sexta-feira, 8 de novembro de 2024

'Promessa feita, promessa mantida': Trump precisa definir agora como acabar com a crise ucraniana

Por inúmeras ocasiões o então candidato Donald Trump avaliou a situação na Ucrânia afirmando que antes mesmo de tomar posse, terminaria com o conflito. Entre propostas de China e Brasil, plano de vitória de Zelensky e pressão da União Europeia (UE), o próximo presidente dos EUA precisa definir o que fazer.

Em seu discurso de vitória, Trump disse: "Vou governar com um lema simples: promessa feita, promessa mantida. Vamos cumprir nossas promessas."

Uma das promessas de Donald Trump, que foi acabar com o conflito na Ucrânia, coloca em causa a postura adotada pela gestão de Joe Biden de manter as remessas de ajuda militar por tempo indeterminado, o que já deixa delineado um prazo para que Trump decida junto a conselheiros e assessores, que postura adotar ante a questão posta por ele: acabar com as guerras pelo mundo.

De acordo com artigo do The Wall Street Journal (WSJ), fontes próximas ao presidente eleito afirmam que está na mesa uma proposta em que Kiev prometeria não se juntar à Organização do Tratado do Atlântico Norte (OTAN) por pelo menos 20 anos em troca de continuar recebendo ajuda militar norte-americana. Para isso, no entanto, Rússia e Ucrânia deveriam concordar com a criação de uma zona desmilitarizada de quase 1.300 quilômetros.

Ainda sem detalhes sobre como este território seria supervisionado, uma fonte contou que a ideia é não envolver tropas norte-americanas, nem qualquer organismo internacional financiado pelos EUA, como as Nações Unidas, passando o bastão para aliados na Europa, muito provavelmente.

Trump ainda poderia considerar outras opções, como as sugeridas por Keith Kellogg e Fred Fleitz que estiveram na Casa Branca em seu primeiro mandato sobre criar uma retenção no envio de remessas de armamentos para a Ucrânia até que Kiev concorde em estabelecer canais de negociação de paz com a Rússia. Ou ainda, ter em conta as sugestões emitidas por seu vice-presidente eleito J.D. Vance em setembro, quando ele sugeriu que para além da criação de uma zona desmilitarizada, a Ucrânia não apenas concordaria com a neutralidade, mas Rússia teria garantias disso, bem como o controle dos territórios hoje considerados sob disputa.

Logotipo circular gigante da OTAN erguido na base aérea de Kucove, na Albânia, para uma cerimônia dedicada à reabertura da base após reformas, 4 de março de 2024 -

Mas qualquer que seja a decisão, Trump precisa considerar outros atores, como seus aliados europeus e, sobretudo, os interesses russos e ucranianos no desfecho desse conflito. O que se tem notado é uma disposição russa para que a saída do conflito seja diplomática, mas uma irredutibilidade ucraniana tem persistido desde a intervenção do Reino Unido nas negociações, mediadas pela Turquia, durante o mandato de Boris Johnson.

Trump, que já se referiu a Vladimir Zelensky como o "maior vendedor", tem nas mão uma decisão com a qual esteve acostumado durante os anos em que comandou o reality show O Aprendiz, mas agora, vai muito além de "demitir" ou "contratar". O projeto que pretende terminar com um conflito que arrisca se espalhar pela Europa pode ser evitado se ele resolver como pretende acabar com ele através de uma saída negociada que considere as partes envolvidas igualmente.

¨      O que a vitória de Trump pode significar para o conflito na Ucrânia e para a Europa?

O recém-eleito presidente dos EUA, Donald Trump, prometeu resolver o conflito na Ucrânia em poucos dias após sua posse, mas a solução levará tempo, acredita Earl Rasmussen, consultor internacional e coronel aposentado com mais de 20 anos de serviço no Exército dos EUA, ouvido pela Sputnik.

"Isso não vai ser resolvido imediatamente", disse Rasmussen. "Há muito trabalho de construção da confiança que precisará acontecer, porque basicamente temos quatro anos de destruição [das relações] que, na verdade, já estava ocorrendo há algum tempo. Mas realmente houve um grande declínio nos últimos quatro anos."

Trump buscará negociações sobre a Ucrânia, algo que a administração Biden se recusou a fazer por um longo tempo, disse o analista.

"O que você verá é uma redução no financiamento para a Ucrânia", afirmou Rasmussen.

"Ele também dirá a [Vladimir] Zelensky que ele precisa levar a sério as negociações — e uma negociação realista, não algum sonho irrealista, plano de vitória ou qualquer coisa do tipo."

Está claro que a vitória de Trump pegou os países europeus de surpresa, e eles terão que se ajustar a uma nova realidade geopolítica, continuou ele.

"Para a Europa vai ser desafiador, e muitas nações europeias, acredito, lamentam os comentários viscerais e as acusações que foram feitas contra o presidente Trump."

¨      Confronto maior à vista? Analista revela por que Trump quer acabar com o conflito na Ucrânia

O vencedor da eleição presidencial dos EUA, Donald Trump, quer acabar com o conflito na Ucrânia para iniciar um confronto maior com a China, escreveu na rede social X Brian Berletic, analista de geopolítica e ex-fuzileiro naval dos EUA.

"A única razão pela qual Trump/Vance estão falando sobre se retirar da Ucrânia é porque os EUA estão perdendo lá e [eles] necessitam todos os recursos disponíveis para iniciar um conflito muito maior com a China", opina o ex-fuzileiro naval.

Segundo ele, na política externa dos EUA, a prioridade geopolítica mudará para a Ásia.

"A única coisa que realmente vai mudar são as mentiras que são contadas aos cidadãos americanos para convencê-los da necessidade de guerra e justificar os apoiadores de Trump", acrescentou o especialista.

O The Wall Street Journal informou, citando fontes, que o círculo próximo de Trump sugeriu congelar o conflito na Ucrânia, criar uma zona desmilitarizada ao longo da linha de frente e fazer novos fornecimentos de armas em troca da promessa de Kiev de não se juntar à OTAN temporariamente.

<><> EUA planejam enviar US$ 6 bilhões em ajuda militar a Kiev antes da posse de Trump

A administração do presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, planeja fornecer a Kiev os últimos US$ 6 bilhões (R$ 34 bilhões) disponíveis em ajuda militar à Ucrânia antes da posse de Donald Trump, informou a mídia norte-americana. O democrata encerra o mandato em janeiro.

O desafio para o governo Biden é que normalmente são necessários meses para entregar munições e equipamentos à Ucrânia, o que significa que é improvável que a ajuda chegue ao país europeu antes do retorno de Trump à Casa Branca, informou a mídia.

Durante a campanha, Trump afirmou repetidamente que, se fosse eleito novamente presidente, alcançaria uma solução para o conflito na Ucrânia em apenas 24 horas.

O republicano declarou a vitória no início da manhã desta quarta-feira (6), após cálculos da imprensa mostrarem que o candidato havia superado os 270 votos no colégio eleitoral necessários para ser declarado eleito.

No fim da tarde, a vice-presidente e candidata derrotada, Kamala Harris, telefonou para o republicano. Durante a conversa, Trump concordou que há uma necessidade de unir os americanos e reconheceu a força e tenacidade de sua oponente.

"O presidente eleito Donald J. Trump e a vice-presidente Kamala Harris conversaram por telefone esta manhã, tendo ela o parabenizado por sua vitória histórica. O presidente Trump elogiou a vice-presidente Harris por sua força, profissionalismo e tenacidade ao longo da campanha, e ambos os líderes concordaram sobre a importância de unir o país", afirmou Steven Cheung, diretor de comunicações da campanha de Trump, em um comunicado.

¨      Sistemas de lança-chamas pesados equivalem a várias bombas aéreas em poder destrutivo, diz Rostec

As versões aprimoradas dos sistemas russos de lança-chamas pesados Solntsepek e Tosochka, que são lançadores múltiplos de foguetes de calibre 220 mm, já superam algumas bombas aéreas pesadas por seu poder destrutivo, informou o consórcio de defesa estatal Rostec.

"Uma salva completa da nova versão do sistema, que se tornou um desenvolvimento de máquinas que já provaram [sua eficácia], supera várias bombas aéreas pesadas, como por exemplo as ODAB-500P, por seu efeito destrutivo. Isso porque o novo sistema também permitirá atingir com mais eficácia alvos com vários elementos, como as fortificações espalhadas por uma grande área", detalha a Rostec.

Destaca-se que os sistemas Solntsepek e Tosochka "evoluíram seriamente" em termos de maior poder de fogo, maior alcance, proteção e automação. Eles foram aprimorados tendo em conta a experiência de utilização em combate na área da operação militar especial, bem como os pedidos dos militares.

Segundo indica o consórcio, o sistema Solntsepek pode de uma só vez queimar uma área de quatro hectares. Já o Tosochka cobre uma área de seis hectares, que, em termos de eficácia, é comparável aos sistemas de mísseis tático-operacionais Iskander.

A Rostec aponta que os sistemas de lança-chamas pesados têm demonstrado alta eficiência no conflito ucraniano.

¨      Exigências de Trump à OTAN podem levar ao colapso da Aliança Atlântica, alerta ex-comandante

Com a eleição de Donald Trump para seu segundo mandato como presidente, uma pergunta permaneceu no ar: Trump pretende tirar os EUA da OTAN? Enquanto observadores apontam ser improvável que isto ocorra, os custos para esta manutenção serão caros.

Em um recente artigo publicado pela Bloomberg, James Stavridis, almirante aposentado da Marinha dos EUA e ex-comandante supremo aliado da Organização do Tratado do Atlântico Norte (OTAN), chamou atenção para o quanto Trump tentou pressionar os europeus a atingirem uma meta de gastar 2% de seu Produto Interno Bruto (PIB) com as Forças Armadas — muito em função dos desafios da época envolvendo Afeganistão, Iraque, terrorismo global, pirataria na costa da África e ataques cibernéticos.

Em seu primeiro mandato, Trump foi explícito ao dizer que a Europa tinha que gastar mais em sua própria defesa. Sua mensagem ganhou alguma força, e os níveis de gastos com defesa começaram a aumentar.

Após o início do conflito ucraniano, curiosamente a Europa Ocidental ampliou seus gastos com defesa significativamente. Hoje, a maioria dos 32 membros da aliança contribui com mais do que a meta de 2%. Alguns, como a Polônia, estão gastando mais em defesa com base no PIB do que os Estados Unidos. Apesar disso, não deve ser o suficiente para satisfazer Trump, afirma Stavridis.

"De fato, espere que um dos primeiros pedidos de Washington após a posse seja um aumento nos gastos com defesa europeus — e canadenses — para pelo menos 2,5% do PIB, e talvez até 3%. Os EUA gastam cerca de 3,5% de seu PIB em defesa e, portanto, uma meta de 3% pode parecer muito razoável para a nova equipe na Casa Branca", especula.

Ainda para o analista, deve haver um esforço para que os europeus assumam essencialmente o financiamento da Ucrânia uma vez que os EUA têm fornecido mais ajuda militar, mesmo com todo o gasto geral europeu que vai predominantemente para as corporações de defesa norte-americanas, criando empregos internamente e fortalecendo sua própria base industrial de defesa.

Mas, Stavridis ainda acredita ser provável que a nova administração em Washington diga aos europeus: "É seu problema, resolvam isso."

Enquanto Washington pressiona para que os gastos europeus com defesa sejam ampliados, ela ainda é coletivamente o segundo maior orçamento de defesa do mundo, à frente da China — que gasta cerca de 2% de seu PIB em defesa. E está aumentando sob os impulsos da pressão de Trump e da crise ucraniana.

Os militares europeus também têm a vantagem de serem globalmente implantáveis. Isso pode ser vital no caso de um confronto dos EUA com a China, que vai poder contar com navios de guerra do Reino Unido, França, Países Baixos, Canadá e Alemanha ao lado dos do Japão, Coreia do Sul e Filipinas, ou ainda no caso de uma abertura forçada do mar Vermelho e o canal de Suez atualmente bloqueados pelos houthis, aponta o analista.

"Os valores comuns da aliança são importantes. [...] Os europeus vieram, lutaram e morreram conosco no Afeganistão para enfrentar terroristas radicais", afirma Stavridis ao destacar que essas razões seriam responsáveis por unir os membros da Aliança Atlântica.

Finalmente, mesmo que estes não são os últimos dias da OTAN, a aliança deve encarar um período desconfortável, enquanto os aliados europeus se reajustam às realidades de uma nova e cética administração em Washington.

¨      Eurodeputado apela à UE a reconsiderar sua dependência dos EUA após a vitória de Trump

A vitória de Donald Trump nas eleições presidenciais dos EUA equilibrará as relações internacionais e forçará a Europa a reconsiderar sua dependência de Washington, declarou à Sputnik o eurodeputado francês Thierry Mariani.

"A Europa deve ver nestas eleições uma oportunidade para os nossos países questionarem nossa dependência de vassalos dos EUA. Isso deve nos permitir libertar-se do controle americano, já que Trump nos forçará a fazer isso de qualquer maneira, e encontrar a nossa voz em apoio à independência e autonomia", disse Mariani.

Segundo ele, a vitória de Trump ajudará a equilibrar as relações internacionais.

"A reeleição de Donald Trump como presidente dos EUA é uma grande notícia para a democracia e os patriotas do mundo. Sob Biden, os países europeus se tornaram mais pobres e nossa voz, especialmente a da França, não é mais importante no mundo. Na arena internacional, este resultado abre perspectivas interessantes para mudar o equilíbrio das relações globais em direção a uma maior independência dos países dos EUA, especialmente dos países europeus", acrescentou.

Para o eurodeputado francês, Trump vai seguir uma política externa pragmática e tentar resolver o conflito na Ucrânia. "A sua presidência será marcada por uma abordagem menos intervencionista, mais pragmática nos assuntos internacionais e muito mais protecionistas nas questões econômicas", concluiu Mariani.

 

Fonte: Sputnik Brasil

 

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