sábado, 31 de agosto de 2024

Dormir mais no fim de semana pode reduzir em 20% risco de doenças cardíacas

Durante a semana, com as demandas do trabalho e a rotina agitada, é comum que muitas pessoas durmam pouco. Muitos estudos já mostraram que a privação de sono, caracterizada por menos de sete horas dormidas por noite, pode trazer riscos à saúde. Porém, uma nova pesquisa sugere que “recuperar” o sono dormindo por mais tempo aos finais de semana pode reduzir o risco cardíaco em até 20%.

O estudo será apresentado no ESC Congress 2024, congresso anual da Sociedade Europeia de Cardiologia, que acontece entre os dias 30 de agosto e 2 de setembro, em Londres, no Reino Unido.

“Sono compensatório suficiente está ligado a um menor risco de doença cardíaca”, diz o coautor do estudo, Yanjun Song, do Laboratório Estatal de Doenças Infecciosas, em Pequim, na China, em comunicado à imprensa. “A associação se torna ainda mais pronunciada entre indivíduos que regularmente têm sono inadequado durante a semana.”

Para chegar a essa conclusão, os pesquisadores usaram dados de 90.903 indivíduos envolvidos no projeto UK Biobank, uma grande base de dados do Reino Unido. Eles avaliaram a relação entre sono compensado no fim de semana e doenças cardíacas, com base em informações registradas em acelerômetros (dispositivos que monitoram dados como batimentos cardíacos, distâncias percorridas e calorias gastas, com base nos movimentos; é frequentemente encontrado em smartphones e smartwatches).

Eles dividiram os dados sobre o sono em quatro grupos, do sono mais compensado ao menos:

•        Grupo 1: sono menos compensado, de -16,05 horas a -0,26 horas compensadas. Ou seja, trata-se de grupo com ainda mais privação de sono;

•        Grupo 2: de -0,26 horas a +0,45 horas compensadas;

•        Grupo 3: de +0,45 horas a +1,28 horas compensadas;

•        Grupo 4: de + 1,28 horas a 16,06 horas compensadas.

A privação de sono foi autorrelatada, ou seja, as próprias pessoas envolvidas no estudo relataram se dormiam pouco ou não. A privação de sono foi caracterizada quando uma pessoa dormia menos de 7 horas de sono por noite.

De acordo com a pesquisa, um total de 19.816 participantes (21,8%) foram definidos como privados de sono. O resto dos envolvidos pode ter experimentado sono inadequado ocasional, mas, em média, suas horas diárias de sono não atenderam aos critérios de privação de sono.

Para avaliar a saúde cardiovascular, os pesquisadores analisaram registros de hospitalização e informações de registro de causa de morte. Com base nisso, foi possível identificar diagnósticos de doenças cardíacas como doença cardíaca isquêmica (DIC), insuficiência cardíaca (IC), fibrilação atrial (FA) e acidente vascular cerebral (AVC).

Os pesquisadores analisaram os dados por um período de acompanhamento de 14 anos. Segundo eles, os participantes do grupo com o sono mais compensatório (grupo 4) tiveram 19% menos chance de desenvolver doenças cardíacas em comparação com o grupo com o sono menos compensatório (grupo 1).

Entre aqueles indivíduos com privação diária de sono, aqueles que conseguiram atingir um sono mais compensatório aos finais de semana tiveram um risco 20% menor de desenvolver doenças cardíacas em comparação com aqueles que não conseguiram compensar o sono. A análise não encontrou diferença entre homens e mulheres.

“Nossos resultados mostram que, para a proporção significativa da população na sociedade moderna que sofre de privação de sono, aqueles que têm mais sono de recuperação nos fins de semana têm taxas significativamente mais baixas de doenças cardíacas do que aqueles com menos sono”, afirma Zechen Liu, coautor do estudo e pesquisador do Laboratório Estatal de Doenças Infecciosas.

 

•        Quem tem arritmia cardíaca pode praticar esportes? Entenda

A arritmia cardíaca é uma condição caracterizada pelo batimento irregular do coração. Esses batimentos podem ocorrer em um ritmo mais lento do que o habitual (bradiarritmias) ou mais acelerado (taquicardias).

“Quando o coração está funcionando normalmente, ele mesmo gera seu impulso elétrico para proporcionar o seu trabalho de sístole (contração) e de diástole (relaxamento) no funcionamento do músculo cardíaco. Esse impulso tem uma sequência organizada que percorre o sistema de condução fisiológico do coração promovendo a circulação adequada do sangue para todo o organismo”, explica Aristides Medeiros Leite, cardiologista e professor do curso de medicina do Centro Universitário de João Pessoa (Unipê), à CNN.

O especialista explica que a indicação ou contraindicação da prática esportiva em quem tem arritmia vai depender do tipo da condição. “Existem arritmias sem repercussão, chamadas leves ou begninas, e as com repercussão, chamadas severas ou potencialmente malignas, em relação ao funcionamento do coração”, afirma. Além disso, a prática de atividade física e esporte será recomendada com base na idade do paciente e nos seus fatores de riscos cardiovasculares.

“Considerando especificamente a arritmia, se essa for severa ou significativamente sintomática, a atividade física ou a prática de esportes, em princípio, devem ser contraindicadas. Principalmente esportes competitivos que demandam esforços bruscos, muita velocidade, percursos longos ou sobrecargas excessivas de peso”, afirma Leite.

As arritmias graves podem levar a morte súbita provocada pelo exercício intenso. Por outro lado, arritmias leves, ou que não se manifestam durante a prática de exercício físico, não são impeditivas da prática esportiva e de atividade física.

<><> Avaliação médica é essencial antes da prática esportiva por quem tem arritmia cardíaca

Para saber se uma pessoa com arritmia pode ou não praticar atividade física, a avaliação médica é uma etapa fundamental e indispensável. “Por exemplo, um teste ergométrico pode mostrar como o coração se comporta ao esforço e, caso a conclusão clínica seja a de que não há riscos, a atividade física irá beneficiar não apenas o coração, como também, todos os sistemas corporais”, afirma Eliana Corrêa, fisioterapeuta e professora do curso de fisioterapia da Universidade Cidade de S. Paulo (Unicid), à CNN.

A especialista explica que a prática de atividade física pode ser benéfica para o tratamento de doenças cardíacas, desde que a intensidade seja definida por profissionais da área, como fisioterapeutas e educadores físicos. “A eficácia de um programa de treinamento físico para essas pessoas dependerá exclusivamente da prescrição precisa da intensidade do exercício, portanto, para cada caso será necessária uma alta gama de testes que ajudem na confecção do protocolo de exercícios”, afirma.

“Além disso, é de suma importância que o profissional monitore possíveis sintomas da arritmia durante o esforço, como aumento excessivo da frequência cardíaca, palpitação, tontura, sensação de fraqueza, dor no peito, falta de ar e mal-estar”, ressalta.

A especialista também explica que, apesar de o esporte ser contraindicado por ser uma atividade de alta intensidade, exercícios leves podem ser prescritos para pacientes com arritmias graves, desde que sejam realizados em ambiente controlado e com monitoramento adequado. “Arritmias graves requerem exercícios específicos em um programa de reabilitação cardiopulmonar e metabólica”, afirma.

 

Fonte: CNN Brasil

 

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