'Lá o mato era muito mais alto':
especialistas explicam 'boom' de fintechs no México e na Colômbia
Um levantamento da
FinTech Global aponta que, no primeiro semestre de 2024, as startups
colombianas ficaram com quatro — Simetrik, Boldi, Addi e Yuno — das dez maiores
rodadas de aporte na região.
Com isso, elas igualam
o Brasil em número (Celcoin, Akad, Kanastra e NG.Cash), mas perdem em volume:
US$ 166 milhões (R$ 936,8 milhões) contra US$ 182 milhões (R$ 1 bilhão) das
fintechs brasileiras.
Ao analisar esses
dados, a dúvida que fica é: estaria o setor de fintechs — startups que têm como
objetivo principal tornar as transações financeiras mais acessíveis, rápidas e
econômicas — em queda no Brasil frente ao avanço no México e na Colômbia?
<><> Fintechs,
investimentos e oportunidades
Para entender melhor
os desdobramentos dessa corrida de startups de finanças latino-americanas, a
Sputnik Brasil conversou com especialistas no assunto. Conforme reforçado por
um deles, "não é bem por aí". O que ajuda nessa diferença? O Brasil já
possui um sistema financeiro muito eficaz e prático de transição financeira —
conhecido como Pix.
À reportagem, Marcos
Mueller, CEO da Darwin Startups — empresa especialista em desenvolver
relacionamentos estratégicos entre corporações, investidores e startups —,
sinaliza que a justificativa para um crescimento exponencial nos mercados acima
citados é dado pelo fato de que "lá o mato era muito mais alto",
referindo-se às ausências de tecnologias.
"É muito mais
fácil surgirem iniciativas que resolvam problemas pontuais lá, já que o mercado
[da Colômbia e do México] é muito mais carente do que o daqui [do Brasil]. O
Brasil é um mercado muito bem desenvolvido, do ponto de vista do segmento financeiro.
Muita tecnologia, automação. […] O próprio Pix já é um case global em meios de
pagamento", explicou Mueller.
Segundo ele, quando o
"mato é mais alto" — quando há menos tecnologia pública,
compartilhada e avanços tecnológicos no local —, a probabilidade de novas
"solucionadoras financeiras" surgirem é maior, mas isso não significa
que o setor esteja em decadência no Brasil, reforçou.
A esta agência, Samuel
Barros, doutor em administração pela Universidade de Bordeaux, na França, com
foco em gestão de projetos e finanças comportamentais, discordou do pensamento
de Mueller. Nas palavras dele, as legislações dos países citados anteriormente
facilitam o crescimento.
"Os principais
fatores do crescimento de fintechs no México e na Colômbia são basicamente um
ambiente regulatório mais favorável para a criação desse perfil de empresas,
muito em virtude de legislações específicas que visam incentivar o setor. Agrega-se
a capacidade desses países em criar um ecossistema em parceria entre bancos
tradicionais e as fintechs, o que apoia muito a expansão do setor", arguiu
Barros, que também é reitor do Ibmec Rio.
De acordo com Barros,
os fatores demográficos também apoiam esse crescimento como uma população mais
jovem e "um volume significativo de 'desbancarizados' nos países".
"No México, ainda
existe um percentual relativamente grande em dinheiro físico. [...] Isso mostra
o tamanho da oportunidade que ainda tem lá pra se criar soluções. O Brasil já é
muito mais tecnológico, o que torna mais difícil subir essa barra",
complementou o CEO da Darwin Startups.
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Brasil não perde espaço para outros países
Questionado sobre o
país perder ou não espaço para México e Colômbia, Marcos Mueller diz que a
resposta é não.
"Quando
observamos os dados de fintechs, de maneira geral, os maiores índices da área
são os que envolvem o Brasil... Tendo como destaque o case do Nubank — que hoje
é o maior banco em número de usuários do país. […] A instituição, inclusive,
vem fazendo aquisições de M&A [sigla em inglês para o processo de fusões e
aquisições entre empresas]", embasou.
Para o presidente da
Associação Brasileira de Fintechs (ABFintechs), Diego Perez, embora o
investimento tenha sido relativamente expressivo na Colômbia durante o primeiro
semestre deste ano, "o Brasil está muito à frente".
"O mercado
brasileiro é muito maior. O país representa aproximadamente mais de 50% [do
mercado] da América Latina. [...] O que pode justificar os investimentos é
porque esses países estão em ascensão e ainda não passaram pelo movimento de
transformação e digitalização das finanças como o Brasil passou nos últimos
cinco ou dez anos", explicou Perez à Sputnik.
"Discordo que o
Brasil esteja perdendo esse espaço no setor de fintechs para a Colômbia e
México! São momentos diferentes — estando o Brasil mais avançado que os dois
países — é natural que os investimentos se concentrem neles. O Brasil vem se
consolidando no mercado. Não dá pra afirmar que o Brasil está perdendo espaço
em fintechs", complementou.
Barros finalizou que
"o setor é muito importante para o Brasil. Não perdeu relevância, está
crescendo menos que outros países, apenas isso. Devemos levar em consideração
que a concentração bancária no Brasil acaba influenciando neste comportamento. Mas
observo que as empresas financeiras tecnológicas brasileiras são excelente
qualidade e agregam muito valor ao nosso mercado".
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Cientistas chineses
desenvolvem microdrone movido a energia solar e mais leve que papel
Pesquisadores da
Universidade Beihang, em Pequim, na China, desenvolveram um microdrone que pesa
apenas 4,2 gramas movido a energia solar, alcançando voos contínuos e
alimentado por pura luz natural.
O drone tem uma
envergadura de cerca de 20 centímetros e está equipado com duas
células solares comuns com menos da metade do tamanho de um palmo. O
microaparelho foi chamado de CoulombFly.
A equipe propôs de
forma inovadora um novo sistema de acionamento eletrostático e desenvolveu um micromotor com baixa velocidade de rotação, baixa geração de calor e alta eficiência,
permitindo que a micro aeronave decole e continue voando sob pura luz
natural.
A primeira
consideração no design deste dispositivo foi a redução da perda de calor no sistema de energia, de modo a que a energia elétrica gerada pelas
células solares possa ser eficientemente convertida em energia cinética.
"A chave é o
sistema de energia", afirmou Qi Mingjing, professor da Faculdade de
Energia e Engenharia de Energia da Universidade Beihang.
Qi afirma que a equipe
desenvolveu especialmente um conversor de energia ultra leve de alta tensão,
pesando apenas 1,13 gramas, o qual aumentou a tensão gerada pelas células
solares de cerca de 4,5 volts para 9.000 volts, criando um sistema eletrostático.
"Os microdrones movidos a energia solar podem realizar
voos de longa duração e, após maior desenvolvimento no futuro, espera-se que
sejam usados em operações de resgate, inspeção em espaços estreitos, entre
outros cenários", disse Yan Xiaojun, professor da Universidade
Beihang.
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Importante fornecedor da indústria de chips pode perder o mercado da China por
culpa dos EUA
A empresa ASML poderia
perder definitivamente o mercado chinês devido a restrições que seriam
aprovadas pelas autoridades dos Países Baixos relacionadas ao mercado de
semicondutores, caso siga políticas que os EUA procuram impor aos seus aliados
para restringir a China comercialmente.
ASML, uma empresa
holandesa que é considerada um dos produtores de equipamentos de fabricação de
chips mais importantes do mundo, poderia entrar em uma encruzilhada, já que as
autoridades de seu país cogitam impor restrições ao mercado de semicondutores,
que poderiam afetar seus negócios na China.
De acordo com o jornal
estatal chinês Global Times, o governo holandês planeja limitar ainda mais as
exportações de ASML para a China não renovando as licenças de exportação
existentes.
As restrições afetam
principalmente a manutenção e a entrega de peças para a segunda geração mais
moderna de máquinas de chips.
"Os EUA estão
pressionando seus aliados para que eles cortem fortemente os laços com as
cadeias industriais e de fornecimento da China, o que coloca novamente em um
dilema o governo holandês e a ASML, um dos maiores fabricantes de equipamentos
para fabricação de chips do mundo. Amsterdã ainda não tomou uma decisão final,
mas indicou que terá em conta os interesses econômicos da ASML", publica a
mídia.
"Se ASML perder o
mercado chinês, sofrerá perdas econômicas significativas. Esta perda poderia
potencialmente levar a uma diminuição da cota de mercado mundial de ASML e uma
mudança no equilíbrio de poder na indústria de semicondutores", acrescenta
o artigo.
Além disso, o Global
Times acrescenta que se Amsterdã seguir a ordem dos EUA, afetará gravemente as
relações entre a China e os Países Baixos em vários campos, porque, acrescenta,
é improvável que Pequim fique de braços cruzados, por isso poderia tomar as
contramedidas correspondentes, como impor restrições comerciais ou procurar
fornecedores alternativos.
A mídia considera que,
se as restrições forem aprovadas, os Países Baixos podem até mesmo ver sua
liderança mundial em campos de alta tecnologia afetada.
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VPNs protegem a sua
privacidade e podem ser indispensáveis para muita gente – inclusive ministros
do STF
Na última
sexta-feira, 30 de agosto, o ministro do Supremo Tribunal Federal, o STF,
Alexandre de Moraes determinou o bloqueio do funcionamento do X em todo o
Brasil. Essa decisão é acertada.
Elon Musk, sócio-majoritário do X, vem desrespeitando as decisões judiciais brasileiras.
Além de não cooperar com a justiça, ele agiu proativamente para dificultar a
execução das decisões do poder judiciário brasileiro ao extinguir a subsidiária
do X no Brasil.
O Marco Civil da internet obriga
entidades estrangeiras a terem representantes no Brasil exatamente para que
elas não fiquem fora do alcance da fiscalização e do controle do poder público.
E deixa bem claro que “a sociedade estrangeira autorizada a funcionar ficará
sujeita às leis e aos tribunais brasileiros, quanto aos atos ou operações
praticadas no Brasil”.
O Twitter não está acima da lei no Brasil. Enquanto possuía uma representação no país, a empresa recebeu
ordens do STF para bloquear contas que cometeram crimes de acordo com a lei
brasileira.
Outras empresas, como
o Youtube, Meta e Google, receberam ordens parecidas e cumpriram essas ordens
dentro dos prazos estabelecidos, enquanto Elon Musk se negou a cumprir a ordem
emitida pelo STF.
No momento em que o
STF começou a aplicar uma multa diária pelo descumprimento da ordem, Musk
explicitamente disse que fecharia a filial no Brasil para continuar a
descumprir a lei.
O STF então deu o
prazo de 24 horas para o Twitter indicar uma nova representação no país. Quando
o prazo acabou, o STF tomou a decisão de bloquear o funcionamento da
plataforma, até que a lei seja cumprida e as multas pagas.
Essa atitude do STF
está corretíssima: o Twitter e o Elon Musk, não estão acima da lei e devem ser
punidos.
<><> O que
são VPNs e porque Moraes errou ao proibí-los
Acontece que na mesma
ordem o STF incluiu o uso das VPNs (virtual private networks, ou seja, “redes
virtuais privadas”). Esta não foi uma decisão feliz, porque quem está sendo
punido é o usuário e não o Elon Musk ou a empresa Twitter, que são os que não estão
cumprindo a lei.
Apesar disso, o uso de
VPNs explodiu. Um site especializado identificou uma alta de 1.600% na procura por VPNs no Brasil.
A princípio o STF
chegou a exigir que a Apple e o Google bloqueassem os seus usuários brasileiros
de baixarem VPN das suas lojas de aplicativos. Mas depois reverteu essa decisão.
As VPNs, tal como o
Tor, são aplicativos que permitem ao usuário acessar um site ou serviço com um
IP (internet protocol, ou “protocolo de internet”, uma espécie de endereço do
seu computador) de fora do país. Ou seja, o bloqueio do Twitter no Brasil é feito
para pessoas que estão acessando o serviço desde um IP brasileiro.
Quando alguém acessa o
Twitter com um IP dos EUA ou da França, ele não está bloqueado. Até mesmo
porque a justiça brasileira não tem jurisdição nesses países e não pode
controlar o que as pessoas de lá fazem na internet.
Mas uma VPN pode ser
usada para diversas finalidades além de tentar acessar o Twitter. Seria um
abuso o STF pedir para a Apple e o Google impedirem que usuários brasileiros
possam simplesmente baixar esse tipo de aplicativo.
O STF parte da
premissa de que todo mundo que baixar uma VPN está cogitando acessar o Twitter.
Além de falsa essa premissa, é completamente ilegal esse tipo de ação no
Brasil. E deve ter sido por isso que no mesmo dia o STF recuou com esse pedido.
Mas ele manteve uma
outra parte da sua decisão que pune o usuário. A aplicação de uma multa diária
de R$50 mill às pessoas que utilizarem qualquer tecnologia, Tor ou VPN por
exemplo, para acessar o Twitter.
<><> VPN,
uma ferramenta indispensável para proteger seus dados
Acontece que existe
uma lista enorme de razões que levam as pessoas a usarem uma VPN ou o Tor.
Existem muitos casos onde as pessoas estão simplesmente tentando proteger a sua
privacidade na internet.
Uma VPN permite que
você utilize a internet sem que sites e empresas tenham acesso a como você as
usa. Assim, ele impede que uma empresa mande anúncios indesejados ou, pior, que
alguém tenha acesso a dados pessoais sigilosos e/ou sensíveis.
No Projeto Tor, nós
coletamos algumas histórias de usuários que demonstram isso. Um pai de dois
adolescentes usa o Tor para fazer buscas sobre problemas que os seus filhos e
amigos estão se deparando (como sexo, drogas, bullying) para poder conversar
abertamente com os seus filhos.
Ele usa o Tor para
evitar que sites como o Google (e outros) saibam dos problemas que os seus
filhos estão enfrentando, para que eles não sejam expostos. Ele também
incentiva os filhos a usarem o Tor para pesquisas pelos mesmos motivos.
Outra pessoa comentou
que usa o Tor para pesquisar sobre doenças mentais, como, por exemplo,
depressão, que ocorrem na família dela. Ela não quer que ninguém saiba sobre
essas doenças e por isso utiliza a nossa ferramenta para garantir a proteção da
sua privacidade.
Uma pessoa que é
profissional da medicina atende em uma cidade muito politizada, onde
muitos de seus pacientes atuam em áreas de legislação que podem influenciar
grandes empresas. Ela utiliza o Tor para fazer pesquisas sobre doenças e
tratamentos, bem como para analisar detalhes dos históricos de saúde de seus
pacientes.
Ela está ciente de que
seu histórico de buscas pode ser correlacionado com as visitas dos pacientes, e
informações sensíveis sobre a saúde deles podem ser expostas. Por esse motivo,
ela usa o Tor para proteger a privacidade dos seus pacientes.
<><> Uma
decisão inexequível
E como o STF pretende
aplicar essa punição? Não cabe ao STF monitorar todas as contas brasileiras no
Twitter. O STF vai pedir para o Twitter enviar a informação das contas
brasileiras que estão ativas durante esse período de suspensão? Ora, se o
Twitter não vem cumprindo nenhuma ordem do STF (por isso mesmo que ele foi
suspenso), é pouco provável que responda a tal pedido.
Mas digamos que o STF
consiga saber que uma conta brasileira publicou um tweet durante esse período
de suspensão. E que este tweet veio de um IP do exterior. Como que o STF vai
saber se a pessoa não estava no exterior quando tweetou? Mesmo se ele conseguir
identificar que esse IP pertence a um serviço de VPN ou à rede Tor, como que
ele vai saber se a pessoa não estava no exterior ao fazer isso?
O STF vai pedir para
as empresas de VPNs monitorarem os seus usuários brasileiros e entregar a
informação daqueles que utilizaram o seu aplicativo para acessar o Twitter?
Mesmo que as empresas de VPN colaborem com o STF, no caso do Tor é diferente:
ele não possui informação de usuário, ou seja, não tem como entregar esses
dados para o STF.
E o custo relacionado
ao trabalho que o estado brasileiro terá para fazer esse controle e punir os
usuários? Não me parece justo gastar milhares de reais dos cofres públicos para
punir o usuário enquanto quem realmente cometeu o crime e desobedeceu o judiciário
foi Elon Musk.
Digamos que uma conta
de perfil conhecido, como a do vice-governador de Minas Gerais, Mateus Simões,
que tweetou uma mensagem que fala de forma explícita que está usando VPN para
furar o bloqueio seja do conhecimento do Tribunal.
O STF precisa ter
acesso ao Twitter para poder comprovar isso. Como que ele vai fazer? Vai usar o
Tor ou uma VPN? Ou vai basear a multa integralmente em matérias dos jornais,
sem nenhuma outra comprovação? Não me parece cabível o STF punir os jornais que
publicaram um print do tweet do vice-governador. Afinal, eles provavelmente
utilizaram VPN para ver esse tweet.
Convenhamos que faltou
orientação técnica para ajudar o ministro Alexandre de Moraes a entender que
não faz sentido essa multa, principalmente, a parte prática de efetivar essa
decisão.
Esse é um ótimo
exemplo da importância de uma assessoria de pessoas com o conhecimento técnico
tanto no judiciário quanto no legislativo. E infelizmente esse é um problema
antigo.
Juízes e parlamentares
não são obrigados a ter esse tipo de conhecimento, mas precisam de assessoria
para tomar decisões sobre a internet e outras tecnologias. Idealmente, eles
deveriam usar VPNs e/ou o Tor ao trabalharem em temas sensíveis!
Fonte: Sputnik Brasil/The
Intercept
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