-executivo da Abimaq (Associação Brasileira de Máquinas e Equipamentos), José Velloso, ressalta que o custo do principal programa do BNDES para esse segmento, o Finame, sai hoje em torno de 24% ao ano. "Isso não remunera o capital", afirma.

O Finame foi responsável em 2022 por financiar apenas 3% das máquinas vendidas no país. "E o estrago é feito nas pequenas e médias. As grandes podem ir para o mercado de capital, emitir debêntures, lançar ações. A grande empresa se vira", prossegue Velloso.

A Abimaq sugere que o BNDES busque novas formas de captação, como financiamentos internacionais voltados à economia verde.

A Folha de S.Paulo procurou membros do comando do BNDES no governo Bolsonaro para comentar, mas não obteve retorno.

 

Fonte: Metrópoles/Correio Braziliense/iG/FolhaPress

 

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