sexta-feira, 31 de maio de 2024

Qual a importância de se exercitar na gravidez? Veja benefícios e cuidados

A prática de exercícios físicos é essencial para uma gestação saudável. A OMS (Organização Mundial da Saúde) recomenda que gestantes façam, pelo menos, 150 minutos de atividade física aeróbica e fortalecimento muscular de intensidade moderada durante a semana, o que equivale a cerca de 21 minutos de exercícios por dia. Mas por que se manter ativa durante a gravidez é tão importante?

De acordo com Natália Megda Almeida, supervisora e fisioterapeuta do time Maternidade Segura do CEJAM (Centro de Estudos e Pesquisas “Dr. João Amorim”), os exercícios físicos ajudam a manter a boa forma física da mãe, promovem a manutenção da função cardiopulmonar, auxiliam no controle do ganho de peso e reduzem o risco de complicações como diabetes gestacional e pré-eclâmpsia.

“Eles também podem facilitar o trabalho de parto e contribuir para uma recuperação mais rápida após o parto”, afirma a profissional. No entanto, ela ressalta: “É essencial que os exercícios sejam realizados de forma adequada e sob orientação e autorização médica para garantir a segurança da mãe e do bebê.”

·        Benefícios dos exercícios físicos para o pré e pós-parto

Segundo Almeida, os benefícios da atividade física durante a gravidez incluem:

  • Redução do período sedentário durante a gravidez;
  • Alívio das dores nas costas e articulações;
  • Redução do risco de complicações durante a gestação e o parto;
  • Favorecimento de um estado emocional mais equilibrado.

Ainda de acordo com a fisioterapeuta, os exercícios também podem oferecer benefícios para o pós-parto, como:

  • Auxílio na recuperação do corpo.
  • Fortalecimento da musculatura pélvica e abdominal;
  • Fortalecimento da autoestima da mulher após mudanças no corpo.

“Os exercícios podem ser praticados ao longo de toda a gravidez, ainda mais se a mulher já tinha uma rotina de realização dos exercícios. Importante que sejam realizados de forma cautelosa e sob autorização médica. Além disso, adaptar a intensidade e o tipo de exercício conforme a gestação é fundamental”, orienta Almeida.

·        Quais exercícios podem ser praticados por gestantes?

De acordo com a especialista, exercícios de baixo impacto são indicados ao longo de toda a gravidez, como caminhadaioga e pilates. “Quando a gravidez já está avançada deve seguir com a rotina de exercícios, mas os objetivos são para preparar o corpo dessa mulher para o trabalho de parto e garantir o bem-estar dela e do bebê”, afirma.

Para as gestantes que pretendem realizar o parto normal, a rotina de exercícios tem como objetivo facilitar o trabalho de parto. Nesse caso, a caminhada pode facilitar a flexibilidade e aumentar o ritmo das contrações, sendo recomendado realizá-la regularmente por, pelo menos, cerca de 30 minutos ao dia.

Para as futuras mães que gostam de praticar musculação, a modalidade também é segura durante a gestação, desde que seja feita com o acompanhamento de um profissional qualificado. “Os exercícios de musculação podem ajudar a fortalecer os músculos pélvicos que suportam o peso adicional da gravidez, além de contribuir para o bem-estar geral e preparar o corpo para o parto”, explica Almeida.

Nesse caso, o agachamento e a inclinação pélvica são recomendados para fortalecer os músculos que serão utilizados durante o parto e para ajudar na mobilidade da pelve. “É importante adaptar os exercícios de acordo com as necessidades individuais e o estágio da gravidez, evitando movimentos que coloquem em risco a mãe e o bebê”, enfatiza a fisioterapeuta.

Por fim, exercícios de mobilidade que utilizam bola de pilates e exercícios respiratórios podem ajudar no trabalho de parto.

·        E no pós-parto? Quais exercícios são indicados?

puerpério é um período de grandes mudanças físicas, emocionais e sociais para a mãe, o bebê e a família. Durante esse tempo de recuperação, é importante que a mãe se mantenha ativa, realizando caminhadas e seguindo uma alimentação balanceada, além de contar com a ajuda da rede de apoio, diz Almeida.

“Os exercícios de Kegel são indicados para fortalecer os músculos do assoalho pélvico que dão suporte à bexiga, intestino e útero. Podem ser feitos pelo menos 3 vezes por dia e vão facilitar o retorno às atividades de vida diária dessa mãe”, orienta.

 

¨      Gestante que faz caminhadas tem menor risco de precisar de uma cesárea

A gestante que caminha com regularidade tem menor risco de acabar em uma cesárea. Pelo menos é o que revela um novo estudo feito pelo Hospital Rambam Heatlh Care Campus, em Israel. Manter-se ativa, diz a pesquisa, impacta positivamente na saúde da grávida e do bebê e a via de parto.

Para chegar a essa conclusão, os pesquisadores acompanharam, entre janeiro e julho de 2023, 401 mulheres com gravidez única e que desejavam ter um parto normal. O número de passos diários das participantes foi contabilizado por meio de um aplicativo de celular. Segundo o estudo, conforme a gestação avançava, foi possível notar a queda gradual na quantidade de passos dados diariamente. As voluntárias chegaram a à média de 3.184, 2.700 e 2.152 no primeiro, segundo e terceiro semestres da gestação, respectivamente.

“Esses dados foram relacionados com os resultados perinatais, ou seja, do período que compreende a gravidez, o parto e o puerpério, e os resultados adaptados a idade, IMC (Índice de Massa Corporal) e histórico obstétrico das participantes. Foi possível concluir que as mais ativas, que chegaram a 3 mil passos diários, aproximadamente, tiveram uma redução significativa na realização de cesáreas e na incidência de diabetes gestacional, hipertensão gestacional e pré-eclâmpsia. Essas mulheres também fizeram um menor uso de anestesia peridural e tiveram menos hemorragia pós-parto”, explica o professor Ron Beloosesky, diretor da Unidade de Ultrassom Pré-natal do hospital em Israel e um dos autores do estudo.

·        Mais passos, menos intervenções no parto

De acordo com o estudo, as voluntárias com a média de 3 mil passos diários usaram menos anestesias epidurais do que as que andaram 2.600 passos por dia. Também foi possível notar menos complicações resultantes de sangramento pós-parto naquelas que deram 2.800 passos por dia, se comparadas com as que deram 2.160 passos.
Já os riscos de pré-eclâmpsia e diabetes gestacional diminuíram em mulheres que conseguiram chegar a 2.829 passos todos os dias. As gestantes que andaram cerca de 2.098 passos diários se tornaram mais propensas ao parto cesárea do que as que contabilizaram 2.821, em média.

O estudo israelense confirmou o que já havia sido apontado em trabalhos anteriores: o importante papel da atividade física contra a diabetes gestacional e a hipertensão arterial, as principais doenças presentes na gravidez. “Isso acontece porque os exercícios melhoram a performance do coração e da circulação sanguínea e facilitam a entrada da glicose nas células, evitando que ela fique em excesso na circulação e passe para o bebê”, explica Romulo Negrini, coordenador médico da obstetrícia e medicina fetal do Hospital Israelita Albert Einstein.

“Agora temos demonstrada também a relação entre a prática diária de esportes e a menor taxa de cesariana, que sabidamente apresenta mais complicações do que o parto vaginal”, acrescenta o médico.

De acordo com Negrini, mais do que apontar todos os ganhos obtidos pelas grávidas que se mantêm ativas, o trabalho evidenciou a quantidade mínima de caminhada nessa fase para que se possa obter benefícios, que é de ao menos 2.094 passos por dia. Isso pode ser atingido não só pela prática de atividades físicas, mas também optando por ir e voltar a pé do trabalho, da padaria ou do mercado, por exemplo, ou mesmo trocando o elevador pelas escadas.

De forma geral, apesar de a pesquisa ter contabilizado de forma tão precisa o número de passos indicado para as gestantes, o recomendado é que esse valor seja utilizado como uma média e que as gestantes tenham consciência de que cada passo faz diferença e que o mais importante é se manterem ativas.

Os médicos ouvidos pela Agência Einstein ressaltam que, nessa fase da vida da mulher, é essencial prestar atenção em alguns detalhes. “O segundo trimestre é o melhor para a prática de exercícios mais intensos, pois no primeiro é preciso um cuidado redobrado, já que acontece a maior parte da formação dos órgãos do feto. No terceiro trimestre, o feto está maior e a gestante pode sentir mais dor lombar, fase em que o ideal é que a intensidade seja moderada”, orienta o ortopedista e traumatologista especializado em medicina do esporte Victor Matsudo, diretor científico do Centro de Estudos do Laboratório de Aptidão Física de São Caetano do Sul (Cefaliscs), em São Paulo.

Matsudo também chama a atenção para a importância de as gestantes conhecerem a forma como seu organismo reage a estímulos e, numa escala de 0 a 10, não ultrapassar 6. “Um bom parâmetro é que ela consiga conversar tranquilamente durante a prática. Além disso, é preciso ficar atenta para que a sua temperatura corporal não suba muito, o que, segundo alguns estudos, pode provocar a má-formação fetal”, adverte o ortopedista.

“Outro ponto importantíssimo é manter a frequência cardíaca abaixo de 140 batimentos por minuto, pois isso pode afetar o fluxo da placenta e consequentemente a nutrição do bebê”, acrescenta Negrini.

·        Qual atividade é bom fazer?

Os especialistas afirmam que, a princípio, nenhuma atividade física é contraindicada na gravidez. A gestante deve procurar aquela que mais a satisfaz e de preferência contar com a orientação e supervisão de um profissional de educação física. “Entretanto, após o quinto mês, modalidades que envolvem o contato físico intenso, como futebol e artes marciais, devem ser evitadas, pois podem levar a traumas abdominais, riscos consequentes de descolamento da placenta e, em casos mais graves, até a ruptura do útero”, alerta Negrini.

Já as grávidas que apresentam quadros como pressão alta de difícil controle, ruptura muito precoce das membranas, alterações de ritmo e frequência cardíacas, pré-eclâmpsia ou algum quadro infeccioso devem consultar um médico antes de começar a atividade física. Aliás, conversar com o seu obstetra e fazer um acompanhamento bem de perto é muito importante para que as gestantes se mantenham ativas.

 

Fonte: CNN Brasil

 

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