sexta-feira, 28 de junho de 2024

Especialistas discutem cooperação entre Rússia e América Latina

O Centro de Imprensa e Multimídia Internacional da Sputnik realizou uma videoconferência entre Moscou, Cidade do México, Buenos Aires e Wuhan sobre o tema "Rússia — América Latina: questões atuais da interação".

O debate contou com a participação de Omar Godínez, membro da Diretoria da Sociedade Russa de Amizade com Cuba; Daria Yurieva, diretora do Departamento de América Latina da Agência Internacional de Notícias e Rádio Sputnik; Nikolai Frolov, diretor do Centro de Cooperação em Ciência, Tecnologia e Inovação com os Países Ibero-Americanos da Universidade Estatal do Sudoeste; Juan Martin González Cabañas, pesquisador do Centro de Economia e Política Global (CIEPE); Imelda Ibáñez Guzmán, professora do Centro de Relações Internacionais da Universidade Nacional Autônoma do México; Marcelo Montes, doutor em Relações Internacionais pela Universidade Nacional de Rosário e membro do Comitê de Estudos Eurasiáticos do Conselho Argentino de Relações Exteriores; e José Renato Peneluppi, especialista do Centro de Estudos sobre a China e Globalização.

Daria Yurieva, diretora do Departamento de América Latina da Sputnik, falou sobre o funcionamento da agência na região, não apenas por meio de sites e rádio, mas também em redes sociais.

"Não é segredo que a mídia russa, incluindo nossa agência, enfrenta uma censura muito forte em muitas plataformas digitais. É por isso que tentamos trabalhar de forma mais ativa nas plataformas que mais aderem ao princípio da liberdade de expressão na prática, e não em palavras, como é o caso de muitas outras. Uma dessas plataformas é o Telegram." Ainda de acordo com Daria Yurieva, a Sputnik Mundo e a Sputnik Brasil superam em número de assinantes nesse aplicativo de mensagens seus concorrentes ocidentais, como a versão espanhola da CNN ou a France 24.

Omar Godinez, membro da Diretoria da Sociedade Russa de Amizade com Cuba, destacou as principais áreas de cooperação russo-cubana na área cultural, entre as quais festivais especiais, exposições, publicações de livros e eventos para crianças. Para o responsável, iniciativas do gênero despertam sempre interesse do lado russo.

A professora Imelda Ibáñez Guzmán, do Centro de Relações Internacionais da Universidade Nacional Autônoma do México, analisou as relações russo-mexicanas e as transformações sofridas pelos países e regiões face aos atuais desafios geopolíticos modernos e salientou o papel especial do BRICS: "Um dos mecanismos que pode nos aproximar é o grupo BRICS, que agora está se tornando muito importante."

Marcelo Montes, Doutor em Relações Internacionais pela Universidade Nacional de Rosário e membro do Comitê de Estudos Eurasiáticos do Conselho Argentino de Relações Exteriores, assinalou que os países latino-americanos não aderiram às sanções antirrussas, recusando-se a fazê-lo sempre que são pressionados pelo Ocidente. O especialista acredita que, аgora a América Latina está vivendo uma época bastante autônoma.

Nikolai Frolov, Diretor do Centro de Cooperação em Ciência, Tecnologia e Inovação com os Países Ibero-Americanos da Universidade Estatal do Sudoeste, falou sobre as atividades desenvolvidas por sua universidade na vertente latino-americana, destacando que sua universidade formou mais de 500 especialistas técnicos qualificados para os países da região.

"Cientistas de nossa universidade, apoiados por nossos colegas latino-americanos e o Parlamento da América Central, elaboraram um programa educacional com tópicos espaciais para crianças, traduziram-no para o espanhol e agora estamos implantando esse programa em colégios da América Latina", salientou.

José Renato Peneluppi, especialista do Centro de Estudos sobre a China e Globalização, expôs sua visão das relações Rússia-Brasil: "Temos uma cooperação econômica muito forte, os dois países comercializam produtos agrícolas, recursos energéticos e outros bens”. O especialista enfatizou o papel especial do BRICS na cooperação bilateral, assinalando que a Rússia e o Brasil encontraram um terreno comum no desenvolvimento e fortalecimento de um mundo multipolar.

Juan Martín González Cabañas, pesquisador do Centro de Economia e Política Global (CIEPE), falou sobre o desenvolvimento da cooperação na política da juventude: "Trabalhar com a juventude é muito importante porque os jovens têm acesso a um mundo que não é centrado nos Estados Unidos em termos de cultura e geopolítica". O especialista destacou que o número de bolsas de pesquisa e estudo disponibilizados a estudantes da América Latina aumentou nos últimos anos.

O debate havido encerrou o ciclo de reuniões de especialistas sob o lema "Cooperação da Rússia com a Ásia, África e América Latina — Desafios e Perspectivas", organizado com o apoio da Fundação Gorchakov e do Centro de Assistência a Programas Humanitários e Educacionais.

¨      Especialista: EUA não fizeram golpe na Bolívia diretamente, mas poderiam ter contatos com militares

Um acadêmico da Faculdade de Relações Internacionais da Universidade Estatal de São Petersburgo excluiu que Washington tenha ordenado a ação, mas acredita que ele tem contatos com militares do país sul-americano.

Os Estados Unidos não estiveram diretamente envolvidos na preparação do golpe militar na Bolívia, mas provavelmente tiveram alguns contatos com os militares e veem favoravelmente a substituição da atual liderança do país, sugeriu um professor da Faculdade de Relações Internacionais da Universidade Estatal de São Petersburgo à Sputnik.

"Certamente, eles veriam isso [a mudança de poder na Bolívia] com bons olhos", explicou Viktor Kheifets. A Bolívia tem projetos para exploração de lítio com a China e a Rússia.

"A Bolívia é um dos três países da América Latina com as maiores reservas de lítio [...]. Isso é importante, mas não o suficiente para largar tudo agora mesmo e começar a encenar um golpe", crê.

O especialista acredita que Washington e os militares bolivianos provavelmente tiveram e ainda têm alguns contatos, mas é improvável que os EUA tenham estado diretamente por trás da preparação da ação. Se o país norte-americano tivesse planejado o golpe, ele teria terminado "com um alcance muito maior e provavelmente com sucesso", sugeriu Kheifets.

Na quarta-feira (26) foi relatada uma ação militar na Praça Murillo, em La Paz, Bolívia, onde estão localizados os prédios do governo, onde surgiram veículos especiais. Os militares, liderados pelo general José Zúñiga, que foi demitido do cargo de comandante do Exército, teriam tentado usar um veículo blindado para invadir o palácio presidencial.

Luis Arce, presidente da Bolívia, pediu que a democracia fosse respeitada e descreveu o que estava acontecendo como uma tentativa de golpe de Estado. De acordo com a agência francesa AFP, um porta-voz do Conselho de Segurança Nacional dos EUA disse que Washington estava monitorando de perto a situação na Bolívia, e pediu calma.

Os tumultos na praça de La Paz duraram cerca de três horas. Durante todo esse tempo, Arce estava dentro do palácio. Ele se dirigiu à nação e nomeou um novo comando do Exército, e pediu aos militares que deixassem a praça, enquanto Zúñiga e dois outros comandantes militares foram presos. Nove pessoas ficaram feridas na tentativa de golpe.

¨      Comércio Rússia-Índia cresce e atinge recordes apesar de preocupações dos EUA

Dados estudados pela Sputnik revelam que o volume do comércio bilateral atingiu US$ 23,1 bilhões somente no primeiro terço deste ano.

O volume de negócios entre a Rússia e a Índia aumentou 10%, atingindo um recorde nos primeiros quatro meses do ano, calculou a Sputnik com base em dados da alfândega indiana.

No final de janeiro-abril, as importações de produtos russos pelo país asiático aumentaram 10%, chegando a US$ 21,6 bilhões (R$ 119,25 bilhões). A Rússia foi a segunda principal exportadora de produtos para a Índia, atrás apenas da China, com suprimentos no valor de US$ 32,6 bilhões (R$ 180 bilhões).

As exportações de mercadorias da Índia, por sua vez, aumentaram 21%, chegando a US$ 1,6 bilhão (R$ 8,83 bilhões). Esse aumento acentuado permitiu que a Rússia subisse da 33ª para a 29ª posição entre os destinatários de produtos da Índia.

Como resultado, o volume de negócios comercial entre a Rússia e a Índia aumentou para US$ 23,1 bilhões (R$ 127,53 bilhões), contra US$ 21 bilhões (R$ 115,94 bilhões) nos primeiros quatro meses do ano passado, e a Rússia continua sendo o quarto parceiro comercial do país sul-asiático.

EUA preocupados com laços russo-indianos

Washington está interessado em desenvolver a cooperação tecnológica com a Índia, mas seus laços contínuos com a Rússia impedem isso em várias frentes, avaliou Kurt Campbell, vice-secretário de Estado dos EUA.

"Estamos comprometidos com o desenvolvimento de uma relação tecnológica muito mais profunda e forte entre os EUA e a Índia. Temos sido claros sobre as áreas afetadas pelo contínuo relacionamento militar e tecnológico entre a Índia e a Rússia", afirmou ele em uma reunião após sua visita à Índia.

O diplomata disse que os EUA estão expressando suas preocupações e elaborando medidas para compensar o impacto "negativo" da interação russo-indiana, mas ao mesmo tempo "têm confiança na Índia".

 

¨      Usina de Obninsk contribuiu para liderança global da Rússia em tecnologia nuclear, diz especialista

Por ocasião do 70º aniversário da construção da primeira usina nuclear do mundo, o especialista em energia nuclear Aleksei Anpilogov avaliou que a genialidade dos cientistas e acadêmicos soviéticos conduziram a Rússia de hoje para a excelência no uso da tecnologia nuclear para fins pacíficos.

A instalação nuclear de Obninsk, inaugurada em 26 de junho de 1954, apresentava um reator de 5 mWt para gerar eletricidade e facilitar a pesquisa atômica experimental e "na verdade anunciou a criação de uma nova indústria na União Soviética", disse Aleksei Anpilogov, cientista político e especialista em energia nuclear, à Sputnik.

O especialista elogiou "a genialidade dos acadêmicos soviéticos Igor Kurchatov e Nikolai Dollezhal, que perceberam o fato de que seu experimento para criar um reator para a produção de plutônio para armas poderia ser usado para fins pacíficos e na economia em tempos de paz".

"É seguro dizer que o programa nuclear russo se apoia nos ombros do programa soviético 'átomo pacífico', já bastante avançado", destacou.

A liderança mundial da Rússia em tecnologia nuclear é "simplesmente inegável agora, especialmente no contexto do encerramento das usinas nucleares na Alemanha, bem como de uma situação muito difícil com os programas nucleares do Japão e dos Estados Unidos", concluiu o especialista.

Para o especialista, a Rússia continua a ser o país preferido em termos de exportação de reatores nucleares por "uma série de parâmetros, incluindo um preço bastante razoável", executada pela corporação nuclear estatal Rosatom.

A Rússia continua a ser o líder mundial nas exportações de energia nuclear, que cresceram mais de 20% em 2022, de acordo com análises da Bloomberg do ano passado. A Rosatom fornece cerca de um quinto do urânio enriquecido necessário para alimentar 92 reatores nucleares nos EUA, enquanto na Europa as empresas de serviços públicos que geram eletricidade para 100 milhões de pessoas dependem da Rosatom, segundo a apuração.

A Usina Nuclear de Obninsk foi inaugurada em 26 de junho de 1954, no território do Laboratório B, que posteriormente se transformou no Instituto Leypunsky de Física e Engenharia de Energia, parte da divisão científica da Rosatom. Cerca de três anos após o lançamento, a instalação se tornou um símbolo global do uso pacífico da energia nuclear. A usina permaneceu em operação sem problemas por 48 anos, até ser desativada em 29 de abril de 2002.

 

¨      UE abre a caixa de Pandora ao procurar utilizar lucros provenientes de ativos russos

A decisão da União Europeia (UE) de financiar Kiev com 1,4 bilhão de euros (aproximadamente R$ 8,27 bilhões) proveniente dos lucros dos ativos russos congelados mostra que "o Ocidente continua roubando".

É o que afirmou o correspondente de guerra francês Laurent Brayard à Sputnik.

Ele também questionou a democracia na Europa, afirmando que quem toma as decisões está nos EUA.

"Isto mostrará aos países não-alinhados que os ocidentais não são pessoas de confiança, porque continuam roubando. É um mau sinal e, mais cedo ou mais tarde, tudo se voltará contra eles", explicou.

Estes fundos "servirão obviamente para continuar financiando" o conflito armado na Ucrânia, acrescentou o jornalista.

Por outro lado, a ministra das Relações Exteriores holandesa, Hanke Bruins Slot, confirmou que este 1,4 bilhão de euros seriam utilizados para comprar munições, artilharia, mísseis e sistemas de defesa aérea para a Ucrânia.

A UE e o Grupo dos Sete (G7) bloquearam ativos russos no valor de 300 bilhões de euros (aproximadamente R$ 1,7 trilhão), depositados em bancos ocidentais, desde o início da operação militar especial na Ucrânia em 24 de fevereiro de 2022. A operação tem como objetivo defender as repúblicas populares de Donetsk e Lugansk do genocídio cometido por Kiev e enfrentar os riscos de segurança nacional representados pelo avanço da OTAN em direção ao leste.

¨      Zelensky cria Forças de Sistemas Não Tripulados para desviar novos fundos do Ocidente

Vladimir Zelensky aprovou nesta quarta-feira (26) a criação das Forças de Sistemas Não Tripulados como um ramo separado das Forças Armadas da Ucrânia, em meio à operação militar especial russa. Mas por qual motivo o regime de Kiev precisa de uma nova tropa?

Zelensky ordenou a formação de um novo ramo militar exclusivamente focado no uso de sistemas não tripulados. O coronel Vadim Sukharevsky foi nomeado comandante da nova força, que tem como objetivo coordenar o uso de drones e sistemas robóticos em domínios terrestres, aéreos e marítimos.

A criação de um novo ramo militar proporcionou a Zelensky outra oportunidade para exigir mais dinheiro do Ocidente, avalia à Sputnik Aleksandr Mikhailov, chefe do Bureau de Análise Militar-Política (BVPA), um think-tank russo.

"Um ramo militar separado requer a alocação de financiamento separado do orçamento do Ministério da Defesa da Ucrânia. Como o departamento de defesa ucraniano é totalmente financiado pelo Ocidente coletivo, [a Ucrânia] enviará novas, e aumentadas, faturas aos seus curadores ocidentais para a criação dessa nova força", declarou.

O especialista vê pouco mérito em separar o comando dos sistemas de drones de outros ramos militares.

"Não se deve ver a Ucrânia como um tipo de modelo militar. Até onde sei, nem nos EUA, nem em Israel, nem nos países europeus há ramos militares separados para veículos não tripulados", enfatizou.

Já com relação à Rússia, as Forças Armadas do país têm implementado cada vez mais sistemas robóticos não tripulados em praticamente todos os ramos do Exército, de acordo com o analista. Mikhailov disse que os regimentos de fuzileiros russos "têm seus próprios pequenos drones, que fornecem reconhecimento de terreno e transmissão de dados de artilharia. Existem drones que essencialmente fornecem segurança adicional a veículos de combate que acompanham as tripulações" e outros que entregam munição às tropas.

O especialista apontou que várias outras corporações e empresas militares, incluindo a Almaz-Antey, a United Aircraft Corporation e a Russian Helicopters, também começaram a produção de novos sistemas não tripulados, que fizeram o país avançar e muito nessa área militar.

Embora a Rússia tenha empregado técnicas de guerra eletrônica pela primeira vez há mais de 100 anos, os desafios modernos impostos pelos sistemas não tripulados catalisaram o desenvolvimento de suas capacidades, de acordo com o analista.

"A Rússia tem a expertise científica e técnica para criar sistemas e complexos de guerra eletrônica. Agora há uma grande demanda por estações móveis de guerra eletrônica, sistemas portáteis que podem detectar drones inimigos e garantir a segurança tanto das unidades militares quanto dos veículos de combate individuais e combatentes", resumiu.

Segundo o especialista, o sucesso de um conflito que envolve o uso de drones não pode ser determinado pelo número de novos ramos militares, mas pela realidade no campo de batalha.

 

Fonte: Sputnik Brasil

 

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