Quer
envelhecer bem? Confira o que incluir e tirar de seu prato
A perda
de massa muscular é um processo natural do corpo. Geralmente, ela começa entre
os 40 e tende a acelerar após a sexta década de vida. Esse fenômeno é conhecido
como sarcopenia e pode comprometer a mobilidade, a força e a qualidade de vida.
Existem
diversas estratégias para preservar a musculatura e retardar a condição. Entre
elas, a alimentação desempenha um papel essencial. Saiba o que incluir no
cardápio e o que evitar para manter a saúde muscular ao longo dos anos.
Segundo
Luciana Louzada, geriatra e diretora da Sociedade Brasileira de Geriatria e
Gerontologia de São Paulo, é esperado que se perca cerca de 10% de massa
muscular a cada década. Para minimizar esse impacto, a médica aponta alguns
macro e micronutrientes que devem compor o cardápio do dia a dia.
1.
Fique de olho nas proteínas
As
proteínas, velhas conhecidas de quem deseja manter ou ganhar massa muscular,
devem fazer parte das refeições (entre 1 g a 1,2 g por kg de peso por dia).
“A
qualidade das proteínas ingeridas também é muito importante. A leucina por
exemplo é um aminoácido importante para a prevenção da sarcopenia, por sua
capacidade de estimular a síntese proteica muscular ajudando a preservar a
massa muscular. Ela é um aminoácido essencial, que o corpo não consegue
produzir, sendo necessário obtê-la pela alimentação”, explica Luciana.
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Itens
ricos em leucina são:
• carnes (frango, carne bovina, peixe);
• ovos (especialmente a clara);
• laticínios (queijo, iogurte, leite);
• leguminosas (soja, lentilha, ervilha).
2. Não
se esqueça das vitaminas e minerais
Vitaminas
e minerais desempenham um papel importante na prevenção da sarcopenia, como a
vitamina C, D, E e as do complexo B. Antioxidantes como ácidos graxos ômega-3 e
o magnésio também são importantes.
“Assim,
a adoção de uma dieta variada e nutritiva, rica em frutas, vegetais,
leguminosas, gorduras saudáveis e antioxidantes, ajuda na preservação da função
muscular e na proteção contra a sarcopenia.”
3. Fuja
dos ultraprocessados
Por
outro lado, existem produtos que podem prejudicar a saúde muscular, piorar a
sarcopenia e por isso devem ser evitados. “O consumo excessivo de processados e
ultraprocessados, de comidas ricas em açúcares e gorduras saturadas e gorduras
trans pode contribuir para a inflamação crônica e agravar a sarcopenia”, aponta
a geriatra.
Segundo
o Guia Alimentar para a População Brasileira, são considerados alimentos
processados todo produto fabricado pela indústria e que teve a adição de
açúcar, sal ou outra substância para torná-lo mais agradável ao paladar. Isso
inclui extratos de tomate, frutas em calda ou cristalizadas, enlatados, entre
outros produtos.
A
recomendação de que o consumo desses produtos seja limitado é baseado no
argumento de que, embora eles mantenham a identidade básica e a maioria dos
nutrientes do alimento original, os ingredientes e métodos de processamento
podem alterar desfavoravelmente sua composição.
Já os
ultraprocessados são todos os alimentos que usam diversas etapas, técnicas de
processamento e muitos ingredientes (como sal, açúcar, óleos e gorduras e
substâncias sintetizadas em laboratórios e de uso exclusivamente industrial).
Uma
dica para identificar se um produto é ultraprocessado ou não é analisar o
rótulo: se ele tiver um número elevado de ingredientes e a presença de
substâncias pouco familiares, logo pertence à categoria, indica o Guia.
Ultraprocessados facilmente encontrados nas gôndolas de supermercados são:
• biscoitos recheados;
• macarrão instantâneos;
• temperos prontos;
• cereais matinais;
• sopas em pó;
• pós para refrescos;
• embutidos;
• lasanhas, pizzas, hambúrgueres e outros
alimentos congelados;
• salgadinhos de pacote;
• bebidas lácteas;
• energéticos;
• carnes empanadas.
Outros
cuidados para o envelhecimento saudável
Além de
cuidar da alimentação para evitar a perda muscular, é importante estar atento a
outros hábitos que contribuem para o envelhecimento saudável.
Isso
inclui evitar o sedentarismo e praticar exercícios de resistência. “Este tipo
de atividade ajuda a aumentar a massa muscular e a força, além de ajudar a
controlar condições de saúde”, explica a médica.
Em
alguns casos, a suplementação de aminoácidos, creatina e vitaminas pode ser
recomendada. No entanto, é essencial que seja feita sob orientação médica.
Doenças
crônicas, como diabetes e dislipidemia, também podem contribuir para o
desenvolvimento da sarcopenia e devem ser tratadas.
Por
fim, a detecção precoce da sarcopenia permite a implementação de intervenções
eficazes, retardando sua progressão e garantindo um envelhecimento mais
saudável, com independência e qualidade de vida.
• Estilo de vida afeta mais o
envelhecimento do que a genética, diz estudo
Um novo
estudo mostrou que o estilo de vida, como fumar ou manter uma rotina de
atividade física, pode ter um impacto maior na saúde e no envelhecimento do que
a genética. O trabalho, liderado por pesquisadores da Oxford Population Health,
foi publicado nesta quarta-feira (19) na revista médica Nature Medicine.
O
estudo foi feito usando dados de quase meio milhão de participantes do UK
Biobank, um grande banco de dados biológicos de longo prazo feito no Reino
Unido. Os pesquisadores avaliaram a influência de 164 fatores ambientais e
pontuações de risco genético para 22 doenças comuns no envelhecimento, além de
doenças relacionadas à idade e à morte prematura.
Segundo
o estudo, fatores ambientais (incluindo o estilo de vida) explicaram 17% da
variação no risco de morte, em comparação com menos de 2% explicados pela
predisposição genética. Dos 24 fatores ambientais identificados, o tabagismo,
status socioeconômico, atividade física e as condições de vida tiveram maior
impacto na mortalidade e no envelhecimento biológico.
O
tabagismo foi associado a 21 doenças, enquanto fatores socioeconômicos, como
renda familiar, propriedade de casa e situação de emprego, foram associados a
19 doenças. Já a falta de prática de atividade física foi associada a 17
doenças.
Outra
conclusão feita pelo estudo é que a exposição precoce a fatores de risco, como
tabagismo durante a gravidez e sobrepeso aos 10 anos, podem influenciar no
envelhecimento e no risco de morte prematura cerca de 30 a 80 anos depois.
“Nossa
pesquisa demonstra o profundo impacto na saúde das exposições que podem ser
alteradas por indivíduos ou por meio de políticas para melhorar as condições
socioeconômicas, reduzir o tabagismo ou promover a atividade física”, afirma
Cornelia van Duijn, professora de epidemiologia da St. Cross na Oxford
Population Health e autora sênior do artigo, em comunicado à imprensa.
“Embora
os genes desempenhem um papel fundamental nas condições cerebrais e em alguns
tipos de câncer, nossas descobertas destacam oportunidades para mitigar os
riscos de doenças crônicas do pulmão, coração e fígado, que são as principais
causas de incapacidade e morte em todo o mundo”, completa. “As exposições no
início da vida são particularmente importantes, pois mostram que os fatores
ambientais aceleram o envelhecimento no início da vida, mas deixam ampla
oportunidade para prevenir doenças duradouras e morte precoce.”
Os
pesquisadores utilizaram uma medida única de envelhecimento, com base nos
níveis de proteína no sangue, para monitorar a rapidez com que as pessoas estão
envelhecendo. Isso permitiu que eles vinculassem exposições ambientais que
preveem mortalidade precoce com envelhecimento biológico.
“Nossa
abordagem nos permitiu quantificar as contribuições relativas do ambiente e da
genética para o envelhecimento, fornecendo a visão geral mais abrangente até o
momento dos fatores ambientais e de estilo de vida que impulsionam o
envelhecimento e a morte prematura. Essas descobertas ressaltam os benefícios
potenciais de focar intervenções em nossos ambientes, contextos socioeconômicos
e comportamentos para a prevenção de muitas doenças relacionadas à idade e
morte prematura”, avalia Austin Argentieri, autor principal do estudo na Oxford
Population Health and Research Fellow no Massachusetts General Hospital.
“Há
muito tempo sabemos que fatores de risco como fumar impactam nossa saúde
cardíaca e circulatória, mas esta nova pesquisa enfatiza o quão grande é a
oportunidade de influenciar nossas chances de desenvolver problemas de saúde,
incluindo doenças cardiovasculares, e morrer prematuramente. Precisamos
urgentemente de uma ação ousada do Governo para atingir as barreiras superáveis
à boa saúde que muitas pessoas no Reino Unido estão enfrentando”, acrescenta
Bryan Williams, diretor científico e médico da British Heart Foundation.
Fonte:
CNN Brasil
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