Líderes mundiais criticam relatório de
direitos humanos dos EUA
O México e a Rússia
criticaram o relatório do departamento de Estado dos Estados Unidos sobre
direitos humanos ao redor do mundo publicados na segunda-feira (22).
"Avaliamos
negativamente o relatório do Departamento de Estado sobre a situação dos
direitos humanos no mundo em 2023", afirmou a embaixada russa em
Washington.
"Mais uma
tentativa de impor os valores americanos à comunidade internacional",
disse o corpo diplomático.
"Rejeitamos
categoricamente estas acusações. Esta não é a primeira vez que Washington joga
a carta dos direitos humanos em tentativas vãs de desestabilizar a situação
política interna da Rússia", disse a embaixada.
A Rússia ainda alerta
que Washington ignora as "violações flagrantes dos direitos e liberdades
fundamentais por parte do regime de Kiev", enquanto tenta "desafiar a
legalidade da operação especial na Ucrânia".
Os Estados Unidos
deveriam "incluir no relatório uma seção separada dedicada à situação dos
direitos humanos nos próprios EUA", concluiu a embaixada russa.
Da mesma forma, o
México contestou o documento, que atribuiu ao país uma visão sombria sobre a
defesa dos direitos humanos pela impunidade em homicídios, sequestros e tráfico
de pessoas e também pela estigmatização de jornalistas e meio de comunicação "por
parte dos políticos", diz o relatório.
"[Os EUA] se
posicionam como juízes do mundo", argumentou o presidente mexicano Andrés
Manuel López Obrador, que disse que os líderes em Washington "não estão
acostumados a respeitar a soberania do povo".
Obrador exigiu ainda
respeito mútuo na relação bilateral: "Nós os respeitamos, eles deviam nos
respeitar", disse, enquanto evidenciou os flagrantes de perseguição e
violação dos direitos humanos nos Estados Unidos.
"Nós não lhes
dizemos: por que vocês têm um candidato [Donald Trump] assediado nos tribunais?
Por que vocês alocam bilhões de dólares para a guerra? Por que vocês não
libertam Assange, que foi preso injustamente?"
O presidente mexicano
também se referiu às mais de 100 mil mortes por overdose de drogas sintéticas e
aos maus-tratos infligidos a centenas de milhares de migrantes
latino-americanos e caribenhos.
¨ A crescente tensão em universidades dos EUA após prisões de
alunos em protestos contra guerra em Gaza
Uma nova onda de
protestos estudantis contra a guerra em Gaza está se espalhando pelos campi universitários dos Estados Unidos, levando
a detenções em massa de estudantes.
As manifestações se
espalharam da Universidade de Columbia,
onde um campo de protesto foi desmantelado e mais de 100 pessoas foram detidas,
até Yale e outras instituições superiores do país, enquanto as autoridades
procuram formas de controlá-las.
Na noite de
segunda-feira (22/4), a polícia agiu para dispersar um protesto na Universidade
de Nova York (NYU) e fez várias prisões.
No mesmo dia, dezenas
de estudantes foram detidos em Yale, enquanto a Columbia cancelou as aulas
presenciais.
Há acampamentos de
manifestantes na Universidade da Califórnia em Berkeley, no Instituto de
Tecnologia de Massachusetts (MIT) e em outras universidades importantes do
país.
Manifestações e
debates acalorados sobre a ofensiva de Israel em Gaza e sobre a liberdade de
expressão abalaram os campi dos EUA desde o ataque do Hamas a
Israel em 7 de outubro, o que deu início à campanha militar israelense em Gaza.
Quando questionado
sobre os protestos universitários na segunda-feira, o presidente dos EUA, Joe
Biden, disse que condenava tanto "os protestos antissemitas" como
"aqueles que não compreendem o que está acontecendo com os
palestinos".
·
Cerimônias de
formatura em dúvida
As autoridades dessas
prestigiadas universidades estão tendo dificuldade de acalmar os ânimos nos
seus campi e, na maior parte dos casos, falharam nessa
tentativa.
Há preocupação com as
próximas cerimônias de formatura.
A Universidade do Sul
da Califórnia (USC) atraiu críticas e protestos na semana passada quando
cancelou o tradicional discurso de formatura da oradora da turma, uma muçulmana
que defendeu os palestinos.
Um dia depois, a USC
anunciou que também não teria os habituais oradores e nem homenageados na
cerimônia que costuma reunir 65 mil pessoas no campus.
Já a Universidade de
Michigan anunciou no seu site que designará uma zona especial para ativistas
ficarem — fora dos locais onde serão realizadas as cerimônias de formatura.
A universidade
acrescentou que não iria impedir protestos pacíficos, mas assegurou que tomaria
iniciativas caso as manifestações trouxessem alguma conduta ilegal.
·
Tensão nas
universidades
Os protestos nos campi estiveram
no centro das atenções desde a semana passada, depois que a polícia da cidade
de Nova York foi enviada ao campus da Universidade de
Columbia, onde prendeu mais de 100 manifestantes.
Em um comunicado
divulgado na segunda-feira (22), a Columbia anunciou que todas as aulas seriam
realizadas virtualmente.
A presidente da
instituição, Minouche Shafik, citou incidentes de “comportamento intimidador e
de assédio”.
Shakif afirmou que as
tensões foram “exploradas e amplificadas por indivíduos não afiliados a
Columbia que vieram ao campus para promover as suas próprias
agendas”.
Na Universidade de
Nova York (NYU), ativistas montaram tendas em frente à escola de negócios Stern
School of Business Administration.
Assim como aconteceu
em outras universidades, os manifestantes da NYU exigem que os gestores da
instituição divulguem e retirem "o financiamento e as doações recebidas de
produtores de armas e empresas com interesses na ocupação israelense".
No cair da noite de
segunda-feira, a polícia começou a prender manifestantes no local.
Horas antes, quase 50
ativistas foram presos na Universidade de Yale, em New Haven, Connecticut, onde
as autoridades disseram que centenas de pessoas estavam reunidas.
·
Acusações de
antissemitismo
A Universidade de Nova
York afirma ter recebido relatos de "cânticos intimidadores e vários
incidentes antissemitas".
Vídeos divulgados
recentemente parecem mostrar alguns manifestantes perto de Columbia expressando
apoio ao ataque do Hamas a Israel.
A parlamentar
democrata Kathy Manning, que visitou Columbia na segunda-feira, disse ter visto
manifestantes pedindo a destruição de Israel.
O grupo hassídico
Chabad, da Universidade de Columbia, disse que estudantes judeus foram
submetidos a gritos e retórica ofensiva.
Também foi relatado
que um rabino afiliado à universidade enviou uma mensagem a 300 estudantes
judeus em Columbia, aconselhando-os a evitar o campus até que
a situação "melhorasse dramaticamente".
Membros de grupos de
protesto que emitiram declarações públicas negam antissemitismo, defendendo que
suas críticas são direcionadas ao Estado de Israel e aos seus defensores.
Em um comunicado no
último domingo (21), o grupo "Estudantes de Columbia pela Justiça na
Palestina" disse que "rejeita firmemente qualquer forma de ódio ou
discriminação" e criticou "pessoas exaltadas que não nos representam".
·
Na mira do Congresso
Em sua declaração,
Shafik afirmou que seria criado um grupo de trabalho em Columbia para “alcançar
uma resolução para esta crise”.
A universidade e
Shafik, que na semana passada viajou para o Capitólio, em Washington, para
testemunhar perante uma comissão do Congresso sobre os esforços da universidade
para enfrentar o antissemitismo, estão sendo convocadas para resolver a
situação.
Um grupo de
parlamentares, liderado pela deputada republicana de Nova York Elise Stefanik,
assinou uma carta na segunda-feira pedindo a renúncia de Shafik devido ao que
Stefanik descreveu como "o fracasso em pôr fim à horda de estudantes e
agitadores que incitam atos de terrorismo contra os estudantes judeus".
Em uma carta publicada
online, a republicana da Carolina do Norte Virginia Foxx, que preside a
Comissão de Educação da Câmara, escreveu que "o contínuo fracasso de
Columbia em restaurar a ordem e a segurança" constitui uma violação das
obrigações que condicionam o recebimento de verbas e apoio federal.
Os protestos em Nova
York também envolveram os deputados democratas Kathy Manning, Jarred Moskowitz,
Josh Gottheimer e Dan Goldman.
Gottheimer disse que a
Columbia "pagaria o preço" se não conseguisse garantir que os
estudantes judeus se sentissem bem-vindos e seguros na universidade.
Os protestos também
levaram Robert Kraft, proprietário do time de futebol americano New England
Patriots e ex-aluno da Columbia, a alertar que deixaria de apoiar a
universidade até que ela tomasse “ações corretivas”.
·
A questão da liberdade
de expressão
Alguns professores
universitários culparam Columbia pela forma como a universidade lidou com os
protestos e por apelar à intervenção policial.
Um grupo de
professores se declarou "surpreso por [Shafik] não ter defendido a
liberdade de pensamento, que é fundamental para a missão educativa de uma
universidade numa sociedade democrática".
Eles também criticaram
a disposição de Shafik em apaziguar os parlamentares que procuravam interferir
nos assuntos universitários.
Em um comunicado
enviado à BBC na noite de segunda-feira, o Instituto Knight para a Primeira
Emenda, da própria universidade, pediu uma "correção urgente de
conduta".
E citou as regras da
universidade para afirmar que autoridades externas só poderiam ser envolvidas
quando houvesse um "perigo claro e presente para as pessoas, propriedades
ou para a operação de qualquer divisão da universidade".
"Não é óbvio para
nós como um acampamento e protestos representariam tal perigo, mesmo que não
fossem autorizados", afirmou o comunicado.
O ataque do Hamas ao
sul de Israel, em 7 de outubro, resultou na morte de 1.200 pessoas, a maioria
delas civis, e no sequestro de 253 reféns levados a Gaza.
Enquanto isso, mais de
34 mil pessoas morreram em Gaza, a maioria delas crianças e mulheres, devido à
ofensiva israelense no território palestino.
¨ Israel intensifica bombardeios em Gaza e foca em área que disse
antes estar 'livre do Hamas'
os ataques israelenses
se intensificaram na Faixa de Gaza, trazendo alguns dos bombardeios mais
pesados em semanas. As Forças de Defesa de Israel (FDI) ordenaram novas evacuações no norte da faixa, alertando os civis de
que estavam em uma "zona de combate perigosa".
As FDI estão apelando
a alguns residentes de Beit Lahiya, ao norte do enclave, para que evacuem para
outras áreas da cidade, enquanto os militares lançam uma nova operação na área,
de acordo com o jornal The Times of Israel.
Ataques aéreos e
bombardeios de tanques no solo também foram relatados nas áreas centro e sul,
no que os moradores disseram serem bombardeios quase ininterruptos.
"Foi uma daquelas
noites de horror que vivemos no início da guerra. Os bombardeios de tanques e
aviões não pararam. Tive que me reunir com meus filhos e minhas irmãs que
vieram se abrigar comigo em um lugar e orar por nossas vidas enquanto a casa continuava
tremendo", disse Um Mohammad, 53 anos, mãe de seis filhos, que mora a 700
metros de Zeitoun, à Reuters.
O tenente-coronel
Avichay Adraee, porta-voz das FDI em língua árabe, publicou uma lista das zonas
que precisam ser evacuadas junto ao anúncio.
"Você está em uma
zona de combate perigosa", alertou Adraee, acrescentando que as FDI
"trabalharão com extrema força contra a infraestrutura terrorista e os
elementos subversivos" na região.
Os novos
bombardeamentos no norte de Gaza ocorrem quase quatro meses depois de o
Exército israelense ter anunciado que estava a retirar as suas tropas desta
área, dizendo que o Hamas já não controlava essa região específica.
Durante a noite de
ontem (22) para hoje (23), os tanques fizeram uma nova incursão a leste de Beit
Hanoun, no extremo norte da Faixa de Gaza, embora não tenham penetrado muito na
cidade, disseram moradores à Reuters. Os tiros atingiram algumas escolas, causando
pânico entre os residentes deslocados que ali se abrigavam.
No Hospital Nasser, a
principal unidade de saúde do sul de Gaza, as autoridades recuperaram no último
dia mais 35 corpos do que dizem ser uma das pelo menos três valas comuns
encontradas no local, elevando o total encontrado para 310 na semana passada.
Os palestinos dizem
que as tropas israelenses enterraram cadáveres lá com escavadeiras para
encobrir crimes.
Os militares
israelenses disseram que suas tropas desenterraram alguns corpos no local e os
enterraram novamente após testes para garantir que não houvesse reféns entre
eles.
Tel Aviv diz que está
tentando erradicar o Hamas, que controla o enclave, após um ataque do grupo
militante em 7 de outubro, que matou cerca de 1,1 mil pessoas e fez 250 reféns,
segundo os registros israelenses.
As autoridades de
Saúde palestinas dizem que mais de 34 mil pessoas foram confirmadas como mortas
na guerra de sete meses, com milhares de corpos ainda não recuperados.
Fonte: Sputnik Brasil/BBC
News Mundo
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