sábado, 31 de agosto de 2024

'Bilionário arrogante': 5 conflitos de Elon Musk no exterior

O embate entre Elon Musk e o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), não foi o único caso em que o dono da rede social X entrou em conflito com autoridades de outros países.

No caso mais recente, Musk foi chamado de "bilionário arrogante" pelo premiê da Austrália pela relutância da sua rede social em tirar do ar por completo imagens de um esfaqueamento em uma igreja.

As polêmicas envolvendo o bilionário e suas empresas fizeram o jornal New York Times escrever, em outubro de 2022, antes da conclusão da compra do Twitter, que Musk emergia como "um ator novo e caótico no palco da política global".

"Embora muitos executivos bilionários gostem de tuitar a sua opinião sobre assuntos mundiais, nenhum deles chega perto da influência e da capacidade de Musk de causar problemas", disse a reportagem.

No Brasil, o embate entre Musk e a Justiça brasileira ganhou contornos mais dramáticos depois que Alexandre de Moraes intimou o dono do X a indicar em 24h quem é o representante legal da empresa no Brasil. Caso a ordem não seja cumprida, é prevista "pena de imediata suspensão" da mídia social.

A intimação, assinada por Moraes, foi postada pela conta do STF na própria rede social X (antigo Twitter), em resposta a uma postagem da equipe de relações governamentais internacionais da empresa, a Global Government Affairs.

A seguir, relembre cinco dos principais conflitos envolvendo Musk e suas empresas, nos quais ele se manifestou sobre assuntos como o conflito Israel-Hamas e a guerra da Rússia contra a Ucrânia.

•     1. Austrália: acusação de censura após Justiça ordenar remoção de vídeos

O primeiro-ministro australiano Anthony Albanese chamou Elon Musk de “bilionário arrogante” após um tribunal do país ordenar na segunda-feira (22/4) que a rede social X impedisse a circulação de vídeos do ataque a uma igreja em Sydney na semana passada.

A rede social disse que cumpriria a decisão, sinalizando de que haveria uma contestação legal à medida, mas Musk usou um meme para acusar o governo australiano de censura.

Nesta terça-feira (23), Albanese disse à emissora ABC News que Musk “pensa que está acima da lei, mas também acima da decência comum”.

Na semana passada, a comissária de segurança eletrônica da Austrália, Julie Inman Grant, ameaçou o X e outras empresas de mídia social com pesadas multas se não removessem os vídeos do esfaqueamento na igreja, classificado como um ataque terrorista pela polícia local.

O X argumentou que a ordem "não está dentro do escopo da lei australiana".

Grant conseguiu uma liminar contra a rede social sob o argumento que o X estava permitindo que usuários fora da Austrália continuassem acessando as imagens.

“Acho extraordinário que o X tenha optado por não obedecer e esteja tentando se defender”, disse Albanese em uma entrevista coletiva.

Em uma série de postagens, Musk escreveu: “Gostaria de aproveitar um momento para agradecer ao primeiro-ministro por informar o público que esta plataforma é a única verdadeira”.

Anteriormente, ele também criticou pessoalmente a comissária de segurança eletrônica, descrevendo-a como a "comissária da censura australiana".

Albanese defendeu Grant, dizendo que ela estava protegendo os australianos.

“A mídia social precisa ter responsabilidade social. Musk está demonstrando não ter nenhuma”, disse ele.

O X terá 24 horas para cumprir a decisão da Justiça de segunda-feira, com nova audiência sobre o assunto prevista para os próximos dias.

• 2. União Europeia: investigação do X e crítica à suspensão de contas de jornalistas

A União Europeia (UE) anunciou em 2023 uma investigação da rede social X, de Musk, para apurar suposta propagação de conteúdos terroristas e violentos, além de discurso de ódio, após o ataque do Hamas a Israel.

Na ocasião, o X disse ter removido centenas de contas afiliadas ao Hamas da plataforma.

Em dezembro daquele ano, a União Europeia formalizou que suspeita que o X tenha violado as suas regras em áreas que incluem o combate ao conteúdo ilegal e à desinformação.

O comissário digital da UE, Thierry Breton, expôs as supostas infrações em uma postagem na rede social. Breton disse que o X também era suspeito de violar suas obrigações de transparência.

Na ocasião, a empresa disse que estava "cooperando com o processo regulatório" e afirmou que é "importante que este processo permaneça livre de influência política e siga a lei".

Em outro episódio, Musk foi criticado pela União Europeia, pelas Nações Unidas, além de governos, por ter banido contas de jornalistas na rede social.

Na ocasião, a subsecretária-geral da ONU, Melissa Fleming, disse que "a liberdade da mídia não é um brinquedo".

"Uma imprensa livre é a pedra angular das sociedades democráticas e uma ferramenta fundamental na luta contra a desinformação prejudicial", disse ela.

A comissária da UE, Vera Jourova, ameaçou a rede social com sanções sob a nova Lei Europeia de Serviços Digitais, que, segundo ela, exige "o respeito da liberdade de imprensa e dos direitos fundamentais".

•                               3. Ucrânia e o 'plano de paz' de Musk

Outra postagem de Musk o colocou no meio de uma discussão sobre a guerra da Rússia contra a Ucrânia.

Em outubro de 2022, ele usou o Twitter para sugerir um "plano de paz" para o conflito, em formato de enquete, que indignou autoridades ucranianas.

A tradução da enquete é a seguinte:

"Paz Ucrânia-Rússia:

-Refazer eleições de regiões anexadas sob supervisão da ONU; a Rússia sai se essa for a vontade do povo.

-Crimeia formalmente parte da Rússia, como tem sido desde 1783 (até o erro de Khrushchev).

-Abastecimento de água à Crimeia assegurado.

-A Ucrânia permanece neutra."

O presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, criou sua própria enquete no Twitter, na qual perguntava aos seguidores: "Qual @elonmusk você gosta mais?"

As opções: "Aquele que apoia a Ucrânia" e "Aquele que apoia a Rússia".

A enquete de Musk veio depois de ele ter postado uma imagem fazendo referência ao presidente ucraniano, em formato de meme, com a mensagem: "Quando já se passaram cinco minutos e você não pediu um bilhão de dólares em ajuda".

•                               4. Delaware (EUA) e a guerra de Musk

Em uma polêmica mais recente, Elon Musk está em pé de guerra com o Estado americano de Delaware.

"Nunca registre sua empresa no Estado de Delaware", escreveu o bilionário americano em mensagem no X, em 30 de janeiro.

Duas de suas empresas, Neuralink e SpaceX, anunciaram que não teriam mais sede fiscal no Estado americano.

Em meados de fevereiro, soube-se que a Neuralink – que trabalha para conectar cérebros humanos a computadores – registraria seu endereço legal em Nevada (onde X, outra empresa de Musk, já tem sede), e a empresa aeroespacial SpaceX, no Texas.

Resta saber o que acontecerá com a Tesla, motivo pelo qual Musk quer cortar qualquer vínculo com Delaware.

No fim de janeiro, uma juíza de Delaware anulou o pacote salarial que Musk receberia da empresa, de US$ 56 bilhões, o maior pagamento concedido a um CEO de uma empresa de capital aberto na história.

A decisão veio após uma ação judicial movida por acionistas que consideraram o pagamento excessivo. A juíza concordou com eles.

Foi a partir daí que Musk iniciou sua campanha para convencer outras empresas a não estabelecerem domicílio legal no Estado.

Uma batalha difícil, no entanto, pois o Estado há décadas é considerado bastante atraente pelo setor empresarial.

Mais de 60% das empresas que compõem o índice Fortune 500, que inclui as 500 maiores empresas americanas, estão registradas em Delaware. Estamos falando de gigantes como Google, Amazon, Facebook, LinkedIn, Visa, MasterCard ou Walmart, entre muitos outras.

E mais de 1,6 milhão de empresas de todo o planeta têm sede legal no Estado.

•                        5. Bolívia: 'Daremos golpe em quem quisermos'

Em um episódio anterior à compra do Twitter, Musk usou a rede social, em 2020, para criticar um pacote de estímulo do governo dos Estados Unidos no contexto da pandemia de coronavírus.

Ele dizia que o pacote não atendia aos "melhores interesses do povo".

Em seguida, um perfil respondeu a Musk que não se tratava de "melhor interesse do povo" o governo dos EUA "organizar um golpe contra Evo Morales" para Musk "obter o lítio" (material usado na fabricação de baterias na Tesla) da Bolívia.

Morales havia renunciado em 2019, em meio a uma mobilização social que, somada ao motim de grande parte dos policiais bolivianos e ao pedido de renúncia feito pelas Forças Armadas, acabou por destituí-lo do poder.

Musk, então, respondeu, em ano eleitoral na Bolívia: "Nós daremos golpe em quem quisermos. Lide com isso".

 

•                          Musk ataca Moraes "tirano" e Lula "cachorro"

O bilionário Elon Musk voltou a atacar o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes e o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT). Em sua rede social, o dono da rede social, antigo Twitter, lançou uma série de ataques contra Moraes, chamando-o de "tirano" e "criminoso", e se referiu a Lula como o "cão de estimação" do ministro. O tirano, Alexandre, é ditador do Brasil. Lula é seu cachorrinho”, postou Musk.

Os ataques foram feitos após o ministro ordenar, nesta quinta-feira (29), o congelamento das contas e bens da da Starlink, uma das empresas de Musk, no Brasil, para garantir o pagamento de multas impostas ao X pelo descumprimento de ordens judiciais que determinavam a suspensão de perfis que disseminava fake news, discurso de ódio e ataques às instituições. do X, que descumpriu ordens judiciais. Em outra postagem, Musk se referiu a Moraes como “um criminoso declarado da pior espécie, disfarçado de juiz”.

Elon Musk optou por fechar o escritório da X no Brasil após discordar das multas aplicadas pelo STF e das ordens de remoção de perfis e conteúdos da rede social que violam o Estado Democrático de Direito, disseminam fake news e discurso de ódio, além de descumprirem a legislação brasileira. A ordem do magistrado faz menção a disposição prevista no Marco Civil da Internet em que diz ser cabível a suspensão temporária das atividades daqueles que, entre outros atos, não respeitarem a legislação brasileira e o sigilo das comunicações privadas e dos registros.

Desde que determinou a suspensão dos perfis extremistas, Moraes vem exigindo que Musk nomeie um representante legal para atuar oficialmente em nome da plataforma no Brasil, o que não vem sendo cumprido. Nesta quarta-feira (18), o ministro deu prazo de 24 horas para que um novo representante legal da rede social X no Brasil fosse nomeado, sob pena de suspensão das atividades da plataforma no país.

A decisão determinava que Musk fosse intimado por meio eletrônico para indicar o representante legal "sob pena de imediata suspensão das atividades da rede social 'X' (antigo Twitter) até que as ordens judiciais sejam efetivamente cumpridas e as multas diárias quitadas".

<><> Musk desafia ordem de Moraes e diz que juiz do STF será preso um dia

Elon Musk desacata a Justiça brasileira e afirma que o ministro da Suprema Corte Brasileira será preso um dia. Musk exibiu em sua rede social imagem simulando o juiz atrás das grades.

Foi desta maneira que o empresário reagiu à ordem do ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes emitida nesta quarta-feira (18) para nomear em 24 horas o novo representante legal no Brasil de sua rede social X, sob pena de suspensão das atividades da plataforma no país.

A decisão determina que Musk seja intimado por meio eletrônico para que indique o representante legal "sob pena de imediata suspensão das atividades da rede social 'X' (antigo Twitter) até que as ordens judiciais sejam efetivamente cumpridas e as multas diárias quitadas".

A ordem do magistrado faz menção a disposição prevista no Marco Civil da Internet em que diz ser cabível a suspensão temporária das atividades daqueles que, entre outros atos, não respeitarem a legislação brasileira e o sigilo das comunicações privadas e dos registros.

Musk tem desafiado ordens judiciais de Moraes -- de quem já pediu o impeachment --, revelado o conteúdo de decisões de investigações e descumprido determinações do Supremo.

O bilionário, que recentemente anunciou que iria encerrar as atividades do escritório da rede social no Brasil, é investigado em inquérito no STF pelos crimes de obstrução à Justiça, organização criminosa e incitação ao crime.

 

•                           Eduardo Bolsonaro pede retaliação ao Brasil

Antes Elon Musk fazer chacota e ameaças diante da decisão judicial sobre a Rede X no Brasil, o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Alexandre de Moraes, solicitou o bloqueio das contas da empresa Starlink, que também pertence ao bilionário, no país.

A decisão de Moraes é do dia 18 de agosto e visa garantir que o "grupo econômico de fato” sob comando de Musk faça o pagamento das multas aplicadas pela Justiça brasileira à rede X.

Segundo Valdo Cruz, em seu blog no portal G1, "os dirigentes da Starlink no Brasil já foram notificados e intimados a responder também pelos valores devidos à Justiça brasileira pelo X".

Na rede X, que pode sair do ar caso Musk não indique um representante até a noite desta quinta-feira (29), Eduardo Bolsonaro (PL-SP) classificou como "inacreditável o que está ocorrendo" e defendeu retaliação dos EUA ao Brasil.

"É simplesmente inacreditável o que está ocorrendo! A Venezuela deve ter mais segurança jurídica do que o Brasil. Vamos ver até onde vai essa gracinha, caso Donald Trump chegue à presidência dos EUA e adote reciprocidade", escreveu.

"Vai ser lindo ver grande figuras nacionais que sustentam esta piada passarem a falar verdadeiramente de 'democracia' e 'liberdade' - mas para fazer o certo e não mais esse teatrinho das instituições", emendou.

<><> Chacota e ameaças

Em uma série de publicações na madrugada, Elon Musk fez chacota sobre a decisão de Alexandre de Moraes e ameaçou o ministro do Supremo, em um misto de ira e desdém com a sentença.

Por volta da 1h, o bilionário publicou uma foto de um homem calvo atrás das grades em um comentário no perfil do STF que divulgou a sentença e fez ameaça marcando o perfil do ministro.

"Um dia, @Alexandre, essa foto sua na prisão será real. Marque minhas palavras", disparou o bilionários, simpatizando da ultradireita bolsonarista no Brasil e que incita golpes de Estado mundo afora para defender seus interesses econômicos.

Em seguida, Musk iniciou a chacota, incitando ultradireitistas contra o ministro. "Você gosta do meu papel higiênico?", indagou o bilionário junto a uma imagem em que aparece o nome "Alexandre" em um rolo de papel.

Os ataques e ironias entraram madrugada adentro. Por volta da 1h40, Musk publicou um memme dizendo que Moraes seria como o filho de Lord Voldemort, vilão da séria Harry Potter, com Lorde Sith, que faz parte do clã que se opõe aos Jedi no universo fictício de Star Wars.

"Grok 'Gere uma imagem como se Voldemort e um Lorde Sith tivessem um filho e ele se tornasse um juiz no Brasil'. É estranho!", escreveu com o meme de Moraes.

<><> Nikolas Ferreira se desespera com suspensão do X, antigo Twitter, no Brasil

Como se sabe, a rede social X, o antigo Twitter, pode ser suspensa pela Justiça brasileira, pois o dono da plataforma, Elon Musk, decidiu não obedecer às determinações do Supremo Tribunal Federal (STF), que obriga a empresa a apresentar um representante em solo nacional.

Diante de tal cenário, o deputado federal Nikolas Ferreira (PL-MG), que é um assíduo usuário do X e admirador de Elon Musk, entrou em desespero e se vitimizou em seu perfil nas redes sociais.

Como forma de chamar atenção, Nikolas Ferreira pediu para Elon Musk tomar cuidado ao dizer que "o presidente Lula é o cachorro de estimação de Moraes", pois ele está sendo processado por ter chamado o mandatário de "ladrão" durante evento na ONU. Além disso, o parlamentar afirmou que o Brasil vive uma "democracia socialista", o que é falso.

"Cuidado ao chamar Lula de cachorrinho de colo, Elon Musk. Fui investigado e querem me calar e me multar porque eu disse que ele é um corrupto que deveria estar preso na sede das Nações Unidas. Esta é a 'democracia' socialista", escreveu o deputado.

 

Fonte: BBC News Brasil/Brasil 247/Fórum

 

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