Três anos de
privatização da Refinaria Mataripe - a Bahia paga o preço
Em 1º/12, a
Refinaria Mataripe completou três anos sob gestão privada da Acelen, marcando a
saída definitiva da Petrobras do setor de refino na Bahia. A data simboliza o
início de uma realidade marcada por preços altos e precarização das relações de
trabalho, com impactos diretos sobre a economia local e a vida dos baianos.
A saída da
Petrobras do refino baiano foi denunciada pelo movimento sindical como um
retrocesso estratégico para a soberania energética do Brasil e um golpe no
desenvolvimento regional. Na época, o SindipetroBA, junto à FUP e demais
entidades alertaram que a privatização, além de ter sido negociada cerca de 50%
abaixo ao seu valor de mercado, corria sério risco de criar um monopólio
privado na produção de combustíveis no estado, levando ao aumento de preços e à
perda de emprego e renda. Três anos depois, os números confirmam essas
previsões, evidenciando que os interesses da população foram subjugados aos
lucros do capital estrangeiro.
Desde que a
Refinaria deixou o Sistema Petrobras, a Bahia vem enfrentando um aumento no
preço dos combustíveis. Antes, os valores praticados no estado seguiam próximos
à média nacional. Em novembro de 2021, por exemplo, a gasolina na Bahia custava
R$ 6,75, enquanto a média nacional era de R$ 6,74. Com a venda da RLAM, esse
equilíbrio foi rompido. Segundo levantamento do INEEP, com base nos dados da
ANP, entre 2021 e 2024, enquanto o preço médio da gasolina no Brasil ficou em
R$ 5,81 por litro, na Bahia o preço saltou para R$ 6,05, uma diferença de 4,1%.
O diesel seguiu a mesma tendência: enquanto o preço médio nacional foi de R$
5,78 por litro no período, na Bahia o valor subiu para R$ 5,84.
Mas o caso mais
alarmante é do gás de cozinha, essencial para o consumo das famílias. Sob
administração da Petrobras, o preço médio do GLP na Bahia era mais baixo que a
média nacional. Após a privatização, a situação se inverteu. Atualmente, a
Bahia ostenta o botijão de gás mais caro do Nordeste, com um preço médio de R$
115,13 em outubro (em algumas regiões, o botijão está sendo vendido a R$
135,00) contra R$ 106,57 da média nacional.
Além do impacto nos
preços, a privatização também tem um efeito na arrecadação de impostos. O Fator
de Utilização (FUT) da refinaria, que durante a gestão da Petrobras já esteve
próximo de 90%, caiu para apenas 63% sob administração privada. Essa redução
tem impacto direto na arrecadação de ICMS, que diminuiu cerca de R$ 500 milhões
por mês. A Refinaria, que era responsável por 27% do ICMS arrecadado no estado,
agora gera uma contribuição muito inferior, comprometendo investimentos nos
serviços públicos do Estado.
O impacto também é
sentido no mercado de trabalho. Desde 2021, o setor de petróleo e gás no estado
perdeu centenas de empregos diretos e indiretos. O desmonte causado pela
privatização não é apenas econômico, mas também social, com a retirada de
oportunidades locais e a transferência dos benefícios gerados pela atividade
para fora do estado.
A justificativa de
que a privatização traria maior eficiência e preços competitivos não se
concretizou. Pelo contrário, o que vemos é a ampliação das margens de lucro
para a Acelen à custa do consumidor final, sobretudo em um estado que já
enfrenta desafios estruturais significativos.
A privatização da
Refinaria Mataripe deve servir de alerta para todo o país. A experiência da
Bahia mostra que, longe de promover a competitividade, que equilibra mercados e
diminui preços, a entrega de ativos estratégicos a empresas privadas pode
aprofundar desigualdades regionais e onerar ainda mais a população local. Três
anos depois, é necessário perguntar: quem realmente saiu ganhando com essa
transação?
Enquanto o mercado
celebra o suposto sucesso da privatização, os baianos seguem pagando a conta –
com empregos perdidos e o combustível mais caro do Nordeste. A história da
Refinaria Mataripe é um lembrete de que o desmonte de empresas estratégicas têm
consequências reais e profundas para o povo baiano. É preciso reverter essa
realidade.
¨ Governo tem 9.2 bi para construção da ponte
Salvador-Itaparica, diz Angelo
O secretário de
Desenvolvimento Econômico da Bahia (SDE), Angelo Almeida, conversou com a
imprensa na tarde deste sábado (14), sobre a construção da ponte
Salvador-Itaparica. Na última quinta-feira (12), a Comissão de Assuntos
Econômicos do (CAE), do Senado Federal, aprovou a assinatura de um contrato de
empréstimo de 150 milhões de dolares do Governo da Bahia para construção obra
da ponte.
De acordo com
Angelo, o Estado tem mais de 9 bilhões em caixa para assegurados para obra.
“A ponte total foi
aprovada no Conselho. A minuta seguiu para o TSE validar a minuta do
reequilíbrio do contrato. Após a licitação anterior que o consórcio chinês
ganhou muitas alterações, uma pandemia, e aí houve necessidade de reequilíbrio.
Isso aí foi feito depois de muito diálogo, de muito entendimento, de consultas.
Graças a Deus superamos isso. Então, tem 9 bilhões e 200 milhões
aproximadamente já assegurados para garantir a sustentabilidade do projeto da
ponte. Então, a ponte está garantida”, afirmou o titular da SDE.
Ainda de acordo com
o secretário Angelo Almeida, a expectativa de operários trabalhando na
construção da ponte é para o segundo semestre do próximo ano.
“Vamos aguardar
agora que a terceira balsa vá para a Baía de Todos os Santos. Mais de 50% das
fundagens já estão prontas, com a terceira vai avançar esse processo. E, com fé
em Deus, a expectativa do governador Jerônimo é que a partir do início do
segundo semestre de 2025 já tenhamos homens trabalhando e a ponte sendo
construída com o prazo de finalizar em 5 anos”, explicou Angelo.
¨ Comissão aprova autorização de empréstimos para
Prefeitura de Salvador e governo da Bahia no total de R$ 1 bilhão
Na última reunião
da Comissão de Assuntos Econômicos (CAE) do Senado neste ano de 204, foram
aprovadas duas mensagens da Presidência da República com garantia a empréstimos
destinados a programas geridos pelo governo da Bahia e pela Prefeitura de
Salvador. Ao total, a autorização dada pelo governo e aprovada na comissão
envolvem um total de US$ 167 milhões para financiar os programas, ou mais de R$
1 bilhão pela conversão desta terça-feira (17).
A primeira mensagem
aprovada pelos membros da CAE forneceu garantias para um empréstimo de US$ 125
milhões da Corporação Andina de Fomento (CAF) à cidade de Salvador. Segundo o
texto do relator, senador Angelo Coronel (PSD-BA), os recursos destinam-se ao
financiamento do Programa de Inclusão Social e Territorial (PIST).
O Programa de
Inclusão Social e Territorial da Prefeitura da capital baiana, que será
beneficiada com o empréstimo, tem a expectativa de atender mais de 900 mil
pessoas, entre moradores e turistas, com soluções de mobilidade, capacitação
profissional e estratégia de serviços digitais. O Programa inclui o
financiamento de um sistema de teleférico de transporte urbano que ligará a
comunidade da região Manoel Dendé ao sistema local de metrô.
Como destacou o
senador Angelo Coronel, o programa prevê ainda a instalação de uma estação de
recarga do ônibus BRT e a restauração do Elevador Lacerda. O programa também inclui
a criação de um observatório para monitoramento e gestão do território, além de
absorver um extenso projeto de geração de emprego e renda, com previsão de
capacitação profissional de pelo menos 40 mil pessoas.
Ao defender a
aprovação da mensagem, o senador baiano afirmou que o investimento vai
contribuir para a qualidade de vida da população de Salvador e redução das
desigualdades sociais. Pelos termos do empréstimo, os recursos serão liberados
pela Corporação Andina de Fomento para a capital baiana em cinco parcelas
anuais, até 2029.
"O
PIST prioriza o envolvimento das comunidades locais em todas as etapas,
desde o planejamento até a implementação das ações. Esse diálogo fortalece o
protagonismo social e cria um vínculo de confiança entre os moradores e o poder
público. O impacto esperado vai além das melhorias estruturais, alcançando a
promoção da cidadania e o fortalecimento das comunidades atendidas", disse
Angelo Coronel.
A segunda mensagem
de autorização da Presidência da República aprovada nesta terça na CAE diz
respeito à garantia para um empréstimo de US$ 42 milhões do Banco
Interamericano de Desenvolvimento (BID) para o estado da Bahia. A mensagem da
Presidência que autoriza o empréstimo foi relatada na comissão pelo líder do
governo no Senado, Jaques Wagner (PT-BA).
Os recursos do
empréstimo serão destinados às ações do programa Bahia Mais Digital, que é uma
iniciativa do governo do Estado com o BID. O Bahia Mais Digital visa promover a
transformação digital no Estado, a partir da ampliação da oferta de serviços
públicos digitais e na modernização da gestão pública.
Segundo explicou o
senador Jaques Wagner, o programa que será atendido com o empréstimo pretende
beneficiar diretamente toda a população baiana, em especial os cidadãos
residentes nos municípios mais distantes e vulneráveis. O programa, segundo o
líder do governo, permitirá um acesso mais inclusivo, democrático e eficiente
aos serviços públicos e promovendo o desenvolvimento econômico e social da
região.
"O governo
busca integrar as ferramentas digitais como parte essencial de sua operação,
permitindo maior eficiência nos serviços públicos e mais transparência nos
processos administrativos. Isso inclui a digitalização de serviços que antes
exigiam deslocamento físico, como emissão de documentos e agendamentos,
promovendo uma gestão mais ágil e acessível para todos os baianos",
explicou o relator.
Após a aprovação na
Comissão de Assuntos Econômicos, as duas mensagens com autorização para a
concretização dos empréstimos seguiram ao plenário em caráter de urgência. Os
empréstimos podem ser votados já na sessão plenária desta terça-feira
(17).
Fonte: A
Tarde/Tribuna da Bahia/BN
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