Bancada
Evangélica ataca os povos indígenas no Congresso Nacional
Cerca
de 88% dos parlamentares membros da Frente Parlamentar Evangélica (FPE) votaram
contra os povos indígenas na aprovação da Lei 14701/2023, conhecida como a Lei
do Marco Temporal. Segundo a lista disponível em cada uma das casas
legislativas, a FPE, conhecida popularmente como “Bancada Evangélica”, possui
atualmente um total de 232 integrantes.
Na
votação que se derrubou os vetos do presidente Lula à Lei do Marco Temporal,
183 dos 215 deputados e deputadas e 15 dos 17 senadores e senadoras que
integram a FPE participaram da votação. Destes, 159 deputados da FPE votaram
contra os povos e apenas 24 a favor. Ao mesmo tempo, os 15 senadores da FPE que
participaram da votação se posicionaram contra os povos e nenhum a favor.
Os
parlamentares que integram a Bancada Evangélica foram responsáveis por quase
metade dos votos das duas casas legislativas que derrubaram os vetos à lei
14.701
Com
isso, os parlamentares que integram a Bancada Evangélica foram responsáveis por
quase metade dos votos das duas casas legislativas que derrubaram os vetos à
lei 14.701. A FPE deu 174 (46,5%) do
total de 374 votos contrários aos povos indígenas na votação do dia 14 de
dezembro de 2023. Na Câmara, os evangélicos representaram 49,5% dos votos
contrários aos povos indígenas e menos de um quinto (17,5%) dos votos a favor.
No Senado, os parlamentares da FPE foram responsáveis por mais de um quarto
(28,3%) dos votos contra os direitos indígenas e nenhum dos votos a favor.
Estes
dados expõem objetivamente as entranhas do arranjo político-ideológica dos
evangélicos alinhados aos interesses econômicos dos ruralistas no Congresso
Nacional. Ao mesmo tempo, eles desvelam também a perseguição brutal desse setor
aos povos indígenas, suas vidas e seus direitos no Brasil.
Paradoxalmente,
observamos um intenso assédio e proselitismo religioso fundamentalista de
igrejas evangélicas em comunidades indígenas em nosso país. Baseadas num
discurso, via de regra, salvacionista, estas igrejas, de diferentes
denominações cristãs, estão presentes em centenas de comunidades e contam com a
adesão de milhares de indígenas, muitos dos quais, inclusive, na qualidade de
pastores locais.
É
de fundamental importância e de grande urgência a incidência orgânica e
direcionada dos povos indígenas e da sociedade brasileira em geral junto à
Bancada Evangélica
Diante
das ameaças de violações que persistem contra os direitos indígenas no
Congresso Nacional, particularmente quanto a potencial retomada da tramitação e
votação da Proposta de Emenda Constitucional (PEC) 48/2023, é de fundamental
importância e de grande urgência a incidência orgânica e direcionada dos povos
indígenas e da sociedade brasileira em geral junto à Bancada Evangélica.
Nesse
sentido, a pressão popular faz-se fundamental neste momento. Para isso,
disponibilizamos, na tabela acima, os contatos telefônicos e e-mails dos
membros da Bancada Evangélica que votaram contra os povos originários na
aprovação da Lei 14.701/2023.
A
missão é árdua, mas a conta é simples. Para aprovar a PEC 48/2023, os setores
anti-indígenas precisam de 308 votos favoráveis na Câmara dos Deputados e de 49
votos no Senado Federal. Essa elevada quantidade de votos não será alcançada
sem o apoio maciço dos evangélicos do Congresso Nacional. Está mais do que na
hora de convertê-los.
• COP-30: MPF
abre procedimento para garantir participação e consulta prévia a povos
originários e tradicionais
O
Ministério Público Federal (MPF) abriu procedimento de atuação para que seja
garantida a participação e consulta prévia, livre e informada dos povos
indígenas, quilombolas e demais comunidades tradicionais na 30ª Conferência das
Nações Unidas sobre as Mudanças Climáticas (COP-30), em Belém (PA), em 2025. O
procedimento foi aberto nesta segunda-feira (11), quando começou, no
Azerbaijão, a COP-29.
Na
mesma ocasião, o procurador-chefe do MPF no Pará, Felipe de Moura Palha e
Silva, apresentou manifestação em apoio a iniciativas de organizações indígenas
pelo reconhecimento dos povos originários como protagonistas na questão
climática.
As
iniciativas citadas pelo membro do MPF são a criação da aliança “G9 – Amazônia
Indígena” e o lançamento do manifesto “A Resposta Somos Nós!”. O G9 é uma
aliança para proteção da floresta nos nove países amazônicos. O manifesto “A
Resposta Somos Nós!” é uma declaração conjunta dos povos indígenas brasileiros
rumo à COP-30, que será realizada em Belém em 2025.
Intitulado
“A COP-30 em Belém do Pará: O Levante do Céu Começa Agora”, o documento reúne
análises feitas por especialistas indígenas e quilombolas, que criticam o
conceito de desenvolvimento sustentável como um modelo imposto para justificar
a exploração da natureza e a desconexão dos humanos em sua relação com a Terra.
Assim
como o manifesto “A Resposta Somos Nós!”, o documento “A COP-30 em Belém do
Pará: O Levante do Céu Começa Agora” ganhou versões em português, espanhol e
inglês.
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Conhecimento ancestral
No
estudo, Moura Palha argumenta que a cosmovisão dos povos originários,
fundamentada em uma relação harmônica com a natureza e em um conhecimento
ancestral, é essencial para a construção de um novo futuro. Ele destaca a
importância da demarcação das terras indígenas como política climática efetiva.
“As
florestas são estruturas socialmente construídas milenarmente pelos povos que
hoje a defendem. A única política pública de preservação efetiva da floresta
amazônica até os dias atuais foi a demarcação de espaços territoriais
especialmente protegidos, com o reconhecimento da territorialidade dos povos da
floresta, os quais são os reais defensores das estruturas socialmente
construídas milenarmente por eles mesmos”, frisa.
Diferentemente
da demarcação das terras dos povos da floresta e do financiamento direto para a
proteção integral dos territórios, que são respostas concretas para a solução
dos problemas climáticos, as medidas atualmente propostas tais como metas
tímidas para a redução da emissão de gases do efeito estufa e a
“financeirização” da natureza são insuficientes e vazias, alerta o
procurador-chefe.
Entre
as medidas criticadas está o mercado de créditos de carbono, que, apesar de ser
propagandeado como um dos grandes instrumentos da COP-30 em Belém, já vem
gerando diversos problemas na Amazônia, conforme detalhou nota técnica do MPF e
do Ministério Público do Estado do Pará (MPPA).
Por
fim, o membro do MPF ressalta a importância de a sociedade apoiar as
iniciativas dos povos originários que reivindicam o seu reconhecimento como
protagonistas na questão climática. Sua sabedoria e cosmovisão são
imprescindíveis para superar a crise, registra. Segundo Moura Palha, “a COP-30,
sediada no coração da Amazônia, representa uma oportunidade única para a
realização de um processo intercultural sério e de boa fé, onde devemos ouvir e
aprender com os pensadores detentores de conhecimentos e experiências
ancestrais cosmológicas que não se desconectaram da natureza”. “Talvez apenas
eles possam oferecer ao mundo a oportunidade de um outro futuro”, aponta.
Fonte:
Cimi/MPF Pará
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