Entenda os principais episódios da última
semana e seus efeitos pelo mundo, após tarifaço de Trump
A
última semana foi bastante agitada para os mercados financeiros e o comércio
global, após o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, declarar o "Dia da
Libertação" americana na quarta-feira, 2 de abril.
O dia
marcou o início de uma série de novas taxas de importação e o detalhamento das
chamadas "tarifas recíprocas" — um conjunto de tarifas contra mais de
180 países que, segundo Trump,
"libertariam" os EUA de produtos estrangeiros.
A
decisão de Trump fez as bolsas de valores ao redor do mundo despencarem, devido
ao receio de que sua agenda protecionista possa causar
um aumento nos preços e nas taxas de juros nos EUA, afetando a economia
global.
- 🔍 A agenda
protecionista de Trump visa favorecer e priorizar a economia doméstica dos
EUA, limitando a concorrência estrangeira. Por isso, ele decidiu aumentar
as taxas de importação de produtos estrangeiros, incentivando a indústria
americana.
Diversos
países reagiram ao anúncio de Trump, prometendo retaliações com novas tarifas e
orientando suas empresas a suspenderem investimentos nos EUA. A situação causou
pânico nos mercados, que esperam uma guerra comercial generalizada entre
grandes economias.
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O tarifaço no ‘Dia da Libertação’
Na
quarta-feira (2), Trump detalhou a aplicação das "tarifas recíprocas"
— um conjunto de taxas para mais de 180 países, com taxas que variam de 10% a
50% e que passam a valer deste sábado (5) até o dia 9.
O
republicano chamou a data de "Dia da Libertação" dos EUA, afirmando
que seria "para sempre lembrada como o dia em que a indústria americana
renasceu e o destino da América foi recuperado".
❓ Por que isso é importante?
As
tarifas recíprocas anunciadas por Trump se somam a uma série de outras taxas de
importação já impostas pelos EUA e podem acabar alterando a dinâmica do
comércio internacional.
Tarifas
maiores sobre produtos que chegam aos EUA devem encarecer os próprios produtos
e insumos para bens e serviços no país. Especialistas avaliam também que esse
encarecimento deve pressionar a inflação e diminuir o consumo, o que pode
provocar uma desaceleração ou até recessão da atividade econômica da maior
economia do mundo
Além
disso, as taxas forçam países que já têm algum relacionamento com os EUA a
buscarem novos parceiros. Em comunicado, a Organização Mundial do Comércio
(OMC) estimou que as tarifas de Trump devem reduzir os negócios globais em 1% em
2025.
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As reações pelo mundo
A
decisão de Trump causou uma onda de reações pelo mundo, com diversos países
rechaçando as novas tarifas e prometendo suas próprias contramedidas.
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Veja algumas das reações:
- Reino
Unido: o
secretário de comércio, Jonathan Reynolds afirmou que o país é um
"aliado próximo" dos EUA e que focará seus esforços em fazer um
acordo para mitigar os efeitos das novas tarifas.
- França: o presidente
francês, Emmanuel Macron, já havia afirmado que as tarifas "não eram
coerentes" e que significariam "quebrar cadeias de valor, criar
inflação e destruir empregos". Após o anúncio da tarifa, o presidente
francês pediu que empresas europeias suspendam os investimentos
planejados nos
Estados Unidos.
- União Europeia: a
presidente da Comissão Europeia, Ursula Von der Leyen, disse que via a
política comercial de Trump como um passo na direção errada e que tinha um
"plano forte" para retaliar Washington. "Não queremos
necessariamente retaliar. Mas se for necessário, temos um plano forte para
retaliar e o usaremos", afirmou,
- China: o governo
chinês afirmou que as tarifas prejudicariam o sistema de comércio global e
na sexta-feira (4) já anunciou tarifas de 34% (a mesma
taxa que Trump disse que cobraria) aos produtos importados dos Estados
Unidos. A nova taxa passa a valer na próxima quinta-feira (10).
➡️ E o Brasil?
Trump
afirmou que os EUA passaram a cobrar 10% de todas as
importações do Brasil, como parte do decreto que estabelece as tarifas
recíprocas. A decisão repercutiu no Congresso Nacional: parlamentares
criticaram a medida, alertaram para impactos ao setor produtivo e defenderam
reação coordenada do governo brasileiro.
Na
véspera do anúncio, o Senado Federal aprovou um projeto que cria a chamada Lei da Reciprocidade
Econômica.
A proposta permite que governo brasileiro retalie países que imponham barreiras
comerciais aos seus produtos, inclusive por meio da suspensão de concessões
comerciais e de direitos de propriedade intelectual.
O texto
teve apoio amplo no Congresso e no governo federal, e é uma resposta direta às
declarações de Trump, que citou explicitamente o Brasil como exemplo de país
que será alvo de novas tarifas.
❓ Por que isso é importante?
O
aumento da tensão é mais um passo na direção de uma possível guerra comercial.
No caso do Brasil, isso pode resultar em um impacto significativo na balança
comercial — chegando ao fim à cotação do dólar, e à inflação.
Os EUA
são o segundo maior parceiro comercial do Brasil. Como o g1 já mostrou, essa troca de
tarifas pode impactar diretamente setores específicos — como o etanol e outros
produtos agrícolas —, reduzir a compra e venda de produtos entre os países, e
forçar o Brasil a estreitar relações com outros parceiros comerciais.
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Os impactos nos mercados financeiros
A
imposição de tarifas por parte de Trump também causou reações nos mercados
financeiros globais, com uma queda generalizada de bolsas de
valores pelo mundo e avanços expressivos do dólar.
A
imposição de tarifas por Trump também causou reações no mercado
financeiro, com uma queda generalizada das bolsas
de valores.
Na
sexta-feira, os principais índices acionários da Ásia e da Europa encerraram em
forte queda, em repercussão ao "tarifaço". As bolsas dos EUA derretem
10% na semana e perderam US$ 6 trilhões em valor de mercado em apenas dois
dias.
Por
aqui, o dólar subiu mais de 3% na
sexta-feira e
encerrou cotado a R$ 5,83, no maior valor em quase um mês. O Ibovespa,
principal índice acionário da bolsa de valores brasileira, fechou com queda de 2,96%, aos 127.256
pontos.
❓ Por que isso aconteceu?
O
principal motivo dessa movimentação nos mercados é a cautela dos investidores
quanto aos efeitos das novas tarifas de Trump na economia global.
Há
temores de que as tarifas impostas pelos EUA aumentem os preços dos produtos e
insumos que chegam ao país, o que pode elevar a inflação local para o
consumidor. Com isso, a expectativa é de que o Federal Reserve (Fed, o banco
central dos EUA) precise iniciar um novo ciclo de alta de juros.
A
situação pode resultar em uma redução do consumo e uma desaceleração econômica,
com o receio de que, em um cenário prolongado, haja um período de recessão
econômica no país.
Além
disso, há preocupações sobre o impacto desse ambiente de pressão inflacionária
e juros elevados em outros países, potencialmente levando a uma desaceleração
global.
No
mercado financeiro, quanto maior a preocupação e a cautela dos investidores,
maior a tendência de optar por ativos de menor risco — como o dólar,
considerado uma das moedas mais seguras do mundo —, evitando países emergentes
e investimentos em bolsas de valores.
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Bolsas da Ásia e da
Europa despencaram nesta segunda após Wall Street derreter na sexta
As
ações da Ásia e da Europa despencaram na abertura do mercado desta
segunda-feira (7), no horário local - noite do domingo (6) em Brasília. O
resultado vem após o derretimento de Wall Street na
última sexta (4),
causado pela reação chinesa ao tarifaço imposto
por Donald Trump.
📉 Veja o desempenho das
principais bolsas asiáticas:
- O índice
CSI300 (.CSI300), que reúne as principais ações de grandes empresas
da China, caiu mais de 5%, com vendas em praticamente todos os setores.
O yuan chinês (CNY=CFXS) recuou para seu menor nível desde
janeiro, enquanto os títulos públicos se valorizaram fortemente.
- O índice
Nikkei 225 de Tóquio perdeu quase 8% logo após a abertura do mercado.
Uma hora depois, caía 7,1%, a 31.375,71 pontos.
- O Kospi da
Coreia do Sul perdeu 5,5%, indo para 2.328,52.
- O S&P/ASX
200 da Austrália despencou 6,3%, a 7.184,70 pontos.
O mercado
futuro dos Estados Unidos também sinalizou fraqueza. O futuro do S&P
500 caiu 4,2%, enquanto o do Dow Jones Industrial Average perdeu 3,5%. O Nasdaq
caiu 5,3%.
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Na Europa, as ações despencaram para o menor índice em 16 meses. O índice
pan-europeu STOXX 600 caiu 5,8% às 04h22 (horário de Brasília), após registrar
na sexta-feira a sua maior queda percentual diária desde a pandemia de Covid-19.
O
índice de referência da Alemanha caiu 6,6%, sendo um dos mais afetados, com o
Commerzbank e o Deutsche Bank perdendo 10,7% e 10%, respectivamente.
Os
preços do petróleo também afundaram: o petróleo bruto de referência dos EUA
caiu 4%, ou US$ 2,50, para US$ 59,49 por barril. O Brent, referência
internacional, cedeu US$ 2,25, ficando em US$ 63,33 o barril.
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Movimento nas moedas
O dólar
americano caiu para 145,98 ienes japoneses, ante 146,94. A moeda japonesa é
frequentemente vista como um porto seguro em tempos de turbulência.
O euro
subiu para US$ 1,0967, ante US$ 1,0962.
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Crise em Wall Street
Na
sexta-feira (4), a pior crise de Wall Street desde a Covid entrou em uma nova
fase. O S&P 500 despencou 6%, o Dow caiu 5,5% e o Nasdaq recuou 5,8%.
Em Wall
Street, ações de empresas com forte presença na China registraram algumas das
maiores quedas.
A
DuPont caiu 12,7% depois que a China anunciou uma investigação antitruste
contra a subsidiária DuPont China Group. É uma das várias medidas mirando
empresas americanas em retaliação às tarifas dos EUA.
A GE
Healthcare, que obteve 12% de sua receita no ano passado na região da China,
caiu 16%.=
No
mercado de títulos, os rendimentos dos Treasuries caíram, mas reduziram as
perdas após as declarações cautelosas de Powell sobre a inflação. O rendimento
do título do Tesouro de 10 anos caiu para 4,01%, ante 4,06% na tarde de
quinta-feira e cerca de 4,80% no início do ano. Chegou a cair abaixo de 3,90%
pela manhã.
As
perdas vieram após a China reagir ao grande aumento de tarifas de Trump
anunciado na semana anterior, elevando as apostas em uma guerra comercial que
pode terminar em uma recessão global. Nem mesmo um relatório melhor do que o
esperado sobre o mercado de trabalho dos EUA, normalmente o destaque econômico
do mês, conseguiu frear a queda.
Até
agora, houve poucos ou nenhum vencedor nos mercados financeiros com a guerra
comercial. As ações de 486 das 500 empresas do S&P 500 caíram na
sexta-feira. O S&P 500 está 17,4% abaixo do recorde registrado em
fevereiro.
A
resposta da China às tarifas dos EUA causou uma aceleração imediata das perdas
nos mercados ao redor do mundo. O Ministério do Comércio de Pequim anunciou que
responderia às tarifas de 34% impostas pelos EUA sobre importações da China com
sua própria tarifa de 34% sobre todos os produtos dos EUA a partir de 10 de
abril, entre outras medidas.
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Trump não está incomodado
Trump
parecia despreocupado. De Mar-a-Lago, seu clube particular na Flórida, ele foi
ao seu campo de golfe a poucos quilômetros de distância após escrever nas redes
sociais: “Esse é um ótimo momento para ficar rico".
Mais
cedo neste domingo (6), o presidente dos EUA postou na
sua rede social Truth Social que as tarifas 'já estão trazendo dezenas de
bilhões de dólares' para o país e que 'são uma coisa linda de se ver'.
Segundo ele, as tarifas seriam a única maneira de curar os déficits financeiros
com a China, a União Europeia e outros países.
"Temos
enormes déficits financeiros com a China, a União Europeia e muitos outros. A
única maneira de curar esse problema é com TARIFAS, que agora estão trazendo
dezenas de bilhões de dólares para os EUA. Elas já estão em vigor e são uma
coisa linda de se ver. O superávit com esses países cresceu durante a
"presidência" do sonolento Joe Biden. Vamos reverter isso, e reverter
RAPIDAMENTE. Algum dia as pessoas perceberão que as tarifas, para os Estados
Unidos da América, são uma coisa muito linda!'", escreveu o, presidente.
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Trump chama tarifas de 'remédio' e diz que países terão
que pagar 'muito dinheiro' para suspensão
O
presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, disse que os países terão que pagar
"muito dinheiro" para que tarifas sejam suspensas. Ele também
caracterizou os encargos como um "remédio".
Falando
a repórteres a bordo do Air Force One no domingo (6), Trump indicou que não
estava preocupado com as perdas que já apagaram trilhões de dólares em valor
dos mercados acionários ao redor do mundo.
"Eu
não quero que nada caia. Mas, às vezes, é preciso tomar um remédio para
consertar algo", disse ele ao retornar de um fim de semana de golfe na
Flórida.
Trump
disse que conversou com líderes da Europa e da Ásia durante o fim de semana,
que esperam convencê-lo a reduzir as tarifas, que podem chegar a até 50% e
devem entrar em vigor nesta semana.
"Eles
estão vindo para a mesa. Querem conversar, mas não há conversa a menos que nos
paguem muito dinheiro anualmente", afirmou Trump.
O
anúncio das tarifas por Trump na semana passada abalou economias ao redor do
globo, provocando tarifas retaliatórias da China e alimentando temores de uma
guerra comercial global e uma recessão.
As
ações asiáticas registraram fortes perdas nas negociações iniciais, e os
futuros das bolsas americanas abriram em queda acentuada, à medida que os
investidores manifestaram preocupação de que as tarifas de Trump possam levar a
preços mais altos, demanda mais fraca, menor confiança e, potencialmente, a uma
recessão global.
Investidores
e líderes políticos têm dificuldades para saber se as tarifas de Trump vieram
para ficar, se são parte de um novo regime permanente ou apenas uma tática de
negociação para obter concessões de outros países.
Nos
programas de entrevistas de domingo pela manhã, os principais assessores
econômicos de Trump tentaram apresentar as tarifas como uma reconfiguração
inteligente da posição dos EUA na ordem comercial global.
O
secretário do Tesouro, Scott Bessent, afirmou que mais de 50 países iniciaram
negociações com os EUA desde o anúncio da última quarta-feira. O secretário de
Comércio, Howard Lutnick, disse no programa Face the Nation, da CBS News, que
as tarifas permanecerão em vigor "por dias e semanas".
O
Japão, um dos aliados mais próximos de Washington na Ásia, é um dos países que
esperam conseguir algum acordo, mas seu líder, Shigeru Ishiba, disse na
segunda-feira que os resultados "não virão da noite para o dia".
Os
investidores, no entanto, não estão esperando.
Enquanto
Ishiba falava no parlamento, o índice Nikkei de Tóquio (.N225) despencava para
o nível mais baixo em um ano e meio, liderado pelas ações dos bancos do país —
alguns dos maiores credores em ativos do mundo — que já perderam quase um
quarto de seu valor de mercado nos últimos três dias de negociação.
A
liquidação ampla do mercado vista nesta segunda-feira ocorre à medida que os
investidores apostam que o crescente risco de recessão pode levar o Federal
Reserve a cortar as taxas de juros já em maio.
O
assessor econômico da Casa Branca, Kevin Hassett, tentou acalmar os temores de
que as tarifas fossem parte de uma estratégia para pressionar o Fed a reduzir
as taxas de juros, dizendo que não haverá "coerção política" sobre o
banco central.
Economistas
do JPMorgan agora estimam que as tarifas resultarão em uma queda de 0,3% no PIB
anual dos EUA, em comparação com uma estimativa anterior de crescimento de
1,3%, e que a taxa de desemprego subirá de 4,2% para 5,3%.
O
bilionário gestor de fundos Bill Ackman, que apoiou a candidatura de Trump à
presidência, disse que Trump está perdendo a confiança dos líderes empresariais
e alertou para um "inverno nuclear econômico" a menos que ele dê uma
pausa.
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Negociações sobre tarifas
Agentes
alfandegários dos EUA começaram a cobrar a tarifa unilateral de 10% de Trump
sobre todas as importações de muitos países no sábado. Tarifas
"recíprocas" mais altas, variando de 11% a 50%, para países
específicos, devem entrar em vigor na quarta-feira, às 12h01 (horário de Nova
York) / 4h01 GMT.
Alguns
governos já sinalizaram disposição para negociar com os EUA e evitar os
encargos.
O
presidente de Taiwan, Lai Ching-te, ofereceu no domingo tarifas zero como base
para negociações com os EUA, comprometendo-se a remover barreiras comerciais e
dizendo que as empresas taiwanesas aumentarão seus investimentos nos Estados
Unidos.
O
primeiro-ministro israelense Benjamin Netanyahu disse que buscará isenção de
uma tarifa de 17% sobre os produtos do país durante uma reunião planejada com
Trump nesta segunda-feira.
Um
funcionário do governo indiano disse à Reuters que o país não pretende retaliar
contra uma tarifa de 26% e que as conversas com os EUA sobre um possível acordo
já estão em andamento.
Na
Itália, a primeira-ministra Giorgia Meloni — aliada de Trump — prometeu no
domingo proteger as empresas que sofrerem com os danos causados por uma tarifa
planejada de 20% sobre produtos da União Europeia.
Produtores
de vinho italianos e importadores americanos presentes em uma feira de vinhos
em Verona no domingo disseram que os negócios já desaceleraram e temem danos
mais duradouros.
O líder
vietnamita To Lam concordou, em uma ligação telefônica com Trump na
sexta-feira, em discutir um acordo para remover as tarifas, após o centro
industrial do Sudeste Asiático ter sido atingido com algumas das taxas mais
altas do mundo.
Trump
chamou a conversa de "muito produtiva".
Fonte: g1/Reuters

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