quarta-feira, 31 de julho de 2024

Por que alguns cientistas acreditam que vida na Terra é mais antiga do que se pensava

Um grupo de cientistas disse ter encontrado novas evidências que amparam a teoria de que a vida complexa na Terra pode ter começado 1,5 bilhão de anos antes do que se imaginava.

A equipe, que trabalhou no Gabão, disse ter encontrado evidências dentro de rochas que mostram haver condições ambientais para vida animal há 2,1 bilhão de anos.

Mas eles dizem que os organismos estavam restritos a um mar dentro de um continente, não conseguiram se espalhar pelo planeta e acabaram desaparecendo.

Essas ideias são muito distintas do consenso científico sobre o tema — e muitos cientistas não as aceitam como válidas. A maioria dos especialistas acredita que a vida animal começou há 635 milhões de anos.

A pesquisa contribui para um debate até hoje não esclarecido sobre se formações encontradas em Franceville, no Gabão, são fósseis ou não.

Os cientistas examinaram as rochas ao redor das formações para verificar se havia evidências de substâncias como oxigênio e fósforo, que ajudam a sustentar vida.

O professor Ernest Chi Fru, da Universidade de Cardiff, trabalhou com uma equipe internacional de cientistas.

Ele disse à BBC que, se sua teoria estiver correta, esses organismos seriam parecidos com bolor limoso — um organismo unicelular que se reproduz com esporos.

Mas Graham Shields, professor da University College London, que não participou da pesquisa, disse que têm algumas dúvidas sobre o trabalho.

"Eu não sou contra a ideia de que havia altos nutrientes há 2,1 bilhões de anos, mas não estou convencido de que isso poderia acarretar em diversificação para formação de vida complexa", diz ele, sugerindo que é preciso haver mais evidências.

Chi Fru diz que seu trabalho ajuda a comprovar ideias sobre os processos de criação de vida na Terra.

"Estamos dizendo: veja bem, há fósseis aqui, há oxigênio, isso estimulou o surgimento dos primeiros organismos vivos complexos", diz.

"Nós vemos o mesmo processo que existia no período cambriano, há 635 milhões de anos — ela (a pesquisa) suporta essa ideia. Ela nos ajuda a entender em última instância de onde todos nós viemos."

A primeira sinalização de que a vida complexa pode ter começado antes do que se imaginava veio há dez anos com a descoberta de algo chamado de formação de Francevilian.

Chi Fru e seus colegas dizem que a formação é composta de fósseis que indicam evidências de um organismo que conseguia se mexer de lado a lado, por vontade própria.

As descobertas não foram aceitas por todos os cientistas.

Para encontrar mais evidências, Chi Fru e sua equipe analisaram segmentos de sedimentos que foram perfurados na rocha no Gabão.

A composição química da rocha mostra evidências de que um "laboratório" para vida foi criado antes da primeira formação surgir.

Eles acreditam que os altos níveis de oxigênio e fósforo foram feitos por duas placas continentais que se colidiram em baixo da água, criando atividade vulcânica.

A colisão separou uma seção de água do resto dos oceanos, criando um "mar interior marinho raso rico em nutrientes."

Chi Fru diz que esse ambiente protegido tinha condições de permitir a fotossíntese, gerando quantidades significativas de oxigênio na água.

"Isso teria fornecido energia suficiente para promover crescimento em tamanho do corpo e comportamento mais complexo observado em organismos primitivos e simples como os achados em fósseis desse período", diz ele.

Mas ele afirma que o ambiente isolado também levou ao desaparecimento desse tipo de vida, porque não havia novos nutrientes suficientes para servir de alimentos.

O estudante de doutorado Elias Rugen, do Natural History Museum, de Londres, que não participou da pesquisa, disse que concorda com algumas das conclusões do estudo. Ele diz que é claro que "ciclos de carbono, nitrogênio, ferro e fósforo estavam fazendo algo um pouco sem precedentes nesse ponto da história da Terra".

"Não há nada que diga que formas complexas de vida biológica não pudessem ter surgido e prosperado há 2 bilhões de anos", diz — mas ele ressaltou que são necessárias mais evidências para suportar essas teorias.

As descobertas foram publicadas na revista científica Precambrian Research.

 

•        10 fascinantes dados sobre o planeta Terra

A Terra é o único planeta conhecido até o momento que abriga vida em toda a sua complexidade e diversidade. Lar de milhares de espécies, o planeta enfrenta riscos para manter a vida pulsante — desde as mudanças climáticas, passando pela poluição, desmatamento, perda de biodiversidade e esgotamento de recursos naturais.

>>>>>> Veja, a seguir, 10 fatos fascinantes sobre o planeta.

<><> 1. A Terra não é uma esfera perfeita

Nosso planeta geralmente é representado como uma esfera perfeita, mas essa não é sua forma precisa. A Terra é achatada nos polos, então sua forma é mais precisamente chamada de "esferoide achatado".

Como em outros planetas, o efeito da gravidade e da força centrífuga produzida pela rotação em seu eixo gera achatamento polar e alargamento equatorial. Assim, o diâmetro da Terra no equador é cerca de 43 km maior que o diâmetro de um polo ao outro.

<><> 2. Água cobre mais de 70% da Terra

Na Terra, a água existe nos estados sólido, líquido e gasoso.

Além disso, cobre quase três quartos da superfície da Terra na forma de geleiras, pântanos, lagos, rios, mares e oceanos.

Cerca de 97% de toda a água do planeta existe como água salgada nos oceanos.

<><> 3. O espaço começa cerca de 100 km acima da Terra

A fronteira entre a atmosfera e o espaço é conhecida como a Linha Karman, que fica 100 km acima do nível do mar.

Cerca de 75% da massa atmosférica encontra-se nos primeiros 11 km de altitude acima da superfície do mar.

<><> 4. A Terra tem um núcleo de ferro

A Terra é o planeta mais denso e o quinto maior do sistema solar.

Acredita-se que o núcleo da Terra seja uma bola sólida com um raio de cerca de 1.200 km.

É composto principalmente de ferro, que representa cerca de 85% de seu peso, e níquel, que representa cerca de 10% do núcleo.

<><> 5. A Terra é o único planeta conhecido por ter vida

A Terra é o único corpo astronômico do universo no qual pudemos verificar a existência de vida.

Existem atualmente cerca de 1,2 milhões de espécies animais catalogadas, embora acredita-se que esta seja apenas uma pequena percentagem do total.

Em 2011, os cientistas estimaram que o mundo natural continha cerca de 8,7 milhões de espécies como um todo.

A Terra foi formada há aproximadamente 4,5 bilhões de anos e as propriedades físicas da Terra, sua história geológica e sua órbita permitiram que a vida existisse por milhões de anos.

<<> 6. A gravidade não é igual em todos os lugares da Terra

Como nosso planeta não é realmente uma esfera perfeita e, além disso, a massa não está distribuída de forma perfeitamente homogênea, há variações na força do campo gravitacional.

Assim, por exemplo, à medida que nos movemos do equador em direção aos polos, a intensidade do campo gravitacional aumenta gradativamente, embora a diferença seja imperceptível para os humanos.

<><> 7. A Terra é um planeta de extremos

Nosso planeta é cheio de contrastes gritantes. A variedade de suas áreas geográficas e de seus climas faz com que quase todas as regiões tenham suas peculiaridades.

O local com a temperatura mais alta já registrada é o Death Valley, nos EUA, onde em 10 de julho de 1913 o termômetro registrou 56,7 °C.

No outro extremo está a Antártida. Na estação Vostok em 31 de julho de 1983, os instrumentos de medição caíram para -89,2 °C.

<><> 8. A maior estrutura viva da Terra

A Grande Barreira de Corais, localizada na costa da Austrália, é a maior estrutura isolada formada por organismos vivos do planeta, a ponto de ser a única que pode ser vista do espaço.

Estende-se por mais de 2.000 km e abriga milhares de espécies marinhas.

Em 1981, foi declarado Patrimônio da Humanidade pela Unesco.

<><> 9. A Terra é o único planeta do sistema solar com placas tectônicas ativas

O movimento dessas placas significa que a superfície do nosso planeta está em constante mudança.

As placas também são responsáveis pela formação de montanhas, atividade sísmica e vulcões.

O ciclo destas placas desempenha um papel essencial na regulação da temperatura da Terra, contribuindo para a reciclagem de gases do efeito estufa, como o dióxido de carbono, através da renovação permanente dos fundos oceânicos.

<><> 10. A Terra tem um escudo protetor

O campo magnético da Terra atua como um escudo contra o bombardeio contínuo de partículas de alta energia do Sol.

Este campo se estende desde o núcleo interno da Terra até onde se encontra o vento solar.

Entre outras coisas, o campo magnético também ajuda alguns animais a se orientarem (também nos ajuda na localização, se usarmos uma bússola).

 

Fonte: Por Georgina Rannard, repórter de Ciências da BBC News

 

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