Colesterol: confira mitos e verdades sobre
um dos maiores vilões da saúde cardiovascular
As doenças
cardiovasculares, como infarto e AVC, são as principais causas de morte no
Brasil, com mais de 300 mil óbitos ao ano. E o colesterol alto, que segundo o
Ministério da Saúde está presente em 40% da população brasileira, tem grande
relação com estes números.
O colesterol é um tipo
de lipídio ("gordura") que compõe a membrana das células do nosso
corpo e que também é precursor da formação de hormônios e vitaminas. Ele é
essencial para diversas funções, mas seu excesso está associado a diversos
problemas de saúde, especialmente doenças cardiovasculares, como AVC e infarto.
O colesterol é
essencial para o funcionamento do nosso corpo, porque ele participa de diversas
funções biológicas essenciais, como na estrutura das células, na produção de
hormônios - como testosterona, estrógeno, progesterona - e vitaminas, na
formação da bile - necessária para digestão das gorduras - e para formação da
bainha de mielina, que protege os neurônios, acrescenta o médico. Apesar de o
colesterol ser essencial, é preciso manter seus níveis sob controle.
Os alimentos ricos em
gordura trans, gorduras saturadas e ultraprocessados são as principais fontes
alimentares de colesterol ruim, com impacto nos níveis do LDL.
Abaixo, nesta
reportagem, confira 15 mitos e verdades sobre o colesterol apresentados pela
Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia (SBEM):
<><>
MITOS:
1. ❌ O consumo de proteínas, como o ovo, aumenta o colesterol
O ovo é rico em
colesterol, além de também ser fonte de outros nutrientes como vitamina D,
colina (importante para o tecido nervoso), ferro, vitamina A e luteína (que
auxiliam a prevenir problemas de visão).
Como qualquer
alimento, seu uso deve ser equilibrado e integrado a uma dieta equilibrada. A
quantidade diária depende de diversas questões relacionadas à saúde de cada
indivíduo.
Em geral, a quantidade
de até 2 ovos ao dia é ser benéfica para a maioria das pessoas, sem maiores
riscos de alteração do colesterol ou outros índices.
2. ❌ Chás ou água de berinjela
ajudam a diminuir o colesterol
Não há comprovação
científica de que chás ou água de berinjela reduzam significativamente o
colesterol ou a pressão arterial.
Portanto, não são
recomendados como tratamento eficaz. Naturalmente, uma dieta equilibrada pode
incluir este vegetal como forma de obter nutrientes e evitar o consumo de
alimentos ricos em gorduras saturadas.
3. ❌ O abacate pode aumentar o colesterol
O abacate é rico em
gordura monoinsaturada, que pode ajudar a aumentar o colesterol bom (HDL) e
diminuir o ruim (LDL). Apesar disso, deve ser consumido com moderação, devido
ao seu alto valor calórico.
4. ❌ Pessoas magras não têm colesterol alto
Mesmo pessoas magras
podem apresentar colesterol alto devido a fatores genéticos, que não são tão
raros quanto se imagina. Os determinantes dos níveis de colesterol são
complexos e não envolvem apenas o peso. Logo, todas as pessoas estão sujeitas a
níveis elevados de colesterol, independentemente do IMC (índice de massa
corpórea).
5. ❌ Óleo de coco diminui o colesterol e ajuda a emagrecer
O óleo de coco é uma
gordura saturada e pode aumentar o colesterol. Além disso, é altamente calórico
e não contribui para o emagrecimento.
6. ❌ Remédios para baixar o colesterol devem ser suspensos após algum tempo de uso, pois podem causar
problemas de saúde
A manutenção ou
suspensão dos medicamentos para controle do colesterol deve ser discutida com
um médico. Muitos pacientes necessitam de uso contínuo para obter benefícios na
prevenção das doenças cardiovasculares e os estudos clínicos atestam a
segurança do uso prolongado dessas medicações.
7. ❌ Remédios para reduzir o colesterol não são seguros para idosos
Estudos mostram que
esses medicamentos são seguros e benéficos para idosos quando bem indicados.
Alguns trabalhos sugerem que pelo menos 30% dos idosos no Brasil possuem níveis
elevados de colesterol.
Nesta faixa etária, o
cuidado com o colesterol deve ser redobrado, tendo em vista a maior frequência
de comorbidades que aumentam o risco cardiovascular, como hipertensão arterial
e diabetes mellitus.
A adesão a longo prazo
às medicações para controle do colesterol ainda é relativamente baixa no
Brasil, em torno de 20 a 30%. O índice é problemático, pois o efeito destas
medicações na proteção cardiovascular exige seu uso contínuo e só se manifesta
no longo prazo, segundo o médico endocrinologista Joaquim Custódio Jr, também
professor da Universidade Federal da Bahia (UFBA) e presidente do Departamento
de Dislipidemias e Aterosclerose da SBEM (Sociedade Brasileira de
Endocrinologia e Metabologia):
“Conscientizar as
pessoas sobre o adequado controle do colesterol é essencial para reduzir a
ocorrência de eventos cardiovasculares em nossa população”, afirma o médico.
8. ❌ Suplementos contendo ômega 3 são saudáveis e devem ser
utilizados na prevenção das doenças cardiovasculares e para abaixar o
colesterol
A dieta rica em ômega
3 demonstrou benefícios cardiovasculares, mas isso não foi comprovado com o uso
de suplementos de ômega 3.
Na realidade, esses
suplementos podem até elevar o colesterol ruim. O ômega 3 pode ser útil para a
redução dos níveis de triglicérides (um tipo de gordura que circula em nosso
organismo), mas a relação do seu consumo com a redução de eventos cardiovasculares
ainda é considerada incerta.
Fontes naturais de
ômega 3 incluem peixes de água fria - como salmão, atum e sardinha - algumas
sementes – como linhaça e chia - e nozes.
9. ❌Reduzir excessivamente os níveis de colesterol no sangue pode levar à demência pela falta de colesterol para as células
Estudos indicam que a
redução dos níveis de colesterol é segura, mesmo a níveis muito baixos. As
células do nosso organismo são preparadas para produzir o seu próprio
colesterol sem depender do colesterol do sangue. Por outro lado, não tratar o
colesterol elevado, especialmente em pacientes de alto risco cardiovascular,
está associado a alguns tipos de demência.
<><>
VERDADES
1. ✅ Colesterol elevado está associado ao envelhecimento das artérias
O LDL (colesterol
ruim) elevado contribui para o envelhecimento das artérias através da formação
de placas de gordura. Essas placas resultam em inflamação, oxidação e
enrijecimento das paredes arteriais, reduzindo sua elasticidade e capacidade de
fluxo sanguíneo.
2. ✅ O colesterol elevado está associado a alimentação e fatores genéticos
Setenta por cento do
colesterol é produzido pelo fígado, mas os demais 30% são provenientes da
alimentação e estilo de vida. Portanto, é importante também adotar hábitos
saudáveis.
3. ✅ Distúrbios do colesterol devem ser rastreados na população
Homens a partir de 35
anos e mulheres a partir dos 45 anos devem ser rastreadas para níveis elevados
de lipídios (gorduras) no sangue. Mas em casos específicos, a recomendação de
idade pode mudar para a partir até de 20 anos em homens e mulheres, quando o
(a) paciente apresentar um dos fatores de risco como diabetes, história prévia
de doença coronariana ou doença aterosclerótica, história familiar de doença
cardiovascular em homens abaixo dos 50 e mulheres abaixo dos 60 anos de idade,
tabagismo, hipertensão e obesidade.
4. ✅ O excesso de colesterol pode causar
infarto e AVC (acidente vascular cerebral)
O excesso colesterol
LDL, que é conhecido como o "colesterol ruim”, está associado às doenças
cardíacas. Uma estimativa realizada pelo grupo do estudo Carga Global de
Doenças, iniciativa mundial coordenada pela Universidade de Washington, nos
EUA, em 2019, aponta que pelo menos 6% da população brasileira convive com
doenças cardiovasculares, sendo as mais prevalentes a doença arterial
coronariana (que afeta a circulação do coração) e a doença cerebrovascular (que
compromete a irrigação do cérebro).
5. ✅ Dietas que cortam carboidratos podem
aumentar o colesterol
Se os carboidratos
forem substituídos por gorduras saturadas, como é comum em algumas dietas, o
colesterol pode aumentar. Recomenda-se que os carboidratos consumidos sejam de
boa qualidade, com predomínio de carboidratos complexos (ricos em fibras) e menor
consumo de carboidratos refinados, como o açúcar.
6. ✅Crianças também pode ter colesterol
alto
A Sociedade Brasileira
de Pediatria recomenda que a primeira avaliação do colesterol seja realizada
entre os 9 e 11 anos de idade, podendo ser antecipada em caso de histórico
familiar de dislipidemias ou condições cardiovasculares precoces. Se os níveis
de colesterol forem elevados, o endocrinologista deve ser consultado para definir
o risco cardiovascular individual e planejar o tratamento adequado.
Um estudo recente,
coordenado pela Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), aponta que em
torno de 20% das crianças e adolescentes do Brasil possui níveis de colesterol
acima dos limites adequados para a faixa etária, acendendo um alerta para o
possível desenvolvimento de doença cardiovascular precoce.
Fonte: Departamento de
Dislipidemias e Aterosclerose da Sociedade Brasileira de Endocrinologia e
Metabologia (SBEM)
Nenhum comentário:
Postar um comentário