Jair de Souza: A insuperável podridão das
classes dominantes ocidentais
Desde que a história dos seres humanos
começou a ser retratada com base em estudos amparados em dados confiáveis,
as classes dominantes de origem europeia vêm despontando como o que de mais
sórdido e nefasto a humanidade já gerou.
Não pretendo de modo algum dar a entender que
as elites de poder dos povos não ocidentais se caracterizam por sua pureza e
bondade. Esta, absolutamente, não é minha intenção.
O que estou procurando destacar é o
insuperável nível de crueldade e insensibilidade daqueles que têm estado no
comando das rédeas das nações de extração europeia, em contraposição ao que
ocorre em todos os demais grupos humanos.
Inegavelmente, em todas as oportunidades em
que forças vindas de outras partes avançaram sobre regiões já habitadas por
outros grupos humanos, os resultados sempre foram de fortes sofrimentos para os
povos subjugados.
Contudo, as desgraças provocadas pela
expansão ocidental ao redor do planeta ultrapassam em muito toda a perversidade
que temos conhecimento de ter sido praticada ao longo da história.
Tão somente com um breve repasso da presença
usurpadora das forças do Império Romano naquele lugar que hoje denominamos de
Oriente Médio, ficam evidentes as marcas deste desrespeito ao direito de os
povos continuarem vivendo nos territórios que tradicionalmente já ocupam há
muito tempo.
Estamos nos referindo exatamente àquela
região associada à figura de Jesus, cujos nome e simbolismo costumamos
respeitar e valorizar.
Por que as legiões de um Império sediado na
Europa Ocidental deveriam comandar os destinos de terras localizadas em outro
continente e habitadas por povos que nada tinham de europeus?
A resposta a esta indagação nos remete aos
primórdios do conceito que atualmente designamos como colonialismo. Assim, a
grosso modo, podemos estabelecer nesta etapa os marcos iniciais do
expansionismo europeu, que nos afeta negativamente até os dias atuais.
Convém recordar que, para exercer seu domínio
sobre aquelas pessoas que nada tinham a ver com a etnia e a cultura romanas, as
forças colonialistas se aliaram aos setores das classes dominantes locais.
Estas, por sua vez, recorriam à manipulação da religião para garantir a
manutenção de seus privilégios.
Devemos ter sempre em conta que as práticas
de Jesus representavam uma luta ferrenha em favor das classes mais humildes,
com o propósito de ajudá-las a sair do estado de penúria em que eram forçadas a
viver.
Assim, é também de muita relevância que não
nos esqueçamos do fato de que ele foi preso e executado por soldados ocupantes
romanos por orientação dos líderes religiosos locais de então.
Isto explica a razão pela qual a adesão a
suas pregações tenha surgido e se desenvolvido inicialmente entre as massas de
gente humilde, e não entre as camadas ricas e poderosas.
Por então, seus seguidores tinham de se
reunir às escondidas, para fugir das perseguições das autoridades romanas e dos
líderes do judaísmo oficial.
A partir das experiências desenvolvidas nessa
etapa inicial, as classes dominantes romanas aprimoraram sua destreza em
manipular os conceitos e as palavras para, desta maneira, usá-los em favor de
suas ambições e seu egoísmo.
Tanto assim que foram capazes de se apoderar
do legado de Jesus, de modo a atribuir-lhe um significado diametralmente oposto
ao de seus propósitos originais.
Como já expusemos mais acima, a pregação do
Nazareno se caracterizava por seu desejo de defender as causas dos setores
sociais mais carentes e explorados.
Entretanto, os representantes dos interesses
imperiais e colonialistas das classes dominantes ocidentais se dedicaram a
falsificá-lo e deturpá-lo com o objetivo de torná-lo um poderoso instrumento
para reforçar sua hegemonia sobre as massas populares e para facilitar sua
devastadora expansão sobre todas as demais nações de todos os outros
continentes.
Foi assim que, apesar de que seu intuito
original era atender e socorrer os mais necessitados, a figura de Jesus foi
alvo de um monstruoso processo de manipulação.
Com isto, produziu-se uma completa
metamorfose, da qual surgiu uma ideologia político-religiosa que desempenharia
um papel fundamental na expansão do colonialismo europeu: o cristianismo.
Desta forma, o cristianismo se tornou uma
portentosa arma destinada a subjugar e exterminar povos e nações ao redor do
mundo, com vista a fazer prevalecer os interesses materiais do colonialismo
ocidental.
Portanto, é muito importante que tenhamos em
mente que essa religião, criada e impulsionada pelas classes dominantes
ocidentais, nada tem a ver com aquele de cujo nome ela se aproveita.
Na verdade, o que se consolidou desde sua
elevação à categoria de religião oficial do Império não foram as pregações e os
ensinamentos daquele que perambulava entre os setores populares da Palestina de
seu tempo, senão que sua desvirtuação completa, com a perda das bases
humanitárias que lhe serviam de sustentação.
Foi com base nesta ideologia inteiramente
contrária ao legado de Jesus, mas recorrendo fraudulentamente a seu nome, que
as classes dominantes ocidentais se lançaram à empreitada que veio a
representar o maior morticínio já causado entre os seres humanos por outros
seres humanos.
Em decorrência, nas Américas, na África, na
Ásia e na Oceania, as classes dominantes da Europa Ocidental assassinaram
milhões e milhões de pessoas, exterminando quase que por completo inúmeros
povos, nações e culturas, em genocídios de proporções inimagináveis.
Embora a presença do flagelo da escravidão
possa ser detectada em várias situações há muito tempo, tão somente as classes
dominantes europeias a transformaram num modo de produção aplicado de forma
generalizada para fins de obtenção regular de lucros comerciais.
Decididamente, a estruturação da economia com
base no trabalho escravo é mais uma das criações desses que gostam de se
apresentar como o símbolo do melhor da humanidade.
No entanto, a perversidade das classes
dominantes do chamado mundo ocidental estava longe de se haver esgotado após a
consecução dos abomináveis crimes de genocídio levados a cabo nessa fase em que
predominaram o colonialismo e a escravidão. Ainda havia muito ódio e ignomínia
a demonstrar.
E as classes dominantes de extração europeia
se esmeraram para provar que eram capazes de se superarem, como de fato o
fizeram. Entre as outras obras primas das classes dominantes ocidentais de
origem europeia podemos citar o apartheid, o nazismo e o
sionismo.
O apartheid, que desgraçou a
vida de milhões de africanos, foi levado à África por iniciativa das classes
dominantes holandesas. Em seu afã de se apropriar das riquezas do continente africano
e abusar da exploração da mão de obra de seus habitantes autóctones, os
colonizadores europeus edificaram um dos sistemas mais horripilantes de
discriminação de cunho racial.
Foram necessárias várias décadas de luta e
sofrimento para que esse produto da maldade pudesse ser derrubado. Mesmo assim,
seus efeitos maléficos se estendem até nossos dias.
Já o nazismo é um genuíno fruto dos que
gostam de ser tomados como o suprassumo da civilização europeia e, devido a
isto, de toda a humanidade: as classes dominantes germânicas.
Com o nazismo, os grandes capitalistas
alemães e de várias outras nações europeias deixaram evidente que não há
limites para a prática de atrocidades contra outros seres humanos.
No intuito de combater os possíveis riscos
para a manutenção de seu domínio social, os paladinos da defesa dos interesses
do grande capital na Alemanha e em outros países da Europa não hesitaram em
desenvolver as técnicas para causar a morte e o sofrimento em escala
industrial.
Os campos de concentração e os fornos da
morte do nazismo também foram gerados por mentores das classes dominantes
ocidentais de pura cepa europeia.
E, quase que como uma síntese cumulativa de
todas as perversões gestadas por iniciativa das classes dominantes europeias,
temos atualmente o sionismo. Esta ideologia a serviço do grande capital também
é cem por cento de origem europeia, sem ter absolutamente nada a ver com os
antigos povos hebraicos que habitavam a região do Oriente Médio no passado.
O sionismo é algo equivalente ao nazismo, com
a diferença básica de ter sido propulsionado por ideólogos europeus com
vinculações pretéritas a gente que professava o judaísmo.
O sionismo incorpora em sua essência o
espírito do colonialismo, do apartheid e, em consequência, do
nazismo.
Suas maiores vítimas diretas são os povos que
já habitavam a região da Palestina há milênios, os quais têm sofrido um intenso
processo de perseguição, usurpação e extermínio, que visa instalar em suas
terras os colonos europeus e seus descendentes, que foram para lá conduzidos
pelos movimentos sionistas formados na Europa.
A crueldade praticada contra a indefesa
população palestina pelas forças militares e paramilitares a serviço do
sionismo europeu não deixa margem para dúvidas de que os sionistas assimilaram
à plenitude a podridão produzida pelas classes dominantes ocidentais ao longo
dos séculos.
Porém, é muito importante que não nos
deixemos levar por uma falsa percepção. Os grandes inimigos da humanidade não
são os povos europeus, e sim suas classes dominantes.
As massas populares dos países da Europa são,
na verdade, importantes aliados de suas contrapartes dos países periféricos. Os
movimentos e partidos dos trabalhadores europeus, assim como seus teóricos,
deram contribuições inestimáveis em favor dos processos de emancipação das
classes trabalhadoras do mundo inteiro. Com eles, aprendemos a valorizar o
sentimento do internacionalismo proletário e a busca pela unidade dos povos.
Por isso, é muito gratificante constatar que
as lutas dos povos vítimas do colonialismo e imperialismo originados nos
centros oligarcas do Ocidente têm contado com o apoio resoluto de movimentos de
massas populares nos países europeus, assim como nos Estados Unidos. Isto se
mostra ainda mais evidente nos cruciais momentos que estamos atravessando.
Em protesto contra o genocídio que as forças
armadas do sionista Estado de Israel estão cometendo contra o povo palestino,
estão ocorrendo amplas mobilizações de massas nas principais cidades da Europa.
E ainda mais reconfortante é constatar uma
nutrida e intensa participação nas mesmas de pessoas de ascendência judaica, o
que ajuda a corroborar a compreensão de que judaísmo e sionismo não são para
nada equivalentes.
Para que não subsista nenhuma incompreensão,
ser judeu e ser sionista são coisas muito diferentes.
Assim como não podemos estender a pecha de
nazista ao conjunto dos alemães, o termo sionista não pode de maneira nenhuma
ser empregado para designar a todos os que se identificam como judeus.
Em resumo, tudo o que expusemos nas linhas
anteriores tem por objetivo ressaltar a compreensão de que todos os povos do
mundo podem e devem viver em solidariedade e harmonia.
Os verdadeiros responsáveis pelas guerras e
outras desavenças entre os grupos humanos costumam ser suas classes dominantes,
ou seja, aqueles setores que vivem à custa da exploração do trabalho dos
restantes.
Dentre os exploradores, os que mais têm se
destacado negativamente ao longo do tempo são as oligarquias formadas nas
nações ocidentais.
Embora estas pretendam atribuir-se a
qualificação de modelo exemplar a ser seguido por todas as demais, representam
de fato a podridão maior já atingida pela humanidade.
Fonte: Viomundo
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