Democracia ainda é a melhor forma de
governo para 71%; para 18%, tanto faz, mostra Datafolha
Para 71% dos
brasileiros, a democracia é a melhor forma possível de governo. Já 18% dizem
que tanto faz se o país vive sob o regime ou não, enquanto 7% acreditam que sob
certas circunstâncias uma ditadura é preferível.
O quadro apurado pelo
Datafolha nos dias 19 e 20 de março mostra um país que defende majoritariamente
o regime democrático no Brasil, mas que se vê apenas um pouco satisfeito com
ele, o qual qualifica de problemático.
Esta é a trigésima vez
em que o instituto afere a disposição democrática do país, em uma série
histórica iniciada em setembro de 1989, um mês antes da primeira eleição
presidencial direta após a ditadura militar encerrada em 1985.
O apoio de 71% está
entre os mais altos do período estudado, mas vem apresentando uma queda desde o
pico de 79%, apurado em outubro de 2022, quando o então presidente Jair
Bolsonaro (PL) promovia abertamente sua campanha contra o sistema eleitoral às
vésperas do segundo turno que perderia para Lula (PT).
A campanha custou os
direitos políticos de Bolsonaro até 2030. Em 8 de janeiro de 2023, o país
assistiu aos atos golpistas que depredaram as sedes dos três Poderes e à reação
institucional a eles, e agora vê investigações apontarem uma trama para manter o
ex-presidente no poder.
O apoio à democracia
caiu para 74% na ocasião seguinte em que o Datafolha questionou isso a
eleitores, em dezembro de 2023. Em relação àquela rodada anterior, o
"tanto faz" oscilou três pontos percentuais para cima, enquanto a
aceitação da ditadura ficou no mesmo patamar.
Na série do instituto,
o menor apoio à democracia foi registrado em fevereiro de 1992, quando o país
já vivia na crise política do seu primeiro governo eleito pós-ditadura, o de
Fernando Collor (então PRN). Em setembro daquele ano, quando foi aberto o processo
de impeachment do então presidente, o OK à ditadura ocasional atingiria seu
maior nível até aqui, 23%.
O maior apoio ao
regime democrático é registrado entre a classe média e os mais ricos. Entre
quem ganha de 5 a 10 salários mínimos, é de 87%, passando a 85% na faixa
superior de renda. Mulheres são o grupo menos entusiasmado, com 66% de apoio.
Não há diferenças
significativas de opinião quando o que está na balança é a posição política do
entrevistado. Elas são vistas, contudo, de forma clara quando o Datafolha
questiona o grau de satisfação e a avaliação do ouvido acerca da democracia
brasileira.
Essas duas questões
haviam sido feitas antes em fevereiro de 2014. De lá para cá, subiu de 9% para
18% o índice de quem se diz muito satisfeito com o regime democrático. Os que
se dizem um pouco satisfeitos caíram de 59% para 53%, enquanto os insatisfeitos
oscilaram de 28% para 27%.
Já os que acreditam
que o país vive numa democracia plena foram de 3% para 6%, com os que a
consideram com pequenos problemas subindo de 21% a 28%. O maior contingente, de
quem vê um regime com grandes problemas, caiu de 61% para 46%, enquanto aqueles
que afirmam que o Brasil não é uma democracia passaram de 9% para 16%.
Nesta pesquisa foi
feito o cruzamento com aqueles que se dizem muito ou um pouco petistas (41%),
bolsonaristas (30%) e neutros (21%). Um quarto dos apoiadores de Bolsonaro acha
que o Brasil não é democrático, ante 9% de petistas e 15% de quem declara neutralidade
na polarização.
Já 32% dos que se
dizem ao lado do PT afirmam estar muito satisfeitos com o regime --ante só 6%
de bolsonaristas, dos quais 46% se dizem nada felizes com o estado da
democracia. Petistas insatisfeitos são 10%, enquanto neutros são 30% (e 11%
deles muito satisfeitos).
O Datafolha ouviu
2.002 eleitores em 147 cidades brasileiras. A margem de erro da pesquisa é de
dois pontos para mais ou menos.
Para 55%, Bolsonaro quis dar um golpe;
39% discordam, mostra Datafolha
O ex-presidente Jair
Bolsonaro (PL) tentou dar um golpe para permanecer no poder após ser derrotado
por Lula em outubro de 2022. É isso o que pensa a maioria dos brasileiros, 55%,
segundo a mais recente pesquisa do Datafolha. Discordam dessa leitura 39% dos
ouvidos.
Bolsonaro é alvo de
investigação da Polícia Federal, autorizada pelo Supremo Tribunal Federal, que
vem revelando detalhes sobre uma trama golpista que envolveu reuniões nos
palácios do Planalto e da Alvorada, a confecção de uma minuta com os
procedimentos a envernizar a intentona e a tentativa de trazer a cúpula das
Forças Armadas para o plano.
Muito do roteiro saiu
da turbulenta delação do ex-ajudante de ordens de Bolsonaro, o tenente-coronel
Mauro Cid, que voltou à cadeia após a revelação de gravações pela revista Veja
em que ele se disse pressionado pela PF a falar o que não sabia e faz críticas
a Moraes.
Especialistas em
direito se dividem acerca da tipificação da conduta de Bolsonaro, de resto
abertamente golpista em diversos momentos de sua carreira pública,
particularmente na sistemática campanha contra o sistema eleitoral brasileiro
--que já lhe rendeu a perda de direitos políticos até 2030.
Não souberam se
posicionar sobre o tema 7% dos 2.002 entrevistados pelo Datafolha em 147
cidades brasileiras nos dias 19 e 20 de março. A margem de erro da pesquisa é
de dois pontos para mais ou menos
Sem surpresa,
bolsonaristas são refratários à tese de que o líder quis dar um golpe. Não
acreditam nisso 73% de seus eleitores no segundo turno de 2022 e 75% dos que se
dizem ou muito ou algo próximo de seu ponto no espectro político.
Acreditam nesse
intento, em ambos os grupos, 19%. Como a opinião é expressa ao mesmo tempo da
autodeclaração, é de se supor que esses entrevistados concordam com a ideia de
que um golpe de Estado seria aceitável.
Na pista contrária,
87% dos eleitores de Lula e 86% dos petistas creem na intenção golpista do
ex-presidente, ante 19% e 11%, respectivamente, que não. Os neutros no
barômetro ideológico do Datafolha acreditam mais (48%) que Bolsonaro queria dar
um golpe do que o contrário (39%).
Em segmentos mais
amplos, os mais ricos são mais taxativos de que Bolsonaro não buscou uma
ruptura institucional: 53% não creem nisso. Entre os mais instruídos, o índice
fica em 48%, o mesmo apontado entre os evangélicos, grupo associado ao
bolsonarismo.
2026: Michelle, Tarcísio, Ratinho, Zema
ou Caiado: quem tem mais chance contra Lula em pesquisa
O instituto Paraná
Pesquisas divulgou levantamento nesta quinta-feira, 28, onde mediu as intenções
de voto de nomes apontados como possíveis sucessores do ex-presidente Jair
Bolsonaro (PL), que está inelegível, em uma eleição contra o atual presidente
Luiz Inácio Lula da Silva (PT) em 2026. A ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro
(PL) e o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos-SP),
aparecem com melhor colocação em um eventual pleito, mas perdem para Lula no
cenário-base da pesquisa.
Quando os eleitores
são informados que Michelle e Tarcísio teriam apoio explícito de Bolsonaro,
eles empatam tecnicamente com o atual presidente da República. Também foram
testados na pesquisa os nomes dos governadores Ratinho Júnior (PSD), Paraná;
Romeu Zema (Novo), Minas Gerais; e Ronaldo Caiado (União), Goiás; além dos
senadores Tereza Cristina (PP-MS) e Ciro Nogueira (PP-PI).
Embora Bolsonaro
esteja inelegível, o Paraná Pesquisas também testou um cenário eleitoral
estimulado, no qual o ex-presidente aparece numericamente à frente, com 37,1%
das intenções de voto, mas empatado tecnicamente com Lula, com 35,3%. A margem
de erro é de 2,2 pontos porcentuais.
Na sequência estão o
ex-presidenciável Ciro Gomes (PDT), com 7,5% das intenções de voto; a ministra
do Planejamento, Simone Tebet (MDB), com 6,1%; e o governador do Rio Grande do
Sul, Eduardo Leite (PSDB), 1,8%. Os que disseram que votariam em branco, nulo
ou em nenhum dos nomes apresentados foram 8%, enquanto 4,2% não soube ou não
respondeu.
O levantamento foi
realizado entre os dias 18 e 22 de março pelo instituto, que entrevistou pessoalmente
2.024 eleitores em 162 municípios em todo o País. O nível de confiança é de
95%.
• Michelle Bolsonaro
A ex-primeira-dama é a
que apresenta o melhor desempenho como herdeira política de Bolsonaro contra
Lula. Michelle aparece com 30,9% das intenções de voto, enquanto o petista
lidera com 36%. Os demais nomes oscilam, mas a ordem não é alterada: Ciro, Tebet
e Leite.
A pesquisa também
mediu o desempenho dela com o apoio explícito de Bolsonaro. Nesse cenário,
Michelle alcança 43,4% e empata tecnicamente com Lula, que tem 44,5%. Não há
outros nomes testados neste cenário com o apoio do ex-presidente, o que também
ocorre nos casos dos demais candidatos citados abaixo.
• Tarcísio de Freitas
O governador paulista
surge com uma distância maior de Lula. Segundo o levantamento, Tarcísio tem
23,3% contra 36,2% do presidente. Porém, assim como Michelle Bolsonaro, empata
tecnicamente com o petista quando os eleitores são informados de que ele teria
o apoio de Bolsonaro: o governador sobe para 40,8% das intenções de voto,
enquanto o presidente tem 43,9%.
• Ratinho Júnior
Em outro cenário, o
governador do Paraná, com 14,6% das intenções de voto, está tecnicamente
empatado em segundo lugar com Ciro Gomes, que tem 12,9%. Lula lidera com 36,6%.
Com o apoio explícito
de Bolsonaro, Ratinho vai para 35,3%, mas ainda está atrás do atual presidente,
com 44,6%.
• Romeu Zema
Zema vive uma situação
similar a de Ratinho. O governador mineiro aparece com 14,1%, mas também
empatado em segundo lugar com Ciro, que tem 12,8%. Lula, nesse cenário, tem
36,8% das intenções de voto. Mesmo com o apoio de Bolsonaro, o governador do
Novo fica atrás de Lula: o mineiro tem 34,6% contra 44,5% do atual presidente
da República.
• Ronaldo Caiado
Caiado é quem tem o
pior desempenho entre os governadores testados pelo Paraná Pesquisas. Com 7,7%
das intenções de voto, aparece em quarto lugar no cenário testado, mas empata
tecnicamente com Tebet, que tem 9%, em terceiro. Ciro Gomes tem 13,9% e Lula,
36,3%.
O goiano chega a 32,6%
com o apoio de Bolsonaro, enquanto Lula tem 44,9%
• Tereza Cristina
Assim como Caiado,
Tereza Cristina também está em quarto lugar, empatada tecnicamente na terceira
posição com Simone Tebet. A senadora tem 7% e a ministra de Lula, 8,9%. O
presidente lidera com 36,6% das intenções de voto.
Ex-ministra da
Agricultura de Bolsonaro, Tereza Cristina sobe para 32,2% com o apoio do
ex-presidente. Lula lidera com 44,5% nesse cenário.
• Ciro Nogueira
O senador e presidente
do PP aparece na última colocação, com 3,4% das intenções de voto. Eduardo
Leite tem 4,4%, o que significa empate técnico entre os dois. Lula lidera com
36,9%, seguido por Ciro (14%) e Tebet (9,2%). O ex-ministro da Casa Civil chega
a 29,1% com o apoio de Bolsonaro. Nesse caso, Lula tem 44,9%.
Fonte: DataFolha
Nenhum comentário:
Postar um comentário