quarta-feira, 26 de junho de 2024

Refugiados ucranianos na mira da centro-direita alemã

Os partidos de centro-direita da Alemanha, que lideram as pesquisas de popularidade, estão endurecendo seu posicionamento em relação aos refugiados da guerra na Ucrânia, iniciada com a invasão pela Rússia em 24 de fevereiro de 2022. O líder da bancada parlamentar da União Social Cristã (CSU), Alexander Dobrindt, pleiteia que quem não encontrar emprego seja enviado de volta.

"Mais de dois anos após o começo da guerra, deve se aplicar o princípio: encontrem trabalho na Alemanha ou retornem às áreas seguras no oeste da Ucrânia", comentou ao tabloide Bild. Em sua coletiva de imprensa regular desta segunda-feira (24/06), o Ministério alemão das Relações Exteriores respondeu: não há zonas seguras na Ucrânia.

Embora a alegação tenha sido repetidamente refutada por especialistas em migração, Dobrindt insistiu que a concessão do bürgergeld (renda cidadã) vem desencorajando os ucranianos de procurar emprego: "Precisamos de pressões mais fortes para os requerentes de asilo cooperarem, quando se trata de aceitar trabalho."

O argumento já fora levantado pela irmã maior da CSU, a União Democrática Cristã (CDU) e em seguida pela menor legenda da coalizão de governo em Berlim, o neoliberal Partido Liberal Democrático (FDP).

"Refugiados recém-chegados da Ucrânia não deveriam mais receber renda cidadã, mas ser colocados sob a Lei de Benefícios para Requerentes de Asilo", reivindicou em 17 de junho, no Bild, o secretário-geral do FDP, Bijan Djir-Sarai. Isso forçaria os ucranianos a procurarem emprego, afirmou.

"Temos falta de mão de obra por toda parte – nos setores de restaurantes e de construção, por exemplo, ou no de cuidados de saúde. Não devíamos estar mais usando o dinheiro dos contribuintes para financiar desemprego, mas sim assegurar que as pessoas consigam emprego."

·        "Desertores" ucranianos na mira de neoliberais e conservadores alemães

O presidente do Instituto Alemão de Pesquisa Econômica (DIW), Marcel Fratzscher, descarta as exigências do FDP como "populismo descarado": "Ninguém vai estar melhor, ninguém vai ter um só euro a mais, se a Alemanha tratar mal os refugiados e cortar seus benefícios", afirmou à rede jornalística RND.

As demais siglas da coalizão governamental, Partido Social-Democrata (SPD) e Verde, rejeitaram a sugestão do FDP, mas ela foi imediatamente acolhida pela conservadora CDU, antiga parceira dos neoliberais em governos anteriores.

"Não faz sentido falar de apoiar a Ucrânia do melhor modo possível e, ao mesmo tempo, pagar por ucranianos que desertaram de seu país", comentou o secretário do Interior do estado de Brandemburgo, o democrata-cristão Michael Stübgen, à RND.

Segundo dados oficiais de março de 2024, cerca de 1,3 milhão de cidadãos ucranianos vivem atualmente na Alemanha. A maioria são mulheres e crianças, mas 260 mil são homens entre os 18 e 60 anos de idade.

Os porta-vozes de Berlim se apressaram em esclarecer que o posicionamento do FDP não refletia o do chanceler federal Olaf Scholz, assegurando que não há qualquer plano para modificar a assistência concedida aos refugiados ucranianos. Na realidade, apenas na semana anterior, os secretários do Interior da União Europeia haviam acordado em prorrogar até 2026 a proteção especial a esse grupo de migrantes.

Esse status poupa os ucranianos de atravessarem um longo processo de solicitação de asilo ao chegarem. Eles ficam livres para escolher seu local de residência e têm direito imediato a educação, permissão de trabalho e benefícios sociais – caso sua renda ou eventuais bens não bastem para lhes custear a subsistência.

·        Ajuda de médio prazo vital para quem chega

O ucraniano Alexander (nome alterado), de 37 anos, recebeu durante cerca de um ano bürgergeld em Berlim. Ele diz compreender o sentimento por trás das reivindicações do FDP e da CDU, porém o benefício foi vital em ajudá-lo a encontrar equilíbrio, num período muito sombrio de sua vida.

"Quando cheguei aqui, eu estava totalmente perdido, perdido mentalmente. Aí nos fomos até a Central de Trabalho e recebemos os pagamentos, tínhamos o apoio deles. No meu caso, tudo correu bem tranquilo."

Alexander tinha uma carreira bem-sucedida como produtor musical e designer de som em seu país. Paralelamente à renda cidadã – atualmente de 563 euros por mês para solteiros – recebeu aconselhamento profissional e ajuda para encontrar um curso de idioma alemão. Dentro de um ano, não mais precisava do auxílio estatal. Sob a Lei de Benefícios para Requerentes de Asilo, ele teria apenas direito a 354 euros mensais, sem acesso à Central de Trabalho.

A história de Alexander não é única, como mostraram análises realizadas por Kseniia Gatskova, do Instituto de Pesquisa Trabalhista (IAB), que coordenou um estudo de longo prazo com refugiados de guerra ucranianos na Alemanha. "Claro que a renda cidadã é importante, ela permite dar conta da vida quotidiana. Mas integração significa muito mais: os refugiados necessitam medidas abrangentes de integração, como cursos de língua e orientação profissional."

Em março de 2024 a Agência Federal do Trabalho contava mais de 700 mil ucranianos recebendo benefícios-desemprego básicos. Entre eles, 501 mil classificados como aptos ao trabalho, e 217 mil inaptos, a maioria, crianças. Cerca de 185 mil ucranianos tinham emprego remunerado e contribuíam para a seguridade social.

Em outubro, um estudo da Fundação Friedrich Ebert revelou que a integração dos refugiados ucranianos no mercado de trabalho alemão estava atrás da de outros países da UE: enquanto apenas 18% haviam encontrado emprego na Alemanha, na Polônia, República Tcheca e Dinamarca a marca era de 66% ou mais.

Ainda assim, nos últimos dois anos aumentou a velocidade com que os ucranianos encontram ocupação na Alemanha, frisa Gatskova: "Eles são muito dispostos a se integrar no mercado de trabalho, mais de 90% dos refugiados quer trabalhar na Alemanha." Contudo: "Como é que as pessoas vão poder se financiar, num período em que ainda não aprenderam o idioma alemão, suas qualificações não foram reconhecidas e ainda não encontraram um emprego?"

·        Nem todo ucraniano quer ir para a guerra

Com o envelhecimento progressivo de sua população, a Alemanha vem se tornando cada vez mais dependente de mão de obra estrangeira em diversos setores. Mas o que incomoda muitos críticos é o fato de tantos refugiados da Ucrânia, como Alexander, estarem em idade de lutar na guerra contra a Rússia. A verdade incômoda, entretanto, é que muitos ucranianos não querem lutar.

"É muito diferente o modo como a gente percebe a guerra aqui, e como um cara de um país onde há guerra percebe", frisa Alexander. "Acho que, se um país promete ajuda, ele precisa ajudar as pessoas. Eu me sinto em dívida com a Alemanha e estou realmente grato, e vou retribuir com os meus impostos."

"Acho bastante bom sustentar quem vem para um país por um ou dois anos, é um investimento em mão de obra futura, vai ajudar o seu país a crescer", prossegue o produtor. "Outra questão é: como sustentar essa gente? Para mim, deveria ser um, dois, três anos no máximo."

Assim como outros especialistas, Gatskova está convencida de que o sistema precisa de uma reforma para ajudar mais refugiados a encontrarem emprego, sejam ucranianos ou não: "Não estamos pedindo a remoção das barreiras institucionais para integração ao mercado de trabalho. Os processos de asilo, proibição de trabalho e restrições de mobilidade mais prolongados têm impacto negativo sobre a integração."

¨      Ala jovem da AfD impulsiona radicalização do partido

Anna Leisten é jovem, alegre... e radical – pelo menos nas muitas fotos de sua conta no Instagram, onde se apresenta como alguém que passou de "gracinha de cabelos trançados" a "soldada de ferro". Ela é um dos rostos conhecidos da Alternativa Jovem (JA), a juventude partidária do ultradireitista Alternativa para a Alemanha (AfD). 

Entre as inofensivas fotos, a natural de Brandemburgo e copresidente da JA, de 23 anos, insere suas mensagens políticas. Como a "saudação do white power" da direita radical e dos meios neonazistas, que Brenton Tarrant, o autor do atentado de 2019 à mesquita de Christchurch, na Nova Zelândia, ostentou no tribunal.

Em uma das postagens, Leisten olha com admiração para Götz Kubitschek, um dos mais importantes extremistas de direita alemães, que sonha com uma "revolução conservadora" antidemocrática. Em outra, com um olhar que denota exaustão, ela é vista se arrastando entre a lama e o arame farpado, com a legenda: "Campo de treinamento Front Leste 2025". A Alternativa Jovem sonha protagonizar uma guerra.

<><> Ala jovem como motor central da radicalização da AfD

Leisten encarna perfeitamente os ideais de sua organização, que exige uma mudança sistêmica radical na Alemanha em que, dentro do possível, todos aqueles classificados como "etnicamente alienígenas" devem ser excluídos. É por isso que, numa decisão de 5 de fevereiro de 2024, o Tribunal Administrativo de Colônia julgou que: "Nessa questão, trata-se de uma aspiração seguramente extremista da Jovem Alternativa."

O conceito étnico de povo da JA infringe o Artigo 1º da Lei Fundamental alemã: "A dignidade humana é inviolável". Além disso, o grupo faz campanha contra muçulmanos, requerentes de asilo e migrantes: "Imigrantes são designados, em geral, como parasitas e criminosos, ou degradados de outro modo", constata o tribunal.

Anna-Sophie Heinze, da Universidade de Trier, é autora de um estudo abrangente sobre a JA. Ela explica que, ao longo dos anos, as ligações entre o partido e seu braço jovem se tornaram cada vez mais estreitas. "No geral, a Alternativa Jovem é um importante celeiro de quadros e de ideias para a AfD. A juventude não só mobiliza para a legenda durante as campanhas eleitorais, como também mostra uma presença midiática forte", ao ponto de ser "o motor central de uma radicalização da AfD".

parlamentos do país. Um deles é o deputado no Bundestag (câmara baixa do parlamento federal) Matthias Helferich, natural de Dortmund, na zona industrial do Vale do Ruhr.

Em chats privados ele já se definiu como "o rosto simpático do nacional-socialismo" – ou seja, do partido que, sob seu autodenominado "Führer" Adolf Hitler, organizou o assassinato de milhões de judeus europeus. Nos eventos da Alternativa Jovem, Helferich é celebrado como "futuro ministro da remigração", o homem destinado a organizar a deportação em massa de pessoas tidas como indesejadas.

<><> Perigo de expor lacunas na democracia resiliente

A AfD não vive seu melhor momento: reportagens sobre os planos de deportação dos ultradireitistas desencadearam uma onda de protestos ímpar, com a participação de centenas de milhares de cidadãos.

No entanto, isso não bastou para moderar extremistas como o porta-voz da JA, Hannes Gnauck – pelo contrário. Também deputado da AfD no Bundestag, ele é primeiro-sargento da Bundeswehr, as Forças Armadas alemãs, mas foi dispensado do Serviço de Contrainteligência Militar por falta de lealdade à Constituição

"A luta contra a direita é só um pretexto: na verdade, trata-se de uma luta contra nós, contra o povo alemão", declarou, no fim de janeiro, em um vídeo postado no canal da Alternativa Jovem no YouTube. À reprovação pública das forças radicais da JA e da AfD, ele reagiu pedindo coesão: "Devemos desenvolver uma mentalidade onde a gente diz que um ataque a cada um que lute pela causa é um ataque contra todos nós."

A coesão parece funcionar bem: radicais como Anna Leisten até foram advertidos por suas "saudações de white power" neonazistas, mas sem maiores consequências, até agora. E diversos líderes do partido se solidarizam com a ala juvenil – um sinal da radicalização da legenda como um todo.

A avaliação jurídica de que a Alternativa Jovem é "com certeza extremista" deu novo fôlego ao debate sobre uma proibição. Implementá-la seria relativamente fácil, já que, apesar de ser parte da AfD, a JA é apenas uma associação. Portanto, bastaria uma portaria do Ministério do Interior para proibi-la – enquanto para um partido é necessária uma decisão judicial.

Para diversos juristas alemães, valeria a pena considerar um processo de proibição, mas há ressalvas. A especialista em direito constitucional Kathrin Groh observa, num artigo para o conceituado blog jurídico Verfassungsblog: "Como tiro de advertência para a AfD, faz muito sentido concentrar-se inicialmente em sua organização juvenil e proibi-la enquanto associação."

No entanto, o prejuízo para a legenda-matriz seria tão grande, que esta poderia recorrer da decisão, e com perspectivas bastante boas de sucesso: "Se a proibição fracassa [...], não só se serve à narrativa de vítima da AfD, como fica exposta uma lacuna sensível no instrumentário da democracia resiliente", explica Groh.

 

¨      Crimes contra muçulmanos mais que dobraram em 2023, na Alemanha

A organização Claim, que atua contra a islamofobia e a discriminação a muçulmanos, informou nesta segunda-feira (24/06) que os crimes com essas motivações mais do que dobraram na Alemanha no ano passado.

O grupo disse ter registrado um total de 1.926 casos, ou seja, pouco mais de cinco por dia, em média, o que gerou um aumento de cerca de 114% em relação a 2022.

"O racismo contra muçulmanos nunca foi tão aceito socialmente como hoje e vem do centro da sociedade", afirmou a diretora da organização, Rima Hanano.

O título do relatório ironiza o primeiro artigo da Lei Fundamental, que completou 75 anos no dia 23 de maio e que afirma que a dignidade humana é "inviolável", dizendo, em vez disso, que ela é "violável".

A Claim compilou a lista usando diferentes fontes, a exemplo da comunicação feita pelas próprias forças policiais alemãs.

Os crimes mais comuns foram ataques verbais ou insultos, principalmente contra mulheres, seguidos por casos de discriminação, além de ameaças e coerção. Em 178 casos, pouco menos de um em cada 10, foram documentados danos físicos. A contagem da Claim também incluiu quatro tentativas de homicídio e cinco casos de incêndio criminoso.

<><> Conflito israelo-palestino causou impacto

A organização informou que houve um aumento considerável nos crimes contra muçulmanos na Alemanha após o ataque terrorista do Hamas a Israel em 7 de outubro.

Os números também apontam que os crimes com motivações antissemitas mais do que dobraram em 2023, impulsionados principalmente a partir do dia 7 de outubro, com mais de 60% dos casos do ano ocorrendo após essa data.

O relatório sobre crimes islamofóbicos na Alemanha é o segundo do gênero publicado pelo grupo Claim. Este ano, ele está sendo lançado juntamente com uma campanha para aumentar a conscientização da sociedade em relação ao tema, tendo apoio de autoridades, acadêmicos e políticos alemães.

"As ruas, os ônibus ou as mesquitas não são mais lugares seguros para pessoas que são muçulmanas ou que são vistas como tal", concluiu Hanano.

¨      Alemanha tem mais casos de radicalismo islâmico nas escolas

A guerra na Faixa de Gaza tem provocado o aumento dos casos de extremismo também nas escolas de Alemanha, com ameaças de bomba e de ataques armados, bem como episódios de antissemitismo, aponta um levantamento da emissora pública alemã SWR junto aos ministérios estaduais de educação do país.

No estado de Hessen, houve 15 registros do tipo desde 2018, sendo que 14 ocorreram em 2023 e 11 foram relacionados ao ataque terrorista cometido pelo Hamas contra Israel em 7 de outubro daquele ano. Do total de casos, seis eram ameaças anônimas de bombas em escolas.

No estado da Renânia-Palatinado, o Ministério da Educação afirma que não houve aumento dos casos de radicalismo islâmico, mas cita ameaças de ataques armados relacionados ao conflito no Oriente Médio.

Autoridades do estado de Schleswig-Holstein mencionam uma "leve tendência maior a atividades islamistas no contexto escolar". Já Berlim confirma que houve um aumento da tensão nas escolas logo após o início da guerra Israel-Hamas, mas que a situação teria "se tranquilizado".

Nem todos estados forneceram informações. Alguns disseram não contabilizar casos de radicalismo islâmico, enquanto outros afirmaram ter observado alguns episódios de radicalização de estudantes.

<><> Aumento no número de crimes de motivação antissemita

A violência nas escolas espelha as estatísticas nacionais, que apontaram aumento no número de crimes de motivação antissemita associados ao conflito israelo-palestino desde a guerra Israel-Hamas. Enquanto em 2022 eram 61 casos, em 2023 esse número passou a 4.368, sendo que mais da metade foram registrados após o 7 de outubro.

Professores e assistentes sociais alertam que os jovens são vulneráveis ao islamismo e relatam casos de estudantes que se referem ao Hamas como um "movimento emancipatório" e defendem salas de aulas separadas para meninos e meninas.

Uma ex-professora da Renânia do Norte-Vestfália disse ter ouvido de estudantes que meninas não deveriam ter aulas de natação, e que a partir de uma determinada idade elas deveriam ficar em casa e se preparar para a vida de mulher casada. Outro teria se negado a falar com um colega por ele ser "cristão".

<><> Influencers surfam no conflito

Influencers e líderes religiosos também têm se aproveitado do conflito para disseminar ideologias radicais entre os jovens – um perigo que foi confirmado à SWR por um representante do Departamento de Proteção da Constituição em Baden-Württemberg, o serviço de inteligência doméstico: "O potencial perigo que influencers islamistas representam para jovens que estão nas redes sociais é alto", afirma Martin Horbach.

Um experimento realizado pela emissora junto com o especialista em prevenção da violência Navid Wali mostrou que jovens que consomem conteúdo religioso islâmico acabam sendo expostos muito rapidamente a atores e ideologias radicais. 

Um deles é o Muslim Interkativ, grupo que organizou protestos na primavera deste ano pedindo abertamente a criação de um califado na Alemanha – forma monárquica de governo baseada em preceitos do islã e na aplicação da sharia, a lei islâmica. Esse mesmo grupo está presente nas redes sociais com conteúdos de linguagem pop e jovem.

Wali atribui o problema da vulnerabilidade da juventude a esse tipo de conteúdo à falta de educação nas escolas para o consumo e uso responsável de informações e dos meios de comunicação.

Alta funcionária do Ministério da Educação, Cultura e Esporte em Baden-Württemberg, Sandra Boser rebate que a escola é importante, mas não dá conta de resolver o problema sozinha. "A escola com certeza não tem como assumir tudo. As associações [da sociedade civil] são tão importantes quantos as escolas e a própria casa."

 

Fonte: Deutsche Welle

 

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