sábado, 21 de dezembro de 2024

Rússia deve milagre econômico à abordagem de 'sanções com esteroides' do Ocidente

Apesar das sanções Ocidentais contra Moscou, no contexto da operação militar especial russa na Ucrânia, o analista Paul Goncharoff disse à Sputnik que as medidas adotadas conduziram o país para o sucesso econômico apresentado pelo presidente russo Vladimir Putin.

De acordo com o analista financeiro veterano Paul Goncharoff, ao comentar os números econômicos listados pelo presidente russo Vladimir Putin em sua entrevista coletiva de fim de ano, a Rússia obteve resultados exitosos muito em função da política de sanções unilaterais adotadas pelo Ocidente contra Moscou.

"O esforço amplamente bem-sucedido para desenvolver boas relações econômicas dentro do BRICS se tornou uma prioridade, e a expansão do BRICS e o uso de moedas soberanas fora do dólar americano e do euro iluminaram a necessidade e o desejo de muitos governos soberanos de sair da 'esfera de influência' do G7 e de seus sistemas de pagamentos", explicou Goncharoff.

Para o analista, na medida em que os países do G7 (grupo composto por Alemanha, Canadá, Estados Unidos, França, Itália, Japão e Reino Unido) tentaram sufocar a economia russa através de suas sanções — que em grande medida interromperam fluxos de capitais e relações comerciais de toda natureza — Moscou tratou de diversificar suas parcerias e em tempo hábil redirecionou o fluxo de produção para outros parceiros.

Em parte, tal redirecionamento de mercado para os países-membros do BRICS se refletiu não apenas nos resultados econômicos da Rússia, mas em um fortalecimento da agenda política de Moscou que visa a ampliação de uma agenda multilateral.

No final das contas, o BRICS e outros países em desenvolvimento expressaram conjuntamente insatisfação com a abordagem de cenoura e vara do Ocidente à diplomacia, notou o observador. Quanto a Moscou, "ficou claro que o Ocidente tinha pouco a oferecer à Rússia que fosse realmente necessário, e o custo geopolítico e econômico era simplesmente alto demais".

Segundo o analista, a Rússia conseguiu sobreviver e prosperar apesar de ser "o país mais sancionado da história" graças a uma série de decisões oportunas estimulando a agricultura, a tecnologia e a substituição de importações industriais reorientando o comércio e abandonando o dólar como meio de troca.

¨      Orbán diz aos líderes da UE que não decidiu se apoiará extensão das sanções contra a Rússia

O primeiro-ministro da Hungria, Viktor Orbán, disse aos líderes da União Europeia (UE) que tomará uma decisão sobre apoiar ou não a extensão das sanções contra a Rússia após a posse do presidente norte-americano Donald Trump, em 20 de janeiro, informou a agência Bloomberg.

A UE impôs 15 rodadas de sanções contra a Rússia, que precisam ser renovadas a cada seis meses. A próxima discussão está prevista para o final de janeiro, 11 dias após Trump tomar posse.

Segundo a agência, até agora, a extensão das sanções era uma formalidade, mas o procedimento exige o apoio unânime dos 27 Estados-membros da UE, e Orbán tem a capacidade de vetar a decisão.

Anteriormente, o ministro das Relações Exteriores da Hungria, Péter Szijjártó, afirmou, após reunião no conselho europeu, que a Hungria conseguiu excluir do 15º pacote de sanções da UE o patriarca Kirill, o representante permanente da Rússia na Organização das Nações Unidas (ONU), o Comitê Olímpico Russo e dois clubes de futebol do país. O ministro destacou que, caso sejam impostas sanções contra figuras religiosas, "a última chance de paz será perdida".

A Rússia também enfatizou repetidamente que o país conseguirá lidar com a pressão das sanções, que o Ocidente começou a impor há vários anos e continua a intensificar. O vice-presidente do Conselho de Segurança da Rússia, Dmitry Medvedev, lembrou que os países não reconhecem o fracasso das medidas retaliatórias contra Moscou.

presidente da Rússia, Vladimir Putin, chegou a declarar que a política de contenção e enfraquecimento do país é uma estratégia de longo prazo do Ocidente e que as sanções causaram um sério impacto em toda a economia global. Segundo ele, o objetivo principal do Ocidente é piorar a vida de milhões de pessoas.

¨      Eslováquia diz que vetará possíveis sanções da UE ao setor nuclear da Rússia

O primeiro-ministro da Eslováquia, Robert Fico, afirma que o fornecimento de energia elétrica no país depende "significativamente" de usinas nucleares que têm origem russa. A declaração foi feita durante a cúpula da União Europeia (UE) em Bruxelas nesta quinta-feira (19).

Robert Fico declarou que bloqueará possíveis restrições da UE ao setor nuclear da Rússia.

"Durante meu discurso, disse que vetarei qualquer sanção que venha a ser proposta no futuro contra a Rússia, caso afete programas nucleares para fins pacíficos", afirmou Fico em uma coletiva de imprensa no término da cúpula da UE em Bruxelas.

O chefe de governo eslovaco destacou que o fornecimento de energia elétrica no país depende significativamente do funcionamento de suas duas usinas nucleares.

"Nossas usinas nucleares são de origem russa, gostem ou não. A cooperação com a Rússia nesse campo é de longa data, e sanções que ameacem nosso programa nuclear seriam inaceitáveis", enfatizou.

A Eslováquia possui duas usinas nucleares construídas com assistência russa.

A UE intensificou sua "guerra econômica" contra a Rússia após o início, em fevereiro de 2022, da operação militar russa destinada a conter os bombardeios ucranianos contra populações civis de Donetsk e Lugansk — dois territórios que se separaram da Ucrânia em 2014 e se tornaram parte da Rússia depois de um plebiscito em setembro de 2022.

Segundo o governo russo, os objetivos da operação militar são interromper "o genocídio das populações de Donetsk e Lugansk cometido pelo regime ucraniano" e mitigar os riscos à segurança nacional representados pelo avanço da Organização do Tratado do Atlântico Norte (OTAN) rumo ao leste.

As tropas ucranianas recebem apoio militar da OTAN, organização composta por 32 países e liderada pelos Estados Unidos.

Em maio passado, Robert Fico, conhecido por suas críticas à aliança pelo envio de armas à Ucrânia, foi alvo de uma tentativa de assassinato.

¨      Putin mostrou que tem o controle da situação no conflito na Ucrânia, diz professor dos EUA

O presidente russo Vladimir Putin mostrou que é dono da situação no conflito com a Ucrânia ao declarar que Moscou está pronta para um duelo de mísseis com os sistemas ocidentais de defesa aérea, disse o professor e especialista em relações internacionais John Mearsheimer, em entrevista ao canal de YouTube Judging Freedom.

A conferência anual com Vladimir Putin de ontem (19) não deixou sem atenção o avançado míssil balístico russo de alcance intermédio Oreshnik. Em particular, o chefe de Estado russo esclareceu que ele próprio esteve envolvido na tomada da decisão de desenvolver o míssil e observou que o adversário não tem qualquer chance de derrubar ou destruir o Oreshnik.

Neste contexto, Putin desafiou o Ocidente para um duelo de mísseis, caso duvide das capacidades da nova arma russa. O presidente sugeriu que os especialistas ocidentais escolhessem um alvo para ser destruído em Kiev, concentrar lá meios de defesa antiaérea da OTAN e tentar interceptar o ataque.

"Ele é dono da situação e sabe que temos grandes problemas na Ucrânia. Ele sabe que o míssil Oreshnik vai alcançar o alvo, não importa o quê. E é por isso que ele nos pode picar", frisou o especialista.

Mearsheimer enfatizou que a Rússia está em uma posição muito forte para as negociações com o Ocidente devido aos seus sucessos no campo de batalha na Ucrânia. Na sua opinião, o presidente eleito dos EUA, Donald Trump terá pela frente um difícil processo de negociação com o líder russo.

¨      Putin aumenta pressão sobre líderes ocidentais em relação à Ucrânia, veem analistas

Nesta quinta-feira (19) o presidente da Rússia, Vladimir Putin, realizou a sua conferência anual Linha Direta, na qual respondeu a perguntas da população russa e de jornalistas nacionais e estrangeiros. À Sputnik Brasil, especialistas em geopolítica russa comentaram as falas de Putin.

A entrevista, como era de se esperar, tocou nos temas da operação especial na Ucrânia, da economia russa, da amizade com a China e do desenvolvimento do Oreshnik.

O presidente Putin destacou que a crise econômica que atinge a Alemanha se deve ao fato de que ela abandonou sua soberania em detrimento dos interesses geopolíticos dos Estados Unidos, movimento contrário daquele feito pela Rússia, que desde antes do início da operação especial buscou manter sua independência.

Esse é um dos motivos, diz Giovana Branco, doutoranda em ciência política na Universidade de São Paulo (USP) e pesquisadora de política externa russa, pelos quais a economia russa foi capaz de sobrepujar as inúmeras rodadas de sanções aplicadas pelo Ocidente.

"As sanções que foram aplicadas à Rússia desde o início do conflito com a Ucrânia foram sem precedentes. A exclusão da Rússia do sistema SWIFT, por exemplo, foi algo que a gente nunca tinha visto", comenta Branco.

"O que as economias ocidentais não compreenderam […] é que a economia russa já estava preparada para esse momento e que não está isolada, embora essa seja uma narrativa bastante presente."

Pelo contrário: no ano passado, a Rússia ultrapassou a Alemanha, e, neste ano, o Japão, tornando-se a quarta maior economia do mundo. Seu ritmo de crescimento é o maior da Europa, destacou Putin.

Ao tentar isolar a Rússia das economias europeias, o país eurasiático conseguiu com sucesso reorientar sua economia para o leste, "fazendo parcerias mais profundas com a China e os países da Ásia Central, além da Índia", afirma a pesquisadora de geopolítica russa.

A união Rússia, China e Índia é um projeto antigo da diplomacia russa, declarada pela primeira vez pelo estadista russo Yevgeny Primakov. Essa parceira, em especial entre a China e a Rússia, "tem alterado drasticamente o sistema internacional", destaca Branco.

Durante a coletiva, Vladimir Putin lembrou que a Rússia e a China foram os países mais devastados ao fim da Segunda Guerra Mundial. Hoje a amizade sino-russa está em seu maior nível histórico, sublinhou o presidente, com os países coordenando suas ações na arena internacional.

Há anos esses países se incomodam com a falta de espaço que lhes era dada na mesa de decisões internacionais, lembra a pesquisadora da USP. "O que nós observamos hoje são duas potências que têm bastante consciência do seu status internacional e buscam ativamente não apenas seguir as regras liberais dos sistemas ocidentais, mas também propor novas ordens internacionais."

"Estamos falando de dois países que propõem uma nova visão de mundo, não necessariamente uma antiocidental em sua origem, mas uma que adiciona o interesse de outras potências e adiciona a percepção de que os Estados Unidos não são mais capazes de liderar os interesses globais."

Nathana Garcez, doutoranda em relações internacionais pelo Programa de Pós-Graduação San Tiago Dantas, afirma que o potencial de impacto das relações sino-russas é sem precedentes, uma vez que "remodela a geopolítica mundial".

Ambos os países possuem uma "grande capacidade de influência nos seus espaços próximos", sendo líderes econômicos e militares. "São duas das maiores potências a nível global", detalha.

Nesse sentido, a fala de Garcez vai ao encontro da declaração de Putin sobre suas Forças Armadas. Segundo o presidente russo, tanto seu Exército quanto seu complexo industrial-militar possuem a maior prontidão de combate do mundo.

Por outro lado, argumenta Putin, os países-membros da Organização do Tratado do Atlântico Norte (OTAN) encontram dificuldades de fornecer armamentos e munições à Ucrânia.

Em outra fala, o presidente da Rússia elogiou o sistema de mísseis Oreshnik, desenvolvido inteiramente com tecnologia pós-soviética. "Não existem sistemas de defesa aérea que o atinjam", declarou.

Putin também lançou um desafio ao Ocidente: um duelo entre o Oreshnik e os sistemas de defesa de mísseis ocidentais. "Deixe-os identificar algum alvo em Kiev, concentrar todas as suas forças de defesa aérea e de mísseis lá, e nós atacaremos lá com o Oreshnik e veremos o que acontece."

Para Garcez, as falas de Putin "jogam pressão" sobre as potências ocidentais em um contexto em que a Rússia alcança ganhos territoriais constantes em Donbass e em que novos pacotes de ajuda militar seguem sendo aprovados pelos países-membros da OTAN, além do aumento de ataques terroristas por Kiev.

De fato, ambas as especialistas afirmam que a estreia do Oreshnik é uma nova etapa no cenário militar mundial, não só por sua eficiência bélica, mas por poder ser utilizado com ogivas nucleares.

"É um passo além do discurso", comenta Branco. "A partir do momento que a Rússia utiliza esse sistema, ela mostra ao sistema internacional que ela não só detém esses armamentos, como está disposta a utilizá-los."

¨      Putin pede que espionagem estrangeira na Rússia seja interceptada

O presidente russo Vladimir Putin apelou às agências de inteligência e segurança do país para interceptarem as atividades de serviços de espionagem estrangeiros na Rússia.

"O trabalho dos serviços de inteligência estrangeiros deve ser interrompido operacionalmente e aqueles que organizam sabotagens e atos terroristas devem ser combatidos ativamente", disse o presidente em uma mensagem de felicitações ao dia dos agentes de inteligência e segurança da Rússia, celebrado amanhã (20).

Em particular, Putin observou que o Serviço Federal de Segurança (FSB, na sigla em russo) deve coordenar o seu trabalho com unidades do Exército e outras estruturas de segurança.

presidente sublinhou também que a contraespionagem militar deve agir de forma precisa e sistemática, especialmente na área da operação militar contra as tropas ucranianas.

O chefe de Estado indicou ainda que as agências de segurança têm de facilitar o funcionamento ininterrupto das instituições do Estado, prevenir a espionagem industrial nas empresas de defesa e em tudo o que esteja relacionado com armas avançadas.

Putin também declarou que aqueles que semeiam o ódio racial e a intolerância religiosa, aqueles que tentam desestabilizar o país e enfraquecê-lo a partir de dentro devem responder com todo o peso da lei.

"A principal tarefa continua sendo a luta contra o terrorismo. Peço a todas as agências, especialmente ao FSB, que trabalhem arduamente nesta área e mobilizem toda a experiência acumulada", enfatizou.

¨      Rússia acredita que propostas do futuro governo dos EUA não são oficiais, diz vice-chanceler russo

O futuro enviado especial dos EUA para a Ucrânia, Keith Kellogg, não fez qualquer pedido de contato a Rússia, disse o vice-ministro das Relações Exteriores da Rússia, Sergei Ryabkov.

"Não, ele não se manifestou. Nós, é claro, monitoramos tudo o que é publicado, dito e postado nas redes sociais por pessoas que possam vir a ocupar cargos de responsabilidade no próximo governo dos EUA. Mas esses sinais não têm status ou qualquer caráter oficial", disse Ryabkov à imprensa.

De acordo com ele, para "analisar algo na prática, é necessário o respectivo contato" por parte dos EUA.

Também Ryabkov acrescentou que a Rússia declarou sua posição publicamente muitas vezes: na forma de propostas, na forma de iniciativas específicas.

"O governo dos EUA está bem ciente disso, todos os nossos adversários e vizinhos europeus, nossos aliados estão envolvidos nessa questão, a maioria global está de olho, incluindo países que estão apresentando suas próprias propostas", ressaltou o vice-ministro.

Segundo suas palavras, as ideias russas sobre a solução do conflito ucraniano "vêm da vida, das realidades, refletem nossa determinação inabalável de defender nossos interesses fundamentais, incluindo os interesses de segurança".

"Não podemos nos desviar dessa linha", concluiu.

Anteriormente, a agência Reuters informou que o candidato ao cargo de enviado especial para a Ucrânia, escolhido pelo presidente eleito dos Estados Unidos, Donald Trump, Keith Kellogg, visitará Kiev e várias capitais europeias no início de janeiro do ano seguinte.

 

Fonte: Sputnik Brasil

 

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