segunda-feira, 11 de novembro de 2024

David Hearst: Trump tem uma escolha - destruir a Palestina ou acabar com a guerra

A sabedoria popular diz que o Trump 2.0 será um desastre para os palestinos, porque o Trump 1.0 praticamente enterrou a causa nacional palestina.

E de fato é verdade que durante o primeiro mandato de Donald Trump como presidente, os EUA foram totalmente guiados pela direita religiosa sionista – a verdadeira voz em seus ouvidos, como doadores ou como formuladores de políticas.

Sob Trump e seu genro Jared Kushner como assessor, Washington tornou-se um campo de jogo político para o movimento dos colonos, com o qual o ex-embaixador dos EUA em Israel, David Friedman, estava alinhado de maneira descarada.

Consequentemente, no seu primeiro mandato, Trump subverteu décadas de política ao reconhecer Jerusalém como a capital de Israel e transferir para lá a embaixada estadunidense; privou de direitos a Autoridade Palestina ao fechar o escritório da Organização para a Libertação da Palestina (OLP) em Washington; permitiu que Israel anexasse as Colinas de Golã; retirou-se dos acordos nucleares com o Irã; e assassinou Qassem Soleimani, o general e diplomata iraniano mais poderoso da região.

Ainda mais prejudicial para a luta palestina pela liberdade foi o patrocínio de Trump dos Acordos de Abraão.

Esta foi – e continua a ser – uma tentativa séria de jogar cimento sobre a sepultura da causa palestina, construindo em seu lugar uma autoestrada comercial e de contratos do Golfo que transformaria Israel não só numa superpotência regional, mas numa porta de entrada vital para a riqueza do Golfo.

No dia 6 de outubro de 2023, um dia antes do ataque do Hamas, a causa palestina estava praticamente morta. A luta palestina pela autodeterminação parecia ser a bagagem de uma velha geração de líderes árabes, que estava sendo abandonada sem cerimônia pela nova geração.

Todos os rumores diplomáticos eram sobre a decisão iminente da Arábia Saudita de reatar relações com Israel, com a imagem do príncipe herdeiro saudita Mohammed bin Salman apertando publicamente a mão do primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, balançando como um prêmio logo atrás da próxima esquina. Mais um empurrão e estaria no saco.

Se essa declaração de objeções não for suficientemente longa, pode-se facilmente argumentar que o segundo mandato de Trump será ainda pior para os palestinos do que o primeiro.

<><> Impulsos mais selvagens

Desta vez, e com a projeção de que o Partido Republicano terá o controle de ambas as casas do Congresso, não haverá adultos na sala para corrigir os impulsos mais selvagens do presidente.

Afinal de contas, David Friedman não acabou de publicar um livro intitulado One Jewish State: The Last, Best Hope to Resolve the Israeli-Palestinian Conflict (Um Estado Judeu: A última e melhor esperança para resolver o conflito entre Israel e Palestina), no qual argumenta que os Estados Unidos têm o dever bíblico de apoiar a anexação da Cisjordânia por Israel?

“Os palestinos, assim como os porto-riquenhos, não votarão nas eleições nacionais (…) Os palestinos serão livres para promulgar os seus próprios documentos de governo, desde que não sejam incompatíveis com os de Israel”, escreve Friedman.

Portanto, Trump 2.0 não pressagia simplesmente ainda mais mudanças territoriais, como a anexação da Área C da Cisjordânia ocupada, a divisão permanente de Gaza, o retorno dos assentamentos israelenses ao norte de Gaza e a limpeza da fronteira no sul do Líbano?

Tudo isto poderá acontecer, e sem dúvida acontecerá, durante um segundo mandato, sem controle, de Trump.

Não subestimo nem por um segundo o sacrifício de sangue que os palestinos pagaram até agora – o número de mortos em Gaza pode facilmente ser três vezes maior do que o atual número oficial –, ou ainda poderiam pagar por tudo o que está por vir.

Mas neste artigo argumentarei que o movimento dos colonos, apoiado por um segundo mandato de Trump, está imerso no processo de enterrar qualquer possibilidade de Israel prevalecer como um Estado judaico minoritário de apartheid, com controle de todas as terras, do rio até o mar.

<><> Consequências irreversíveis

Permitam-me fazer duas observações sobre a situação que existia no dia 6 de outubro, antes de passar a abordar as consequências irreversíveis de tudo o que aconteceu de lá para cá. E não se engane: são irreversíveis.

A primeira é que, ao permitir que Netanyahu reivindicasse a vitória total, a administração dos EUA, sob a primeira presidência de Trump, enterrou não só a perspectiva de uma solução de dois Estados, mas, junto com ela, o sonho sionista de um Estado judeu liberal, secular e democrático.

A versão liberal deste Estado tinha sido o principal veículo da expansão israelense, com as suas fatias de salame a fazerem incursões cada vez mais profundas na Palestina histórica. Com o seu fim, caiu a folha de parreira liberal do projeto sionista, e as forças sionistas religiosas que anteriormente eram consideradas marginais e até terroristas, como o político de extrema-direita Itamar Ben Gvir e os kahanistas [referência aos seguidores da ideologia de Meir Kahane, rabino extremista, nota do tradutor], tornaram-se dominantes.

Isto alterou fundamentalmente todo o projeto de estabelecer Israel como o Estado dominante entre o rio e o mar. De repente, tornou-se o único Estado governado por fanáticos religiosos, por pessoas que desejavam implodir a Cúpula da Rocha e a Mesquita de Al Aqsa.

Tornou-se um Estado governado pelos dogmas religiosos de Jerusalém e não pelos geeks Ashkenazi europeus da internet e os sofisticados de Tel Aviv. Sob a primeira presidência de Trump, a divisão entre estes dois campos tornou-se irreconciliável e fundamentalmente desestabilizadora.

A segunda mudança que a primeira presidência de Trump provocou, ou melhor, completou, ocorreu nas mentes palestinas.

Uma geração inteira de palestinos nascidos depois dos Acordos de Oslo chegou à conclusão de que todas as vias políticas e não violentas para buscar o fim da ocupação estavam bloqueadas; que já não fazia sentido reconhecer Israel, muito menos tentar encontrar alguém em Israel com quem conversar.

Conversar com Israel tornou-se um exercício sem sentido. A via política foi bloqueada não apenas dentro da Palestina, mas também fora dela.

Para sua eterna vergonha e descrédito, o presidente dos EUA, Joe Biden, e o seu secretário de Estado, Antony Blinken, mantiveram todas as “conquistas” da primeira presidência de Trump, em primeiro lugar, os Acordos de Abraão.

<><> A humilhação de Biden

A grande ostentação de Trump durante o seu primeiro mandato foi ter feito todas estas mudanças no status quo do conflito palestino, e o céu não caiu.

Mas o céu caiu no dia 7 de outubro, e tudo o que Trump e Biden tinham feito antes contribuiu para o ataque do Hamas, que representou para Israel a mesma comoção que o 11 de Setembro para os Estados Unidos.

Após o ataque do Hamas, foi impossível ignorar a causa palestina. Moveu-se da periferia das causas globais dos direitos humanos para o centro.

Mas Biden não entendeu. Sionista instintivo, permitiu que Netanyahu o humilhasse. Sua primeira reação ao ataque do Hamas foi dar a Israel tudo o que este queria, frustrando todos os movimentos internacionais nas Nações Unidas por um cessar-fogo. Sua segunda reação foi traçar linhas vermelhas, que Netanyahu passou a ignorar sistematicamente.

Biden disse a Netanyahu para não reocupar Rafah e o corredor da Filadélfia. Netanyahu fez isso sem pestanejar. Biden disse a Netanyahu para permitir a entrada de caminhões de ajuda humanitária em Gaza, e Netanyahu ignorou-o em grande parte. Biden disse a Netanyahu para não invadir o Líbano; Netanyahu invadiu. Biden disse a Netanyahu para não atacar as instalações nucleares e petrolíferas iranianas, e Netanyahu ouviu, pelo menos por enquanto.

Não é um sinal de humilhação total para Biden, mas quando a história deste período for escrita, Biden emergirá como um líder fraco.

Também emergirá como um líder que facilitou o genocídio. O número de bombas pesadas que os Estados Unidos forneceram e que Israel utilizou contra alvos em sua grande maioria civis em Gaza e no Líbano durante o ano passado excede em muito o uso dessas bombas pelos próprios EUA durante toda a Guerra no Iraque.

Se o Estado israelense mudou radicalmente depois do 7 de outubro, o mesmo aconteceu com a mentalidade palestina.

A escala da chacina – o número oficial de mortos palestinos pela guerra ultrapassou os 43.000, e a contagem real poderá ser várias vezes maior, já que o nível de destruição torna a maior parte da Faixa de Gaza inabitável – ultrapassou todas as linhas vermelhas para os palestinos, onde quer que eles vivam.

<><>  Não há espaço para negociações

A partir de agora não se pode falar nem negociar com um Estado que faz isto ao seu povo. As únicas duas votações no parlamento israelense, o Knesset, que obtiveram a unanimidade entre os deputados judeus israelenses incluíram uma lei para vetar um Estado palestino e outra para proibir a UNRWA, a agência da ONU para os refugiados palestinos.

Estas duas votações, por si só, disseram aos palestinos que estariam delirando se pensassem que um governo pós-Netanyahu representaria um abrandamento da ocupação. Num Israel profundamente dividido, as únicas coisas em que todos os judeus podiam concordar eram duas medidas que fundamentalmente tornavam a vida impossível para os palestinos, a maioria da população.

Em condições tão extremas, só existem duas alternativas: não fazer nada e morrer, ou resistir e morrer. Centenas de milhares, senão milhões, acreditam na segunda.

Consequentemente, o Hamas está no auge da sua popularidade em áreas onde a Irmandade Muçulmana estava mais fraca no dia 6 de outubro: na Cisjordânia ocupada, na Jordânia, no Líbano e no Egito.

Caminhe pela cidade velha de Nablus e pergunte às pessoas quem elas apoiam. A resposta não será o falecido presidente palestino Mahmoud Abbas. Por uma margem considerável, será o Hamas, um grupo banido no Reino Unido e em outros países como organização terrorista.

Na Jordânia, o Hamas é elogiado por toda a população, tanto cisjordanianos como palestinos, porque o ataque de Israel à Cisjordânia ocupada é visto como uma ameaça existencial ao reino.

Se entrar numa casa palestina para jantar na sexta-feira, todos lhe dirão que o atual número de mortos, e as mortes sob um segundo mandato de Trump, são o preço a pagar pela libertação da ocupação.

Esta geração de palestinos demonstrou um grau de fortaleza que nenhuma geração anterior demonstrou. Eles não saem correndo, como fez a OLP do ex-presidente Yasser Arafat quando foi cercada pelas forças israelenses em Beirute, em 1982.

Ninguém em Gaza está fugindo para a Tunísia, e poucos para o Egito, que fica do outro lado da fronteira, e muito menos do que Netanyahu esperava. Os palestinos não levantam a bandeira branca. Eles ficam, lutam e morrem onde moram.

<><> A hora da vitória completa

Esta é a resposta para aqueles que afirmam que é muito bom ter uma visão de longo prazo, quando o dever a curto prazo é simplesmente sobreviver. Não existe mais um curto prazo para os palestinos. Acabou. Não sobra nada.

O curto prazo significa voltar para a sua tenda. Significa voltar para a sua casa na Cisjordânia ocupada, sabendo que amanhã poderá ser queimada pelos colonos armados de Ben Gvir. Não há como voltar atrás. Todos os palestinos perderam muitos familiares para que a rendição possa ser considerada uma opção.

Da perspectiva de um agricultor palestino apegado ao seu solo rochoso face aos repetidos ataques dos colonos nas colinas a sul de Hebron, é difícil saber se Kamala Harris, como presidente dos EUA, teria feito alguma diferença. Na verdade, ela poderia ter exercido uma influência ainda mais fraca sobre Netanyahu do que Biden.

Assim, pois, acabamos com Trump mais uma vez.

A direita colonial está estourando garrafas de champanhe para comemorar. Falando no Knesset, Ben Gvir comemorou a vitória eleitoral de Trump, dizendo que “este é o momento da soberania, este é o momento da vitória completa”.

Netanyahu também está aproveitando este período para esvaziar os estábulos do seu governo, demitindo o seu ministro da Defesa, Yoav Gallant.

Assim, Trump tem dois caminhos claros quando tomar posse em janeiro próximo, assumindo que Biden ainda não consegue alcançar um cessar-fogo em Gaza. Ele pode prosseguir de onde parou e continuar a permitir que a América seja enganada pela direita evangélica cristã, ou pode fazer o que sugeriu fortemente que faria aos líderes muçulmanos com quem se encontrou no Michigan, que é parar a guerra de Netanyahu.

Qualquer um dos dois caminhos está repleto de armadilhas para elefantes.

<><> Os incêndios da guerra regional

Permitir que Netanyahu e a sua aliança com Ben Gvir alcancem a “vitória total” significaria, na verdade, a limpeza étnica de dois terços da Cisjordânia ocupada, com um enorme afluxo de refugiados acabando na Jordânia, um ato que na Jordânia seria considerado motivo de guerra.

Significaria a expulsão dos palestinos do norte de Gaza e a destruição permanente do sul do Líbano, com o suposto direito de Israel de continuar a bombardear o Líbano e a Síria.

Cada uma destas ações levaria a mais guerra, que Trump se comprometeu a acabar. Lembre-se que uma das últimas coisas que Gallant disse antes de ser demitido foi que uma guerra na Síria para cortar as linhas de abastecimento do Irã era inevitável.

Deixar Netanyahu pensar que pode alcançar a “vitória total” significa apenas alimentar os incêndios florestais de uma guerra regional.

Tampouco conseguir que a Arábia Saudita reconhecesse Israel, colocando a cereja no bolo dos Acordos de Abraão, faria alguma diferença – embora duvide muito que Mohammed bin Salman seja estúpido o suficiente para continuar fazendo isso.

A realidade é que tais acordos não fazem sentido enquanto a Palestina não tiver o seu próprio Estado e enquanto cada líder árabe sentir a ira da sua própria população por causa da Palestina.

Mas obrigar Netanyahu a parar a guerra, assim como um presidente republicano forte como Ronald Reagan forçou Israel a parar de bombardear Beirute há quatro décadas, também teria consequências sísmicas.

Isso interromperia o projeto religioso sionista. Alimentaria a crescente insatisfação entre os altos comandos militares israelenses, que já sinalizaram que conseguiram tudo o que podiam em Gaza e no Líbano e que sofrem com o cansaço da guerra.

Parar a guerra representaria o maior perigo político para Netanyahu, uma vez que fazê-lo antes do retorno dos reféns equivaleria a uma vitória do Hamas e do Hezbollah.

<><> Esperança para o futuro

Um ano depois, ainda não existe nenhum projeto confiável para instalar um governo em Gaza que permita a retirada das tropas israelenses. No momento em que o fazerem, o Hamas ressurgirá. O único governo de Gaza no pós-guerra que poderia ter sucesso seria um governo tecnocrata negociado com o Hamas, e isso por si só representaria uma enorme humilhação para Netanyahu e a promessa do exército de esmagar o movimento de resistência.

Independentemente do que Trump fizer, a escala da resistência palestina durante esta guerra mostrou que a agência no conflito não está com os líderes extremistas em Israel ou em Washington. Está com o povo da Palestina e de todo o Oriente Médio.

E essa é a maior esperança para o futuro. Nunca antes na história eleitoral dos Estados Unidos a Palestina foi um fator que afastou o voto jovem do Partido Democrata. A partir de agora, nenhum líder democrata que queira reconstruir a sua coligação poderá ignorar o voto palestino, árabe e muçulmano.

Com a saída de Biden podemos ter visto o último líder sionista do partido. Isso por si só tem um significado imenso para Israel.

O irracional, quixotesco e transacional ocupante da Casa Branca – o presidente que insiste que os seus conselheiros reduzam todas as suas análises a uma folha de papel A4, que têm sorte de ele realmente leia – não fará outra coisa senão acelerar a destruição do status quo no Oriente Médio que começou no seu primeiro mandato.

Com muita ajuda de Netanyahu, Trump já matou o sonho de uma democracia liberal sionista que já durou 76 anos.

Isso é uma conquista por si só. Num segundo mandato, não fará outra coisa senão acelerar a chegada do dia em que a ocupação terminar.

 

¨      Irã alerta sobre risco de 'propagação' da guerra para além do Oriente Médio

Teerã alertou, neste sábado (9), sobre o risco de que os conflitos em Gaza e no Líbano, onde Israel está em confronto com as organizações pró-Irã Hamas e Hezbollah, se espalhem para outras regiões do mundo. 

"O mundo deve saber que, se a guerra se espalhar, seus efeitos nocivos não se limitarão ao Oriente Médio", advertiu o ministro das Relações Exteriores do Irã, Abbas Araqchi, em discurso transmitido pela televisão estatal.

"A insegurança e a instabilidade podem se espalhar para outras regiões, mesmo distantes", acrescentou.

Israel, um dos principais inimigos regionais do Irã, está em guerra com o Hamas na Faixa de Gaza e com o Hezbollah no Líbano, dois movimentos aliados a Teerã, que, por sua vez, pede um cessar-fogo em ambas as frentes. 

A tensão entre os dois países cresceu no calor dos conflitos em Gaza e no Líbano e, em 26 de outubro, caças israelenses bombardearam instalações militares no Irã, em retaliação a um ataque balístico iraniano contra Israel em 1º de outubro. 

Teerã prometeu responder, e Israel deixou claro que atuaria com mais força se isso acontecesse. 

Na quinta-feira, Ali Larijani, assessor do aiatolá Ali Khamenei, líder supremo do Irã, disse que o Irã deve se proteger contra uma reação "instintiva" contra Israel para "não cair na armadilha" do governo de Benjamin Netanyahu. 

Já o presidente iraniano, Masud Pezeshkian, declarou no domingo que um eventual cessar-fogo entre os aliados do Irã e os de Israel poderia influenciar a resposta de seu país aos ataques israelenses.

Neste sábado, o Irã também pediu ao presidente eleito dos Estados Unidos, Donald Trump, que "mude" sua política de "pressão máxima", aplicada durante sua primeira administração na Casa Branca.

"Trump deve demonstrar que não segue as políticas errôneas do passado. Como um empresário, ele deveria avaliar os prós e os contras e decidir se deseja continuar ou mudar esta política prejudicial", disse Mohamad Javad Zarif, vice-presidente iraniano de assuntos estratégicos, à imprensa.

¨      Catar afirma que esforços de mediação entre Israel e o Hamas estão 'estagnados'

O Catar manifestou sua frustração com a falta de progresso nas negociações de cessar-fogo entre Israel e Hamas, especialmente após o fracasso das últimas tentativas em outubro. Segundo informações do Financial Times, o Ministério das Relações Exteriores do Catar revelou que comunicou tanto a Israel quanto ao Hamas, há cerca de dez dias, que “pararia seus esforços” se as partes não chegassem a um acordo durante essa última rodada de diálogos. A posição catariana reflete um longo histórico de tentativas de mediação por parte de Doha, muitas vezes criticadas e pressionadas por Israel, particularmente por figuras como o primeiro-ministro Benjamin Netanyahu.

Apesar das dificuldades, o Catar tem se mantido ativo, colaborando com os Estados Unidos e o Egito para buscar um entendimento entre os envolvidos. Contudo, a crescente resistência por parte do governo israelense e o desgaste nas negociações estão causando descontentamento em Doha. Em setembro, o governo catariano acusou Netanyahu de manter uma postura de conflito “baseada em uma tentativa de falsificar fatos e enganar a opinião pública mundial repetindo mentiras” que, segundo o Catar, “levariam ao fim dos esforços de paz”.

Essa declaração de insatisfação de Doha ocorre após um comentário de uma fonte do governo norte-americano ao Financial Times, afirmando que Washington considera “não mais viável ou aceitável” a presença do Hamas no Catar. A afirmação, impulsionada por um relatório da mídia israelense, levanta questões sobre o impacto da pressão externa nas relações entre Doha e o grupo palestino, que mantém um escritório na capital catariana desde 2012.

 

Fonte: IHU/Brasil 247

 

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