sexta-feira, 31 de março de 2023

BOLSONARO VOLTA A BRASÍLIA, COM SALÁRIO DE R$ 41 MIL E ENCRENCAS NA JUSTIÇA

O ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) voltou ao Brasil nesta quinta-feira (30) após passar três meses nos Estados Unidos. O voo chegou ao Aeroporto Internacional de Brasília por volta das 6h40 e o ex-chefe do Executivo seguiu para a sede do Partido Liberal (PL), onde participará de um evento fechado. Um pequeno grupo de pessoas aguardava o ex-presidente no saguão do aeroporto, mas não conseguiu vê-lo. Bolsonaro saiu pelos fundos, sem qualquer contato com o público.

No evento fechado, o ex-presidente deverá ser recebido por sua esposa, a ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro, o presidente nacional do PL, Valdemar Costa Neto, o secretário de Relações Institucionais do PL e vice da chapa de reeleição de Bolsonaro, general Braga Netto, e outras autoridades. Segundo comunicado emitido pelo PL, Bolsonaro assumirá na semana que vem a função de presidente de honra do partido. Pela função ele receberá salário de R$ 41,6 mil, o mesmo que um ministro do Supremo Tribunal Federal, teto do funcionalismo público. O mesmo valor será pago pela legenda a Michelle Bolsonaro, que comandará o PL Mulher.

O ex-presidente acumula ainda duas aposentadorias: uma no valor de R$ 11,9 mil como militar da reserva e outra de R$ 35,2 mil como ex-deputado. O casal vai morar numa casa no condomínio Solar de Brasília, de classe média alta, em Brasília. O aluguel, no valor de R$ 12 mil, será pago pelo Partido Liberal.

Bolsonaro deixou o país no dia 30 de dezembro, seu penúltimo dia de mandato em voo da Força Aérea Brasileira (FAB), mesmo sem ter qualquer compromisso oficial nos Estados Unidos. Em uma live transmitida nas redes sociais, o então presidente afirmou que procurou uma saída para reverter o resultado das urnas, que elegeram seu rival Lula (PT). “Busquei, dentro das quatro linhas, das leis, saída para isso aí. Se a gente podia questionar alguma coisa… Tudo dentro das quatro linhas. Eu não saí, ao longo do mandato, das quatro linhas. Ninguém quer uma aventura”, afirmou Bolsonaro.

Na volta ao país, Bolsonaro enfrentará seis inquéritos no Supremo Tribunal Federal, além de pendências no Tribunal Superior Eleitoral (TSE). Ele é investigado por participação nos atos golpistas de 8 de janeiro, na elaboração da minuta golpista apreendida com o ex-ministro da Justiça Anderson Torres e no caso das joias dadas pelo governo saudita e incorporadas ao seu acervo pessoal quando deveriam ser alocadas para o patrimônio público.

O ex-presidente viajou para a região de Orlando, na Flórida. Inicialmente, ficou hospedado na casa do ex-lutador de MMA José Aldo Júnior. A casa localizada no condomínio de luxo Encore Resort at Reunion, na cidade de Kissimmee, possui oito quartos, cinco banheiros, cozinha gourmet com mesa para 14 pessoas, spa e salas de cinema e de jogos. Em um vídeo apresentado pela designer do imóvel, é possível ver um quarto decorado com os personagens Minions. Críticos de Bolsonaro chamaram, durante todo o mandato, os apoiadores do presidente de “bolsominions”.

Fora do país, o ex-presidente não estava presente para a posse de Lula e fazer o ritual da passagem da faixa presidencial. O então vice de Bolsonaro e atual senador, Hamilton Mourão (Republicanos-RS), se recusou a participar da cerimônia. A faixa presidencial foi entregue a Lula por um grupo de pessoas representando o povo brasileiro e a sua diversidade. As pessoas foram escolhidas por sua equipe de transição para representar diferentes grupos especiais homenageados por sua campanha eleitoral.

 

       Bolsonaro é recebido por meia dúzia de gatos pingados no aeroporto e na sede do PL

 

O presidente Jair Bolsonaro e o seu partido, o PL, prepararam sua volta ao Brasil como o grande evento político do ano.

Deram com os burros n’água.

No aeroporto Juscelino Kubitschek, em Brasília, uma centena de pessoas aguardavam a chegada do ex-presidente. Havia, é verdade, uma serie de restrições parte das autoridades do Distrito Federal que poderiam ser usadas como desculpas.

No entanto, na sua chegada à sede do PL, na região central da capital federal, a situação foi ainda pior.

Um número reduzido de simpatizantes, que daria pra contar nos dedos, estavam na calçada em frente ao prédio.

Bolsonaro frustrou a todos e entrou pela garagem, sem falar com os apoiadores.

•        Bolsonaro no Brasil: militares cogitaram "recepção" e PL quer ex-presidente como cabo eleitoral de Michelle

Embora ainda comande uma horda de radicais, as mudanças no cenário político impactaram sua base eleitoral, isolaram aliados extremistas no Congresso Nacional e causaram reflexo até mesmo seu partido, o PL, onde uma ala já cogita tentar convencer o ex-presidente a sair como cabo eleitoral de sua esposa, Michelle Bolsonaro, em 2026.

Na avaliação dessa ala do PL, Bolsonaro funciona bem como cabo eleitoral e a esposa, que preside o PL Mulher, não teria os problemas na Justiça e a rejeição que o marido vem acumulando com a fuga aos EUA e casos como o das joias sauditas.

Assim como boa parte do Centrão, essa ala do PL vê grandes possibilidades de Bolsonaro ficar inelegível e acredita que os processos na Justiça afetaram definitivamente sua imagem - além de cogitarem até mesmo a prisão do ex-presidente.

•        Apoiador de Lula em voo de Bolsonaro faz o L no desembarque e irrita radicais

Um apoiador do presidente Lula que estava no mesmo voo que trouxe Jair Bolsonaro (PL) de Miami ao Brasil irritou o pequeno grupo de apoiadores extremistas que aguardava o ex-mandatário no Aeroporto Internacional de Brasília, mesmo com as medidas restritivas de segurança impostas pelo governo do Distrito Federal (GDF).

Segundo a PM, cerca de 100 bolsonaristas estavam no saguão de desembarque do aeroporto, número inferior ao número de 150 policiais destacados para a segurança no local.

Com bandeiras do Brasil, os extremistas aguardavam Bolsonaro, mas o que viram foi a imagem do autônomo André Bortoni, apoiador de Lula, que fez o L ao passar pelo desembarque.

O vídeo e a informação foram divulgadas pela jornalista Flávia Said, do portal Metrópoles, no Twitter.

Indagado pela repórter se não teria medo de se manifestar a favor de Lula, Bortoni foi enfático.

"“Eu não tenho medo desse pessoal não. O tempo de ter medo era quando eles estavam no poder. Agora, é só esperar as consequências do que fizeram por 4 anos”, afirmou.

•        Retorno de Bolsonaro ao Brasil vira motivo de piada nas redes

O ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) desembarcou na manhã desta quinta-feira (30) e, ao contrário das expectativas do ex-mandatário, a recepção foi esvaziada e ele deixou o aeroporto pelas portas dos fundos.

Como se diz na internet quando um evento dá errado, a recepção de Bolsonaro flopou: segundo o jornalista Noblat, havia mais policiais do que militantes: 150 PMs para 100 apoiadores do ex-presidente.

A volta do ex-presidente vem acompanhada da sombra do escândalo das joias sauditas contrabandeadas por Jair Bolsonaro, que tentou, de maneira ilegal, ficar com os presentes da ditadura da Arábia Saudita que foram dados ao governo e não à pessoa de jair e, dessa maneira, pertencem à República.

Além disso, a imagem de Bolsonaro retorna chamuscada pela ascensão de sua esposa, a ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro, no PL. Especula-se que a legenda aposte em Michelle como a candidata do partido ao Palácio do Planalto em 2026.

Com respostas a dar para a Justiça e com uma recepção flopada em Brasília, Bolsonaro virou motivo de chacota na internet.

 

       Padilha aponta recepção minúscula a Bolsonaro

 

O ministro das Relações Institucionais, Alexandre Padilha, aproveitou uma entrevista sobre o novo arcabouço fiscal para ressaltar a pequena adesão de pessoas na recepção ao ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), em seu retorno ao Brasil.

“Mais uma vez ele [Bolsonaro] se demonstrou um líder de pé de barro, quando fugiu do país. Agora, fez uma semana inteira de mobilização e [mesmo assim] flopou a recepção no aeroporto”, disse o petista.

Padilha afirmou que, no antigo governo, havia uma “máquina de gerar conflitos” na Presidência da República, mas que a presença de líderes da oposição nas reuniões com o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, e a disposição deles dialogar sobre as novas regras econômicas mostram que essa postura não existirá mais.

“Quem quiser criar um ambiente de conflito que existia no país no governo anterior, vai se dar mal, não vai ter sucesso, vai flopar, como flopou a recepção no aeroporto hoje do ex-presidente, que voltou ao país depois de ter fugido do país. Flopou”, afirmou.

Na reunião com senadores nesta quinta-feira (30) sobre o novo arcabouço fiscal, estiveram presentes, além de Padilha e Haddad, importantes senadores da oposição, como Hamilton Mourão (Republicanos-RS), vice-presidente de Bolsonaro, e Ciro Nogueira (PP-PI), ex-ministro da Casa Civil.

Dezenas de apoiadores de Bolsonaro se reuniam para recepcioná-lo no saguão do aeroporto de Brasília na manhã desta quinta-feira (30). Eles, porém, não sabiam que o ex-presidente sairia pelo hangar da Polícia Federal, a quilômetros dali.

Apoiadores oscilavam entre cantar o hino nacional e gritos de “mito”, “ei, Bolsonaro, cadê você, eu vim aqui só para te ver”. Por vezes, xingavam o presidente Lula e a Globo.

Ainda que Bolsonaro tenha saído discretamente do terminal, sua chegada mudou a rotina do aeroporto. Foi feito um bloqueio pela Polícia Militar na avenida principal que leva ao local, mas os carros não eram parados.

O policiamento no próprio aeroporto também foi ostensivo, com ônibus e agentes em diferentes locais desde cedo.

Autoridades eram esperadas apenas no PL. No aeroporto, só estava o ex-secretário de comunicação da Presidência, Fabio Wajngarten, que ora conversava com policiais ora com imprensa.

Depois, chegou o filho 03 do ex-presidente, deputado Eduardo Bolsonaro (PL-SP), causando tumulto no saguão. Os apoiadores o tietavam e perguntavam pelo pai. Eles só começaram a desmobilizar por volta das 8h, quando o deputado federal deixou o local.

Apoiadores também esperaram o ex-presidente em frente ao complexo hoteleiro onde está localizada a sede do PL, na região central de Brasília. Os bolsonaristas vibravam e se aglomeravam para tirar selfies com ex-ministros e aliados de Bolsonaro.

O ex-presidente chegou ao local por volta de 8h, mas frustrou os apoiadores ao entrar pela garagem.

 

       Bolsonaro: "as joias são caras pela amizade que eu tenho com o mundo árabe"

 

O ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) afirmou nesta quinta-feira (30) que recebeu presentes de elevado valor da Arábia Saudita por causa de sua relação de amizade que construiu com o mundo árabe. E ainda completou afirmando que “eles têm dinheiro, pô”

“Agora [são] joias caras? Sim, caríssimas, até pela relação de amizade que eu tive com o mundo árabe”, afirmou o ex-mandatário, em entrevista à rádio Jovem Pan.

O ex-presidente reconheceu pela primeira vez que as joias vindas da Arábia Saudita eram para a ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro e que ele tentou reavê-las. No entanto, ressalta que “não foi na mão grande”.

“Entregamos ali o primeiro conjunto que chegou na Presidência. Cadastrei. E, tentando recuperar o outro conjunto da Michelle, foi via ofício, não foi na mão grande. Não sei porque essa onda toda. Se estão achando isso como algo que eu fiz errado eu fico até feliz, não tem do que me acusar”, afirmou.

Questionado na sequência sobre qual motivo para os árabes darem um presente de R$ 16 milhões, Bolsonaro disse que “eles têm dinheiro” e que é um “prazer deles” presentear.

“A rainha da Inglaterra, ela já é falecida, ganhou de R$ 50 milhões. Eles têm dinheiro, pô. É o prazer deles dar esse presente”, disse Bolsonaro.

“Esse xeque lá, ele me convidou, fui na casa dele… Fiquei na casa dele. Tem coisa que nós não temos, três esposas, por exemplo”, continuou, sob risadas.

Bolsonaro disse ainda que a riqueza deles não é só advinda do petróleo, como também de comércio, turismo e tecnologia.

“São riquíssimas [cidades dos Emirados Árabes] e procuram agradar as pessoas. Eu sou um cara que continuo com meu relojinho aqui, graças a Deus, continuo com ele”.

O ex-presidente desembarcou em Brasília na manhã desta quinta-feira (30) após uma temporada de 89 dias nos Estados Unidos. Do aeroporto, ele seguiu direto para a sede do PL onde encontrou correligionários e cumprimentou apoiadores.

Bolsonaro se defendeu da acusação de que teria se apropriado dos presentes oficiais, argumentando que todos já estavam cadastrados pela presidência da República.

“Quem classifica se é acervo pessoal ou público não sou eu. Tem um pessoal na presidência da República, são servidores de carreira que classificam. E na lei fala que eu posso até usar, não posso vender. Mas, como criou-se o problema, estou à disposição. E o TCU [Tribunal de Contas da União] disse por liminar que eu poderia ter a posse dessas joias. Depois foi julgada essa liminar na frente, ela caiu. Qual a decisão final? As joias foram entregues para a Caixa Econômica Federal e as duas joias foram entregues para a Polícia Federal”, afirmou o ex-presidente.

O ex-presidente depois afirmou que só ficou chateado por precisar devolver o “HK”, o fuzil que recebeu de presente, argumentando que é apaixonado por armas.

O retorno de Bolsonaro ao país acontece em meio à polêmica das joias vindas da Arábia Saudita, caso que vem provocando desgaste à imagem do ex-presidente, que também pode ser responsabilizado judicialmente.

Nesta quarta-feira (29), o ex-presidente e seu ex-ajudante de ordens, tenente-coronel Mauro Cid, foram intimados pela Polícia Federal a depor sobre o caso. Os depoimentos foram marcados para o dia 5 de abril.

Por meio de seus advogados, Bolsonaro entregou na sexta-feira (24) à Caixa Econômica Federal em Brasília parte das joias que recebeu de presente da Arábia Saudita em 2021. O kit inclui relógio, caneta, abotoaduras, anel e um tipo de rosário, todos da marca suíça de diamantes Chopard.

No mesmo dia, um kit de armas foi entregue à Polícia Federal, também por determinação do TCU.

O tribunal ainda determinou que o conjunto de joias e relógio avaliado em R$ 16,5 milhões que seria para a ex-primeira-dama, retido pela Receita no aeroporto de Guarulhos (SP) em 2021, também seja enviado à Caixa.

 

Fonte: Congresso em Foco/Fórum/FolhaPress

 

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