Qual a importância de se exercitar na
gravidez? Veja benefícios e cuidados
A prática de
exercícios físicos é essencial para uma gestação saudável. A OMS (Organização
Mundial da Saúde) recomenda que gestantes façam, pelo menos, 150 minutos de
atividade física aeróbica e fortalecimento muscular de intensidade moderada
durante a semana, o que equivale a cerca de 21 minutos de exercícios por dia.
Mas por que se manter ativa durante a gravidez é tão importante?
De acordo com Natália
Megda Almeida, supervisora e fisioterapeuta do time Maternidade Segura do CEJAM
(Centro de Estudos e Pesquisas “Dr. João Amorim”), os exercícios físicos ajudam
a manter a boa forma física da mãe, promovem a manutenção da função
cardiopulmonar, auxiliam no controle do ganho de peso e reduzem o risco de
complicações como diabetes gestacional e pré-eclâmpsia.
“Eles também podem
facilitar o trabalho de parto e contribuir para uma recuperação mais rápida
após o parto”, afirma a profissional. No entanto, ela ressalta: “É essencial
que os exercícios sejam realizados de forma adequada e sob orientação e
autorização médica para garantir a segurança da mãe e do bebê.”
·
Benefícios dos
exercícios físicos para o pré e pós-parto
Segundo Almeida, os
benefícios da atividade física durante
a gravidez incluem:
- Redução do período sedentário durante a gravidez;
- Alívio das dores nas costas e articulações;
- Redução do risco de complicações durante a gestação e o
parto;
- Favorecimento de um estado emocional mais equilibrado.
Ainda de acordo com a
fisioterapeuta, os exercícios também podem oferecer benefícios para o
pós-parto, como:
- Auxílio na recuperação do corpo.
- Fortalecimento da musculatura pélvica e abdominal;
- Fortalecimento da autoestima da mulher após mudanças no
corpo.
“Os exercícios podem
ser praticados ao longo de toda a gravidez, ainda mais se a mulher já tinha uma
rotina de realização dos exercícios. Importante que sejam realizados de forma
cautelosa e sob autorização médica. Além disso, adaptar a intensidade e o tipo
de exercício conforme a gestação é fundamental”, orienta Almeida.
·
Quais exercícios podem
ser praticados por gestantes?
De acordo com a
especialista, exercícios de baixo impacto são indicados ao longo de toda a
gravidez, como caminhada, ioga e pilates. “Quando a gravidez já está
avançada deve seguir com a rotina de exercícios, mas os objetivos são para
preparar o corpo dessa mulher para o trabalho de parto e garantir o bem-estar
dela e do bebê”, afirma.
Para as gestantes que
pretendem realizar o parto normal, a rotina de exercícios tem como objetivo
facilitar o trabalho de parto. Nesse caso, a caminhada pode facilitar a
flexibilidade e aumentar o ritmo das contrações, sendo recomendado realizá-la
regularmente por, pelo menos, cerca de 30 minutos ao dia.
Para as futuras mães
que gostam de praticar musculação, a modalidade também
é segura durante a gestação, desde que seja feita com o acompanhamento de um
profissional qualificado. “Os exercícios de musculação podem ajudar a
fortalecer os músculos pélvicos que suportam o peso adicional da gravidez, além
de contribuir para o bem-estar geral e preparar o corpo para o parto”, explica
Almeida.
Nesse caso, o
agachamento e a inclinação pélvica são recomendados para fortalecer os músculos
que serão utilizados durante o parto e para ajudar na mobilidade da pelve. “É
importante adaptar os exercícios de acordo com as necessidades individuais e o
estágio da gravidez, evitando movimentos que coloquem em risco a mãe e o bebê”,
enfatiza a fisioterapeuta.
Por fim, exercícios de
mobilidade que utilizam bola de pilates e exercícios respiratórios podem ajudar
no trabalho de parto.
·
E no pós-parto? Quais
exercícios são indicados?
O puerpério é um período de
grandes mudanças físicas, emocionais e sociais para a mãe, o bebê e a família.
Durante esse tempo de recuperação, é importante que a mãe se mantenha ativa,
realizando caminhadas e seguindo uma alimentação balanceada, além de contar com
a ajuda da rede de apoio, diz Almeida.
“Os exercícios de
Kegel são indicados para fortalecer os músculos do assoalho pélvico que dão
suporte à bexiga, intestino e útero. Podem ser feitos pelo menos 3 vezes por
dia e vão facilitar o retorno às atividades de vida diária dessa mãe”, orienta.
¨ Gestante que faz caminhadas tem menor risco de precisar de uma
cesárea
A gestante que
caminha com regularidade tem menor risco de acabar em uma cesárea. Pelo
menos é o que revela um novo estudo feito pelo Hospital Rambam Heatlh Care
Campus, em Israel. Manter-se ativa, diz a pesquisa, impacta positivamente na saúde
da grávida e do bebê e a via de parto.
Para chegar a essa
conclusão, os pesquisadores acompanharam, entre janeiro e julho de 2023, 401
mulheres com gravidez única e que
desejavam ter um parto normal. O número de passos diários das participantes foi
contabilizado por meio de um aplicativo de celular. Segundo o estudo, conforme
a gestação avançava, foi possível notar a queda gradual na quantidade de passos dados diariamente. As voluntárias
chegaram a à média de 3.184, 2.700 e 2.152 no primeiro, segundo e terceiro
semestres da gestação, respectivamente.
“Esses dados foram
relacionados com os resultados perinatais, ou seja, do período que compreende a
gravidez, o parto e o puerpério, e os resultados adaptados a idade, IMC (Índice
de Massa Corporal) e histórico obstétrico das participantes. Foi possível concluir
que as mais ativas, que chegaram a 3 mil passos diários, aproximadamente,
tiveram uma redução significativa na realização de cesáreas e na incidência de
diabetes gestacional, hipertensão gestacional e pré-eclâmpsia. Essas mulheres
também fizeram um menor uso de anestesia peridural e tiveram menos hemorragia
pós-parto”, explica o professor Ron Beloosesky, diretor da Unidade de Ultrassom
Pré-natal do hospital em Israel e um dos autores do estudo.
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Mais passos, menos intervenções no parto
De acordo com o
estudo, as voluntárias com a média de 3 mil passos diários usaram menos
anestesias epidurais do que as que andaram 2.600 passos por dia. Também foi
possível notar menos complicações resultantes de sangramento pós-parto naquelas
que deram 2.800 passos por dia, se comparadas com as que deram 2.160 passos.
Já os riscos de pré-eclâmpsia e diabetes gestacional diminuíram em mulheres que
conseguiram chegar a 2.829 passos todos os dias. As gestantes que andaram cerca
de 2.098 passos diários se tornaram mais propensas ao parto cesárea do que as
que contabilizaram 2.821, em média.
O estudo israelense
confirmou o que já havia sido apontado em trabalhos anteriores: o importante
papel da atividade física contra a diabetes gestacional e a hipertensão
arterial, as principais doenças presentes na gravidez. “Isso acontece porque os
exercícios melhoram a performance do coração e da circulação sanguínea e
facilitam a entrada da glicose nas células, evitando que ela fique em excesso
na circulação e passe para o bebê”, explica Romulo Negrini, coordenador médico
da obstetrícia e medicina fetal do Hospital Israelita Albert Einstein.
“Agora temos
demonstrada também a relação entre a prática diária de esportes e a menor taxa
de cesariana, que sabidamente apresenta mais complicações do que o parto
vaginal”, acrescenta o médico.
De acordo com Negrini,
mais do que apontar todos os ganhos obtidos pelas grávidas que se mantêm
ativas, o trabalho evidenciou a quantidade mínima de caminhada nessa fase para
que se possa obter benefícios, que é de ao menos 2.094 passos por dia. Isso pode
ser atingido não só pela prática de atividades físicas, mas também optando por
ir e voltar a pé do trabalho, da padaria ou do mercado, por exemplo, ou mesmo
trocando o elevador pelas escadas.
De forma geral, apesar
de a pesquisa ter contabilizado de forma tão precisa o número de passos
indicado para as gestantes, o recomendado é que esse valor seja utilizado como
uma média e que as gestantes tenham consciência de que cada passo faz diferença
e que o mais importante é se manterem ativas.
Os médicos ouvidos
pela Agência Einstein ressaltam que, nessa fase da vida da mulher, é essencial
prestar atenção em alguns detalhes. “O segundo trimestre é o melhor para a
prática de exercícios mais intensos, pois no primeiro é preciso um cuidado
redobrado, já que acontece a maior parte da formação dos órgãos do feto. No
terceiro trimestre, o feto está maior e a gestante pode sentir mais dor lombar,
fase em que o ideal é que a intensidade seja moderada”, orienta o ortopedista e
traumatologista especializado em medicina do esporte Victor Matsudo, diretor
científico do Centro de Estudos do Laboratório de Aptidão Física de São Caetano
do Sul (Cefaliscs), em São Paulo.
Matsudo também chama a
atenção para a importância de as gestantes conhecerem a forma como seu
organismo reage a estímulos e, numa escala de 0 a 10, não ultrapassar 6. “Um
bom parâmetro é que ela consiga conversar tranquilamente durante a prática.
Além disso, é preciso ficar atenta para que a sua temperatura corporal não suba
muito, o que, segundo alguns estudos, pode provocar a má-formação fetal”,
adverte o ortopedista.
“Outro ponto
importantíssimo é manter a frequência cardíaca abaixo de 140 batimentos por
minuto, pois isso pode afetar o fluxo da placenta e consequentemente a nutrição
do bebê”, acrescenta Negrini.
·
Qual atividade é bom fazer?
Os especialistas
afirmam que, a princípio, nenhuma atividade física é contraindicada na
gravidez. A gestante deve procurar aquela que mais a satisfaz e de preferência
contar com a orientação e supervisão de um profissional de educação física.
“Entretanto, após o quinto mês, modalidades que envolvem o contato físico
intenso, como futebol e artes marciais, devem ser evitadas, pois podem levar a
traumas abdominais, riscos consequentes de descolamento da placenta e, em casos
mais graves, até a ruptura do útero”, alerta Negrini.
Já as grávidas que
apresentam quadros como pressão alta de difícil controle, ruptura muito precoce
das membranas, alterações de ritmo e frequência cardíacas, pré-eclâmpsia ou
algum quadro infeccioso devem consultar um médico antes de começar a atividade física.
Aliás, conversar com o seu obstetra e fazer um acompanhamento bem de perto é
muito importante para que as gestantes se mantenham ativas.
Fonte: CNN Brasil
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