segunda-feira, 16 de dezembro de 2024

PORQUE OS ATAQUES CARDÍACOS AUMENTAM ENTRE O NATAL E O ANO NOVO?

Embora as festas de fim de ano possam ser a época mais maravilhosa do ano, elas também podem ser uma das mais estressantes, especialmente para o coração.

Junto com as viagens de fim de ano, o tempo com a família e amigos e ainda as festividades e confraternizações de trabalho, todas as comemorações também estão associadas a um aumento de ataques cardíacos, derrames cerebrais e ritmos cardíacos irregulares. 

Acredita-se que esse aumento nos problemas relacionados ao coração seja o resultado de vários fatores, incluindo o aumento do consumo de álcool, maior estresse e mudanças na dieta, já que é comum participar de mais almoços e ceias e nessas refeições, comer mais sal do que o normal.

“O coração não pode tirar férias”, diz Nick Ruthmann, cardiologista da Cleveland Clinic. “Sua saúde também não.”

Veja o que os especialistas sabem sobre por que as festas de fim de ano são particularmente estressantes para o coração e o que as pessoas podem fazer para reduzir o risco de ataques cardíacos, derrames e arritmias.

·        Efeitos do álcool

A síndrome do coração de férias refere-se ao aumento de ritmos cardíacos irregulares, conhecido como fibrilação atrial, que está diretamente ligada a um aumento repentino no consumo de álcool. Conforme explica Ruthmann, acredita-se que o álcool desregula as células do coração, levando a impulsos elétricos irregulares que fazem com que as câmaras do coração parem de bater em sincronia. 

Isso, por sua vez, força o coração a bater mais rápido para compensar a diminuição de sua eficácia. A diminuição da eficiência do coração pode permitir que o sangue fique estagnado nas câmaras, formando coágulos que podem se deslocar pelo corpo, levando a um acidente vascular cerebral. O perigo da fibrilação atrial é que, se ela persistir por muito tempo, pode causar danos permanentes.

“Quanto mais tempo você permanecer em fibrilação atrial, maior será a oportunidade de sofrer um acidente vascular cerebral ou de desenvolver fraqueza ou insuficiência cardíaca por ter um batimento cardíaco tão rápido”, explica Shaline Rao, cardiologista do NYU Langone Hospital - Long Island, nos Estados Unidos, especializado no tratamento de insuficiência cardíaca. “Essas são coisas que, quando detectadas precocemente, temos muitas oportunidades de prevenir e reverter.”

·        Sinais de fibrilação atrial

Para algumas pessoas, a entrada em fibrilação atrial leva a sintomas perceptíveis, como coração acelerado, batimentos cardíacos forçados ou saltados ou tontura. Outras podem nem mesmo perceber que algo está errado. 

Nessas situações, pode ser útil ter um dispositivo tech que mapeia seus batimentos cardíacos, como o Fitbit ou o Apple Watch, que possa detectar ritmos cardíacos irregulares. As pessoas com maior risco de desenvolver fibrilação atrial incluem adultos com mais de 65 anos de idade ou com histórico familiar da doença.

“Nenhum dispositivo é perfeito ainda”, comenta Ruthmann, acrescentando que ‘na maioria das vezes, ele pode ser a primeira e única evidência de que há um problema’.

Além da ligação entre a fibrilação atrial e o consumo de álcool, acredita-se que outros fatores também possam contribuir para essa condição. Alguns fatores de risco relacionados às férias de fim de ano incluem aumento do estresse, aumento do sal na dieta, grandes mudanças na atividade física, sono insatisfatório ou falta de doses de medicamentos. A fibrilação atrial também pode se desenvolver após um ataque cardíaco.

“Todos esses fatores podem definitivamente aumentar o risco de fibrilação atrial nos pacientes”, afirma Johanna Contreras, cardiologista e voluntária da American Heart Association, dos Estados Unidos.

·        Os infartos são especialmente mortais durante as festas de fim de ano

Além do aumento da fibrilação atrial, que está ligada a um risco maior de derrames cerebrais, as festas de fim de ano também estão associadas a um risco 15% maior de ataques cardíacos, o que inclui uma chance 37% maior de sofrer infarto na véspera de Natal.

“Mais pessoas morrem de ataques cardíacos entre o Natal e o Ano Novo do que em qualquer outra época do ano”, revela Ruthmann.

Algumas das razões para o maior risco de sofrer um ataque cardíaco durante as festas de fim de ano estão ligadas ao maior risco de desenvolver fibrilação atrial. Um ataque cardíaco ocorre quando um bloqueio causa uma redução no fluxo sanguíneo para o coração, o que pode danificar ou destruir partes do músculo cardíaco. 

Esse dano também pode causar um ritmo cardíaco irregular, como a fibrilação atrial. Enquanto isso, os mesmos fatores de risco associados ao desenvolvimento da fibrilação atrial também estão ligados ao risco de desenvolver um infarto. “Eles estão interligados”, diz Sadeer Al-Kindi, cardiologista do Houston Methodist Hospital.

As chances de morte por conta de um ataque cardíaco são maiores em 25 de dezembro, seguido por 26 de dezembro e 1º de janeiro. Além dos fatores de risco relacionados às festas de fim de ano, geralmente há uma relutância em procurar atendimento médico.

“Durante as festas de fim de ano, as pessoas não querem ir ao médico”, diz Rao. “Elas não querem pensar que algo está errado.” No entanto, a espera pode ter consequências graves, levando a danos permanentes e até mesmo à morte, se não for tratada imediatamente.

·        Sinais de alerta para evitar infartos 

Conforme observado pela American Heart Association, alguns dos principais sinais de alerta de um ataque cardíaco podem incluir dores no peito, dor ou desconforto na parte superior do corpo, como braços, costas, pescoço, mandíbula ou estômago, ou falta de ar.

Outros sintomas podem incluir náusea, sensação de tontura ou suor frio. Também é importante reconhecer que os ataques cardíacos podem parecer muito diferentes nas mulheres, sendo que mais mulheres relatam sintomas como falta de ar, náusea ou dor nas costas ou na mandíbula.

Os sintomas da fibrilação atrial podem incluir coração acelerado, batimentos cardíacos irregulares, batimentos cardíacos agitados ou fortes, sudorese, tontura ou fraqueza, desmaio, falta de ar, cansaço fácil durante exercícios ou dores no peito. Alguns pacientes podem não apresentar sintomas. Em ambas as condições, é fundamental procurar atendimento médico imediatamente, indo ao pronto-socorro mais próximo ou ligando para o SAMU.

·        Como curtir as festas de fim de ano de forma saudável para o coração

Para reduzir o risco de desenvolver problemas cardíacos relacionados às férias, é útil priorizar hábitos saudáveis, como comer e beber com moderação, dormir o suficiente e manter uma rotina de exercícios mesmo que se tenha menos tempo nesse período. 

Para as pessoas que estão viajando nessa época, é importante lembrar-se de levar seus medicamentos, incluindo doses extras suficientes para acomodar possíveis emergências ou atrasos.

“Tente, na medida do possível, manter o ritmo e estabelecer limites realistas para si mesmo”, recomenda Rao.

 

¨      7 hábitos para manter seu coração saudável

Apesar de ter o tamanho equivalente ao de um punho fechado, o coração humano possui uma responsabilidade essencial para a vida: bombear oxigênio e nutrientes por todo o corpo.

Mas ele está altamente suscetível a doenças cardiovasculares (DCV). De acordo com a Organização Panamericana de Saúde (Opas), morrem mais pessoas desse tipo de enfermidade, a cada ano, do que de qualquer outra causa. Isso apesar de já se conhecer os benefícios dos hábitos de vida saudável para minimizar os riscos de DCV.

Pensando em combater os perigos que a saúde do coração enfrenta, a Federação Mundial do Coração (FMC) estabeleceu o Dia Mundial do Coração, celebrado todo 29 de setembro. A data promove a prevenção de doenças cardíacas e propõe um estilo de vida que ajude na longevidade do órgão e, consequentemente, da vida. 

Como funciona o coração

“O coração trabalha impulsionando o sangue através de dois movimentos: a sístole e a diástole”, informa João Vicente da Silveira, cardiologista do Hospital Sírio-Libanês, em São Paulo, em entrevista à National Geographic.

A sístole é um movimento de contração pelo qual o sangue é bombeado para dentro do corpo, e a diástole, o movimento de relaxamento muscular no qual o coração se enche de sangue.

Todo esse fluxo sanguíneo se dá através do sistema circulatório – formado pelo próprio coração e pelos vasos sanguíneos que levam o sangue dentro. "É através dos vasos que o sangue bombeado transporta oxigênio e nutrientes para tecidos e outros órgãos, enquanto também leva resíduos metabólicos como dióxido de carbono (CO2)", explica o WHF.

A função circulatória é essencial para manter vivos os tecidos e garantir suas funções, afirma João Fernando Monteiro Ferreira, cardiologista do Instituto do Coração, do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo e presidente do Conselho de Administração da Sociedade Brasileira de Cardiologia.

Portanto, se este órgão for alterado de alguma forma, todo o organismo pode ser afetado. 

<><> O que são doenças cardiovasculares?

De acordo com Ferreira, as doenças cardiovasculares (DCV) são um grupo de condições que afeta o coração e os vasos sanguíneos, e entre as quais a FMC destaca:

1. A cardiopatia coronariana, também conhecida como doença isquêmica do coração, é o tipo mais comum de DCV. Refere-se a problemas cardíacos causados pelo estreitamento das artérias coronárias que fornecem sangue para o músculo cardíaco.

2. Ataque cardíaco ou infarto do miocárdio, que ocorre quando algo, geralmente um coágulo, corta o fluxo de sangue para o coração. Este evento pode não ser fatal, especialmente se a pessoa receber atenção médica e tratamento imediato, mas ainda pode causar danos duradouros ao coração.

3. AVC ou derrame, que ocorre quando o suprimento de sangue para o cérebro é interrompido, fazendo com que o cérebro perca seu suprimento vital de oxigênio e nutrientes. Um derrame pode ser causado por um coágulo de sangue na artéria cerebral ou quando um vaso sanguíneo no cérebro irrompe e sangra, danificando o tecido cerebral.

A OMS, por sua vez, menciona outras doenças cardíacas como importantes, entre elas a doença coronariana, que afeta os vasos sanguíneos que fornecem o músculo cardíaco; a doença cerebrovascular, que danifica os vasos que fornecem o cérebro; e a doença arterial periférica – uma doença dos vasos sanguíneos que irrigam os braços e pernas.

Há também a doença cardíaca reumática, um dano ao músculo cardíaco e suas válvulas causado por febre reumática infringida por uma bactéria chamada estreptococo.
Outras enfermidades que merecem cuidado e atenção, de acordo com a FMC são a doença cardíaca congênita, as malformações da estrutura do coração desde o nascimento – e que afetam seu desenvolvimento e funções normais –, a trombose venosa profunda, a embolia pulmonar e os coágulos de sangue nas veias das pernas, que podem se romper e se mover para o coração e os pulmões.

Quais são os principais fatores de risco que afetam o coração?

Há uma série de patologias e fatores de risco que podem afetar a saúde do coração. Entre as primeiras, o cardiologista João Vicente da Silveira lista a hipertensão, o diabetes, a obesidade e o colesterol como os principais. 

Por outro lado, a ingestão abusiva de sal, açúcar e farinha branca causa inflamação do endotélio (o revestimento das artérias através das quais o sangue circula) e, ao longo dos anos, contribui para a formação de placas de colesterol que levam ao infarto agudo do miocárdio.

O especialista menciona ainda certos fatores de risco que prejudicam o coração, como fumar, ter um estilo de vida sedentário, possuir história familiar de doenças cardíacas, passar por estresse emocional crônico, ter sentimentos de raiva, angústia e depressão, além do consumo diário de álcool e outras drogas. 

<><> 7 dicas para prevenir doenças coronarianas

Embora alguns fatores de risco, como o histórico familiar, não possam ser modificados, a Organização Mundial da Saúde (OMS) adverte que a maioria das doenças cardiovasculares podem ser prevenidas ao se seguir certos hábitos e comportamentos.

Entre os mais importantes, destacam os especialistas: 

1. Manter uma dieta saudável e equilibrada

Silveira aconselha comer alimentos saudáveiscomo legumes e cereais. Ele sugere evitar sal e comidas picantes que contribuem para a alta pressão arterial, e enfatiza a importância de beber de dois a três litros de água todos os dias.

2. Fazer exercícios regulares 

De acordo com a Opas, as pessoas que não realizam atividade física suficiente "têm entre 20% e 30% mais probabilidade de morrer prematuramente do que aquelas que praticam". O cardiologista Silveira não recomenda uma prática específica, mas sugere a escolha de uma atividade que a pessoa considere agradável de ser feita.

3. Não fumar

Estima-se que a exposição ao tabaco seja responsável por 10% de todas as mortes por DCV. Ao deixar de fumar, o risco de doença coronariana se reduz pela metade dentro de um ano, explica o FMC. A agência também recomenda que se evite a exposição à fumaça do cigarro.

4. Evitar o álcool 

Não existe um nível seguro para beber álcool, e seus efeitos nocivos superam de longe qualquer benefício protetor possível. Embora beber menos possa reduzir o risco de DCV, as evidências mostram que a situação ideal de saúde é não beber de forma alguma. 

5. Fazer check-ups médicos regulares 

O hábito ajuda a determinar e controlar o risco de desenvolvimento de doenças cardiovasculares. Entre as medidas mais importantes de se verificar em exames de saúde estão a pressão arterial e os níveis de colesterol e açúcar no sangue.

6. Controle do estresse 

De acordo com a FMC, o estresse pode causar constrição das artérias – o que aumenta o risco de doenças cardíacas, especialmente nas mulheres. Para combater isso, sugere-se: exercícios, respiração profunda, relaxamento muscular e atividades que gerem maior prazer.

7. Consultar um profissional de saúde e tomar medicamentos prescritos

Os pacientes com risco aumentado de desenvolver doença cardíaca ou acidente vascular cerebral talvez precisem tomar medicamentos para reduzir o risco de desenvolver estes problemas. Portanto, a FMC recomenda consultar um especialista e tomar o medicamento prescrito de forma correta.

A entidade informa ainda que abordar apenas um fator, como fazer mais exercícios, vai ajudar no processo de prevenção, mas para reduzir significativamente o risco de DCV é importante considerar uma mudança de estilo de vida como um todo.

Além disso, se a pessoa já foi diagnosticada com doença cerebrovascular, permanecer saudável e ativo pode ajudá-la a viver mais tempo e reduzir as chances de agravamento da condição cardíaca.

 

Fonte: National Geographic Brasil

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