terça-feira, 29 de outubro de 2024

Condicionamento físico para idosos é tendência fitness no Brasil

Um levantamento publicado pelo American College of Sports Medicine, referência mundial quando se fala em medicina esportiva e fitness, ressalta a importância dos exercícios para garantir a saúde física, mental e emocional das pessoas idosas. O documento é resultado de uma pesquisa realizada todos os anos pela instituição, com foco nos profissionais do setor fitness.

Para o Brasil, o relatório aponta que em primeiro lugar nas tendências estão os programas de condicionamento físico para idosos. “Os dados trazidos pelo documento são excelentes e primordiais, pois o envelhecimento da população exige inúmeras intervenções essenciais em relação às necessidades desse público, incluindo autocuidado físico e mental, o que garante mais longevidade, independência, qualidade de vida e saúde”, avalia a educadora física Larissa Fidelis da Silva, do Espaço Einstein: Esporte e Reabilitação, do Hospital Israelita Albert Einstein.

O ortopedista e traumatologista Moisés Cohen, professor titular do departamento de Ortopedia, Traumatologia e Medicina Esportiva da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), tem a mesma visão. “É fundamental focarmos em exercícios para os idosos. Com o aumento da expectativa de vida, há um risco maior de quedas, doenças crônicas e comprometimento cognitivo, o que podemos ajudar a combater com programas específicos de fitness”, afirma Cohen, que também atua no Einstein.

<><> Por onde começar?

Iniciar a prática de exercícios não é uma missão fácil para ninguém, muito menos para os mais velhos que, muitas vezes, não se sentem tão dispostos e têm receio de se machucar. Mas é importante entender: quando o programa de treinamento é feito por um profissional da área e conta com boa orientação, o risco de lesões é muito pequeno e a quantidade de benefícios é enorme.

“Podemos destacar o aumento de massa muscular, força e potência; melhora da composição corporal e dos níveis de colesterol; redução dos marcadores de estresse oxidativo, problema desencadeado pela ação danosa dos radicais livres; e combate a diabetes, hipertensão, osteoporose e Alzheimer”, destaca Larissa Silva.

E a lista não para por aí. Segundo Cohen, uma rotina ativa também previne a sarcopenia, a perda de massa muscular natural do avançar da idade. “Além disso, acentua o equilíbrio e a propriocepção, o que é essencial para evitar quedas, melhora a saúde cardiovascular e respiratória, trabalha a autonomia e ajuda no controle de peso”, acrescenta o ortopedista. Tudo isso sem falar nos ganhos à saúde mental, como alívio da depressão e da ansiedade, o que é reforçado pela socialização oferecida pelas atividades físicas, em especial as em grupo.

A recomendação da Organização Mundial da Saúde (OMS) é que, a partir dos 65 anos, a pessoa faça atividades moderadas no mínimo três dias por semana, envolvendo modalidades aeróbicas, de fortalecimento muscular, flexibilidade, força, coordenação motora, agilidade e equilíbrio. Os iniciantes devem começar com treinos de menor intensidade e com menos tempo e aumentá-los gradativamente.

“Nesse caso, é essencial focar na questão da aprendizagem motora: precisa primeiro aprender a fazer os movimentos corretamente, realizando a contração dos músculos de maneira correta, evitando sobrecarga sobre as articulações, para depois progredir em relação a volume, intensidade e variações de exercícios”, diz a educadora física do Espaço Einstein.

Quem já está habituado à malhação e está bem fisicamente pode encarar treinos mais intensos e chegar à recomendação da OMS para os adultos em geral: de 150 a 300 minutos semanais de atividade moderada ou de 75 a 150 minutos semanais de atividade física aeróbica de intensidade vigorosa. Em todos os casos, é fundamental que a modalidade seja agradável à pessoa que a pratica e caiba em sua rotina, o que aumenta a adesão.

<><> Cuidados necessários

Além de se exercitar com orientação e supervisão de profissionais, o ideal é que os idosos tomem mais algumas medidas. “Considerando que essa população apresenta maior vulnerabilidade, é essencial adotar cuidados específicos para prevenir lesões e intercorrências, como consultas médicas e check-ups regulares, hidratação adequada e roupas e calçados apropriados, que ajudam a evitar lesões e facilitam a manutenção térmica do corpo”, recomenda Cohen.

Larissa Silva ainda destaca a importância da participação de um profissional de educação física em todo esse processo, já que ele fará uma análise individual de cada aluno e poderá acompanhá-lo de perto. Quanto mais cedo a pessoa começar a se movimentar, maiores serão os benefícios de uma vida mais ativa — independentemente da idade.

 

•        Qual exercício pode ajudar a reduzir apetite? Estudo responde

Um novo estudo, publicado na última quinta-feira (24) no Journal of the Endocrine Society, examinou os efeitos de exercícios de diferentes intensidades nos níveis da grelina, conhecida como “hormônio da fome“. Diante disso, os pesquisadores descobriram qual tipo de atividade física é capaz de suprimir o apetite em adultos saudáveis, principalmente em mulheres.

De acordo com a pesquisa, exercícios de alta intensidade — como levantamento de peso, agachamentos, HIIT, corrida e natação — são mais eficazes para reduzir os níveis de fome do que exercícios moderados. Isso porque a alta intensidade suprimiu os níveis de grelina no organismo, responsável por atuar na percepção de fome pelo hipotálamo, região cerebral que regula o apetite.

“Descobrimos que exercícios de alta intensidade suprimiram os níveis de grelina mais do que exercícios de intensidade moderada”, afirma a autora principal do estudo, Kara Anderson, da University of Virginia e do University of Virginia Health System, em Charlottesville, na Virgínia, Estados Unidos. “Além disso, descobrimos que os indivíduos se sentiam ‘menos famintos’ após exercícios de alta intensidade em comparação com exercícios de intensidade moderada.”

A grelina é produzida no sistema gastrointestinal e circula em formas aciladas (AG) e desaciladas (DAG), conhecidas por atuar no apetite. Os dados sobre os impactos da intensidade no exercício nos níveis dessas duas formas de grelina ainda eram escassos e limitados, principalmente nos homens, de acordo com os pesquisadores.

Diante disso, o trabalho analisou oito homens e seis mulheres. Os participantes do estudo fizeram um jejum durante a noite e, então, realizaram exercícios de vários níveis de intensidade, determinados por medicação de lactato sanguíneo — exame que mede a quantidade de ácido lático no sangue, uma substância produzida a partir do metabolismo da glicose e dos aminoácidos quando o corpo não consegue obter oxigênio suficiente para atendes às necessidades dos músculos. Em seguida, os pesquisadores mediram os níveis de apetite de acordo com o relato dos participantes.

Segundo o estudo, as mulheres tinham níveis mais altos de grelina total na linha de base em comparação aos homens. No entanto, apenas mulheres demonstraram níveis de grelina AG “significativamente reduzidos” após o exercício intenso.

“Descobrimos que a intensidade moderada não alterou os níveis de grelina ou levou a um aumento líquido”, observou o estudo. Essas descobertas sugerem que o exercício acima do limiar de lactato “pode ser necessário para provocar uma supressão na grelina”.

“O exercício deve ser considerado uma ‘droga’, onde a ‘dose’ deve ser personalizada com base nos objetivos pessoais de um indivíduo”, diz Anderson. “Nossa pesquisa sugere que exercícios de alta intensidade podem ser importantes para a supressão do apetite, o que pode ser particularmente útil como parte de um programa de perda de peso.”

Apesar das descobertas, os pesquisadores reconhecem que mais estudos são necessários para determinar até que ponto os efeitos do exercício intenso diferem de acordo com gênero.

 

Fonte: CNN Brasil

 

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