quarta-feira, 6 de novembro de 2024

'Ninguém se abrigará atrás do oceano Atlântico': Lavrov adverte contra ações antirrussas da OTAN

A Rússia e os EUA, como as maiores potências nucleares, têm a responsabilidade pelo futuro global. Moscou compreende isso, pois está pronta para o diálogo, mas levando em conta os interesses mútuos e na reciprocidade, disse o ministro das Relações Exteriores da Rússia Sergei Lavrov à Sputnik.

Em uma entrevista exclusiva à agência, o chanceler russo disse que Moscou considera o fato de que o Ocidente, inclusive a Organização do Tratado do Atlântico Norte (OTAN), não esconde sua posição agressiva em relação à Rússia já há muito tempo.

Porém, ele afirmou que a Rússia está sempre aberta para relações amigáveis, o que foi mostrado pela 16ª Cúpula do BRICS em Kazan, realizada de 22 a 24 de outubro, que destacou a falta de sentido das tentativas de isolar a Rússia no cenário mundial.

Relações com Ocidente e solução da crise ucraniana

Respondendo à pergunta relacionada à possível entrega de armas de longo alcance a Kiev, ele repetiu a tese já declarada pelo presidente da Rússia Vladimir Putin de que a questão precisa ser formulada de uma maneira diferente.

A razão é que os militares ucranianos não têm capacidade, nem aptidões, para controlar e usar tais armas, também precisam de inteligência, que só pode ser obtida por meios disponíveis às forças armadas dos EUA e da OTAN.

Então, o uso dessas armas significaria que "os países da OTAN já estão em guerra aberta com a Rússia".

Nesse caso, Lavrov ressaltou que a Rússia vai retaliar adequadamente em conformidade com o direito soberano à autodefesa, usando todos os meios necessários para garantir a segurança do país, conforme a Carta da ONU.

"E ninguém poderá se esconder atrás do oceano Atlântico ou do canal da Mancha!"

No entanto, o ministro afirmou que Moscou está pronta para negociar com Washington.

"Estamos prontos para um diálogo igualitário se e quando os Estados Unidos demonstrarem que levam a sério a negociação de forma justa, com base no reconhecimento dos interesses nacionais russos e no princípio da reciprocidade", assegurou.

Ele lembrou que ambos os países são as maiores potências nucleares responsáveis pelo destino do mundo e isso predetermina a necessidade de contatos diplomáticos entre o Kremlin e a Casa Branca.

<><> Cúpula do BRICS é evento crucial dos últimos tempos

A cúpula em Kazan recebeu 35 delegações de Estados e seis chefes de organizações internacionais, inclusive o secretário-geral da ONU António Guterres e a chefe do Novo Banco de Desenvolvimento, Dilma Rousseff.

Segundo Lavrov, muitos destacaram que o evento foi realizado em uma atmosfera de amizade, abertura e respeito mútuo.

Um dos temas principais foi a adaptação do sistema monetário mundial às novas realidades, inclusive o aumento de uso das moedas nacionais e a criação de sistemas de pagamento independentes.

"Os chefes de muitas delegações do Sul Global expressaram abertamente sua indignação com o uso crescente, nos últimos anos, do dólar pelas autoridades dos EUA como um instrumento de guerra de sanções contra os Estados cujas políticas, por um motivo ou outro, não agradam aos americanos", enfatizou Lavrov.

Ele sublinhou que a Declaração de Kazan adotada no final da cúpula reflete o fato de que os países-membros do BRICS compartilham uma visão semelhante do assunto.

Em particular, o BRICS tem uma visão comum sobre a solução da questão israelo-palestina.

Lavrov disse que, apesar da política destrutiva dos EUA no Oriente Médio, "vamos aproveitar ao máximo o potencial do BRICS" para resolver o conflito.

Os Estados do BRICS e seus parceiros, segundo o chanceler, têm o objetivo de formar "uma ordem mundial mais justa e equilibrada, reformar as instituições de governança global e enfrentar mais eficazmente os desafios globais".

¨      EUA devem aceitar a realidade sombria em relação à Ucrânia e parar de pensar no inviável, diz jornal

Os EUA devem aceitar o verdadeiro estado de coisas na Ucrânia e parar de pensar no inviável, escreve o Foreign Affairs.

"Em vez de se agarrar a uma definição inviável de vitória, Washington deve lidar com a realidade sombria da guerra e chegar a um resultado mais plausível", aponta o autor do artigo Richard Haass.

Segundo ele, os aliados da Ucrânia deveriam tomar a desagradável decisão de pressionar Kiev a negociar com o Kremlin. Destaca-se que a política atual provou ser malsucedida e dispendiosa, e o conflito não está se desenvolvendo como era planejado no Ocidente.

Em junho, o presidente russo Vladimir Putin anunciou, em uma reunião com a liderança do Ministério das Relações Exteriores, as condições para o início das negociações com a Ucrânia.

Entre elas está a renúncia de Kiev às suas intenções de ingressar na OTAN. Putin acrescentou que a Ucrânia deve ter um status neutro, não alinhado e não nuclear para uma solução pacífica do conflito. O lado ucraniano rejeitou a proposta.

¨      Operação militar especial impede lado ucraniano de implementar programa nuclear, diz MD russo

Nesta terça-feira (5), o tenente-general Igor Kirillov, chefe das Tropas de Defesa Radiológica, Química e Biológica das Forças Armadas russas informou que a operação militar especial da Rússia impediu o lado ucraniano de implementar seu próprio programa nuclear.

"A operação militar especial impediu o lado ucraniano de implementar seu próprio programa nuclear. Seus principais executores são o Instituto de Física e Tecnologia de Carcóvia, cujos cientistas participaram do programa nuclear da URSS, bem como o Instituto de Pesquisa Nuclear da Academia Nacional de Ciências em Kiev", disse Kirillov aos repórteres.

Apesar da falta de potencial técnico para criar armas nucleares, as capacidades existentes permitem que Kiev crie uma bomba suja, disseram os militares, acrescentando que os representantes do Serviço de Segurança da Ucrânia são treinados no uso de uma bomba suja, sua fabricação e detonação em um local com grande concentração de pessoas.

A Ucrânia se tornou um dos principais importadores de combustível nuclear usado, disse Kirillov, acrescentando que as rotas de entrega são organizadas por Polônia e Romênia.

"O relatório do secretário do Conselho de Segurança Nacional da Ucrânia ao primeiro-ministro [Denis] Shmygal apresentado no slide é particularmente alarmante. Ele relata a perda de 68 fontes de radiação ionizante, incluindo as altamente ativas, que estavam localizadas no Instituto de Metrologia em [...] a região de Carcóvia. O relatório observa que '[...] a perda de controle sobre fontes de radiação ionizante é classificada como um acidente de radiação'", disse Kirillov.

<><> Forças russas frustram tomada da ZNPP

As Forças Armadas russas frustraram ainda a operação ucraniana chamada Curto Circuito, para tomar a usina nuclear de Zaporozhie (ZNPP, na sigla em inglês) em outubro, disse Kirillov.

Segundo ele, o Exército da Ucrânia não abandonou os planos de tomar à força as instalações de energia nuclear russas.

"Tendo falhado em obter sucesso com a usina nuclear de Kursk, o inimigo retornou às tentativas de assumir o controle da usina de Zaporozhie. Isso é evidenciado pelos planos para a operação Curto Circuito descobertos durante as atividades operacionais realizadas em outubro de 2024", disse o tenente-general.

As forças de operações especiais ucranianas participariam desta operação, disseram os militares, acrescentando que para atingir esse objetivo, presumia-se que Himars e sistemas não tripulados de ataque seriam usados.

"Graças às ações preventivas das unidades russas, o plano de tomar a usina não foi implementado", acrescentou Kirillov.

<><> Rússia atinge infraestrutura de aeródromos, de produção de armas e de energia na Ucrânia, diz MD

As Forças Armadas da Rússia, em 24 horas, atingiram infraestrutura de aeródromos militares, de produção de mísseis e de energia que abastecem as tropas ucranianas, informou o Ministério da Defesa da Rússia na terça-feira (5).

Em particular, o Exército ucraniano perdeu até 70 militares na zona operacional do agrupamento de tropas russo Sever (Norte) na direção de Carcóvia no último dia, segundo o ministério.

O agrupamento Yug (Sul) continua avançando contra a defesa ucraniana, repelindo três ataques e eliminando até 580 efetivos adversários.

Enquanto isso, militares russos do agrupamento Zapad (Oeste) infligiu danos a efetivos e equipamentos de quatro brigadas ucranianas na região de Carcóvia e República Popular de Lugansk (RPL).

Além disso, o Zapad repeliu cinco contra-ataques, com as perdas inimigas totalizando até 510 militares, relatou a pasta militar russa.

Por sua vez, as tropas ucranianas perderam até 120 militares, um tanque e uma peça de artilharia autopropulsada Paladin fabricada nos EUA na área de responsabilidade do agrupamento Vostok (Leste).

As unidades do agrupamento Tsentr (Centro) tomaram linhas mais vantajosas e repeliram nove ataques, enquanto as forças ucranianas perderam até 560 militares nessa zona.

¨      Ministra alemã foi a Kiev para pressionar por negociações com a Rússia, revela político

A ministra das Relações Exteriores da Alemanha, Annalena Baerbock, que chegou a Kiev nesta segunda-feira (4), na verdade foi ao país para pressionar as autoridades ucranianas a negociar com a Rússia para acabar com o conflito, disse à Sputnik Ralph Niemeyer, presidente do Conselho Alemão para Constituição e Soberania.

Mais cedo, a mídia relatou a chegada de Baerbock à capital da Ucrânia. De acordo a pasta, a ministra afirmou que a Alemanha daria apoio pelo tempo que fosse necessário para que os ucranianos encontrassem um caminho para uma "paz justa".

Já Niemeyer observou que a visita da chanceler foi anunciada pouco antes da eleição presidencial dos EUA. O candidato republicano Donald Trump, se vencer, poderia contatar a Rússia no dia seguinte para buscar uma saída para o conflito antes do final do ano.

No entanto, a vice-presidente Kamala Harris não alocará fundos significativos para Kiev caso conquiste a vitória, já que a opinião pública nos Estados Unidos é contrária, acredita Niemeyer. Uma viagem a Kiev dará a Baerbock a oportunidade, mesmo se Trump vencer, de dizer que foi ela que convenceu as autoridades da necessidade de negociações com a Rússia em vez de continuar o conflito, acrescentou.

"Acho que esta é uma agenda secreta [da visita]. Baerbock está tentando não perder o último trem [tentando convencer Kiev a negociar]", disse o político à Sputnik.

Durante a campanha, Trump prometeu alcançar um acordo para resolver o conflito ucraniano por meio de negociações "em apenas um dia". Já a Rússia acredita que é um problema muito complexo para uma solução tão simples. Além disso, Trump criticou repetidamente o regime de Vladimir Zelensky.

¨      Deputada ucraniana: Kiev não cumprirá plano de mobilização até o final do ano

Uma deputada da Suprema Rada (parlamento ucraniano) e do comitê de defesa do parlamento, Solomiya Bobrovskaya, disse que as autoridades da Ucrânia não vão conseguir implementar o plano de mobilização até o final do ano.

Ela admitiu que desde setembro o processo de mobilização dos cidadãos para o Exército ucraniano vem diminuindo.

Bobrovskaya confirmou que o chefe das Forças Armadas ucranianas Aleksandr Syrsky ordenou transferir os militares da Força Aérea para as unidades de infantaria por causa das grandes perdas.

"Até dezembro, não cumprimos o plano do Estado-Maior para este ano nem para este mês", disse ela para um canal do Telegram.

A lei sobre a intensificação da mobilização na Ucrânia entrou em vigor em 18 de maio.

Ela facilita o processo de recrutamento de civis para o Exército e estabelece penas mais rigorosas contra quem evita ser mobilizado.

Na semana passada, o ex-vice-secretário do Conselho de Segurança e Defesa Nacional da Ucrânia, general aposentado Sergei Krivonos, disse que apenas dez em cada 100 pessoas mobilizadas na Ucrânia chegam à linha de frente devido a deserções em massa e treinamento insuficiente.

No domingo (3), o ex-militar ucraniano e advogado Masi Nayem também afirmou que Kiev terá que assinar a rendição se não conseguir mobilizar 160.000 ucranianos nos próximos dois meses.

¨      Moral das tropas ucranianas está muito baixo, diz cidadão dos EUA que ajudou tropas russas

Os soldados ucranianos consideram que a continuação das hostilidades não faz sentido, disse em entrevista exclusiva à Sputnik o cidadão estadunidense Daniel Martindale que voluntariamente ajudou as tropas russas na zona de conflito, fornecendo informações de inteligência para atacar alvos militares de Kiev.

Enquanto os membros dos batalhões nacionalistas da Ucrânia são muitas vezes os mais abertos defensores de lutar contra a Rússia até o fim, Martindale diz que não viu nenhum deles na povoação na zona controlada por Kiev onde ele estava.

"No último período de minha estada no vilarejo, não encontrei nenhum soldado de batalhões nacionalistas. Encontrei só soldados das unidades da Defesa Territorial. A opinião deles era que não havia boas razões para estarem no front. Eles estavam com medo. Eles só queriam voltar para suas casas", disse Martindale.

Ao mesmo tempo, ele disse que ainda há aqueles na Ucrânia que são fiéis às suas ideias nazistas sobre derrotar a Rússia porque pensam que, caso contrário, a União Soviética retornará.

"Seu moral de combate desapareceu por completo. Isso não se aplica a todos os soldados ucranianos. Estou certo de que há os que realmente ainda estão convencidos de suas ideias nazistas, de que é necessário lutar contra a Rússia porque ela é União Soviética se ressuscitando. Mas eles estão errados. De uma maneira ou de outra, acho que seu moral está muito mais baixo do que era até um ano atrás", comentou.

Ao ser questionado sobre a política dos EUA em relação ao conflito ucraniano, ele observou que os americanos gostariam de acreditar que aquilo que o seu país faz é para apoiar a justiça, punir os criminosos para impedir atividades ilegais, mas, na verdade, os EUA fazem exatamente o oposto.

"Acredito que, na verdade, essa é simplesmente uma tentativa das elites americanas de enfraquecer a concorrência da Rússia", contou ele à Sputnik.

Martindale disse que acredita que o processo de concessão a ele de asilo na Rússia "já está em marcha".

Ele contou também que, junto com seu cachorro sobreviveu a um bombardeio de foguetes Grad. Ao ouvir o som dos foguetes lançados, ele se deitou na rua.

"E logo os foguetes todos começaram explodindo em volta de mim. E um foi perto – um explodiu talvez a 20 metros de distância. E dois fragmentos atingiram meu cachorro, mas nada acertou em mim. Graças a Deus."

¨      Daniel Martindale: 'Havia cerca de 100 mercenários da América Latina em meu vilarejo'

Um cidadão norte-americano, Daniel Martindale, que ajudou clandestinamente a Rússia a libertar Donbass a partir do território controlado pelas forças de Kiev, disse que no vilarejo onde morava se encontravam muitos mercenários estrangeiros, inclusive da América Latina.

Recentemente, os serviços secretos russos relataram que tinham realizado uma operação de evacuação de Martindale durante a libertação do povoado de Bogoyavlenka na República Popular de Donetsk (RPD).

Em uma entrevista exclusiva à Sputnik, Martindale disse que ouvia mercenários falando inglês e também soube que um norte-americano morto foi encontrado perto do local onde morava.

"Se falarmos de mercenários de outros países, posso dizer que alguns meses atrás havia cerca de 100 latino-americanos de países da América Central e do Sul – Colômbia, Bolívia, México – morando no meu vilarejo", informou.

Contudo, segundo Martindale, nos EUA "ninguém ou muito poucos realmente apoiam" o fornecimento de ajuda militar e financeira às autoridades ucranianas.

"A opinião mais aproximada que já ouvi de pessoas nos Estados Unidos é que é um desperdício de dinheiro", disse ele quando perguntado sobre a opinião dos cidadãos comuns quanto às entregas de armas à Ucrânia.

Ele explicou que, do ponto de vista dos norte-americanos, a ajuda à Ucrânia deveria ser um investimento, que no futuro pudesse trazer algum retorno.

Ainda assim, todo o dinheiro que o governo norte-americano aloca para a Ucrânia em armas e munição, de fato, acaba sendo gasto nos próprios EUA, uma vez que a maior parte do equipamento que o Ocidente fornece a Kiev é produzido por empresas norte-americanas.

"Mas, no final, ainda vai ser um desperdício de dinheiro, eles [cidadãos dos EUA] veem que a Ucrânia não está ganhando, então, mesmo que 'investir na Ucrânia' traga algum benefício temporário para a indústria americana, não vale a pena."

Os americanos, de acordo com Martindale, também entendem, de forma pragmática, que toda a ajuda à Ucrânia e todos os seus "investimentos" vão acabar por ficar para a Rússia.

Porém, as elites dos Estados Unidos não têm interesse em mudar a ordem existente das coisas.

Às vésperas das eleições presidenciais dos EUA em 5 de novembro, Martindale disse que ambos os principais candidatos, o republicano Donald Trump e a democrata Kamala Harris, têm o poder de parar o conflito ucraniano, mas não têm a intenção de fazê-lo.

"Qualquer candidato poderia fazer isso se quisesse. Como eu já disse, é apenas uma questão de fazer com que a América, com que o governo americano perceba que a guerra não é do seu interesse", concluiu.

Em 2 de novembro, Martindale deu uma entrevista coletiva em Moscou no centro de imprensa do grupo midiático Rossiya Segodnya, do qual a Sputnik faz parte.

Ali, ele contou honestamente sobre sua história, como chegou na Ucrânia, o que viu e como o conflito deve acabar.

As autoridades russas estão agora decidindo a questão de conceder-lhe asilo político e a cidadania russa.

 

Fonte: Sputnik Brasil

 

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