quinta-feira, 30 de maio de 2024

CASA CAIU: Pastor acusado de violentar dezenas de jovens fieis é preso em Goiás

A Polícia Civil de Goiás prendeu nesta terça-feira (28) o pastor evangélico Dagmar José Pereira por importunação sexual e estupro de vulnerável. De acordo com a Delegacia Especializada em Atendimento à Mulher (Deam) de Senador Canedo, no interior do Estado, ele é acusado de se aproveitar da sua condição de líder espiritual para cometer os mais de 50 crimes pelos quais é acusado.

Dagmar é ligado ao Ministério de Anápolis (GO) da Igreja Evangélica Assembleia do Reino de Deus. Segundo as denúncias, tinha o costume de violentar os jovens que frequentavam a instituição. De acordo com o site Fuxico Gospel, especializado em notícias do meio evangélico, são mais de 50 vítimas e o pastor foi alvo de um mandado de prisão preventiva e deve ficar à disposição da Justiça enquanto as investigações são concluídas.

As denúncias começaram a aparecer nas redes sociais em 15 de maio por meio de um perfil identificado como “Isabella Sâmara” que reuniu e difundiu os relatos das vítimas. No mesmo dia, a titular do perfil participou de uma live com um advogado que garantiu que seu escritório entraria no caso para pedir a prisão do pastor.

O nome de Dagmar só foi revelado na quinta-feira, 16 de maio, quando a denúncia foi formalizada. Dois dias depois ele já era investigado pelas autoridades.

A Polícia Civil realizou uma série de diligências para apurar o caso e descobriu que Dagmar tinha um método. Primeiro, ele utilizava sua posição de líder religioso e espiritual, que conferia confiança junto às famílias, para assumir um papel de ‘conselheiro dos jovens’. Uma vez com acesso às crianças e adolescentes, fazia suas vítimas.

Os crimes são praticados há décadas e as vítimas são meninas e meninos, alguns menores de 18 anos, de diversas regiões do país. Ouvidas pela polícia, as vítimas relataram desde beijos de língua forçados até o sexo oral forçado – e tudo o mais que esteja entre ambos os delitos, como carícias em partes íntimas e toques no órgão genital do líder religioso.

O pastor percorreu vários estados durante a sua trajetória de líder religioso. Dagmar José Pereira começou sua carreira na Igreja Assembleia do Reino de Deus em Parauapebas, no Pará, como líder jovem. Já naquele momento ele teria cometido abusos e foi transferido pela liderança da instituição após rumores de assédios contra fiéis.

“No início ele era um ótimo líder de jovens e tinha capacidade de fazer os jovens se aproximarem dele e da igreja. Mas um belo dia ele me chamou na casa dele. Ele morava do lado da igreja. Eu, inocente, fui. E as vezes em que isso aconteceu foram todas no susto. Essa foi a primeira vez, mas tiveram outras. Quando eu entrei no quarto ele foi e me beijou. Um beijo de novela [de língua]. Eu tinha 12 anos, fiquei chocada. Mas teve outro dia com uma oração pela noite, tipo uma vigília, e nesse dia acabou a energia. Eu estava do lado dele quando caiu a luz e ele me chamou: ‘vem cá’. Eu fui, de novo, na inocência. Gente, foi dentro da igreja”, relatou uma das vítimas.

Mas esses primeiros crimes não impediram que Dagmar ganhasse prestígio na igreja e deixasse de ser um líder jovem para se tornar pastor. Conforme apontam as denúncias, ele teria continuado fazendo vítimas em todos os lugares por onde passou como líder religioso até chegar a Senador Canedo, Goiás.

Em Parauapebas, onde residiu entre 2007 e 2016, o pastor fez vítimas de 11 e 12 anos. Já em Senador Canedo as vítimas tinham pelo menos 12 anos. Mas ele também abusou de maiores de 18.

Mas antes mesmo de entrar para a igreja, ainda em 2005, ele foi indiciado por um estupro contra um adolescente de 14 anos. O inquérito foi de responsabilidade da Delegacia de Nerópolis, também em Goiás.

Não localizamos o pastor Dagmar ou sua defesa. Tampouco encontramos pronunciamentos na imprensa. Caso queiram se manifestar, o espaço está aberto.

•        Assembleia de Deus

Apesar do nome ser parecido, a Assembleia do Reino de Deus não é a igreja do famoso pastor bolsonarista Silas Malafaia, que é ligado à Assembleia de Deus Vitória em Cristo. As duas instituições, no entanto, fazem parte do mesmo movimento evangélico, o da Fraternidade Mundial das Assembleias de Deus, surgido no início do século XX.

 

•        Bola de Neve: líder se pronuncia após graves acusações de Rodolfo, ex-Raimundos

Em meio a um crescente número de relatos em redes sociais, a Igreja Bola de Neve se manifestou na última quinta-feira (23) sobre as denúncias de abuso religioso feitas por ex-membros da congregação. As acusações, que envolvem pastores e líderes da igreja, expõem um histórico de comportamentos abusivos que teriam causado sofrimento a diversos ex-fiéis, entre eles Rodolfo Abrantes, ex-Raimundos e sua esposa.

As denúncias ganharam novos contornos com o relato dos Abrantes. O casal, que já havia se manifestado em redes sociais, decidiu detalhar as experiências vividas durante o tempo em que frequentaram a igreja. Além dois dois, Márcio Bieda Junior e Thiago Santana, também ex-fiéis da instituição, decidiram expor o que passaram em uma live na internet, ganhando ainda mais apoio de outros ex-membros.

Em nota oficial, a instituição diz que “está ciente dos relatos” e que “os trabalhos sempre foram feitos em uma conduta transparente e honesta para que o resultado final fosse a transformação da sociedade”.  As redes sociais do apóstolo Rina, líder da Igreja Bola de Neve, se tornaram um palco de polarização em meio às denúncias de abuso religioso. Com os comentários restritos a seguidores, as publicações do apóstolo recebem mensagens de apoio de fiéis ligados à liderança da igreja, enquanto ex-membros da congregação tecem duras críticas.

<><> Leia a nota na íntegra:

"A Igreja Bola de Neve lamenta profundamente o descontentamento e a repercussão de notícias e materiais nas mídias sociais que expõem o desagrado de pessoas que já frequentaram a instituição.

Ao longo dos 25 anos de atuação do ministério e com mais de 500 igrejas espalhadas no Brasil e mundo, os trabalhos sempre foram feitos em uma conduta transparente e honesta para que o resultado final fosse a transformação da sociedade.

O coração e as obras de todos continuam iguais: servir a Deus e a comunidade da melhor forma possível.

Como ministério, a Igreja Bola de Neve está se esforçando para ser aperfeiçoada em gestão, base doutrinária, capacitação de obreiros e, principalmente, no temor à Deus.

Quem perde neste cenário tão triste são milhares de pessoas que já foram ou teriam a chance de serem transformadas pelo poder de Deus."

•        Relembre as denúncias

Como mostrou uma reportagem da Fórum, o caso vem tomando grandes proporções. Após 13 anos, o músico Rodolfo Abrantes e sua esposa, Alexandra Abrantes, relataram experiências abusivas que sofreram enquanto membros da Igreja em Balneário Camboriú, Santa Catarina. As denúncias foram feitas nas redes sociais na última quarta-feira (22). Abrantes, que liderou a banda Raimundos até 2001, relatou ter sido "cancelado" pela congregação, com suas músicas banidas dos cultos.

Ele e Alexandra também foram acusados de dívidas inexistentes e sofreram ataques psicológicos. A polêmica surgiu após denúncias de ex-fiéis sobre desvio de recursos pela Igreja Bola de Neve, nas redes sociais. As acusações dos internautas apontam para o desvio de dízimos e outras doações para o benefício pessoal dos pastores.

A esposa de Rodolfo fez o relato nos comentários de um dos acusadores: "Que vergonha dessa Bola de Neve. Queria poder mencionar o ‘@’, mas estou bloqueada. Talvez esteja bloqueada para não expôr (mais ainda) os abusos e manipulações que sofri quando era ‘membra’". Ela continua: "Se tem UMA COISA QUE EU ME ARREPENDO nessa vida, foi ter sido 'parte' da Bola de neve Balneário Camboriú". O desvio de recursos de doações feitas por membros da igreja para o Instituto para Empreendedora (IPE), uma organização supostamente ligada à Bola de Neve, também está entre os principais relatos. Segundo Bieda Júnior e Thiago Santana, os recursos doados foram desviados para beneficiar as famílias dos pastores Ana e Natanael.

“As pessoas que doaram R$15.000, R$10.000, R$5.000 começaram a nos procurar denunciando que foram enganadas pelos pastores”, diz Bieda. O IPE funciona como uma extensão do projeto Casa das Anas. É um abrigo para mulheres vítimas de violência, mantido com verbas públicas da prefeitura e dirigido por uma pastora da igreja. No entanto, os recursos foram usados na montagem do salão de beleza dos filhos dos pastores, o Ipê Beauty, e não destinados para a instituição de acolhimento às mulheres, de acordo com os ex-membros.

Além dessas acusações, ex-fiéis da congregação ainda expõem novas irregularidades que configuram possível exploração de trabalhadores, desvio de verbas e crimes trabalhistas, visto que os trabalhadores das cantinas atuariam de forma voluntária. Marcio Bieda utilizou o Instagram para compartilhar as prints de mensagens e desabafos de outros ex-membros, além de gravar uma live com Thiago Santana em seu perfil.

•        Bolsonarista entre os envolvidos no estelionato

As denúncias emergem durante a pré-campanha eleitoral do pastor Peeter Lee Grando (PL), auxiliar do Bola de Neve e ainda pouco conhecido na política, que se lança como pré-candidato a prefeito em Balneário Camboriú, pelo Partido Liberal. Ele defende os dois líderes religiosos acusados e diz em nota que é “tudo orquestrado”.

“Tudo muito articulado no tempo e no conteúdo. Contudo não acredito que o objetivo dessas pessoas será alcançado, pois pauto minha conduta pelos mais sólidos valores morais e éticos, o que me deixa a consciência tranquila. Agora, conheço a idoneidade dos meus pastores e da igreja que congrego há 20 anos. A tentativa de os atacarem para me atingir é covarde e dá claros sinais da velha política que me posiciono totalmente contra”, declara.

De acordo com informações do Folha Gospel, o Ministério Público de Balneário Camboriú (MPSC) abriu uma investigação para apurar denúncias de supostas irregularidades envolvendo a igreja Bola de Neve nesta quinta-feira (23). Jean Michel Forest é o promotor de moralidade administrativa em Balneário Camboriú, e declarou que seu gabinete analisará as denúncias veiculadas na imprensa local.

 

Fonte: Fórum

 

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