Bolsonaro e
demais líderes do golpe devem pegar penas superiores a 20 anos de cadeia
Advogados
de 40 investigados no esquema golpista que visava impedir a posse do presidente
Luiz Inácio Lula da Silva já fazem, de forma reservada, suas previsões sobre as
penas que devem ser impostas aos principais envolvidos. Segundo informações
divulgadas pelo blog da jornalista Malu Gaspar, no Globo, o inquérito
está agora sob responsabilidade da Procuradoria-Geral da República (PGR), que
planeja apresentar a denúncia até fevereiro do ano que vem.
Embora
tentem provar publicamente a inocência de seus clientes, os defensores
consultados dão como praticamente certas tanto a acusação da PGR quanto a
condenação pela Primeira Turma do Supremo Tribunal Federal (STF). De acordo com
profissionais que atuam na defesa dos investigados, as penas podem facilmente
ultrapassar 20 anos de prisão para os nomes de maior relevância no caso. “Pelos
crimes imputados aos principais investigados e pelos julgamentos já realizados
pelo STF, esta é a nossa régua. Não menos que 20 anos”, diz um dos advogados,
que preferiu não se identificar.
A
lista de indiciados pela Polícia Federal (PF) inclui o ex-presidente Jair
Messias Bolsonaro e diversas autoridades e militares que ocuparam cargos no
governo ou mantiveram ligação direta com as investigações. No rol de suspeitos
estão também o ex-ministro da Justiça Anderson Gustavo Torres, o
ex-ministro-chefe do Gabinete de Segurança Institucional Augusto Heleno Ribeiro
Pereira, além de generais, advogados e empresários ligados ao antigo governo.
Para
fundamentar as estimativas de penas elevadas, as defesas citam a recente
condenação do ex-técnico da Sabesp Aécio Lúcio Costa Pereira, que pegou 17 anos
de prisão no julgamento do STF por seu envolvimento nos atos de 8 de janeiro em
Brasília. “Se o povo que estava lá invadindo os prédios públicos no 8 de
Janeiro pegou pena elevada, imagina quem teve protagonismo na trama golpista. É
provável que quem for condenado agora pegue uma pena ainda mais elevada”,
avalia outro advogado.
¨ Golpe, eu? Por
Carlos Castelo
Eu era o presidente
da República, vocês sabem. Então, muitos devem estar se perguntando: o sujeito
era a maior autoridade do país e não sabia de um golpe de Estado feito pelos
seus auxiliares diretos? E ainda tudo arquitetado usando a estrutura do meu
governo, as salas dos meus ministérios, o meu pessoal administrativo e até com
financiamento dos meus aliados?
Parece incrível,
mas, olha, eu não sabia de nada.
Deixa eu explicar.
Era um dia útil
qualquer, daqueles que você só quer assistir Johnny Bravo. Mas eis que sou
informado de que uma insurreição tinha sido executada. Fiquei tão surpreso que
derrubei meu 38 na mesa e gritei: “Quem foi que autorizou isso sem me
consultar?!”
Um ministro, que
estava ao meu lado nos Estados Unidos, deu aquela tossida nervosa de quem sabe
que vai ter que apagar rastros de reuniões antigas, mas não disse nada. Eu já
joguei no lixo o chip do celular dele, junto com o do meu aparelho. Estão
vendo? Tudo comigo é na isonomia e no respeito à liberdade de expressão das
pessoas.
Claro, surgiram as
evidências: um documento assinado por mim, um plano detalhado da sublevação com
o carimbo presidencial, uma gravação minha dizendo “É isso aí, vamos arregaçar
tudo!” Mas, espera um pouco, sejamos realistas: hoje em dia, tudo não é tudo
falsificado? Estamos na era da deep fake, das fake news, dos deep news e das
fake fakes! Quem garante que aquele vídeo não foi gravado por algum imitador
comunista? Eu, sinceramente, não me lembro de ter usado aquele terno azul.
Além disso, é
importante lembrar que, como presidente, eu era uma pessoa ocupadíssima. Tinha
que inaugurar clubes de tiro, escolas cívico-militares, apertar mãos de
presidentes de extrema-direita e sorrir para selfies no cercadinho.
Sobre álibi. Eu
tenho, sim. Estava naquele momento do quebra-quebra, me lembro bem, em Orlando,
na Disney World. E, olha, quem está se divertindo no brinquedo Piratas do
Caribe não quer guerra com ninguém.
E o mais
importante: se eu tivesse feito um levante, ele não cairia. Eu sou imbrochável.
A missão seria cumprida e não ficariam rastros.
Já repararam na
minha assinatura naqueles papéis? Está totalmente tremida! O carimbo colocado
de cabeça para baixo. Se isso não prova a minha inocência, eu não sei o que
prova.
Eu, portanto, sigo
em frente, de cabeça erguida, com Deus no comando, e sempre dentro das quatro
linhas da Constituição. E quer saber? Se aprovei aquele golpe, eu assinei sem
ler, como qualquer pessoa ocupadíssima faz.
¨ PGR nega recurso e Braga Netto vai passar o Natal preso
A
Procuradoria-Geral da República (PGR) se manifestou nesta sexta-feira (20)
contra um recurso protocolado pela defesa do general Walter
Braga Netto que
pedia a liberdade do militar.
O ex-ministro da
Defesa e da Casa Civil do governo de Jair
Bolsonaro,
portanto, passará o Natal na prisão. Apontado como líder de um plano
para assassinar o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, o vice-presidente
Geraldo Alckmin e o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal
(STF), Braga Netto foi indiciado pela Polícia Federal (PF) no inquérito que
apura tentativa de golpe de Estado no Brasil e foi preso
preventivamente em 14 de dezembro por obstrução de Justiça.
Segundo a PF, Braga
Netto teria obstruído a Justiça ao tentar obter detalhes da delação premiada do
ex-ajudante de ordens de Bolsonaro, o tenente-coronel Mauro Cid.
“Dada a permanência
dos motivos que fundamentaram a decretação da prisão preventiva e a
inexistência de fatos novos que alterem o quadro fático-probatório que embasou
a medida, não há que se cogitar de sua revogação”, escreveu o procurador-geral
da República, Paulo Gonet, ao se manifestar sobre o pedido de revogação da
prisão preventiva protocolado pela defesa de Braga Netto.
<><> A
"cela de luxo" de Braga Netto
Preso no último
sábado (14) pela Polícia Federal (PF) por supostamente ter planejado um
golpe de Estado no Brasil, o general Walter Braga Netto não está
detido em uma cela convencional, mas sim em um quarto
com mordomias na 1ª
Divisão do Exército, na Zona Oeste do Rio de Janeiro.
Ex-ministro da
Defesa e da Casa Civil no governo de Jair Bolsonaro, além de candidato a vice
do ex-presidente na eleição de 2022, Braga Netto, por ser general quatro
estrelas, isto é, o posto mais alto na carreira das Forças Armadas, tem a
prerrogativa de prisão especial no caso de prisão provisória, como é o seu
caso.
Caso vá a
julgamento e seja condenado, o militar deve ser encaminhar para um presídio
comum.
Por ter direito à
prisão especial, Braga Netto não está em uma cela convencional, mas sim no
quarto do chefe do Estado Maior da 1ª Divisão do Exército.
O cômodo em que
Braga Netto está detido tem uma série de mordomias: armário, geladeira,
ar-condicionado, televisão e banheiro privativo.
O general ainda tem
o direito de fazer as refeições no restaurante do quartel, onde também se
alimentam os oficiais de alta patente, e recebe quatro refeições por dia:
café da manhã, almoço, jantar e ceia.
¨ Temendo ser
o próximo a ser preso, Valdemar Costa Neto faz visita de cortesia a Cristiano
Zanin no STF
Na última semana, o
presidente do Partido Liberal (PL), Valdemar Costa Neto, realizou uma reunião
com o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Cristiano Zanin, em Brasília.
De acordo com informações do jornalista Lauro Jardim do jornal
O Globo, o encontro, descrito como uma "visita de cortesia" na agenda
oficial do ministro no dia 12, ocorre em um momento delicado para Valdemar, que
foi indiciado pela Polícia Federal (PF) no inquérito que investiga uma
tentativa de golpe contra a democracia.
Zanin, antes de assumir o
cargo no STF, foi advogado do presidente Luiz Inácio Lula da Silva nos
processos da Lava Jato. Sua nomeação à Corte gerou debates sobre sua
proximidade com o governo federal, mas ele tem buscado adotar uma postura de
independência desde que assumiu a toga.
Valdemar, por sua vez, tem
trabalhado para se aproximar das instituições após as acusações da PF. Segundo
o relatório do inquérito, o líder do PL teve um papel central no financiamento
e apoio a movimentos que questionaram a integridade das urnas eletrônicas, além
de contribuir para a disseminação de dúvidas sobre o sistema eleitoral.
Desde o indiciamento,
Valdemar Costa Neto tem adotado um tom mais conciliador em relação ao STF e outras
instituições. A reunião com Zanin é vista como parte dessa estratégia de
apaziguamento. Nos bastidores, aliados do presidente do PL destacam que ele
busca reconstruir pontes após a escalada de tensões que marcaram os últimos
anos, especialmente com as altas cortes do Judiciário.
<><>
Bolsonarista que quebrou tornozeleira e desafiou Moraes é preso pela PF
Roque Saldanha,
radialista bolsonarista de Governador Valadares (MG) investigado no inquérito
dos atos golpistas e que havia divulgado vídeo
em novembro desafiando o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo
Tribunal Federal (STF), foi preso nesta sexta-feira (20) pela Polícia
Federal (PF) em Colatina (ES).
O extremista era
considerado foragido desde 24 de novembro, quando Moraes determinou sua prisão
por violação de medidas cautelares. Dias antes, Saldanha, que estava sob
liberdade condicional, havia divulgado um vídeo nas redes
sociais anunciando que quebrou sua tornozeleira eletrônica e que
não usaria mais o aparelho. Ele ainda xingou Moraes com termos de baixo
calão e desafiou o ministro.
No vídeo que
motivou a nova ordem de prisão, Saldanha mostra a tornozeleira eletrônica
arrebentada e promete não cumprir determinações da Justiça, desferindo ofensas
a Moraes.
“O senhor está
sabendo que eu não posso usar isso mais [a tornozeleira] porque minha
perna 'tava' toda ‘comida’, tem fotos e vídeos protocolados no processo. Estado
Democrático de Direito do cu do senhor, da caçapa do seu cu, entendeu.
Pega essa tornozeleira e abre seu cu e enfia lá dentro, rapaz. Eu sou
homem. Se você quiser conversar só eu e o senhor, nós dois juntos. Você
confia muito na Federal. Inclusive, esses delegados tem que tomar vergonha
na cara, porque ficam trabalhando em prol de bandido do STF”, disparou o
bolsonarista.
<><>
Moraes manda soltar Daniel Silveira, que vai usar tornozeleira e não pode sair
do Brasil
O ministro Alexandre
de Moraes,
do Supremo Tribunal Federal (STF), atendeu a uma manifestação da
Procuradoria-geral da República (PGR) nesta sexta-feira (20) e concedeu
liberdade condicional ao ex-deputado bolsonarista Daniel
Silveira.
Um dos nomes mais
radicais do bolsonarismo, Silveira estava preso desde 2023. Ele havia sido condenado
em 2022 a oito anos e nove meses de prisão e à perda de seu mandato como
deputado por ameaça, estímulo a atos golpistas e incitação à violência contra
ministros do STF. À época, entretanto, o ex-presidente Jair Bolsonaro
assinou um decreto de “graça constitucional”, concedendo indulto ao seu
aliado.
Em maio de 2023, já
sob o governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, o STF derrubou o indulto
e Silveira, finalmente, passou a cumprir pena na cadeia.
A decisão de Moraes
vem após a PGR acatar um pedido da defesa de Silveira alegando que o
ex-deputado já cumpriu um terço de sua pena, apresentando "excelente
conduta carcerária".
Moraes concedeu
liberdade condicional a Silveira desde que o ex-deputado cumpra determinadas
regras. Ele deverá usar tornozeleira eletrônica e está proibido de sair do
país, acessar redes sociais, conceder entrevistas, ou frequentar clubes de
tiro, boates e casas de jogos.
Além disso, o
bolsonarista não poderá participar de cerimônias das forças de segurança nem
manter contato com investigados, incluindo os indiciados na tentativa de golpe
de Estado, entre eles o ex-presidente Jair Bolsonaro.
¨ TCU pode
punir Augusto Nardes por participação na intentona golpista
O
ministro do Tribunal de Contas da União (TCU), Augusto Nardes, está sob
investigação pela Corregedoria do órgão após a divulgação de um áudio suspeito
enviado no final de 2022. Conforme informações confirmadas pela
VEJA.com através do presidente eleito da Corte de Contas, Vital do
Rêgo, o áudio sugere a existência de um “movimento muito forte nas casernas”
que poderia influenciar significativamente os rumos do país.
As
investigações da Polícia Federal (PF) sobre as tentativas do ex-presidente Jair
Bolsonaro de reverter a vitória eleitoral de Luiz Inácio Lula da Silva
revelaram que o áudio de Nardes, divulgado pela Folha de S. Paulo em novembro
de 2022, coincide com o momento em que o plano denominado Punhal Verde e
Amarelo estava sendo elaborado pelo general Mario Fernandes, atualmente preso
por ordem do ministro Alexandre de Moraes. Este plano visava assassinar Lula, o
vice Geraldo Alckmin e o próprio Moraes, com a ruptura institucional prevista
para ocorrer em 15 de dezembro de 2022.
No
áudio, Augusto Nardes afirmou: “Felizmente acordamos. (…) Está acontecendo um
movimento muito forte nas casernas. Eu acho que é questão de horas, dias, no
máximo uma semana ou duas, ou talvez menos que isso, que vai acontecer um
desenlace bastante forte na nação”. Contudo, na época, o ministro divulgou uma
nota repudiando “manifestações de natureza antidemocrática e golpista”,
reafirmando sua defesa da legalidade e das instituições republicanas.
Embora
Nardes ainda não seja mencionado diretamente nas investigações da Polícia
Federal, o TCU informou que, caso as apurações avancem e o envolvam na trama
golpista, o ministro terá seu caso analisado pela Corregedoria da Corte de
Contas. Vital do Rêgo declarou à VEJA: “Eu não acredito [que Nardes tenha
flertado com ideias golpistas]. O episódio está sob apuração do TCU naquilo que
lhe compete. Nosso ministério é dentro da atividade funcional. Dentro da nossa
atividade funcional, da nossa competência, (…) é um processo que está na
Corregedoria. Eventualmente algum processo que corre na Justiça, se ele for
condenado, pode ter repercussão funcional aqui. Se nada acontecer com ele,
provavelmente não acontece [nada no TCU também]”.
O
procedimento interno reflete a seriedade com que o TCU está tratando a
situação, aguardando as conclusões das investigações para decidir sobre o
destino do ministro Augusto Nardes. O caso ganha ainda mais relevância no
contexto das investigações sobre o suposto golpe de Estado planejado por
setores militares pró-Bolsonaro, destacando a necessidade de rigor e
transparência nas ações das instituições públicas.
Fonte: Brasil 247
Nenhum comentário:
Postar um comentário