sábado, 21 de dezembro de 2024

64% das crises alérgicas acontecem após mudança de temperatura, diz pesquisa

A mudança brusca de temperatura é o gatilho para crises alérgicas de 64% das pessoas que lidam com doenças respiratórias como rinite, sinusite, asma e bronquite, segundo pesquisa encomendada pela marca Claritin, da multinacional alemã Bayer. Entre os sintomas mais comuns estão: nariz escorrendo, congestão nasal e coceiras na garganta, no nariz e no ouvido.

Segundo o levantamento, feito de forma online com 702 pessoas que sofreram com alergia no último ano, 76% passaram por uma crise alérgica no último mês. Além disso, metade dos entrevistados afirma que as crises acontecem com muita frequência. Rinite (82%) e sinusite (65%) foram considerados os quadros mais recorrentes, enquanto bronquite (17%) e asma (16%) foram considerados mais raros.

 “Quando acontece uma mudança brusca de temperatura, principalmente no inverno, o ar frio consegue aumentar o ressecamento da mucosa e das vias aéreas, podendo desencadear uma série de sintomas, como espirros, congestão e corrimento nasal, coceira na garganta, olhos e nariz, entre outros”, explica Augusto Vieira, médico da divisão de Consumer Health da Bayer Brasil, à CNN.

“Além disso, o tempo que passamos em ambientes fechados na estação é maior. Muitos desses locais podem ter poeira, mofo e ácaros, que são outros agentes que irritam as vias aéreas e causam alergias”, completa.

Esses fatores, inclusive, foram levantados também como gatilhos para as crises alérgicas. Segundo o levantamento, 79% dos entrevistados atribuíram ao pó o surgimento dos sintomas, enquanto 63% relacionaram ao mofo e 50% aos ácaros.

Como se proteger das crises alérgicas decorrentes da mudança no tempo?

Os respondentes da pesquisa acreditam que, para se proteger das crises alérgicas, é necessário manter uma boa hidratação com água (64%), deixar os cômodos da casa ventilados (62%) e limpar com frequência o ambiente (60%).

De acordo com Maria Leticia Freitas Silva Chavarria, coordenadora do Departamento Científico de Rinite da Associação Brasileira de Alergia e Imunologia (ASBAI), além dessas medidas, também é preciso se proteger das quedas bruscas de temperatura.

“É importante se agasalhar da forma adequada, mantando-se hidratado, tomando água ao longo do dia, usando soro fisiológico nasal e colírio nos olhos”, afirma, à CNN.

<><> Como é feito o tratamento de alergias?

A primeira orientação ao ter sintomas de crise alérgica é evitar a exposição ao causador da alergia, como pó, mofo e ácaro, conforme explica Vieira.

“Se ainda assim a crise estiver forte, tentar a lavagem nasal. Seguindo orientação médica, a ingestão de anti-histamínicos reduz a coceira e a resposta imune produzidas pela histamina, que é uma substância química liberadas pelas células imunes quando em contato com um alérgeno”, orienta o especialista.

Chavarria acrescenta, ainda, que os medicamentos devem ser utilizados assim que os sinais e os sintomas começam a surgir. “Os mais adequados são os anti-histamínicos e os corticosteroides tópicos nasais, mantendo sempre a higiene nasal com soro fisiológico”, afirma. Mas a especialista ressalta: é fundamental buscar o tratamento adequado por meio de consultas médicas.

¨      Sangramento nasal e cansaço: veja como tempo seco afeta corpo humano

Para além das questões climáticas, o tempo seco e as altas temperaturas decorrentes das ondas de calor podem desencadear problemas respiratórios, de acordo com o médico otorrinolaringologista Bruno Borges de Carvalho Barros, especialista pela Associação Brasileira de Otorrinolaringologia.

Queimadas, como as que atingem a região amazônica e cidades do interior de São Paulo, também podem causar riscos à saúde.

“Isso acontece porque o tempo fica ainda mais seco com a fumaça liberada pelas queimadas recentes, que ainda são compostas por uma mistura de gases tóxicos e partículas finas que, quando inaladas, podem penetrar profundamente nas vias respiratórias”, explica o médico.

<><> O que o tempo seco causa no organismo?

O tempo seco pode ressecar as mucosas do nariz, garganta e pulmões, causando sintomas como dificuldade para respirar e tosse, além de aumentar crises de asma e bronquite, de acordo com Tatiana Buainain, clínica geral do Hospital Santa Paula. Além disso, a rinite alérgica costuma ganhar força diante da baixa umidade do ar, causando coceira frequente no nariz e/ou nos olhos, espirros frequentes, coriza e obstrução nasal.

Sangramentos nasais espontâneos também podem ocorrer em alguns casos. Isso acontece porque o tempo seco torna as paredes internas do nariz mais frágeis, deixando-as mais suscetíveis a fissuras e sangramentos, segundo Barros.

Além dos sintomas respiratórios, a baixa umidade do ar pode deixar os lábios e pele ressecada, olhos irritados e causar dor de cabeça. “A desidratação também é comum se não houver ingestão adequada de líquidos”, alerta Buainain.

<><> Cansaço e baixa produtividade também podem ser comuns no tempo seco

O calor em excesso faz o corpo trabalhar mais para manter a temperatura interna equilibrada, conforme explica Buainain. Consequentemente, o corpo gasta mais energia, causando maior sensação de cansaço e reduzindo a capacidade de concentração e produtividade.

Calor extremo também pode causar a queda da pressão arterial. “Isso acontece devido a um fenômeno de vasodilatação, que faz a nossa pressão abaixar e leva à sensação de fadiga. Então, é muito importante em casos de calor extremo ficar em ambientes refrigerados, de preferência, com ar-condicionado, e caprichar na hidratação, além de utilizar umidificadores”, acrescenta Sara Mohrbacher, clínica médica e nefrologista do Hospital Alemão Oswaldo Cruz.

Além disso, o ar seco e o calor podem atrapalhar o sono, o que leva ao maior cansaço durante o dia, já que não houve descanso o suficiente à noite. “O ar seco e o calor podem deixar o ambiente desconfortável, dificultando a respiração e provocando noites mal dormidas, afetando, assim, a qualidade do sono”, afirma a especialista.

<><> Como evitar efeitos negativos do tempo seco?

Para evitar crises alérgicas e irritação na mucosa nasal, é importante usar soro fisiológico em forma de spray nasal durante o dia ou realizar lavagem nasal, pelo menos, à noite e pela manhã. Também é fundamental usar umidificadores de ar em ambientes internos, principalmente durante a noite, de acordo com Barros. “Isso pode ajudar a manter a umidade relativa do ar em níveis confortáveis”, afirma o especialista.

<<<< Outras medidas incluem:

  • Beber bastante água ao longo do dia;
  • Evitar exposição a substâncias irritantes, como fumaça de cigarro;
  • No caso de quem mora próximo aos focos de queimadas, é importante permanecer dentro de casa, evitando exposição às fumaças, e, se possível, manter janelas e portas fechadas e usar ar-condicionado e purificador de ar;
  • Evitar atividades físicas em horários de elevadas concentrações de poluentes (entre 12h e 16h);
  • Hidratar a pele com cremes;
  • Usar umidificadores de ar;
  • Manter janelas abertas para ventilação (em locais não afetados pelas fumaças de queimadas).

 

¨      Veja como melhorar a imunidade diante de mudanças de temperatura

As mudanças bruscas de temperatura, típicas de ondas de calor seguidas por períodos de frio, são cada vez mais comuns em várias regiões do Brasil. Esse cenário afeta diretamente a saúde, especialmente de indivíduos mais vulneráveis, como idosos, crianças e aqueles com condições respiratórias pré-existentes. Com a chegada de dias imprevisíveis, surge a dúvida: como garantir uma boa imunidade e preservar a saúde diante dessas variações extremas?

Manter o corpo adaptado a essas mudanças não é tarefa fácil. Enquanto mecanismos naturais — como suar no calor e tremer no frio — ajudam a regular a temperatura interna, oscilações abruptas podem sobrecarregar essas funções, levando a um estresse térmico que fragiliza o organismo.

Além disso, o impacto na imunidade é significativo, especialmente para quem já sofre com alergias ou doenças respiratórias. A CNN ouviu especialistas para entender melhor como o corpo reage a essas variações e quais medidas podem ser adotadas para minimizar os riscos.

<><> Como o corpo reage às oscilações térmicas

Segundo Vitor Dominato, clínico geral do Complexo Hospitalar de Niterói (CHN), no Rio de Janeiro, o corpo humano possui mecanismos eficazes para manter uma temperatura interna constante, mas as oscilações rápidas entre calor e frio podem enfraquecer o sistema imunológico.

 “Mudanças bruscas de temperatura podem desencadear resfriados, gripes ou agravar condições respiratórias como asma e rinite”, explica.

Para pessoas que já convivem com essas condições, o impacto é ainda maior. “O ar frio e seco irrita as vias respiratórias, enquanto as mudanças de temperatura podem intensificar crises alérgicas.”

Andrea Almeida, infectologista do Hospital do Servidor Público Estadual (HSPE), complementa que essas oscilações afetam também a pressão arterial e a frequência cardíaca, especialmente em pessoas com hipertensão e problemas cardíacos.

“Tanto no frio intenso quanto no calor, essas condições podem se desestabilizar, por isso é fundamental monitorar a pressão regularmente e seguir as orientações médicas rigorosamente.”

<><> Dicas práticas para proteger a saúde

Proteger-se das oscilações de temperatura requer uma combinação de cuidados básicos e medidas preventivas. Dominato recomenda a hidratação constante, especialmente em ambientes secos ou frios, para manter as mucosas úmidas.

“Lavar o nariz com soro fisiológico ajuda a limpar as vias nasais e prevenir irritações. Além disso, a vitamina C, encontrada em frutas cítricas ou por meio de suplementação, pode fortalecer o sistema imunológico.”

Também é importante usar roupas adequadas e de proteção das extremidades, como luvas e meias, especialmente para pacientes com problemas circulatórios.

“No frio, é essencial manter as extremidades aquecidas para evitar complicações. Além disso, a lavagem das narinas com soro é uma medida eficaz para descongestionar o nariz e eliminar o excesso de secreções, especialmente em períodos de ar seco e poluído”, diz Almeida.

<><> Complexos vitamínicos e outros suplementos

Embora a suplementação vitamínica possa ser benéfica em casos de deficiência nutricional, os especialistas alertam que o uso indiscriminado de vitaminas não previne ou cura doenças relacionadas às oscilações de temperatura.

Suplementos devem ser utilizados apenas sob orientação médica, conforme a necessidade específica de cada indivíduo”, diz a infectologista.

Além disso, o consumo de mel também pode trazer benefícios para a saúde respiratória, ajudando a reduzir sintomas como tosse e irritação na garganta.

“O mel possui propriedades antioxidantes e pode atuar como um expectorante natural, facilitando a eliminação do muco. No entanto, é importante consumi-lo com moderação e sempre buscar orientação médica em casos de alergias ou problemas mais graves”, diz Dominato.

<><> A importância dos bons hábitos

Ambos os especialistas concordam que a prevenção é a melhor estratégia. Manter uma dieta equilibrada, rica em vitaminas e minerais, praticar exercícios físicos regularmente e garantir boas noites de sono são fundamentais para fortalecer o sistema imunológico.

“Evitar o estresse também é crucial, pois altos níveis de estresse podem enfraquecer a imunidade. Técnicas de relaxamento, como meditação e yoga, podem ser grandes aliadas”, destaca Dominato.

Com essas orientações, é possível atravessar as mudanças de temperatura com mais segurança e menor risco à saúde, mantendo o corpo preparado para enfrentar as oscilações climáticas que ocorrem rapidamente.

 

Fonte: CNN Brasil

 

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