terça-feira, 12 de novembro de 2024

A luta mundial contra as superbactérias

A revista científica The Lancet divulgou recentemente um estudo preocupante. Estima-se que mais de 39 milhões de pessoas no mundo possam morrer nos próximos 25 anos em razão de infecções resistentes a antibióticos. Nada menos que 1,56 milhão de óbitos projetados por ano em decorrência desse fenômeno.

Essas infecções, não tratáveis pelos antimicrobianos atuais, superarão as mortes causadas por câncer e afetarão mais pessoas do que doenças como a Aids e a malária. Algo alarmante, e que exige providências imediatas.

A preocupação a microrganismos já vem de longa data. Alguns hábitos da população, as prescrições médicas incorretas e o desserviço prestado por alguns “pseudomédicos” explicam o motivo de o número de casos de resistência a antibióticos subir a cada ano.

O princípio é o mesmo da teoria da evolução. Conforme os organismos são expostos a uma determinada substância, eles se adaptam para poder sobreviver e, eventualmente, se reproduzir.

A vigilância médica e epidemiológica é fundamental para definir, mediante culturas de sangue, urina e outros materiais, a sensibilidade ou a resistência dos antibióticos disponíveis. A prescrição deve ser correta, nas doses certas, intervalos regulares e por períodos adequados.

Na pandemia do COVID-19, motivada pela gravidade de muitos casos, o uso de antibióticos foi amplificado, às vezes de forma inadequada, contribuindo ainda mais para o surgimento de agentes infecciosos intratáveis.

Adicionalmente, existe uma forma simples e eficiente de evitar a propagação das bactérias, algo que chega a ser até subestimado: lavar as mãos. A higienização correta evita que esses microrganismos se reproduzam e que sejam levados de um lugar para outro.

Apesar de inúmeras campanhas e de treinamentos envolvendo profissionais de diversos setores, esse ainda é um problema que persiste. Um ato tão simples e que pode evitar uma série de doenças.

Em 1928, Alexander Fleming descobriu o primeiro antibiótico, a penicilina. Muitos imaginaram que era o fim das infecções bacterianas. O que se viu durante todos esses anos foi o desenvolvimento de novas classes de antimicrobianos.

Por outro lado, até por uma questão de sobrevivência surgiram bactérias e fungos multirresistentes que estão entre nós, nos hospitais, nas unidades de terapia intensiva e nos centros cirúrgicos, dentre outros ambientes, colocando em risco inúmeros procedimentos considerados seguros, até então. Não é incomum que infectologistas e clínicos se deparem com a identificação de um agente infeccioso com poucas ou nenhuma opção terapêutica.

A comunidade do agronegócio faz uso de antibióticos em suas atividades, algo muitas vezes indispensável, mas que pode comprometer a eficácia dos antibióticos disponíveis e reforçar a importância desse assunto entre as lideranças globais.

A microbiologia moderna, os testes moleculares e outros, infelizmente, não estão acessíveis à maioria da população, culminando com uma equação cruel de quem pode e de quem não pode pagar. Os estudos nessa área não são baratos, e acabam sendo mais vagarosos do que a evolução dos microrganismos.

A racionalização do uso de antimicrobianos é uma exigência inadiável. Para que seja eficaz, é essencial o comprometimento integral de hospitais públicos e privados, seguido de um controle rigoroso das prescrições, incluindo tanto os consultórios médicos quanto os ambulatórios do Sistema Único de Saúde.

Termino com um apelo veemente, dirigido àqueles que se preocupam em minimizar esta ameaça, que já está entre nós: é fundamental que exista uma política pública global eficiente, forte e duradoura. Faz-se necessária a conscientização de todos os cidadãos, além de investimentos de grande porte da indústria farmacêutica e dos governos.

Milhões de vidas podem ser salvas. Depende de todos nós, e não há mais tempo a perder.

 

•        Pobreza eleva em 3 vezes risco de ansiedade e depressão

Um relatório das Nações Unidas aponta que pessoas em situação de pobreza têm três vezes mais chances de desenvolver problemas de saúde mental, como ansiedade e depressão. Dados estão no documento “Economia do Burnout: Pobreza e Saúde Mental”. Cerca de 11% da população mundial sofre com algum transtorno mental.

De acordo com o relator especial da Organização das Nações Unidas e autor do relatório, Olivier De Schutter, esse cenário está relacionado à obsessão pelo crescimento da economia e busca de riqueza, levando as pessoas a se submeterem a jornadas exaustivas de trabalho e condições de trabalho precárias.

“Quanto mais desigual é uma sociedade, mais as pessoas da classe média temem cair na pobreza e com isso desenvolvem quadros de estresse, depressão e ansiedade“, afirmou o relator.

<><> Jornada de 24 horas por dia

Segundo o relator, o principal fator de risco é jornada de 24 horas por dia, 7 dias por semana, quando o trabalhador fica disponível sob demanda, e cita como exemplos os trabalhadores de aplicativos e plataformas digitais

De Schutter afirma que essa lógica “resulta em horários muito variáveis de trabalho, o que torna muito difícil manter um equilíbrio adequado entre a vida familiar e a vida profissional“. A incerteza quanto ao horário de trabalho e quantidade de horas a trabalhar tornam-se grandes motivadores de depressão e ansiedade.

Outro fator gerador de transtornos é a ansiedade climática. Estudos apontam que inundações, secas extremas, temporais destroem as fontes de renda da população, provocando insegurança financeira e ansiedade.

<><> Ações

O estudo propõe que os governos adotem medidas que reduzam as desigualdades e inseguranças, como políticas de renda básica universal (valor mínimo a que todos teriam direito para afastar a ameaça da pobreza), apoio a economia social e solidária e alterações do mundo do trabalho.

O relator informou que organizações não governamentais, sindicatos, movimentos sociais e acadêmicos trabalham na apresentação de alternativas ao crescimento econômico em consonância com a erradicação da pobreza, previstas para serem apresentadas em 2025

 

•        Câncer de pulmão pode ser detectado no ar expirado, diz estudo

O ar expirado pode dar pistas sobre o que está acontecendo dentro do corpo, pois libera compostos químicos e gases. Em um novo estudo, publicado no último dia 6, pesquisadores desenvolveram sensores ultrassensíveis capazes de distinguir uma mudança na química do hálito de pessoas com câncer de pulmão, em nanoescala. Isso significa que esse sensor pode ser útil para a detecção da doença de forma precoce.

O trabalho, publicado no jornal ACS Sensors, da Sociedade Química Americana, sugere que o declínio no nível de um produto químico exalado pela respiração, chamado isopreno, pode indicar a presença de câncer de pulmão.

Para detectar esse declínio, o sensor precisa ser altamente sensível, capaz de identificar níveis de isopreno na faixa de partes por bilhão (ppb). Além disso, ele precisa diferenciar o composto de outros produtos químicos voláteis e suportar a umidade natural da respiração.

Diante desses desafios, a equipe de pesquisadores decidiu refinar sensores baseados em óxido de índio para detectar isopreno no nível em que ele ocorre naturalmente na respiração. Para isso, os pesquisadores desenvolveram uma série de sensores de nanoflocos baseados em óxido de índio (In₂O₃). Em experimentos, eles descobriram que um tipo, que eles chamaram de Pt@InNiOx — para a platina (Pt), índio (In) e níquel (Ni) — teve o melhor desempenho.

Esses sensores conseguiram detectar níveis de isopreno tão baixos quanto 2 ppb, uma sensibilidade que superou sensores anteriores utilizados em pesquisas do tipo. Além disso, eles responderam mais ao isopreno do que a outros compostos voláteis comumente encontrados no hálito, ajudando na diferenciação.

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Por fim, para demonstrar o potencial de uso na medicina desses sensores, os pesquisadores incorporaram os nanoflocos Pt@InNiOx em um dispositivo de detecção portátil. Nele, eles introduziram a respiração coletada anteriormente de 13 pessoas, cinco das quais tinham câncer de pulmão.

O dispositivo detectou níveis de isopreno menores que 40 ppb em amostras de participantes com câncer e mais de 60 ppb em participantes sem a doença. Na visão dos autores, a tecnologia de detecção pode fornecer um avanço na triagem não invasiva do câncer de pulmão e tem o potencial de melhorar os resultados e, até mesmo, salvar vidas.

 

Fonte: CNN Brasil

 

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