sexta-feira, 1 de novembro de 2024

Como Reconhecer o Burnout? Veja 4 Sinais de Alerta

A vida muitas vezes parece um malabarismo sem fim. Entre trabalho, família, relacionamentos e todo o resto, não é surpresa que o burnout esteja afetando tantas pessoas. No Brasil, 30% dos profissionais sofrem com burnout, segundo a ANAMT (Associação Nacional de Medicina do Trabalho).

Se você está cansado física e mentalmente, desmotivado ou apenas seguindo no piloto automático, saiba que não está sozinho. Já se pegou fazendo o mínimo necessário e se perguntando se está no “modo quiet quitting“? Preste atenção, porque esses sintomas merecem ser notados.

>>>> Veja, a seguir, quatro sinais para ficar de olho e algumas dicas práticas para proteger seu bem-estar mental e evitar o esgotamento.

•        Você perde a visão do todo?

O burnout tem um jeito sorrateiro de fazer com que o futuro pareça embaçado. O estresse pode nublar sua visão, te impedindo de focar no quadro geral. Talvez você esteja dizendo a si mesmo: “Vou focar realmente na minha carreira depois de conseguir aquela promoção” ou “Vou me reorganizar quando esse projeto terminar”. Mas adiar seus objetivos de longo prazo até que tudo se estabilize pode transformar suas ambições em alvos móveis em vez de marcos concretos.

Para romper esse ciclo, pense em se manter conectado ao que te motiva na sua carreira (mesmo quando a pressão está alta). Comece com pequenas ações intencionais em direção aos seus objetivos de longo prazo. Aceite projetos que se alinhem com seus interesses, desenvolva habilidades que abrirão portas no futuro ou esclareça o tipo de diferença que quer fazer no trabalho. Esses esforços consistentes vão te manter no caminho certo.

•        Você evita o trabalho que costumava amar?

Um dos maiores alertas para o burnout é perder o interesse no trabalho criativo que costumava trazer alegria. As tarefas que antes você achava empolgantes e gratificantes começam a parecer mais como obrigações entediantes. Talvez você adorasse criar novas ideias ou montar apresentações impactantes, mas agora tudo isso parece exaustivo. Aquela energia que você trazia para o trabalho desapareceu. É fácil entrar em um modo de sobrevivência, em que você só tenta seguir adiante, mas ignorar esse padrão pode levar a um sentimento mais profundo de desengajamento e frustração. Então, o que fazer?

Comece a se reconectar com o seu porquê original. Reflita sobre os momentos em que você se sentiu mais envolvido e inspirado no trabalho. Pergunte-se: “Quando me senti mais criativo ou energizado?” Volte a essas experiências e anote o que as tornou tão gratificantes. Depois, procure maneiras de reacender esse entusiasmo em sua rotina, mesmo que seja em pequenas doses. Às vezes, é apenas uma questão de focar no que realmente desperta seu interesse.

•        Você muda constantemente seu espaço de trabalho?

Quando o burnout chega, encontrar maneiras de sentir controle ou conforto é uma resposta natural. Isso pode aparecer em pequenas mudanças repetitivas no seu espaço de trabalho. Reorganizar sua mesa, arquivos ou até trocar a decoração semanalmente pode até parecer um novo começo. Mas se isso se torna um hábito, talvez seja hora de se questionar.

Pergunte-se: “Estou mudando meu espaço para ser mais produtivo ou para evitar lidar com o que não está funcionando na minha situação atual?” Ajustes aqui e ali podem ser úteis, mas se isso se torna uma constante, pode indicar que há estresse ou insatisfação debaixo do tapete.

Em vez de buscar alívio com mudanças constantes, foque em criar estabilidade no seu ambiente. Estabeleça rotinas que te façam sentir mais firme. Isso pode ser feito ao definir limites para suas horas de trabalho, reservar tempo para recarregar as energias ou comunicar abertamente sobre sua carga de trabalho. É normal sentir incertezas e pedir ajuda. O burnout pode fazer tudo parecer avassalador, mas ao construir uma base estável, você começa a recuperar a clareza e a direção.

•        Você está fisicamente exausto?

O burnout não só drena sua energia mental, mas também afeta seu corpo. O estresse constante pode atrapalhar seu sono, hábitos alimentares e saúde geral. É comum se sentir completamente exausto ao final do dia de trabalho, desejando apenas desligar, e não é à toa que sua mente parece confusa. Esse cansaço mental muitas vezes vem com consequências físicas, como fadiga, dores de cabeça e tensão muscular, que podem te deixar no limite. É como se sua mente e seu corpo dissessem “chega”.

Continuar a se esforçar quando seu corpo pede descanso só aprofunda o ciclo de burnout. Se o seu corpo te dá sinais, a melhor atitude é ouvi-lo. Reserve tempo para pausas reais, coma refeições nutritivas e priorize o sono para ajudar seu corpo a se recuperar. Ignorar os sintomas físicos não fará com que eles desapareçam. Dê a si mesmo permissão para dedicar tempo ao autocuidado e ao descanso. E lembre-se: cuidar do seu corpo é cuidar da sua carreira.

Para se recuperar do burnout, é preciso se reconectar com o que te impulsiona e reavaliar o que realmente importa. O trabalho é apenas uma parte do quebra-cabeça, não tudo. Ao tomar pequenas ações intencionais para lidar com os sinais, você não está apenas fazendo melhorias, está retomando o controle. Escute o que você precisa, faça as mudanças que julgar necessárias e observe como sua energia e foco rapidamente voltam.

 

•        Burnout ou Menopausa? Como Identificar e Lidar com os Sintomas no Trabalho

Cansaço extremo, alterações de humor e falta de concentração. Sintomas que, para mulheres a partir dos 40 anos, podem indicar menopausa – ou será que é burnout?

Com noites mal dormidas e falta de memória e concentração, a psicóloga Aline Eliza Ribas, 46 anos, confundiu os sinais da pré-menopausa com problemas relacionados à vida profissional. “Cheguei a questionar se ainda gostava do que fazia ou se aqueles eram sintomas de insatisfação ou excesso de trabalho.”

O climatério, transição da fase reprodutiva da mulher para a não-reprodutiva, tem início por volta dessa idade e se estende em média até os 65 anos. E coincide com o momento em que muitas mulheres estão no auge de suas carreiras, assumindo (e até deixando) cargos de liderança enquanto vivem esse quadro – muitas vezes sem entender de onde vêm os sintomas.

A psicóloga vivenciou os primeiros sinais da pré-menopausa aos 42, mas demorou para identificar o que de fato estava acontecendo. “Depois que os sintomas começaram a afetar meus atendimentos, fiquei preocupada com o futuro. Estava vivendo uma queda de energia, mas precisava dela para dar conta do meu trabalho e do dia a dia com minha família.”

Aline está longe de ser a exceção. Até 2030, a população mundial de mulheres na menopausa e pós-menopausa deverá chegar a 1,2 bilhão, com 47 milhões de novas mulheres a cada ano. Entre as brasileiras que estão passando por essa fase, 91% relatam cansaço e falta de energia, 89% mencionam alterações de humor e 82% apontam ansiedade ou depressão. Os dados são de um estudo conduzido pela Plenapausa, primeira femtech brasileira com foco na saúde da mulher a partir da menopausa, que ouviu mais de 17 mil mulheres com idade média de 47 anos entre agosto de 2021 e julho de 2024. “A menopausa não é uma sentença de depressão e ansiedade, mas é o cenário perfeito para isso, junto com todas as mudanças que acontecem nesse período da vida das mulheres”, afirma a ginecologista Vanessa Heinrich, formada pela USP e profissional do Hospital das Clínicas em São Paulo.

Os sintomas podem ser facilmente confundidos com o burnout, classificado pela OMS (Organização Mundial da Saúde) em 2022 como uma doença ocupacional. A síndrome, caracterizada pelo esgotamento físico e emocional, perda de produtividade e distúrbios de humor, geralmente associados a um ambiente de trabalho estressante, acomete 30% dos profissionais brasileiros (principalmente mulheres), de acordo com dados da Anamt (Associação Nacional de Medicina do Trabalho).

<><> Como diferenciar os quadros

A distinção entre os sintomas do burnout e da menopausa nem sempre é óbvia e os quadros podem realmente estar coexistindo. “Os sintomas se sobrepõem e, muitas vezes, as duas condições ocorrem simultaneamente, intensificando os sinais de ambas”, explica Heinrich.

Para obter um diagnóstico certeiro, a ginecologista destaca a importância de identificar sinais específicos da menopausa, como fogachos (também conhecidos como ondas de calor), ressecamento vaginal e irregularidade menstrual. Combinados com a ausência de exaustão profissional, os sinais ajudam a diferenciar os quadros e direcionar o tratamento. “Os sintomas da perimenopausa [ou pré-menopausa, período de transição marcado por mudanças hormonais] podem ser tratados com reposição hormonal, que melhora significativamente a qualidade de vida das mulheres. Já o burnout exige suporte psiquiátrico e mudanças no ambiente profissional.”

Além do diagnóstico médico, é possível começar a identificar os sintomas e entender o quadro por meio de testes na internet. “Temos o protocolo de Kupperman, disponível no nosso site gratuitamente, onde avaliamos 17 sintomas relacionados ao climatério”, diz Márcia Cunha, cofundadora da Plenapausa. O índice avalia a intensidade dos sintomas e é usado como referência por ginecologistas.

<><> Carreira e menopausa

Muitas mulheres vivem o climatério em momentos de maturidade na carreira, e os sintomas refletem diretamente nas suas vidas profissionais. “Alterações de humor podem dificultar a comunicação e a colaboração no ambiente de trabalho, enquanto a ansiedade e a depressão comprometem a motivação e a clareza mental, o que dificulta o cumprimento de tarefas”, diz Carla Moussalli, também cofundadora da Plenapausa. Segundo o estudo da femtech, 44% das brasileiras nessa fase afirmam que sua produtividade diminuiu, enquanto apenas 8% reduziram a carga horária semanal para lidar com os sintomas.

Para dar conta da vida profissional durante sua adaptação à menopausa, Aline Eliza Ribas conta que precisou fazer um esforço extra, mas que viu os reflexos dos sintomas dentro e fora do trabalho. “Tive uma redução na produtividade, e isso me fez questionar muitas coisas que impactaram minha confiança pessoal.”

O tema ainda é cercado por estigmas que podem impedir o tratamento correto e atrapalhar a vida profissional das mulheres. “Ainda temos a percepção de que não ser reprodutiva significa não ser produtiva”, diz Márcia Cunha, da Plenapausa. “Mas uma mulher que se encontra nessa fase da vida não é menos produtiva, ela apenas não está sendo cuidada ou recebendo tratamento de forma adequada.”

É recomendado buscar profissionais para fazer mudanças na dieta, nos exercícios e no estilo de vida para equilibrar os hormônios e otimizar o desempenho profissional. Ser proativa ao buscar informação e tratamento adequado é a chave para lidar bem com esse momento. “Manter-se ativa física e profissionalmente, buscar apoio médico e considerar a reposição hormonal quando indicada são passos fundamentais para atravessar essa fase de forma saudável”, diz a médica Vanessa Heinrich. “Estudos antigos que associavam a reposição hormonal ao aumento do risco de câncer de mama criaram um medo infundado. Hoje, sabemos que essa relação não existe e que o tratamento hormonal pode ser seguro e eficaz.”

<><> Como lidar com a menopausa no trabalho

As mudanças hormonais durante a menopausa podem ter efeitos de longo alcance na função cognitiva e nos níveis de energia. Sem informação suficiente para entender as mudanças pelas quais seus corpos estão passando, muitas mulheres se sentem constrangidas ao ter ondas de calor e brainfogs (névoas mentais) no trabalho, com receio de que isso possa prejudicar suas carreiras – e podem chegar a abandonar seus empregos por isso.

Segundo pesquisa da empresa americana Biote, 40% das entrevistadas disseram que os sintomas interferem na performance e produtividade e uma em cada cinco deixaram ou consideraram deixar seus empregos. Um estudo conduzido no Reino Unido mostrou que 1 em 10 mulheres deixaram seus trabalhos devido a sintomas da menopausa.

É preciso falar sobre o assunto. Mulheres na menopausa parecem menos confiantes e estáveis emocionalmente, segundo uma pesquisa publicada na revista Academy of Management, duas características importantes para a liderança. Isso a menos que elas falem abertamente sobre o assunto.

Criar um ambiente de trabalho que reconheça e apoie as mulheres na menopausa é fundamental para garantir que elas possam continuar a contribuir com suas experiências. “Empresas no Reino Unido e na Europa já adotam benefícios específicos para mulheres na menopausa, mas no Brasil essa ainda é uma pauta desafiadora”, conta Márcia Cunha.

Políticas de suporte, como horários de trabalho flexíveis, programas de bem-estar, treinamentos de conscientização e até licença-menopausa, podem fazer uma diferença significativa, segundo a empresária. “Não é apenas uma questão de responsabilidade social, mas também uma estratégia crucial para manter a força de trabalho saudável, engajada e produtiva.”

A partir do momento em que compreendeu seus sintomas, a psicóloga buscou informações sobre o assunto e começou um tratamento. Quando o cansaço fica muito intenso em meio à rotina, ela se permite tirar uns dias de férias. “Descansar sempre ajuda a repor as energias.”

 

Fonte: Forbes

 

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