O que esperar da agenda econômica de Donald
Trump
Eleito presidente
dos Estados Unidos nesta
quarta-feira (6), o republicano Donald
Trump carrega uma agenda econômica conservadora e protecionista para a maior economia do mundo.
➡️O que é uma agenda protecionista?
O protecionismo é a
teoria que defende favorecer e dar prioridade à atividade doméstica de um país,
limitando a concorrência estrangeira. Isso pode ser feito de diversas formas e
em diferentes graus, como limitando ou reduzindo a importação de produtos, incentivando
o desenvolvimento interno com subsídios, entre outros.
Entre as propostas de seu plano econômico, está a elevação de tarifas para produtos importados –
incluindo uma guerra comercial com a China – e o corte de impostos no país,
além da promessa de reduzir a inflação e do endurecimento das regras de
imigração.
"Vamos reduzir a
dívida, reduzir impostos, podemos fazer coisas que ninguém mais pode fazer,
ninguém mais será capaz de fazer isso. A China não tem o que nós temos, ninguém
tem o que nós temos. Temos as melhores pessoas também, isso é o mais importante",
disse Trump durante seu discurso de vitória na quarta-feira.
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Quais os principais
pontos do plano econômico de Trump?
Entre as medidas de
maior impacto propostas por Trump estão questões que envolvem o aumento de
tarifas para produtos importados – principalmente aqueles vindos da China –,
uma redução dos impostos domésticos, o apoio à indústria norte-americana e a
contrariedade a incentivos para transição energética.
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Entenda nos pontos abaixo:
- 💲Tarifaço
Uma das medidas de
Trump que mais trazem preocupações a especialistas é de um aumento de tarifas
para produtos importados.
A proposta é de impor
uma alíquota de 10% a 20% sobre todas as importações – ou seja, todos os
parceiros comerciais dos Estados Unidos seriam afetados.
Especificamente para a
China – que já vinha experimentando taxas mais altas por parte dos EUA há anos
(mesmo no governo de Joe Biden) –, a proposta é de impor tarifas de 60% ou mais
sobre os produtos importados do gigante asiático. (Entenda os efeitos para o
Brasil mais abaixo)
- ✂️ Cortes de impostos domésticos
Além disso, outra
promessa do plano econômico de Trump era a de reduzir ou limitar os impostos
domésticos para tentar incentivar a indústria e a atividade norte-americana.
Entre os pontos citados nesse caso, estavam:
- A redução da alíquota corporativa de 21% para 15%;
- A eliminação dos impostos sobre horas extras e sobre
gorjetas de trabalhadores; e
- A ampliação de um corte de impostos para todas as classes,
incluindo os mais ricos.
O cenário tende a
reduzir a arrecadação norte-americana e traz novas preocupações ao mercado
sobre a capacidade dos Estados Unidos em cumprir com o pagamento da dívida do
país.
- 🔒 Endurecimento das regras de imigração
Trump também defende
um plano agressivo para dificultar a imigração ao país,
retomando parte da estratégia de seu último mandato, entre 2017 e 2021.
Além do endurecimento
das regras de imigração, com um aumento de penalidades para a entrada ilegal e
para a permanência além do prazo dos vistos, o republicano também pretende
iniciar o que chama de “maior programa de deportação da história dos Estados Unidos”.
- 🏭 Apoio à indústria doméstica e mudanças no mercado de
energia
Outra medida proposta
pelo republicano é o fim das restrições para o mercado de petróleo, gás natural
e carvão, além do aumento da produção de energia em todas as fontes – incluindo
a nuclear.
O republicano também
prometeu o fim dos incentivos fiscais para a compra de veículos elétricos, e
quer impedir a importação de veículos chineses. Segundo a proposta, a ideia é
“revitalizar” a indústria automobilística dos Estados Unidos.
Além disso, a proposta
dos republicanos também diz trazer um plano robusto para proteger
trabalhadores, agricultores e indústrias dos EUA contra a “concorrência
estrangeira desleal”.
“Nos comprometemos a
reequilibrar o comércio, garantir a independência estratégica e revitalizar a
manufatura”, diz o texto, que também diz querer acabar com as regulamentações
que “sufocam empregos, liberdade e inovação”.
- 💰 Inflação na mira e corte de gastos públicos
A proposta de Trump
também endereça o aumento da inflação visto no país nos últimos anos. Em suas
promessas, o republicano diz querer “reverter a pior crise de inflação em
quatro décadas”.
Trump também promete
cortar gastos governamentais “desperdiçados” e regulamentações custosas e
onerosas para o país.
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Quais os efeitos da vitória do Trump para o Brasil?
Segundo especialistas,
apesar de o Brasil não estar no foco da política externa de Trump, seus posicionamentos podem ter efeitos no país.
Entre as medidas que
devem trazer mais efeito estão a imposição das tarifas comerciais, a redução de
impostos para empresas norte-americanas e o endurecimento das regras de
imigração, que incluem um possível fechamento das fronteiras.
“Essas medidas são
vistas como inflacionárias e potencialmente prejudiciais para a economia de
outros países, especialmente para os mercados emergentes, como Brasil e México,
que dependem fortemente do comércio global”, explica o vice-presidente executivo
do Grupo Travelex Confidence, João Manuel Freitas.
Além disso, a
imposição de tarifas maiores para a China também pode acabar intensificando a
guerra comercial dos Estados Unidos com o gigante asiático e encarecendo parte
dos preços.
De acordo com
analistas da XP Investimentos, essa medida poderia ter um impacto limitado
sobre os produtores de aço e mineradores, por exemplo.
“Como os EUA são um
importador chave de ferro e aço, e a China provavelmente não ajustará sua
oferta em resposta, essa situação poderia levar a um desequilíbrio entre oferta
e demanda, impactando os preços do aço”, afirmaram os analistas em relatório.
A China é a maior
fornecedora de aço do Brasil e isso também impactaria os preços por aqui.
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Alta de juros
Os especialistas ainda
destacam que o potencial aumento da inflação norte-americana, trazido pelas
medidas protecionistas propostas por Trump, que também podem impactar o Brasil.
Além de possivelmente
encarecer os produtos importados do país pelo Brasil, uma pressão inflacionária
nos Estados Unidos também pode impor uma nova alta de juros por parte do
Federal Reserve (Fed, o
banco central dos EUA).
Esse quadro é
agravado, ainda, pela possível perda de arrecadação do governo norte-americano
caso Trump resolva cumprir suas promessas de cortes de impostos domésticos.
Com menos recursos
entrando no caixa do governo, há um aumento das preocupações com a capacidade
de o país cumprir com o pagamento da dívida norte-americana. Essas dúvidas
também tendem a aumentar a exigência de investidores por um prêmio maior, ou
seja, juros mais altos.
E juros mais altos nos
Estados Unidos tornam os países emergentes, como o Brasil, menos atrativos — o
que pode acabar afastando investidores e dólares do país. Com impacto no
câmbio, fica maior a pressão na inflação por aqui.
"No Brasil, essa
conjuntura pode exigir ajustes nas políticas monetárias e mudanças no controle
de inflação, impactando o custo do crédito, o consumo e o crescimento
econômico”, diz o analista da Ouro Preto Investimentos, Sidney Lima.
“Já no cenário global,
um dólar forte pode reduzir o ritmo de crescimento das economias emergentes,
afetando o comércio internacional e a demanda por commodities, com reflexos
diretos no Brasil, dada sua dependência de exportações de produtos básicos",
acrescenta.
Donald
Trump foi eleito presidente dos Estados
Unidos, de acordo com projeção da Associated
Press divulgada nesta quarta-feira (6). O republicano já governou o país entre
2017 e 2021 e, agora, se prepara para assumir seu segundo mandato.
Durante a campanha,
Trump apresentou propostas conservadoras e protecionistas para temas como
imigração, economia, aborto e política externa. Veja algumas a seguir:
- Imigração: ele
promete retomar políticas migratórias da época em que era presidente.
Afirma também que irá fazer a maior deportação em massa da história dos
EUA.
- Economia: Trump
foca seu plano econômico no corte de impostos e aumento de tarifas para
produtos importados. Trump também diz ser contrário a incentivos para
transição energética.
- Aborto: o
republicano afirmou que vetaria uma proibição federal ao aborto. Em junho,
ele também disse que não vai banir o acesso a medicamentos abortivos, caso
seja eleito.
- Conflitos internacionais: Trump
pediu que Israel termine o conflito, sob o risco de encerrar o apoio
militar ao país. Ele também pôs em xeque o apoio dos EUA à Ucrânia.
Basicamente, o
presidente eleito prometeu retomar boa parte das políticas que adotou durante o
seu primeiro mandato. Veja, a seguir, os detalhes das propostas do republicano
neste ano e a comparação de como ele atuou enquanto esteve na Casa Branca.
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1. Imigração
▶️ Propostas para agora
Em fevereiro deste
ano, o Congresso dos EUA chegou a discutir uma proposta bipartidária sobre a
fronteira. O projeto, no entanto, não avançou. À época, Trump pediu para que os
republicanos votassem contra o texto para evitar uma vitória política de Biden.
Na campanha, Trump
promete retomar políticas migratórias da época em que era presidente, entre
2017 e 2021. Ele também afirma que irá fazer a maior deportação em massa da
história dos Estados Unidos.
Para Donald Trump, a
entrada de imigrantes ilegais nos Estados Unidos está resultando em uma onda de
crimes. No entanto, não existem dados que comprovem isso. Em setembro deste
ano, o FBI afirmou que os Estados Unidos vivem uma redução nos registros de crimes
violentos.
No discurso da
vitória, o presidente eleito disse que vai fechar as fronteiras e que apenas
imigrantes legais poderão entrar nos Estados Unidos.
▶️ O que ele fez no primeiro mandato
Uma das principais
bandeiras durante o primeiro mandato de Trump foi a construção de um muro entre
os Estados Unidos e o México. À época, ele afirmou que faria o país vizinho
pagar pela obra. O Congresso aprovou orçamento para a construção, mas pouco da estrutura
foi feita.
Além disso, durante o
governo, Trump endureceu as regras para que trabalhadores estrangeiros
entrassem nos Estados Unidos. Isso resultou em um grande número de recusas para
a emissão ou extensão de vistos.
Segundo a NBC News, as
políticas de Trump fizeram com que muitas empresas e o setor rural perdessem a
força de trabalho, que era estrangeira. De certa forma, especialistas dizem que
as medidas também impactaram o crescimento do PIB dos Estados Unidos.
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2. Economia
Donald Trump,
presidente dos EUA, mostra máscara em discurso na Casa Branca nesta terça (21)
— Foto: Evan Vucci/AP
▶️ Propostas para agora
O republicano foca seu
plano econômico no corte de impostos e aumento de tarifas para produtos
importados. Trump também diz ser contrário a incentivos para transição
energética. Confira as propostas:
- Imposto sobre importações: impor tarifas de 10% a 20% sobre todas as importações, além
de tarifas de 60% ou mais sobre produtos vindos da China.
- Imposto corporativo: reduzir a alíquota de 21% para 15%, para incentivar a
produção nacional.
- Corte de impostos: eliminar os impostos sobre horas extras e gorjetas dos
trabalhadores, além de ampliar um corte de impostos para todas as classes,
incluindo os mais ricos.
- Indústria: apoiar a indústria de petróleo e gás para impulsionar
a economia, além de acabar com o incentivo fiscal para a compra de
veículos elétricos.
Analistas
orçamentários dizem que os cortes de impostos prometidos por Trump podem gerar
um déficit entre US$ 3,6 trilhões e US$ 6,6 trilhões ao longo de 10 anos.
▶️ O que ele fez no primeiro mandato
Trump reduziu de 35%
para 21% a aliquota de impostos para corporações. O objetivo foi estimular o
investimento e o consumo, para impulsionar o crescimento econômico dos Estados
Unidos. Por outro lado, as medidas provocaram aumento do déficit fiscal.
O presidente também
apostou na desregulamentação de alguns setores, como o de energia, em busca de
um estímulo na atividade econômica.
Durante o primeiro
governo Trump, os Estados Unidos tiveram crescimento no emprego e no PIB. No
entanto, a economia do país foi fortemente afetada pela pandemia de Covid-19,
resultando em inflação e fechamento de postos de trabalho.
Além disso, o
republicano adotou uma postura protecionista em relação ao comércio
internacional, impondo tarifas contra importações da China para tentar
valorizar bens produzidos nos Estados Unidos.
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3. Aborto
▶️ Propostas para agora
Trump defende que o
debate sobre o aborto continue no âmbito estadual. A campanha republicana
argumenta que centros "pró-vida" precisam ser criados, com o objetivo
de dar assistência a mulheres que querem ter filhos.
O presidente eleito
também afirmou que vetaria uma proibição federal ao aborto. Em junho, ele disse
que não vai banir o acesso a medicamentos abortivos em um provável segundo
mandato.
▶️ O que ele fez no primeiro mandato
Donald Trump já
demonstrou várias vezes ter orgulho de ter nomeado juízes conservadores para a
Suprema Corte durante o primeiro mandato. Essas nomeações ajudaram a derrubar a
lei "Roe contra Wade", que garantia o direito ao aborto nos Estados Unidos
desde os anos 1970.
No entanto, desde que
a lei perdeu validade, o apoio ao aborto legal cresceu nos Estados Unidos. Além
disso, a medida gerou legislações diferentes em cada um dos estados, que
possuem autonomia para decidir sobre o tema.
Diante deste cenário,
mulheres grávidas que vivem em estados onde o aborto é proibido têm viajado
para outras regiões onde conseguem realizar o procedimento legalmente e em
segurança.
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4. Conflitos internacionais
▶️ Propostas para agora
Trump afirmou que vai
encerrar as guerras no Oriente Médio e na Ucrânia, sem explicar como. Ele se
reuniu com o premiê israelense, Benjamin Netanyahu, e com o presidente
ucraniano, Volodymyr Zelensky, durante a campanha.
Sobre o Oriente Médio,
republicanos têm posição semelhante aos de democratas, e concordam sobre o
apoio a Israel no direito de se defender contra as ações do Hamas e de outros
grupos extremistas.
Trump afirma que, se
fosse presidente, essa guerra jamais teria se iniciado. Ele pediu para que
Israel termine o conflito imediatamente, sob o risco de encerrar o apoio
militar ao país.
O presidente eleito
também já pôs em xeque o apoio dos Estados Unidos à Ucrânia. Em abril, ele se
recusou a apoiar a aprovação de um pacote de ajuda ao governo ucraniano no
valor de US$ 95 bilhões. Parte dos republicanos já não vê o assunto como algo
de interesse norte-americano.
▶️ O que ele fez no primeiro mandato
Entre 2017 e 2021,
Trump retirou os EUA de uma série de tratados e acordos internacionais. Um
deles foi o acordo nuclear histórico com o Irã, que foi costurado pelo
ex-presidente Barack Obama.
Trump aplicou uma
série de sanções contra o Irã, que retomou seu programa nuclear. Atualmente, o
governo iraniano ameaça usá-lo para fins militares, em meio às tensões com
Israel.
Ele também repetiu
ameaças de que retiraria os EUA da Organização do Tratado do Atlântico Norte
(Otan), alegando que outros países membros, principalmente os europeus,
deveriam aumentar seus gastos militares para engordar o arsenal da aliança.
Atualmente, a Otan tem
demonstrado papel importante no apoio à Ucrânia por meio do fornecimento de
armas e treinamento de tropas.
Fonte: g1
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