Ação de Brasil, México e Colômbia ante
Venezuela mostra que EUA perderam poder na região
A posição comum de
México, Colômbia e Brasil, que lutam para alcançar uma solução institucional
para a crise pós-eleitoral na Venezuela fora da Organização dos Estados
Americanos (OEA), indica que os Estados Unidos já não têm a última palavra na
região, dizem especialistas consultados pela Sputnik.
No dia 1º de agosto um
telefonema foi feito entre os presidentes dos três países para abordar a
situação na Venezuela após as eleições presidenciais de 28 de julho. Dessa
ligação, saiu um comunicado conjunto.
"Acompanhamos com
muita atenção o processo de escrutínio dos votos e fazemos um chamado às
autoridades eleitorais da Venezuela para que avancem de forma expedita e
divulguem publicamente os dados desagregados por mesa de votação", afirmou
a nota do Itamaraty.
O ministro das
Relações Exteriores da Colômbia, Luis Gilberto Murillo, disse que, no final da
chamada, o presidente do Chile, Gabriel Boric, "concordou com o que foi
expresso pela Colômbia, Brasil e México na sua declaração".
Para Mônica Velasco
Molina, acadêmica da Faculdade de Ciências Políticas e Sociais e doutora em
estudos latino-americanos pela Universidade Nacional Autônoma do México (UNAM),
o surgimento desta posição formada pelas três potências é visto como um impulso
para resolver os problemas da região sem a intervenção dos Estados Unidos.
"Estamos apelando
à soberania dos nossos países através dos nossos próprios meios institucionais,
e não daqueles impostos ou desejados por qualquer entidade externa. O apelo
entre eles reflete que os Estados Unidos já não são quem prevalece nas questões
latino-americanas, é cada vez mais difícil para eles impor as suas
decisões", observou Velasco Molina em entrevista à Sputnik.
Ao mesmo tempo, a
especialista destacou que o peso geopolítico que têm estas três nações é
decisivo, pois são as duas principais economias da região – Brasil e México – e
a Colômbia, que ganhou um peso muito grande em política externa.
O diálogo entre os
dirigentes ocorreu um dia depois de a Organização dos Estados Americanos não
ter conseguido o consenso necessário para aprovar uma resolução que exige que
as autoridades venezuelanas publiquem "imediatamente" a ata das
eleições do último domingo (28).
O consenso não foi
atingido porque teve ausência do México, da Colômbia e de vários países do
Caribe, bem como a abstenção do Brasil e da Bolívia, entre outros.
A este respeito,
Velasco Molina destacou a possibilidade de que, durante a teleconferência de
quinta-feira (1º), os líderes latino-americanos considerassem o que fazer caso
a situação tensa no país caribenho aumentasse.
"É um canal
institucional muito importante, pois é a Comunidade dos Estados
Latino-Americanos e Caribenhos [CELAC] e não a OEA. A OEA perdeu muita
credibilidade em nossa região, especialmente na secretaria de Luis Almagro,
todas as ações que Almagro apoiou foram para beneficiar os golpistas em nossos
países, a mais clara foi a da Bolívia [em 2019], mas não esqueçamos também o do
Peru [em 2022]", afirmou.
Nesse sentido, Javier
Gámez Chávez, doutor em História e acadêmico da Universidade Rosario
Castellanos, destacou também que o México, o Brasil e a Colômbia procuram
impedir a intervenção dos EUA através da OEA, bem como evitar que o conflito se
transforme em uma crise social.
"O que o governo
mexicano está tentando fazer é aplicar um dos seus pontos importantes, que é a
não intervenção, dentro da sua política internacional. Essa é a origem, não
deveria haver intervenção e muito menos em assuntos que são exclusivos do povo
venezuelano", analisou Chávez em entrevista à Sputnik.
Poucas horas depois da
publicação da declaração conjunta, o secretário de Estado dos EUA, Antony
Blinken, negou a vitória de Nicolás Maduro e afirmou que o processo eleitoral e
o dia da votação foram atormentados por "irregularidades" e "defeitos".
A este respeito,
Chávez destacou que o reconhecimento por parte de Washington e dos seus aliados
do candidato da oposição apenas encoraja "esta luta assimétrica para
continuar dentro do território venezuelano".
"O objetivo
deles, possivelmente, é que possam chegar a uma crise grave, onde a ideia é que
Maduro renuncie. O reconhecimento [de Edmundo González] vai aí, mas do meu
ponto de vista eles não vão ter muito sucesso. Se não conseguiram vencer uma
eleição, têm ainda menos probabilidade de ganhar uma intervenção indireta em
território venezuelano", concluiu o historiador.
Na declaração assinada
por Brasília, Cidade do México e Bogotá, é pedido que "as controvérsias
sobre o processo eleitoral devem ser resolvidas através dos canais
institucionais" e se apela para que o "exercício da máxima cautela e
contenção" seja feito nas manifestações e eventos públicos para evitar a
escalada da violência.
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África do Sul apoia
consenso Brasil-China sobre a resolução do conflito na Ucrânia, diz Pequim
O representante
especial do governo chinês para Relações Eurasiáticas relatou que Pretória deu
uma resposta positiva sobre a proposta de paz dos dois países, que é apoiada
por mais de 110 países.
A África do Sul apoiou
o consenso Brasil-China sobre a resolução da crise ucraniana e disse que os
países do Sul Global precisam fortalecer a cooperação para criar condições e
alcançar a paz, comunicou neste domingo (4) o Ministério das Relações Exteriores
chinês.
De acordo com o
ministério, Li Hui, representante especial do governo chinês para Relações
Eurasiáticas, visitou a África do Sul na sexta-feira (2), onde se reuniu com
representantes das autoridades do país e discutiu a crise ucraniana.
"A República da
África do Sul apreciou muito a 'diplomacia de vaivém' da China, expressou a
opinião de que os países do Sul Global precisam reforçar a cooperação, dar à
comunidade internacional uma mensagem de honestidade e justiça para criar
condições de forma a promover a redução da escalada e, finalmente, alcançar a
paz", disse o Ministério das Relações Exteriores da China em um
comunicado.
O comunicado notou que
Pretória expressou seu apoio ao plano de seis pontos China-Brasil e sua
disposição de trabalhar com a China e o Brasil para o promover em formatos
multilaterais.
"A comunidade
internacional acredita universalmente que é necessário promover o esfriamento
da situação na Ucrânia", disse Li Hui.
Li observou que o
consenso de seis pontos alcançado pela China e pelo Brasil sobre a solução
política da crise na Ucrânia recebeu respostas positivas de mais de 110 países.
"A China está
disposta a fortalecer a interação e a coordenação com a África do Sul para
chegar a um denominador comum com base no consenso de seis pontos, para ajudar
a forjar um consenso internacional", disse Li Hui.
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Ocidente teme riscos
de escalada por Ucrânia não ter estratégia para terminar conflito
O ex-representante da
OTAN em Moscou, John Lough, declarou que o Ocidente está mais preocupado com os
riscos de escalada por causa da Ucrânia do que com as consequências de sua
derrota e, no entanto, o bloco militar não possui uma estratégia para acabar com
o conflito.
"O Ocidente ainda
está mais preocupado com os riscos de curto prazo da escalada do que com as
consequências a longo prazo da derrota da Ucrânia", disse ele ao Newsweek.
Segundo Lough, os
países ocidentais ainda estão dispostos a apoiar Kiev, mas não têm uma
estratégia para pôr fim ao conflito. Além disso, o ex-representante da Aliança
Atlântica enfatizou que o Ocidente em 2022 perdeu a oportunidade de fornecer à
Ucrânia as armas necessárias.
Anteriormente, o
governo alemão aprovou um projeto de orçamento para 2025, no qual se planeja
alocar € 4 bilhões (R$ 24,2 bilhões) para apoio militar à Ucrânia, que é metade
do valor deste ano.
Por sua vez, o
ex-presidente dos EUA, Donald Trump, disse que, se for eleito, poria fim a
todos os conflitos internacionais no mundo "que a atual administração de
Joe Biden criou", incluindo o ucraniano.
Moscou tem
repetidamente afirmado que a assistência militar ocidental não augura nada de
bom para a Ucrânia e apenas prolonga o conflito, e que quaisquer meios de
transporte carregando armas se tornam um alvo legítimo para o Exército russo.
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'Não faz sentido': se
Ucrânia realmente quisesse paz não estaria efetuando mobilização, diz analista
Se Kiev realmente
quisesse assinar um acordo de paz em breve, não teria continuado a mobilizar os
ucranianos, declarou o analista Alexander Robert em entrevista ao canal de
Youtube Deep Dive.
"Os ucranianos
não estariam mobilizando meio milhão de pessoas para fazer a paz agora. Isso
não faz sentido", disse ele.
Segundo o analista, ao
falar sobre a cessação das hostilidades, é necessário pensar em uma paz de
longo prazo, não uma que seja quebrada dentro de pouco tempo. O especialista
considera que, mesmo que os ucranianos assinem uma trégua, eles a usarão para se
preparar para a continuação do conflito.
"Os russos sabem
disso, eles não vão cair nessa armadilha. Eles entendem que, no caso de uma
trégua, os ucranianos vão se rearmar para iniciar uma nova rodada", disse
Robert.
Em maio, a Ucrânia
adotou uma lei de reforço da mobilização, segundo a qual todas as pessoas aptas
para o serviço militar, em um prazo de 60 dias após a entrada em vigor do
documento, devem atualizar seus dados no centro de recrutamento. As datas de
desmobilização não estão especificadas no documento.
Em abril, Vladimir
Zelensky reduziu a idade de recrutamento de 27 para 25 anos. Apesar de os
regulamentos serem cada vez mais rigorosos, há apelos para reduzir a idade de
recrutamento para 18 anos.
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'Escassez de tudo': comandante de batalhão ucraniano relata sobre a situação
das tropas no front
As tropas ucranianas
na frente de combate sofrem com a escassez de todos os tipos de recursos, disse
o comandante do 3º batalhão Svoboda, Petr Kuzyk, em entrevista ao canal de
YouTube Fabrika Novin.
"A quantidade que
esta fase de combate precisa não é apenas escassez – é uma falta literalmente
de tudo. Às vezes o perímetro se mantém nos drones FPV", enfatizou ele.
De acordo com o
militar, os soldados estão mantendo suas defesas em trincheiras rudimentares,
não em abrigos subterrâneos, uma vez que as Forças Armadas da Ucrânia não
conseguem construir a tempo posições fortificadas permanentes.
Kuzyk acrescentou que
as Forças Armadas da Rússia operam de acordo com os padrões soviéticos, com
aquelas normas de material bélico que estão prescritas lá, às quais a parte
ucraniana não tem como responder.
"É nestas
condições que é conduzida a defesa, nessas condições respetivamente as nossas
perdas aumentam, é nessas condições que os soldados ucranianos operam. E quando
você lê as notícias – temos tudo espetacular lá", concluiu o comandante do
batalhão ucraniano.
Anteriormente, o
ex-tenente-coronel do Serviço de Segurança da Ucrânia Vasily Prozorov disse
que, em dois anos da operação militar especial, a Ucrânia perdeu o núcleo de
seus militares mais experientes e está tendo problemas com a qualidade dos
mobilizados.
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Político francês
explica por que as negociações com a Rússia já não são 'tabu' para Zelensky
Na opinião do líder do
partido francês Os Patriotas, o líder ucraniano sabe que já não tem a
capacidade para continuar a desafiar Moscou na área militar.
Vladimir Zelensky foi
forçado a reconsiderar sua posição sobre a possibilidade de negociações com a
Rússia e concessões territoriais devido ao descontentamento entre os ucranianos
e os fracassos das forças ucranianas na frente de batalha, disse o líder do
partido francês Os Patriotas.
"Zelensky foi
forçado a virar sua casa completamente de cabeça para baixo diante do
descontentamento popular ucraniano e dos reveses no front!", disse Florian
Philippot em sua conta na rede social X sobre o chefe do executivo ucraniano.
"É preciso que a
Rússia participe das cúpulas de paz. Ela não está mais fazendo das concessões
de terras um tabu: isso está se tornando concebível! Ela entendeu que as armas
ocidentais viriam em quantidades cada vez menores e que isso foi um fracasso.
Mais atenção aos falcões da OTAN, prontos para tudo!", escreveu ele.
Zelensky declarou
anteriormente que a comunidade mundial e ele pessoalmente querem a participação
de representantes russos na próxima conferência de paz sobre a Ucrânia. Ele
destacou em uma entrevista na quarta-feira (31) à mídia francesa que a questão
da integridade territorial da Ucrânia deve ser decidida pelos cidadãos da
Ucrânia.
Comentando sobre os
planos para outra "cúpula de paz", o Kremlin disse que até o momento
não foi apresentada "uma agenda que agrade à Rússia".
Fonte: Sputnik Brasil
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