BRICS em
evidência: poder do grupo vem chamando atenção de economias robustas, observam
analistas
Não
é novidade que o BRICS — composto por Brasil, Rússia, Índia, China e África do
Sul, entre outros novos membros — vem chamando atenção mundo afora,
principalmente daqueles países que desejam fazer parte da nova ordem mundial,
seguindo a multipolaridade econômica e seus respectivos poderes financeiro e
estratégico.
Em
entrevista ao podcast Mundioka, da Sputnik Brasil, Lucas Mendes Costa,
cofundador do canal Geopolítica Hoje e mestre em geopolítica, discutiu as
recentes declarações do ministro das Relações Exteriores da Rússia, Sergei
Lavrov, a respeito da expansão do BRICS.
Segundo
Lavrov, a Rússia, embora historicamente entusiasta da expansão, prefere uma
pausa para assimilar os novos membros: Egito, Etiópia, Irã, Arábia Saudita e
Emirados Árabes Unidos.
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BRICS, expansão e readequação
Costa
relembrou que, embora a Rússia apoie a expansão do BRICS, sendo um dos
principais incentivadores da entrada dos novos membros, há uma necessidade
reforçada por Lavrov de o grupo se adequar à presença desses novos países, que
praticamente dobraram o tamanho da organização. A integração plena desses novos
membros deve ocorrer antes que novos países possam ser adicionados.
"É
interessante lembrar que o Lavrov fala que apesar de, por enquanto, a Rússia
desejar realizar uma pausa nessa expansão, ao mesmo tempo o BRICS continua
conversando, dialogando e em fases anteriores a essa adesão com outros países
parceiros. […] Existe uma aproximação com mais de 40 países […]. Então existe
esse momento anterior à entrada, um momento de aproximação em que outros países
estão sendo falados, estão sendo conversados em relação ao BRICS",
sublinha à Sputnik Brasil.
Apesar
da pausa na expansão, o analista reforça que o BRICS continuará a dialogar com
outros países interessados, contando com mais de 40 nações manifestando desejo
de adesão. A organização está em processo de aproximação com esses países,
preparando o terreno para futuras expansões.
"A
fala do Lavrov vai mais nesse sentido de organizar o BRICS antes de colocar
mais países para dentro", arremata o analista.
Para
o professor de relações internacionais do IBMEC, Christopher Mendonça, o
comentário do ministro russo indica que o bloco, que já se prepara para
oficializar a entrada de seis novos membros em janeiro de 2025, não permitirá
novas adesões imediatas, priorizando a consolidação dos recém-chegados.
"Entraram
seis membros e eles primeiro vão analisar a entrada desses seis, e depois a
gente vai ver como é que vai ficar a entrada de outros."
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Importância do BRICS na geopolítica
Lucas
Mendes Costa ressaltou a relevância do BRICS no cenário internacional,
destacando o bloco como um fórum privilegiado para discutir e promover mudanças
no sistema internacional. Os países emergentes, tal qual os membros do BRICS,
buscam maior representação em instituições globais, como a Organização das
Nações Unidas (ONU), e têm pressionado por reformas no Conselho de Segurança
das Nações Unidas (CSNU).
"O
BRICS é muito importante nesse sentido de reformas e alterações no sistema
internacional, mas também na questão comercial. Eu acho que esse é o grande
viés que o BRICS têm de apoio mútuo entre países emergentes de cooperação
comercial e científica também. Fazer essa reorganização diplomática é algo que
está sendo cada vez mais urgente. A gente tinha uma pauta diferente para esse
dia, que era o pedido da Malásia e da Tailândia para entrar no BRICS",
atesta.
Em
um cenário mais amplo, Christopher Mendonça refletiu sobre a relevância de
expandir o BRICS para o equilíbrio de poder global, tradicionalmente dominado
pelo Ocidente. Ele destacou a importância de incluir países emergentes, como
Malásia e Tailândia, que têm fortes laços econômicos com a China, mas também
reconheceu a prioridade atual para a Turquia, que já solicitou oficialmente sua
entrada.
"Malásia
e Tailândia são economias muito sobrepujantes na região delas. A proximidade
com a China é um trunfo importante. Não apenas geográficos, mas também a
relação deles com a China. […] são países que têm relações muito boas com
Pequim. No entanto, quem está na prioridade é a Turquia, porque ela pediu
primeiro para entrar no BRICS. Então vão ser analisados primeiro esses países
que já oficialmente entraram, ainda não foram oficializados, mas estão na
berlinda de entrar no BRICS", assegura.
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Brasil ultrapassa EUA
pela 1ª vez e se torna maior produtor e exportador mundial de algodão
Diante
de uma colheita recorde na temporada de 2023-2024, o Brasil ultrapassou pela
primeira vez os Estados Unidos e tornou-se o maior produtor e exportador
mundial de algodão, conforme anúncio nesta segunda-feira (1º).
No
período, foram colhidos das fazendas brasileiras mais de 3,7 milhões de
toneladas de algodão e exportados 2,6 milhões de toneladas. O anúncio ocorreu
durante o 75º Encontro da Cadeia Produtiva do Algodão e Derivados, promovido
pela Associação Nacional dos Exportadores de Algodão (Anea) em Comandatuba
(BA). A previsão anterior era de que o país se tornasse líder mundial no
segmento apenas em 2030, marca que foi alcançada seis anos antes.
Os
resultados foram comemorados durante o evento, que também anunciou a
comercialização de 60% da safra.
"Liderar
mundialmente no fornecimento de fibra de algodão é um marco histórico, mas não
é um objetivo em si e não foi planejado para tão cedo. Antes, trabalhamos
continuamente para aperfeiçoar nossos processos, aumentando nossa qualidade,
rastreabilidade e sustentabilidade todos os dias e, consequentemente, a nossa
eficiência", ressaltou o presidente da Associação Brasileira dos
Produtores de Algodão (Abrapa), Alexandre Schenkel, à agência Xinhua.
Conforme
a entidade, o bom desempenho do setor ocorre por conta da maior conexão entre
os produtores e a indústria têxtil nacional.
Mesmo
com a forte concorrência internacional, a cadeia industrial do país prevê que o
consumo interno de fio e algodão vai saltar de 750 mil toneladas para um milhão
de toneladas anunciadas.
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Recuperação das exportações brasileiras
As
exportações brasileiras registraram uma boa recuperação neste ano por conta da
maior demanda de países como Bangladesh e Paquistão, que em 2023 realizaram
menos compras por conta de dificuldades financeiras. Além dos dois países, os
principais consumidores do algodão brasileiro são China, Turquia e Vietnã.
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Grupo da Austrália
renova negociações com Avibras após interesse chinês por armas brasileiras
A
principal fabricante no Brasil de sistemas pesados de defesa, a Avibras
Aeroespacial prorrogou até o final de julho a negociação sobre uma possível
venda para o grupo australiano DefendTex após a demonstração de interesse da
chinesa Norinco em adquirir 49% da fabricante brasileira.
De
acordo com a Folha de S.Paulo, o contrato inicial de março, assinado entre a
Avibras e a DefendTex, previa o fim das tratativas em junho, uma vez que a
australiana enfrenta dificuldades para conseguir financiamento de US$ 70
milhões (cerca de R$ 395,9 milhões) para fechar negócio.
Em
junho, o ministro da Defesa brasileiro, José Múcio Monteiro, chegou a afirmar
que em função das dificuldades que o grupo australiano enfrentava para
conseguir o financiamento, a DefendTex tinha desistido da compra.
Entretanto,
após a manifestação de interesse da estatal chinesa Norinco em adquirir 49% da
Avibras, as partes resolveram estender em um mês o prazo para finalizar as
negociações.
"Ambas
as empresas estão empenhadas em concluir o processo de aquisição e realizar o
aporte de capital a partir do dia 30 de julho, visando a retomada das
operações. Novas informações serão divulgadas em momento oportuno", diz o
comunicado.
Apesar
de ser sigilosa, a proposta da DefendTex para comprar mais de 50% da empresa
brasileira estaria estimada em US$ 200 milhões (aproximadamente R$ 1,1 bilhão)
segundo fontes da Folha. Com isso, a fabricante de defesa deixaria de ser
brasileira, mas manteria as fábricas no Brasil e honraria os contratos já
firmados com as Forças Armadas brasileiras, segundo as tratativas.
Ainda
de acordo com a apuração, integrantes da diplomacia norte-americana já
comunicaram a membros do governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva que o
envolvimento da Norinco na indústria de defesa brasileira poderia causar
embargos dos EUA em meio à guerra de sanções comerciais estabelecida por
Washington contra Pequim.
Um
dos principais aliados dos EUA na Ásia-Pacífico, a Austrália, recentemente
adquiriu seu primeiro submarino de propulsão nuclear de Washington com objetivo
de conter a China.
Em
março de 2022, a Avibras — principal fornecedora de mísseis e foguetes para o
Exército brasileiro — pediu recuperação judicial, com dívidas estimadas em R$
570 milhões, montante que hoje beira os R$ 700 milhões. De uma só vez, a
fabricante demitiu 420 de seus 1.500 funcionários. Os que permaneceram estão
sem salários há mais de um ano.
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'OTAN já fez uma
bagunça na Europa' e não deveria prejudicar a Ásia-Pacífico, diz Pequim
A
Organização do Tratado do Atlântico Norte (OTAN) já causou confusão na Europa,
por isso a aliança não deveria prejudicar também a região da Ásia-Pacífico,
disse o Ministério das Relações Exteriores da China à Sputnik nesta terça-feira
(2).
"A
OTAN já fez uma bagunça na Europa, também não deveria prejudicar a região da
Ásia-Pacífico", disse o ministério.
Stoltenberg
afirmou abertamente que a promoção da aliança na Ásia-Pacífico visa pressionar
a China, contra a qual Pequim protesta, disse o ministério.
"O
secretário-geral da OTAN [Jens Stoltenberg] declarou abertamente que o avanço
da OTAN para Leste na região da Ásia-Pacífico foi concebido para exercer
pressão sobre a China, o que reflete a mentalidade consistente da Guerra Fria
[da aliança], a intenção de criar tensão, provocar confronto, minar a paz e a
estabilidade regionais", disse o ministério.
Anteriormente,
o secretário-geral da OTAN, Jens Stoltenberg, disse ao jornal japonês Yomiuri
que a China é responsável pelo incitamento ao maior conflito militar na Europa
desde a Segunda Guerra Mundial. O líder da Aliança Atlântica afirmou ainda que
a Rússia estaria produzindo mísseis e drones com o apoio de tecnologia avançada
importada da China, o que tornaria Pequim responsável por instigar o conflito.
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Orbán da Hungria vai à
Ucrânia e pede a Zelensky 'cessar-fogo para acelerar negociações de paz'
Orbán
pediu a Kiev que trabalhe em prol de um "rápido cessar-fogo", o que
poderia abrir caminho para negociações com a Rússia para pôr fim a mais de dois
anos de conflito.
O
premiê fez o apelo ao lado de Vladimir Zelensky durante uma visita surpresa ao
país.
"Pedi
ao presidente que considerasse que [...] um cessar-fogo rápido poderia acelerar
as negociações de paz", disse o líder húngaro a repórteres, acrescentando
que o cessar-fogo que ele prevê seria "por tempo limitado".
Orbán
também afirmou à imprensa que havia aceitado um convite de Zelensky para
visitar a Ucrânia, mas questionou o porquê da visita.
"Eu
disse a ele que estaria à disposição dele. Só precisamos esclarecer uma
questão: Sobre o quê?", indagou o premiê, segundo o The New York Times.
A visita
à Ucrânia acontece um dia após a Hungria assumir a presidência rotativa da
União Europeia pelos próximos seis meses, uma posição que dá ao Estado da
Europa Central influência sobre a agenda e as prioridades do bloco para o resto
do ano.
O
premiê disse que relataria suas conversas com Zelensky aos primeiros-ministros
do bloco "para que as decisões europeias necessárias possam ser
tomadas", acrescentando que "a paz na Ucrânia será a principal
questão durante os próximos seis meses da presidência húngara da UE".
24
de junho, 06:54
A
Hungria se opõe abertamente às sanções à Rússia e em diversos momentos deixou
clara sua oposição à entrada de Kiev no bloco europeu ou na OTAN, por achar que
o país "não está preparado" para dar esses passos.
As
tensões entre Kiev e Budapeste são anteriores à operação russa, com a Hungria
irritada com as políticas linguísticas da Ucrânia. Mais de 100 mil húngaros
étnicos vivem na Ucrânia, a maioria na região ocidental da Transcarpátia, parte
da Hungria até o fim da Primeira Guerra Mundial.
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Ex-agente da CIA:
negociações entre Irã e Bahrein são mais um sinal do declínio da hegemonia dos
EUA
O
início das negociações entre o Bahrein e o Irã para restaurar as relações
diplomáticas rompidas há muito tempo marca o fim da hegemonia dos EUA no
Oriente Médio, opina o ex-agente da CIA Graham Fuller em um artigo no
Responsible Statecraft.
Os
ministros das Relações Exteriores dos dois países se reuniram em Teerã em 23 de
junho, anunciando o começo das negociações para a retomada das relações
bilaterais oito anos após seu rompimento.
"Este
evento é mais importante do que pode parecer à primeira vista […]. Qualquer
aproximação entre o Bahrein e o Irã preocupará Washington, que pode até tentar
bloqueá-la", declarou Fuller.
O
autor do artigo indica que o Bahrein é a sede da 5ª Frota da Marinha dos
Estados Unidos, responsável pela segurança no golfo Pérsico, no mar Vermelho e
no mar da Arábia. Desta forma, a aproximação entre Manama e Teerã ameaça todo o
princípio da política de Washington no golfo Pérsico, que consiste em uma
presença militar na região para "proteger o livre fluxo de petróleo",
disse o ex-funcionário da CIA.
Fuller
recordou que, ainda em 2023, a China abriu a primeira brecha na estratégia
anti-iraniana dos EUA ao mediar a restauração das relações diplomáticas entre
Arábia Saudita e o Irã e "fez quase o impossível", ao reconciliar os
sunitas e xiitas.
"Agora,
com a perspectiva de o Bahrein e Teerã restabelecerem relações, podemos ver
mais claramente a mudança proporcionada pela presença chinesa (e russa) no
golfo Pérsico", concluiu Fuller.
O
Bahrein rompeu relações diplomáticas com o Irã em janeiro de 2016, após um
ataque a missões diplomáticas sauditas no Irã por manifestantes contra a
execução do pregador xiita Nimr al-Nimr. A Arábia Saudita restabeleceu as
relações com o Irã em setembro de 2023 após a reconciliação mediada pela China.
Fonte:
Sputnik Brasil
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