Luciano Hang é condenado à prisão pela
Justiça do RS por chamar arquiteto de 'esquerdopata'
A 1ª Câmara Especial
Criminal do Tribunal de Justiça do Rio Grande do Sul (TJRS) emitiu uma sentença
condenando o empresário Luciano Hang por difamação e injúria contra o arquiteto
Humberto Tadeu Hickel.
Hang foi considerado
culpado por ter chamado Hickel de "esquerdopata" e sugerido que ele
"vá para Cuba" em um vídeo publicado nas redes sociais, após o
arquiteto liderar uma campanha contra a instalação de uma estátua da liberdade
próxima a uma nova filial da Havan em Canela, na serra gaúcha.
"Depois do vídeo
recebi centenas de xingamentos de pessoas que inundaram minhas redes sociais
para me ofender, e inclusive ameaças, o que me deixou muito nervoso, tive que
ficar de cama porque faço acompanhamento com cardiologista e afetou minha saúde.
Além disso tive que mudar meus hábitos e deixar de andar com meus netos pelas
ruas de Canela, como costumava fazer, o que me entristeceu muito", conta o
arquiteto.
O TJRS decidiu que o
proprietário da Havan deve cumprir uma pena de 1 ano e 4 meses em regime
aberto, além de 4 meses de detenção, que serão convertidos em duas penas
restritivas de direitos. Essas penas incluem a prestação de serviços à
comunidade, com um compromisso diário de uma hora, e o pagamento de uma multa
pecuniária no valor de 35 salários mínimos, que será destinada ao apelante.
Adicionalmente, ele recebeu uma penalidade financeira de 20 dias-multa, cada um
correspondendo a 10 salários mínimos.
A decisão foi tomada
durante uma sessão realizada na terça-feira (23), presidida pelo Desembargador
Luciano Andre Losekann, tendo como relator o Desembargador Marcelo Machado
Bertoluci.
Em resposta à decisão,
Luciano Hang expressou sua insatisfação e afirmou que vai recorrer.
"O Brasil é um
país extremamente perigoso para um empreendedor. Na busca de gerar empregos e
desenvolvimento, pode ser processado criminalmente por pessoas que se utilizam
de ideologias ultrapassadas para impedir a construção de empreendimentos. É o
que está acontecendo neste caso. Um absurdo", disse o empresário.
Os advogados do
arquiteto consideram que foi "restabelecida sua honra e seu sentimento de
justiça, através da decisão colegiada do Tribunal de Justiça do Estado do Rio
Grande do Sul, que hoje enviou uma clara mensagem a toda a sociedade: 'não é
possível que nós convivamos nesse ambiente de ódio e com o estímulo a esse tipo
de discurso de ódio, que têm sido é cada vez mais frequente'".
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Entenda o caso
O conflito teve origem
quando Hickel liderou um abaixo-assinado contra a instalação da Estátua da
Liberdade em Canela, argumentando que o símbolo era inadequado à cultura local.
Descobrindo a orientação ideológica de Hickel, Luciano Hang reagiu publicamente.
Inicialmente, o caso
foi julgado improcedente pela juíza Simone Ribeiro Chalela, de Canela, apoiada
pelo Ministério Público, que interpretou as declarações de Hang como parte do
debate político e não como crime, segundo a defesa da Havan.
Contudo, o Tribunal de
Justiça do RS reavaliou o caso e, por maioria, decidiu condenar Luciano Hang.
• Nota dos advogados do arquiteto
O arquiteto Humberto
Hickel, depois de quatro anos, teve restabelecida sua honra e seu sentimento de
justiça, através da decisão colegiada do Tribunal de Justiça do Estado do Rio
Grande do Sul, que hoje enviou uma clara mensagem a toda a sociedade: “não é
possível que nós convivamos nesse ambiente de ódio e com o estímulo a esse tipo
de discurso de ódio, que têm sido é cada vez mais frequente”.
Luciano Hang foi
condenado a penas de 1 ano e 4 meses de reclusão e 4 meses de detenção em
regime aberto e multas de que somam aproximadamente 300 mil reais; ele será
beneficiado pela conversão de prisão em prestação de serviços à comunidade
equivalente a 1 hora por dia de condenação, e pagamento de 35 salários mínimos
à vítima Humberto Hickel.
Marcelo Mosmann,
OAB/RS 72790 – OAB/SC 62773-A
José Henrique Salim
Schmidt, OAB/RS 43.698
• Nota da Havan
Nesta terça-feira, 23,
o Tribunal de Justiça do Rio Grande do Sul reverteu a decisão de primeira
instância e considerou o empresário Luciano Hang culpado por injúria e
difamação contra o arquiteto Humberto Hickel.
O caso teve início
quando Humberto Hickel promoveu um abaixo-assinado contra a instalação da
Estátua da Liberdade em Canela, alegando que o símbolo era contrário à cultura
local.
Luciano Hang, ao
descobrir que Hickel era ideologicamente de esquerda, contrário ao empresário e
à Havan, fazendo, inclusive, críticas na internet, publicou um vídeo nas redes
sociais chamando Hickel de “esquerdopata”.
Insatisfeito com a
repercussão, Hickel apresentou uma queixa-crime contra Hang, alegando injúria e
difamação.
Num primeiro momento,
a juíza de Canela, Simone Ribeiro Chalela, julgou a ação improcedente, seguindo
parecer do Ministério Público, que não viu crime nas declarações de Hang,
considerando-as uma resposta a críticas e ofensas de Hickel. A juíza destacou ainda
que não se pode criminalizar o debate político.
Apesar disso, o
Tribunal de Justiça do Rio Grande do Sul revisou a decisão e, por maioria,
condenou Hang, com apenas um voto a favor do empresário.
Contrariando o
Ministério Público, o qual proferiu novo parecer afirmando que não se poderia
criminalizar um debate político ocorrido sem ofensas, a desembargadora Viviane
de Faria Miranda, acompanhada pelo desembargador Luciano Losekann, argumentou
que o vídeo de Luciano teria colocado a população local contra o arquiteto.
Durante o julgamento a
magistrada chegou a dizer que como existe em Canela uma maioria favorável ao
ex-presidente Bolsonaro, a publicação de Luciano seria suficiente para levar o
arquiteto a sofrer danos no seu trabalho.
Luciano Hang informou
que vai recorrer da decisão. “O Brasil é um país extremamente perigoso para um
empreendedor. Na busca de gerar empregos e desenvolvimento, pode ser processado
criminalmente por pessoas que se utilizam de ideologias ultrapassadas para
impedir a construção de empreendimentos. É o que está acontecendo neste caso.
Um absurdo. É inaceitável que debates políticos sejam punidos tirando o direito
à liberdade de expressão”, pontua.
• 'Se ele fosse um humorista, eu até
entenderia', diz arquiteto
O proprietário da
Havan, Luciano Hang, foi considerado culpado pelo Tribunal de Justiça do Rio
Grande do Sul (TJRS) por ter se referido ao arquiteto Humberto Tadeu Hickel
como "esquerdopata" e ter sugerido que o homem "vá para
Cuba" em um vídeo publicado nas redes sociais. A 1ª Câmara Especial
Criminal do Tribunal condenou o empresário por difamação e injúria contra
Hickel.
"Nesse caso, não
houve um contraponto técnico ou urbanístico, apenas esse vídeo do Luciano Hang
com a minha foto, expondo aos seguidores dele que eu seria um engodo, uma
piada, que eu teria interesses escusos, que eu me embriagaria pela manhã em vez
de tomar café, e fez declarações de que eu deveria ir para outro lugar, que eu
não pertenceria à cidade onde resido... No fim, chegou a fazer um trocadilho
que todos entenderam envolvendo até minha mãe. Se ele fosse um humorista, eu
até entenderia, mas é um empresário defendendo o interesse econômico dele em
uma questão de interesse público, o patrimônio urbanístico da cidade",
comenta o arquiteto.
A sentença determina
que Luciano Hang cumpra uma pena de 1 ano e 4 meses em regime aberto, além de 4
meses de detenção, que serão convertidos em duas penas restritivas de direitos.
Essas penas incluem a prestação de serviços à comunidade, com um compromisso
diário de uma hora, e o pagamento de uma multa pecuniária no valor de 35
salários mínimos, que será destinada ao apelante. Adicionalmente, ele recebeu
uma penalidade financeira de 20 dias-multa, cada um correspondendo a 10
salários mínimos.
Em resposta, Hang
afirmou que irá recorrer da decisão (confira a nota da Havan abaixo).
"O Brasil é um
país extremamente perigoso para um empreendedor. Na busca de gerar empregos e
desenvolvimento, pode ser processado criminalmente por pessoas que se utilizam
de ideologias ultrapassadas para impedir a construção de empreendimentos. É o
que está acontecendo neste caso. Um absurdo", disse o empresário em nota.
O caso teve origem em
uma discussão relacionada à instalação de uma estátua da liberdade, que é uma
das marcas da rede de lojas, próximo a uma filial da Havan em Canela, na Região
da Serra gaúcha, onde Hickel liderou uma campanha contrária ao projeto.
Os advogados de
Humberto Tadeu Hickel destacaram que a decisão "restabeleceu sua honra e
seu sentimento de justiça", e enfatizaram que o caso envia uma mensagem
clara contra discursos de ódio, cada vez mais presentes na sociedade
contemporânea.
Para Marcelo Mosmann,
um dos advogados do arquiteto, este é um "caso complexo".
"Envolveu uma
estratégia sofisticada de posicionamento em redes sociais para, através de
difamação e preconceito político, coibir manifestações legitimas visando
promover interesses econômico de uma empresa", diz.
O g1 entrou em contato
com a Havan para um posicionamento sobre a afirmação do advogado, mas não
obteve retorno até a conclusão dessa matéria.
¨ Daniel Silveira tem progressão de pena condicionada a pagamento
de multa por Moraes
O ex-deputado Daniel Silveira (ex-PTB, hoje sem partido), condenado a 8 anos e 9 meses
de prisão por incitar violência contra os ministros do Supremo Tribunal
Federal, pediu ao STF uma progressão de pena para o regime semiaberto, que o
permitiria sair da cadeia para trabalhar durante o dia e o obrigaria a retornar
para o pernoite. Mas o ministro Alexandre de Moraes vetou o pedido, condicionando a concessão ao pagamento de
uma multa oriunda da sua condenação.
Para além dos quase 9
anos atrás das grades, Silveira foi condenado a pagar 35 dias-multa no valor de
5 salários mínimos. O valor total é avaliado em R$ 247,1 mil, levando em
consideração o aumento do salário mínimo.
“Indefiro o pedido de
progressão de regime, cuja análise dependerá do efetivo e integral adimplemento
da sanção penal pecuniária. Indefiro a compensação entre os valores
sequestrados para fins de adimplemento de sanção decorrente do descumprimento
de medidas cautelares e a sanção penal pecuniária fixada no acórdão
condenatório”, diz trecho da decisão de Moraes.
Ou seja, o ex-deputado
tem que desembolsar um quarto de milhão para ter acesso à progressão de pena.
No entanto, sua defesa alega que não é possível fazer tal pagamento, uma vez
que Silveira teria os bens bloqueados na Justiça pelo próprio Moraes. A alegação
é de Paolá Danìel, sua advogada e esposa, que usou as redes sociais para
denunciar o que considera uma “ilegalidade” do magistrado.
“Todas as ilegalidades
contra Daniel Silveira são utilizadas. Alexandre de Moraes nega progressão
exigindo pagamento de multa mesmo estando hipossuficiente por bloqueios dos
nossos bens e valores por ele próprio. Teremos que pagar a multa mesmo provando
isso como julgado da recente ADI 7032”, lamentou a advogada.
Condenado durante o
governo Bolsonaro, Silveira obteve o perdão de sua pena do então presidente e
só foi preso em 2 de fevereiro de 2023, quando mudou o governo. Ele já teria
cumprido 25% da pena, o que, segundo sua defesa, lhe dá direito à progressão ao
semiaberto.
Fonte: g1/Fórum
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