sábado, 27 de abril de 2024

Insegurança alimentar atinge quase 40% dos lares no Norte e no Nordeste

Quase 40% dos domicílios no Norte e no Nordeste registraram algum nível de insegurança alimentar (leve, moderada ou grave) em 2023.

As duas regiões são as mais afetadas pelo problema no Brasil, segundo dados divulgados nesta quinta-feira (25) pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística).

No Norte, 39,7% dos domicílios estavam em situação de insegurança alimentar no ano passado, enquanto o percentual relativo ao Nordeste foi de 38,8%.

As proporções superam com folga os resultados do Centro-Oeste (24,3%), do Sudeste (23%) e do Sul (16,6%). Nessas três regiões, os percentuais de domicílios com insegurança alimentar ficaram abaixo da média brasileira em 2023 (27,6%).

Domicílios com insegurança alimentar nas regiões em 2023

Em % do total de lares de cada local*

Norte - 39,7

Nordeste - 38,8

Brasil - 27,6

Centro-Oeste - 24,3

Sudeste - 23

Sul - 16,6

* Soma insegurança leve, moderada e grave

Fonte: IBGE

Os dados divulgados pelo IBGE integram a Pnad Contínua (Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua).

As proporções de lares com insegurança alimentar caíram no país e nas cinco grandes regiões em 2023, se comparadas com os números da pesquisa do órgão que havia investigado o tema pela última vez, a POF (Pesquisa de Orçamentos Familiares) 2017-2018.

À época, os percentuais eram de 57% no Norte, de 50,3% no Nordeste, de 35,2% no Centro-Oeste, de 31,2% no Sudeste e de 20,7% no Sul. A média brasileira estava em 36,7% na ocasião.

Apesar de os levantamentos serem diferentes, os resultados podem ser analisados em conjunto porque seguem a mesma metodologia, segundo o instituto.

O IBGE diz que utilizou critérios da Ebia (Escala Brasileira de Insegurança Alimentar) para identificar os domicílios em condição de insegurança alimentar.

O órgão não pesquisou o tema no intervalo entre a POF 2017-2018 e a Pnad 2023. Durante esse vácuo, o país amargou os efeitos da pandemia de Covid-19.

Com a crise, famílias perderam renda e sentiram a disparada dos preços dos alimentos. Cenas de brasileiros em busca de doações e até de restos de comida ganharam evidência à época.

Apesar da queda ante a POF 2017-2018, os percentuais de domicílios com insegurança alimentar em 2023 ainda superaram os verificados na Pnad de dez anos antes.

Na pesquisa relativa a 2013, as proporções estavam em 36,1% no Norte, em 38,1% no Nordeste, em 18,2% no Centro-Oeste, em 14,5% no Sudeste e em 14,9% no Sul. A média nacional era de 22,6% à época.

O QUE É INSEGURANÇA ALIMENTAR?

Os critérios adotados pelo IBGE dividem os lares em três categorias de insegurança alimentar: leve, moderada e grave. O fenômeno não pode ser usado como sinônimo direto para fome, de acordo com o órgão.

A insegurança alimentar leve envolve a preocupação ou a incerteza quanto ao acesso aos alimentos no futuro. Nessa condição, a qualidade da alimentação é afetada como estratégia para não comprometer a quantidade.

No grau moderado, há redução quantitativa de comida entre os adultos e/ou ruptura nos padrões de alimentação em razão da falta dos produtos.

Já nos domicílios com insegurança alimentar grave, a restrição da quantidade de alimentos também afeta as crianças, quando presentes. Ou seja, há uma ruptura nos padrões de alimentação resultante da falta de alimentos para todos os moradores, incluindo os mais jovens. Nessa situação, a fome passa a ser uma experiência vivida no domicílio, diz o IBGE.

PERCENTUAL É DE QUASE 50% EM SERGIPE

A análise dos números estaduais reforça que a insegurança alimentar é mais presente nas regiões Norte e Nordeste.

Em 2023, o maior percentual de domicílios nessa condição foi verificado em Sergipe: 49,2%. Ou seja, quase metade dos lares locais registrava algum nível do problema.

Pará (47,7%), Maranhão (43,6%), Amazonas (42,6%) e Piauí (42%) vieram na sequência.

Na outra ponta da lista, os menores patamares foram registrados por Santa Catarina (11,2%), Paraná (17,9%), Rio Grande do Sul (18,7%), Rondônia (20%) e Espírito Santo (20,8%).

<<< Domicílios com insegurança alimentar nas UFs em 2023

Em % do total de lares de cada local*

SE - 49,2

PA - 47,7

MA - 43,6

AM - 42,6

PI - 42

BA - 40

PE - 37,5

AL - 36,2

RR - 36,2

PB - 35,9

CE - 35,1

RN - 33,4

AP - 31,1

AC - 30,5

TO - 28,9

Brasil - 27,6

MT - 27,1

GO - 24,3

RJ - 23,8

DF - 23,5

SP - 23,5

MS - 21,8

MG - 21,6

ES - 20,8

RO - 20

RS - 18,7

PR - 17,9

SC - 11,2

* Soma insegurança leve, moderada e grave

Fonte: IBGE

Considerando somente os níveis moderado e grave de insegurança alimentar, a proporção de domicílios atingidos foi de 9,4% no Brasil em 2023.

O Pará é o estado com o maior percentual de lares nessas condições: 20,3% o equivalente a 1 em cada 5 endereços. Sergipe (18,7%) e Amapá (18,6%) vêm em seguida.

Por outro lado, os menores patamares de domicílios com insegurança alimentar moderada ou grave estavam em Santa Catarina (3,1%) e Paraná (4,8%). Espírito Santo (5,1%) e Rondônia (5,1%), empatados, apareceram depois.

O IBGE também apontou que as proporções de lares com insegurança alimentar moderada ou grave nas regiões Norte (16%) e Nordeste (14,8%) foram bem superiores às do Centro-Oeste (7,9%), do Sudeste (6,7%) e do Sul (4,7%).

 

       Lula critica orçamento da Embrapa e cobra Haddad

 

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) participou nesta quinta-feira (25) da cerimônia de aniversário de 51 anos da Embrapa (Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária) e ouviu um sonoro "não" da plateia, ao questionar se a empresa teria os recursos necessários para fazer as pesquisas.

O próprio Lula criticou o orçamento da empresa e disse que é um "absurdo" a empresa não ter todos os recursos que necessita. Então, com um leve sorriso, os ministros Fernando Haddad (Fazenda) e Carlos Fávaro (Agricultura), presentes no evento, acrescentando que ambos discursaram e em nenhum momento abordaram questões de dinheiro e investimentos.

"Eu notei aqui duas coisas legais. O Haddad veio aqui, falou bonito, mas não falou de dinheiro. Aí eu falei [com ele] ,ele tratou com o meu ministro da Agricultura, o Fávaro. O Fávaro é que vai falar de dinheiro. O Fávaro veio aqui, falou, falou, falou, puxou o saco dos funcionários e também não falou de dinheiro", afirmou o presidente.

A única que falou de dinheiro foi a única que não assinou nenhum protocolo, que foi a companheira Luciana, ministra de Minas e Energia [Na verdade, ministra de Ciência e Tecnologia]", completou.

Lula ainda falou que é um "absurdo" a empresa não ter recursos para avançar com todas as pesquisas que considera necessário.

"Muitas vezes não consegue fazer uma pesquisa porque falta R$ 30 milhão [sic], R$ 15 milhão. É uma coisa tão absurda que um centro de conhecimento deixa de fazer uma pesquisa porque falta R$ 1 milhão, R$ 2 milhões. Eu diria que é irresponsabilidade de todo mundo", afirmou o presidente

Lula participou da cerimônia de aniversário dos 51 anos da Embrapa (Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária), na sede da empresa, em Brasília.

Também estavam presentes os ministros Fernando Haddad (Fazenda), Carlos Fávaro (Agricultura e Pecuária), Luciana Santos (Ciência, Tecnologia e Inovação), Ester Dweck (Gestão e Inovação em Serviços Públicos) e Paulo Teixeira (Desenvolvimento Agrário e Agricultura Familiar).

Durante o evento, Lula assinou sete acordos de cooperação envolvendo a Embrapa, sendo um deles com o Banco Mundial e outro com a Agência de Cooperação Internacional do Japão.

Os demais acordos são com os da Fazenda, do Desenvolvimento Agrário e Agricultura Familiar, da Agricultura, da Ciência, Tecnologia e Inovação e com o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) e com o Consórcio Nordeste.

Após o evento, a presidente da Embrapa, Silvia Massruhá, afirmou que a empresa tem atualmente mais de mil projetos elaborados, que custam cerca de R$ 500 milhões por ano. No entanto, explicou que apenas conta com um terço desses recursos.

O ministro Carlos Fávaro também defendeu mais recursos para a empresa e afirmou que o montante demandado ainda é pouco, quando se leva em conta os benefícios que resultam das pesquisas agrícolas da Embrapa.

"[O valor de] R$ 500 milhões é nada, desculpe a sinceridade, perante tudo aquilo que a Embrapa faz pelo Brasil. Acontece que orçamento público, responsabilidade fiscal, é uma dificuldade de superar. Com apoio do presidente Lula e da iniciativa privada, vamos colocar mais recursos na Embrapa para que ela acelere o desenvolvimento", afirmou.

Na sequência, Fávaro foi questionado sobre a fala do presidente a respeito dos recursos e, sorrindo, respondeu: "Eu não sou ministro da Fazenda".

Haddad, por sua vez, participou apenas de uma parte do evento e saiu alegando que teria um compromisso. Em seu discurso, o ministro elogiou a Embrapa e afirmou que não seria exagero acrescentar que ela é a empresa pública mais "apreciada e admirada".

Na segunda-feira (22), durante cerimônia no Palácio do Planalto, o presidente Lula já havia cobrado ministros para quem atuassem mais na articulação política e citou nominalmente Haddad. Disse que o homem forte da economia, renomado acadêmico, "ao invés de ler um livro, tem que perder algumas horas conversando no Senado e na Câmara".

No dia seguinte, durante café da manhã do presidente com jornalistas, o ministro Paulo Pimenta (Secom) cobrou a imprensa por ter dado destaque para a declaração, afirmando que foi claramente uma brincadeira.

 

Fonte: FolhaPress

 

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