Jung Mo Sung: Qual é a importância da
Igreja no mundo de hoje?
Essa pergunta é tão
ampla que não pode ser respondida de forma objetiva, mas, ao mesmo tempo, é
fundamental porque as pessoas e grupos que participam nos debates e polêmicas
sobre ações, opções e prioridades das igrejas pressupõe uma resposta a essa
pergunta.
De uma certa forma,
podemos dividir as lideranças das igrejas (seja no âmbito das comunidades
locais ou no nível regional ou global) em dois grupos: os que pensam que a sua
religião e a sua igreja são fundamentais para a vida das pessoas e do mundo, e
o grupo que, apesar de gostar e de lutar pela sua igreja, creem que a Igreja e
o cristianismo têm um papel secundário.
Alguém poderia
perguntar: papel secundário ou central para o quê? A resposta depende do
sujeito que vai responder; isto é, não há uma resposta correta “em si” que
poderíamos achar em um livro sagrado e dizer aos outros que eles estão errados.
Por exemplo, para um padre, uma freira, um pastor ou pastora que tem certeza
que foi vocacionado por Deus, a Igreja e a sua religião são muito importantes,
fundamentais para a vida das pessoas. A importância da (sua) Igreja/religião é
proporcional à importância da sua vida. E ninguém quer se sentir sem
importância, sem autoestima.
O que pode acontecer
quando uma pessoa que se sente chamada por Deus, ou encontra o sentido da sua
vida em uma igreja, e é criticada ou menosprezada por causa da religião ou sua
igreja? Provavelmente vai se defender e até mesmo atacar as pessoas que desvalorizam,
não a religião no sentido abstrato, mas criticam “a” religião/Igreja que faz
ela se sentir importante na vida. Para essas pessoas a experiência religiosa é
a base, o fundamento, da sua autoestima.
E de onde vem esse
menosprezo que leva essas pessoas religiosas reagirem de forma até irracional e
agressiva? Vem da cultura moderna iluminista que se sente superior aos grupos
sociais que creem que Deus ou deuses estão atuando na vida das pessoas e no mundo.
E essa cultura difusa do iluminismo está presente na esquerda política e também
na esquerda cristã. Uma boa parte da esquerda cristã ainda não resolveu o
problema da justaposição da cultura marxista iluminista (a razão e a
consciência libertam o ser humano da opressão) com a linguagem religiosa do
Deus libertador.
Porém, o mundo cristão
não está dividido em essas duas tendências. Há uma terceira. O Papa Francisco é
expressão mais significativa de uma teologia que, mantendo a linguagem
religiosa cristã, afirma que a Igreja e a religião não são os valores mais
importantes na vida. Para ele, o mais importante é o Reino de Deus, isto é,
anunciar Deus que liberta os seres humanos de todas formas de escravidão. Nesse
processo, a Igreja não é o valor supremo, mas é “apenas” um instrumento de
anunciar e tornar presente o Reino de Deus entre a humanidade. A igreja é
importante porque é o espaço de convivência de fé e de mútuo perdão, mas não é,
não pode ser visto como o fundamento da vida e da fé da comunidade.
É na comunidade ou na
igreja que as pessoas experimentam a graça, isto é, a de reconhecermos
mutuamente que somos seres humanos, amados por Deus, sem importar a sua
capacidade de consumo e de trabalho. Em uma sociedade centrada na ideologia da
meritocracia medida em valores financeiros, a comunidade cristã tem sido e/ou
deve ser o espaço de convivência da graça, da gratuidade e de misericórdia. E
porque é movida pelo Espírito de Deus que essa comunidade reconhece que todos
seres humanos são portadores de dignidade, independentemente da sua condição
social, racial, sexual, capacidade intelectual...
A Igreja é ainda
importante? Sim, porque sem igrejas e comunidades teremos menos espaços de
convivência em que as pessoas podem experimentar a graça e perdão mútuo. Mais
do que isso, a Igreja é o espaço social organizado que permite as pessoas
manterem a fé de que o Reino de Deus está entre nós, apesar de tantas
injustiças e opressões. Igreja, como espaço social organizado, precisa de
presbíteros/as, pastores/as, lideranças etc., mas, para que a Igreja não perca
o Espírito, é preciso ter claro que a Igreja não é o fim último, mas sim um
instrumento para o Reino de Deus.
O fundamento das
muitas das críticas ao Papa Francisco não é a questão da sexualidade ou das
questões sociais e ambientais, mas sim da defesa de uma teologia/eclesiologia
de uma igreja centrada em si mesma, uma visão de “vocacionados” que se sentem
superiores. Esquecem que a vocação é graça, não mérito. Sem a missão de
anunciar o Reino de Deus, o reino da justiça e da paz, a Igreja perde o seu
espírito, a sua vocação.
O cristianismo influenciou outras
religiões?
O cristianismo
conseguiu sedimentar a sua história no esteio temporal da humanidade com
eficácia, isso nós não podemos negar. Todavia, construiu o seu império usando
como moeda, o sangue inocente. Além disso, o cristianismo costurou sua história
norteada por momentos ética e moralmente desonrosos, isto é, expandindo-se
eliminando vários territórios com os seus habitantes, negociando com impérios
na busca por poder e, pelos recursos das camadas mais pobres de várias nações,
cidades, lugarejos e famílias. Não só isso, por anos monopolizou a verdade e,
com isso, atrasou o avanço científico de várias comunidades, nublando o
entendimento individual e coletivo induzindo-os ao erro. Essas são só algumas
calamidades do cristianismo e, muitas dessas tristes constatações ainda
acontecem hoje em dia.
→ Mas, como foi o início do catolicismo/cristianismo palestino?
# Jesus era judeu,
veio de uma família judia, estudou as escrituras judaicas e seguiu a religião
judaica.
# A única referência
desse Jesus que se conecta com o catolicismo/cristianismo é o seu nome.
# No cristianismo os
dois ritos que o identificam são o batismo e a eucaristia. Esses ritos não são
invenções cristãs, mas sim práticas preexistentes do próprio judaísmo.
Portanto, o cristianismo surge como mais uma seita judaizante com pouquíssima
relevância no seu início quando comparada com a dos Essênios, dos Fariseus, dos
Saduceus e dos Zelotes. Nesse contexto, o batismo veio dos Essênios/João
Batista.
>>> Outras
religiões que devemos considerar, são:
• Zoroastrismo:
- É cronologicamente
anterior, já possuía concepções escatológicas bem definidas. Estas concepções
são relativas à ressurreição do corpo, imortalidade da alma, paraíso, inferno,
estado intermediário e julgamento.
• Mitraismo:
- Mitra e Jesus (o da
bíblia) apresentam desde cedo semelhanças começando pelos seus nascimentos
milagrosos. A ideia de sacrifício está marcada em ambos.
• Parsismo:
- A luta entre o bem e
o mal acontece e no final e Ormazd irá vencer.
Foi de onde surgiram
as ideias de paraíso, inferno e o dia do julgamento. Itens esses presentes no
Judaísmo. Mas, também é verificado em outras religiões mesopotâmica e seitas
persas.
• Hélios e Apolo:
- A história do
personagem mais importante do cristianismo, Jesus Cristo, encontra-se repleta
de elementos solares destes deuses. Baco, filho de júpiter, deus do vinho,
transformou a água em vinho primeiro que o mito cristão. Hércules teve 12
trabalhos (lembra dos 12 apóstolos?). Além do nascimento milagroso semelhante
ao de Jesus.
Bom, considerando
alguns dos sincretismos supracitados (existem muito mais) e a grande influência
helenista exercida na palestina, podemos entender que o cristianismo herdou
conceitos dos pensamentos mitológicos e filosóficos gregos, em especial, a
preexistência da alma de Platão, as máximas do estoicismo e as generalizações
dos pensamentos religiosos mais proeminentes dos seus vizinhos. Cabe salientar
que, não era incomum o sincretismo cultural entre os povos.
Por que a igreja católica está cheia de
símbolos do anti-cristo agora?
A igreja católica foi
formada sendo composta por vários mártires que depois viraram santos. O
cristianismo da atualidade, historicamente falando, é uma "filial" do
catolicismo de outrora e, conforme sabemos, os "evangélicos" são uma
espécie de massa que segue as ordens do líder. Além disso, compartilham e vivem
a visão desse líder. Dessa forma, qualquer definição de cristianismo embasada
somente em meia história endossada pelo entendimento deslocado, vai
desfavorecer o leigo defensor desse líder.
Portanto, as bases do
catolicismo foram forjadas por Paulo e, pelos eruditos que defendiam as visões
textuais Paulinas e, pasme, a maioria deles, inclusive dos fantasmagóricos
"apóstolos" são os santos que conhecemos hoje. Ou seja, se conhece a
história do cristianismo primitivo, sabe o papel desses santos no DNA do
catolicismo e, também do motivo do protestantismo ser como é, uma fábula que
isola toda a complexidade da religião cristã buscando enriquecer
financeiramente a hierarquia dogmática e nada mais.
Há sinais de que Jesus Cristo está
voltando?
# Mateus 24:6–8 diz:
“E ouvireis falar de guerras e rumores de guerras; olhai não vos perturbeis;
porque forçoso é que assim aconteça; mas ainda não é o fim. Porquanto se
levantará nação contra nação, e reino contra reino; e haverá fomes e terremotos
em vários lugares. Mas todas essas coisas são o princípio das dores”.
→ Guerras sempre aconteceram, antes, durante
e depois de Jesus - então não é um métrica coesa para
termos como base para o seu retorno.
# Apocalipse 6:12 diz:
“E vi quando abriu o sexto selo, e houve um grande terremoto; e o sol tornou-se
negro como saco de cilício, e a lua toda tornou-se como sangue”
→ Terremotos sempre aconteceram, eclipse
solar também, dadas as circunstâncias temporais e ambientais. Dessa forma,
não é uma métrica confiável para termos como fundamento para o seu retorno.
# Joel 2:30–31 diz: “E
mostrarei prodígios no céu e na terra, sangue e fogo, e colunas de fumaça. O
sol se converterá em trevas, e a lua em sangue, antes que venha o grande e
terrível dia de Jeová”
→ Desastres naturais, eclipses solar e
lunar. Sempre tivemos esses tipos de fenômenos naturais, inclusive na época dos extintos dinossauros. Então, ainda não é um métrica fidedigna.
Entendam que, Jesus
não vai voltar. Ele morreu e se decompôs. Os textos eclesiásticos tentam
fomentar essa bravata, mas não vai acontecer. O estilo de pregação apocalíptico
trabalhava com o retorno de um enviado de deus, de suas leis, e, a restauração
de tudo que seu povo "oprimido", nesse caso, os Hebreus haviam
passado nas mãos dos outros povos ou pelos próprios líderes hebreus corruptos
que, não seguiram as ordens de deus. Também não haverá arrebatamento, é tudo
fábulas cristãs. Todos que adotaram esse tipo de pregação (Jesus, João Batista,
Pedro, Paulo, etc.) esperavam o retorno de um representante de deus.
# Veja o que disse
Paulo:
"Nós, os vivos,
os que ficarmos até a vinda do Senhor, de modo algum procederemos os que
dormem"
Aconteceu conforme
Paulo esperava? Não.
# Pedro:
"Ora, o fim de
todas as coisas está próximo"
Aconteceu conforme
Pedro esperava? Não.
# Mateus/Jesus
"Quanto ao dia e
à hora ninguém sabe, nem os anjos dos céus, nem o Filho, senão somente o Pai.
Como foi nos dias de Noé, assim também será na vinda do Filho do homem.
Aconteceu conforme
Mateus/Jesus esperavam? Não.
Mas, concordo que usar
Noé como exemplo não foi muito inteligente, já que enchentes acontecem desde
que o mundo é mundo. Enfim, certamente, esse rebuliço cristão não vai
acontecer.
Fonte: IHU
OnLine/Quora
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