“É preciso que
população de Salvador se veja representada”, diz Silvio Humberto sobre ser
disputa por prefeitura
Em
seu terceiro mandato na Câmara de Vereadores de Salvador, o doutor em Economia
pela Universidade Estadual de Campinas (Unicamp-SP) Silvio Humberto (PSB)
articula para compor uma chapa para concorrer à prefeitura de Salvador em 2024.
Questionado pelo Bahia Notícias sobre a movimentação do partido para as
eleições, o edil disse que a sigla deu uma uma boa largada, se referindo a uma
reunião que o PSB teve com o PSD, logo após o carnaval, para discutir o futuro
da capital baiana.
“É
o início de uma caminhada para apresentar alternativas, pois você não pode ter
uma única visão sobre a cidade. Nós somos partidos importantes, que tem
representação nacional e estadual, com figuras importantes. Como partido, nós
temos obrigação de apresentar alternativas para os espaços onde nós militamos.
A cidade de Salvador é esse espaço. O que eu diria é que nós temos
convergências importantes. Eu e o professor Edvaldo Brito convivemos há 10
anos, temos muitas afinidades. Participaram Lídice da Mata e Antonio Brito.
Demos uma boa largada”, afirmou o vereador.
Silvio
Humberto ainda disse que a inclusão econômica da população negra precisa se
tornar real e que o atual modelo administrativo da cidade não viabiliza isso.
“Eu
coloquei o meu nome, porque eu entendo que Salvador precisa virar a chave e
precisa ter alternância, do ponto de vista de quem tem vivenciado a cidade. Eu
tenho colocado que o maior problema hoje é a desigualdade racial, que precisa
ser enfrentada dentro de toda a sua dimensão: econômica e sociais. É preciso
que a população se veja representada. E eu me coloco para ser uma das
alternativas para que o partido possa apresentar à cidade”, disse Humberto.
Em
relação às discussões do PDDU [Plano Diretor de Desenvolvimento Urbano], que é
um dos principais instrumentos de política urbana e garante a função social das propriedades
privadas de uma cidade, Silvio lembrou os encontros de 2016 e pediu mais
participação popular.
“O
PDDU [Plano Diretor de Desenvolvimento Urbano] está dependendo de uma
discussão, coisa que o prefeito [Bruno Reis] não quer, porque serão colocados
em pauta os destinos da cidade. Tem que ser aberto, para que essa ferramenta
importante seja de forma participativa. O último não teve a participação
necessária, porque as audiências públicas foram sempre pela manhã e isso
compromete muito o PDDU. É importante discutir, porque é com o PDDU que você
diz minimamente a cidade que queremos”, acrescentou.
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Leia a entrevista na íntegra:
• Vereador, o senhor tem uma forte ligação
com os movimentos negros e teve 15 mil votos na última eleição municipal. Como
está a discussão por garantia de direitos da população negra na Câmara?
Nós
retomamos os trabalhos em fevereiro, logo após o carnaval, com a formação das
comissões. Eu faço parte da Comissão de Reparação e da Comissão de Direitos
Humanos, uma é permanente e outra especial. A de Direitos Humanos é presidida
pela vereadora Marta Rodrigues. Eu fiz uma sugestão na comissão de Direitos
Humanos, pela própria demanda do movimento, que se fizesse uma discussão sobre
o racismo nas polícias. Vimos aí esse último caso que vitimou o policial Adson
Gomes. Ele foi brutalmente agredido por policiais militares no carnaval de
Salvador. Nós queremos debater o uso das câmeras nos uniformes, pois entendemos
que isso resguarda o policial e preserva vidas. Nós temos também a demanda das
pessoas em situação de rua. É uma luta pela preservação dessas populações que
são bastante vulneráveis. Nós seguimos atentos e realizando o que nós podemos
fazer. Nós também estamos atentos à educação na primeira infância, que envolve
as creches, escolas comunitárias, os programas municipais que envolvem o Pé na
Escola. Então, nós estamos atuando junto a Comissão de Educação, que fez um
convite ao secretário que nas próximas semanas deve comparecer para explicar
aos vereadores do colegiado, inicialmente, e depois isso deve se desdobrar em
uma audiência pública, porque envolve os direitos à educação na primeira
infância. Não adianta fazer belas obras se não investirmos para que tenhamos
educação pública de qualidade.
• A deputada federal Lídice da Mata
pontuou que as conversas para as eleições de 2024 já começaram e citou o nome
do senhor. Há um trabalho para que Silvio Humberto esteja em uma chapa
majoritária ou os soteropolitanos terão Silvio Humberto buscando reeleição?
Essa
primeira pesquisa mostra o desempenho de Lídice da Mata. É o reconhecimento da
população ao seu nome. Apesar de ter quase 30 anos que ela foi prefeita, Lídice
tem prestado serviços prestados à cidade de Salvador, sempre em defesa da justiça
social, que teve uma marca: a fundação da Cidade Mãe, onde combatemos as
desigualdades na cidade. Além disso, tem a contribuição dela na área da
cultura. Ela é alguém que tem dado contribuições significativas ao país. Ela
citou o meu nome. É uma discussão que nós estamos tendo dentro do partido. Eu
tenho me colocado à disposição do partido. São 10 anos como vereador,
conhecendo de perto os problemas da nossa cidade, sobretudo essa falta de
alternativa econômica, para que Salvador saia desse ciclo vicioso da pobreza.
Salvador precisa ter uma sinalização, porque não basta você cuidar das coisas,
você precisa investir nas pessoas, garantir minimamente dignidade. Eu coloquei
o meu nome, porque eu entendo que Salvador precisa virar a chave e precisa ter
alternância, do ponto de vista de quem tem vivenciado a cidade. Eu tenho
colocado que o maior problema hoje é a desigualdade racial, que precisa ser
enfrentada dentro de toda a sua dimensão: econômica, sociais. É preciso que a
população se veja representada. E eu me coloco para ser uma das alternativas
para que o partido possa apresentar à cidade.
• Houve reunião com o PSD. Mais encontros
devem acontecer pensando em 2024?
Foi
um primeiro encontro e nós faremos outros. A reunião serviu para saber quais as
nossas convergências, como é que pensamos a cidade. O PSD terá um seminário no
dia 30 e nós fomos convidados. É um processo. É o início de uma caminhada para
apresentar alternativas, pois você não pode ter uma única visão sobre a cidade.
Nós somos partidos importantes, que tem representação nacional e estadual, com
figuras importantes. Como partido, nós temos obrigação de apresentar
alternativas para os espaços onde nós militamos. A cidade de Salvador é esse
espaço. O que eu diria é que nós temos convergências importantes. Eu e o
professor Edvaldo Brito convivemos há 10 anos, temos muitas afinidades.
Participaram Lídice da Mata e Antonio Brito. Demos uma boa largada.
• A federação com PDT impacta alguma coisa
na Câmara?
A
federação tem sido apresentada como uma saída nessa nova conjuntura política
dos partidos. Teve conversa inicial, mas isso precisa ser submetido aos
diretórios estaduais e municipais, porque nós sabemos que cada um desses
espaços tem as suas especificidades, como aqui em Salvador. Isso precisa ser
devidamente ajustado, porque a federação não será imposta de cima para baixo.
Como é política, temos que fazer os ajustes necessários. Anteriormente, tinha o
processo de federação que envolvia o PT e o PV e não aconteceu, você aprende
com a caminhada. Então, é necessário muita conversa ainda até 2024.
• O senhor será o último líder da
oposição. O trabalho já começou, principalmente com o PDDU?
Nós
acordamos na oposição essa alternância, que é muito saudável. Nós temos uma
unidade muito grande em nossas ações. Nesse momento, a oposição está sendo
conduzida pela vereadora Laina [Crisóstomo]. No próximo ano, em 2024, será a
minha vez. Eu acho que a gente tem muita escuta, vai ser um ano de eleição. O
PDDU [Plano Diretor de Desenvolvimento Urbano] está dependendo de uma
discussão, coisa que o prefeito [Bruno Reis] não quer, porque serão colocados
em pauta os destinos da cidade. Tem que ser aberto, para que essa ferramenta
importante seja de forma participativa. O último não teve a participação
necessária, porque as audiências públicas foram sempre pela manhã e isso
comprometeu muito o PDDU. É importante discutir, porque é com o PDDU que você
diz minimamente a cidade que queremos.
• Considerações finais...
Salvador
terá a oportunidade em 2024 de fazer a virada de chave e deixar de ser
simplesmente essa capital afro e ponto para ter esse lugar da capital afro onde
a população possa se reconhecer também no prefeito, porque pensando
pós-abolição são 135 anos que a cidade não se vê no seu gestor. Então, está
chegando a oportunidade de virar a chave, não só mudando a cor de quem
administra, mas de ter igualdade para ver. E isso passa por assegurar dignidade
na prestação de serviços públicos nas áreas da educação, saúde, mobilidade
urbana, porque se observar todos os lugares onde a maioria é negra, os serviços
públicos sempre deixam a desejar em termos de qualidade. Isso é uma forma de
como o racismo se manifesta nesses espaços, não garantindo qualidade a esses
serviços. Salvador precisa deixar de ter a fila da indignidade, que foi a da
Semop, onde na sua maioria mulheres negras lutavam para ganhar o seu pão e
quando chega no carnaval só consegue trocar dinheiro. Isso mostra que a cidade
tem a renda concentrada. O racismo impede que as pessoas exerçam o seu
potencial de ter um lugar ao sol e faça com que Salvador tenha uma renda
concentrada.
Fonte:
BN
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